CAPÍTULO 01
Eles dizem: Todas as garotas boas vão para o céu, mas as garotas más trazem o céu até você.
Empurrei as peças de roupa dentro da mochila de viagem, contendo a explosão de coisas que eu havia organizado para levar pra viagem. Mesmo sendo apenas um mês de férias, eu aproveitaria até a última hora, eu precisava depois de um ano agitado lidando com clientes irritados e mal educados. Eu gritava férias a cada dia que passava, quando levantava para seguir meu cronograma do dia, já pedia pra deus me ajudar a lidar e ter paciência o bastante para que não mandasse ninguém a merda e fosse demitido. Mesmo sendo uma pessoa calma e pacífica, eu tinha meus limites e havia necessidade de respeitar, minhas crises de choros devido ao alto nível de estresse diários me assombrava constantemente, não me reconhecia. Mas não iria pensar nisso agora e sim nos trinta dias incríveis que teria com meus avós paternos.
Quando decidi o destino da minha viagem, sabia que ir ficar uma temporada com meus avós seria a melhor decisão que já tinha tomado. Fazia anos que não os via depois que eles saíram da cidade e foram morar em uma cidade do interior a alguns quilômetros de onde eu vivia, minha vó justificou isso enfatizando que quanto mais velha ficava, mais paz, sossego e tranquilidade queria. Meu avô apenas queria cuidar de algumas vacas e porcos, ele amava todos os animais e desde que eu era um garotinho ouvia ele dizer que tinha o sonho de ter uma fazenda gigante para criar tudo o que pudesse e queria. Sentia falta dos meus velhinhos e tinha toda a consciência que eles se encontravam em uma situação melhor que a minha.
Provavelmente eu faria o mesmo quando tivesse a idade deles. Compraria uma fazenda e viveria pra cuidar de galinhas e tocar para os pássaros. Não era uma má ideia.
Levava comigo meu equipamento que na verdade era meu hobby nos dias em que eu tinha energia para erguer a bunda da cama e compor alguma música que ficaria guardada para todo o sempre em meu diário, uma vez que eu simplesmente não tinha coragem de expor minhas músicas para ninguém, muito menos cantá-las. Não sabia o que exatamente era, mas apostava em nervosismo de cantar na frente de alguém ou ter outras pessoas ouvindo algo que escrevi. Lancei a mochila nas costas com o suficiente para eu viver esses dias, junto com alguns presentes que comprei para meus avós e na mão, segurando como se tivesse segurando minha própria vida, meu case estojo com minha guitarra e alguns outros objetos essências. Aproveitaria para criar novas composições ou tentaria, já que estava em um período fatigante de bloqueio criativo.
Sair cedo, pegando um ônibus até a estação de ônibus de viagem, curtindo o clima bonançoso da madrugada até chegar onde desceria. Já tinha comprado tudo e me preparado antes mesmo, avisando alguns conhecidos meus que passaria uma temporada fora da cidade grande. Fiz todo o processo complexo e que levava tempo, entregando meus documentos de identificação e a passagem para que pudessem carimbar e me devolver.
— Tenha uma boa viagem, senhor Jung — a moça gentilmente me cumprimentou e gentilmente também respondi, inclinando meu corpo brevemente para a frente e me despedindo. Não era como se eu fosse ficar morrendo de saudades da cidade grande ao mesmo tempo que não iria puni-la pelos dias ruins que já tive. Apenas almejava um tempo em um lugar que eu pudesse ter novas emoções, de preferência boas emoções.
Desde que firmei em minha cabeça que iria morar sozinho e assim fiz, saindo da casa dos meus pais com dezoito anos, sem a aprovação deles, já imaginava que a vida de adulto me pegaria de jeito, quebrando tudo o que visse na frente em mim. Um ano antes, meus avós paternos me convidaram para passar alguns dias com eles e matar a saudade do neto favorito deles, mas naquele tempo tive que alongar meus dias de trabalho devido a movimentação, tendo em dinheiro as férias que eu teria e deixando para que aproveitasse esse ano. Com certeza não foi uma ideia muito inteligente, mas o dinheiro era bom e eu precisava para pagar algumas coisas e comprar outras que eram necessárias na vida de um jovem adulto que morava sozinho. Conversava diariamente com minha mãe, se fosse da vontade dela, iríamos nos falar cinco vezes ao dia, todos os dias. Os questionamentos do tipo: Tem se alimentado bem? Tá cuidando da sua saúde? Não esqueça de tomar seu chá de ervas, sei que é seu favorito. Se tornou algo normal e eu achava fofo o jeito como se preocupava comigo. Minha irmã mais velha ligava para mim uma vez na semana, me perguntando as mesmas coisas e compartilhando sua vida no exterior. Sentia que era amado e que as pessoas se preocupavam comigo e principalmente, que o ato de ter minha liberdade teve pontos bons e pontos que eu aprendi a lidar com o decorrer dos três anos que já vivia sozinho.
Me acomodei no meio do automóvel, ficando na janela. Por sorte, atrás de mim não havia ninguém e com isso em mente, estiquei um pouco do assento, relaxando, pondo meus fones de ouvido e um instrumental relaxante. A viagem sem paradas seguia sete horas direto, com paradas ia para nove, mesmo assim, optar por viajar de ônibus se tornava melhor e mais econômico também. Teria algumas horas para deitar e dormir ou apenas fechar os olhos, imaginando as coisas que eu iria fazer na fazenda, se tivesse muitas pessoas morando em volta, se levaria jeito para cuidar dos animais. Enfim, dei uma pausa nos pensamentos, fechando os olhos, sentindo a brisa gélida em união com a chuva colidir no vidro do ônibus.
Nas paradas que vieram em seguida, usei algumas delas para me esvaziar. Por algum motivo mágico, beber refrigerante me levava a urinar mais vezes do que era normal. Também comi algumas besteiras que tinha colocado dentro da mochila, admirando a luz do dia raiar lindamente, colidindo diretamente com meus olhos, obrigando-me a fechá-los antes de me acostumar com a claridade. Aguardei o bastante, e com o decorrer das horas meu destino ia chegando.
Arrumei tudo o que tinha bagunçado, pegando minhas coisas e indo para a frente do ônibus, observando as coordenadas no papel que tinha anotado tudo o que minha avó havia dito, mostrando o motorista que educadamente me orientou a pegar um carro que existia na localidade, que me levaria diretamente para Hopecity e com uma boa comunicação, para a fazenda dos meus avós que parecia ser um pouco longe da cidade, mas ainda assim, bem próximo. Seguir o conselho, pegando um meio de transporte, no caso, moto e explicando novamente para o motorista que compreendeu facilmente. Ia olhando os lados, percebendo que a cidade era graciosa, com tudo o que poderia ser necessário para os moradores dali.
Não consegui ver direitinho, mas não tinha dúvida que em algum momento eu ia fazer uma visita no local como um bom curioso que eu era.
— Pelo que me disse, a fazenda dos seus avós é essa — proferiu, parando a moto, apontando para uma placa escrito sonhador, assim como a mais velha tinha dito na ligação. — Por ser uma cidadezinha pequena, todo mundo se conhece aqui. Se chegasse para qualquer um perguntando onde ficava a fazenda sonhador, sem dúvidas lhe trariam até aqui.
— Isso é muito bom — Indaguei e ele assentiu. Sair da moto, não era muito familiarizado com esse tipo de meio de transporte, existia um leve receio em mim. — Todos conhecem meus avós?
— Com certeza, eles são muito queridos por nós — respondeu. — Já vou, quando quiser visitar a cidade, pode falar com sua avó para me ligar.
— Com certeza vou querer visitar.
— Aliás, bem vindo a Hopecity, espero que goste das coisas por aqui.
— Também — o homem se foi e me virei para a entrada, caminhando até a cerca que tinha, encontrando a tranca e passando, olhando para a casinha simples alguns passos dali. Só de olhar já me sentia tranquilo, notei que também tinha alguns animais pastando pelas redondezas, comendo ou apenas vivendo aquele momento.
Sem que eu esperasse, ouvi um som que me assustou, percebendo ser uma moto que passou por mim, seguindo para onde eu tinha entrado, por pouco me levando junto. Olhei para trás, pronto para dizer quem seja para tomar cuidado, vendo o motorista com o capacidade que sem ter um pingo de vergonha, olhou em direção, sem me permitir ver com mais nitidez devido aos raios de sol, virando o rosto para frente e acelerando a moto ferozmente.
— Que bela maneira de ser recebido — sussurrei, negando com a cabeça, checando para ver se tudo estava certo e se não tinha acertado nada. Caminhei mais um pouco, me acalmando após o acontecido de instantes atrás, vendo uma pequenina mulher com cabelos grisalhos, pele bronzeada por conta do sol e rugas espalhadas por seu corpo por conta dos anos de experiência que carrega com orgulho. Minha vó vestia um adorável vestido longo e florido, com uma flanela sobre o ombro e um regador em suas mãos, molhando as florzinhas que enfeitavam a frente da sua casa. — Vovó?
Os olhos delas vieram diretamente para mim e um sorriso enorme me contagiou. Largou tudo o que estava em suas mãos e correu até mim, me envolvendo em um abraço apertado.
— Bibi! — sussurrou o apelido que havia me dado quando eu ainda era uma criança. Recordava facilmente o motivo, ainda pequeno eu amava um carrinho de brinquedo e vivia correndo por aí com ele em mãos, enunciado "Bibi" ao tentar imitar o som da buzina. — Que bom que veio, estava com tanta saudades. — retribuir o beijo. — como você cresceu desde a última vez que o vi, mas tá muito magrinho, anda comendo direito? — me encarou.
— Tenho comido direito vó, não se preocupe — ela concordou e sorriu, me dando passagem e abraçando meu quadril.
— Você é um rapaz muito bonito, como sempre foi — senti minhas bochechas queimarem um pouquinho. — tô tão feliz que você veio, quando falou que ficaria um tempo conosco já comecei a planejar, sua mãe me falou que você tá morando sozinho, isso é muito bom.
— A mamãe deve ter falado muitas coisas pra senhora — ela concordou.
— Falou sim, mas gostaria de ouvir de você meu neto, então vamos entrar. Seu avô foi resolver algumas vendas e quando voltar ficará muito feliz.
— Estava morrendo de saudades de vocês.
— A gente também bibi — senti seu aperto, seu abraço afável e retribui. Minha avó sempre foi um doce de pessoa e ensinou tanto eu, como minha irmã, a sermos pessoas sorridentes, que mesmo com as adversidades da vida, não permitisse que isso fosse a razão da ausência do sorriso.
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