22 - Goodbye

Os minutos pareciam se arrastar em um compasso agonizante. Billie sentia uma pressão esmagadora no peito, como se seus pulmões se recusassem a funcionar plenamente. Nunca havia se sentido tão sufocada quanto naquele momento. O que sentia por Demi finalmente fazia sentido, mas o peso de perceber o amor apenas no risco de perdê-la a deixava ainda pior. Quando os paramédicos saíram de casa com Demi numa maca, o mundo de Billie desmoronou. Correu até ela, com Selena logo atrás. 

— Como ela está? — perguntou Billie, com a voz falhando ao ver Demi desacordada, o rosto machucado, mas ainda assim lindo. 

— Precisamos de alguém para acompanhá-la — disse um dos paramédicos. 

— Vai, Billie. Te encontro no hospital. — incentivou Selena, tentando soar calma, apesar de suas mãos trêmulas. 

A ambulância cortava as ruas em alta velocidade. Billie mantinha os olhos fixos em Demi, sentindo-se impotente por não poder tocá-la, mas, ao menos, havia algum alívio em vê-la ali, viva, sendo cuidada. Ficaria tudo bem, ela pensava, tentando se convencer. 

Ao chegarem ao hospital, Billie foi conduzida à sala de espera. A sensação de inutilidade a consumia. Não sabia o que fazer, como agir. Um toque leve em seu ombro a fez se virar, dando de cara com Camila, enquanto Selena se aproximava. 

— Olha, eu... sinto muito... — começou Camila, hesitante. 

— Você acha que ela vai ficar bem? — perguntou Billie, enxugando as lágrimas que insistiam em escorrer. 

— Claro que sim. Ela vai ficar bem — respondeu Selena, envolvendo-a num abraço. — Tudo vai ficar bem. 

Camila mexia nervosamente nas mãos, incapaz de disfarçar sua ansiedade. 

— Mas... — começou ela, hesitando. 

— Mas o quê? — Selena a olhou, claramente preocupada. 

— Diga logo — pediu Billie, encarando-a com seriedade. 

Camila respirou fundo antes de continuar: 

— A mãe dela... Depois que você saiu... Ela... Eu sinto muito. 

As palavras pairaram no ar, carregadas de peso. Billie piscou algumas vezes, tentando entender. 

— Ela? — murmurou Billie, quase sem voz. 

— Suicídio... — concluiu Camila, com a voz embargada por mais que tentasse manter o profissionalismo. 

Selena tampou os lábios, chocada. Billie deixou as lágrimas fluírem livremente, sentindo-se como um barco à deriva em uma tempestade. 

— Não... Eu tinha falado com ela... — balbuciou Billie, a voz um reflexo do oceano de dor que transbordava de seus olhos. 

Depois de muita insistência de Selena e Camila, Billie foi levada até a lanchonete do hospital. Já passava das 16h30. A última atualização que receberam era que Demi estava fora de risco, o que trouxe algum alívio, mas Billie sabia que só ficaria tranquila ao vê-la. Com os olhos cansados, enviou uma mensagem curta ao irmão informando o que estava acontecendo. 

Pouco depois, Camila apareceu com novidades: 

— Tenho uma notícia para vocês. 

— O que houve? — Billie se levantou de imediato, tensa. 

— Demi acordou. Ela pode receber visitas agora. 

O coração de Billie relaxou momentaneamente, o alívio quase palpável. 

— Posso vê-la? — perguntou ela. 

— Sim. Mas foi por pouco. Ela precisou de uma lavagem estomacal, ele a envenenou... O importante é que ela está fora de perigo agora. — explicou Camila, com cuidado. 

Billie tentou não se afundar nas implicações do que ouvira, mas era impossível não imaginar o pior. Selena a incentivou: 

— Vai lá. Diz a ela que estamos aqui. 

Guiada por Camila, Billie chegou ao quarto 106. Seu corpo tremia de ansiedade e nervosismo. 

— Quando vão contar sobre a mãe dela? — perguntou Billie, parando diante da porta. 

— Quando ela estiver mais estável. Ela ainda terá de passar por avaliação psicológica e conversar com os policiais. — explicou Camila. 

— Eu ficarei ao lado dela. Ela poderá ter acompanhante? 

— Sim. Qualquer coisa, me avise. — respondeu Camila, afastando-se para atender outros pacientes. 

Demi, ainda exausta, olhou para suas mãos — uma delas imobilizada em gesso — e rezou em silêncio por estar viva. A imagem da mãe invadiu sua mente, trazendo lágrimas aos seus olhos. Queria vê-la, abraçá-la, dizer que tudo ficaria bem. Quando a porta abriu suavemente, Demi ergueu o olhar e viu Billie entrar. 

— Oi — disse Demi, num fio de voz. 

— Oi — respondeu Billie, com um sorriso emocionado enquanto as lágrimas escorriam. — Como você está? 

— Melhor agora — respondeu Demi, esboçando um respiro em meio aos caos. 

Billie aproximou-se, envolvendo-a num abraço delicado. 

— Tive tanto medo de te perder — confessou Billie, entre lágrimas. — Sinto muito por tudo, por não perceber antes... 

— Você me salvou. Sou grata por isso. — disse Demi, interrompendo-a suavemente. 

As duas permaneceram em silêncio por um instante, até que Demi perguntou, hesitante: 

— E ele? Acharam ele? 

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