21 - Meet

- O que vamos fazer? Chamar a polícia? – Selena perguntou, destravando a porta do carro e entrando.

- Acho que sim. Também vou ligar para meu tio, ele é advogado. – Billie respondeu enquanto fechava a porta do passageiro. – Vamos voltar para a casa dela. – Suspirou profundamente, tentando se acalmar.

- O que ela te contou? – Selena perguntou enquanto ligava o carro, preocupada com o estado da chefe.

- Disse que precisava de ajuda, me fez prometer cuidar da Demi... e que um dia ela saberia toda a verdade. – Billie encarou o nada, sentindo um peso sufocante no peito. – Não sei explicar, mas estou com um pressentimento muito ruim.

- Vai dar tudo certo. – Selena tentou tranquilizá-la, embora ela mesma sentisse calafrios ao pensar no pior.

Ao chegarem na casa de Demi, Selena, mais calma, ligou para a polícia enquanto Billie lutava contra a vontade de agir por conta própria. O tio de Billie já havia sido informado e prometera ajudá-las assim que tivessem mais informações.

Alguns metros dali...

Demetria abriu os olhos lentamente. Tudo parecia embaçado e desconexo. Sua cabeça latejava, as mãos formigavam, e sua respiração estava irregular. Tentou se mover, mas seu corpo parecia pesado, exausto. O desespero começou a tomar conta de sua mente. Por um momento, pensou que morrer seria a única solução para acabar com a dor insuportável que sentia.

Tentou se sentar, ignorando a dor latejante no braço inchado. Seus pulsos estavam algemados e seus pés amarrados com cordas apertadas. Um gosto metálico de sangue preenchia sua boca, e seus lábios estavam rachados e feridos. Ao olhar ao redor, reconheceu vagamente o lugar: estava no sótão.

O silêncio absoluto da casa era assustador. Pequenos flashes do que havia acontecido começaram a surgir em sua mente: as vozes de Billie e Selena do lado de fora da casa, seguidas pela raiva do pai. A lembrança do que ele poderia fazer com sua mãe ou com Billie fez seu coração disparar.

Tentando se recompor, Demetria percebeu que não tinha forças para gritar ou se mover. O gosto de sangue em sua boca era agora acompanhado por náuseas. Vomitou, sentindo o estômago vazio e ardendo. "Eu preciso sair daqui...", pensou, mas sua fraqueza tornava isso quase impossível.

Do lado de fora da casa...

Billie conversava com os policiais que haviam chegado. Ela queria arrombar a porta e procurar por Demetria, mas foi contida por Selena.

- E se ela não estiver lá? E se estiver machucada? – Billie questionava com os olhos cheios de lágrimas, sua voz embargada pela angústia.

- Billie, deixa eles fazerem o trabalho deles. Vai ficar tudo bem. – Selena a abraçou, tentando acalmá-la.

De repente, Billie se lembrou de algo.

- O celular! – gritou, alarmada.

- Que celular? – Selena perguntou, surpresa.

Antes de sairmos para o hospital, coloquei meu celular da empresa gravando na janela. Eu sabia que algo estava errado. Talvez tenha registrado algo que possa ajudar. – Billie explicou rapidamente enquanto apontava a direção para os policiais.

Um dos policiais recuperou o celular. Enquanto isso, outros batiam nas portas dos vizinhos em busca de informações, enquanto uma equipe entrou na casa para vasculhá-la. O tio de Billie já estava a caminho, e ela tentava conter sua ansiedade, embora cada segundo parecesse uma eternidade.

Dentro do sótão, Demetria ouviu passos e vozes. Seus olhos arregalaram de pavor, pensando que poderiam ser mais pessoas enviadas por seu pai para machucá-la. No entanto, uma voz familiar surgiu no meio das outras.

- Billie... – murmurou, as lágrimas descendo por seu rosto.

Com um esforço desesperado, gritou:

- SOCORRO!!! BILLIE!!! – Sua voz ecoou, embora fraca. Ela repetiu, com toda a força que ainda tinha: – BILLIE, ESTOU AQUI!

Do lado de fora, Billie congelou.

- Selena, é ela! Ela está lá dentro, eu ouvi! – Sem esperar, correu em direção à casa.

- Billie, espera! – Selena tentou segurá-la, mas foi em vão.

- Ela está aqui! Procurem direito! – Billie gritava com os policiais, nervosa.

Um dos oficiais mais experientes tentou acalmá-la.

- Senhora, precisamos que se acalme e nos deixe fazer nosso trabalho...

- ME SOLTA! – Billie gritou, mas parou quando viu um dos policiais abrir a entrada do sótão.

Seus olhos acompanharam cada movimento enquanto a pequena porta era destrancada. Seu coração batia tão rápido que parecia prestes a explodir. Ela tentou avançar, mas foi contida novamente.

Lá em cima, Demetria ouviu os sons da porta sendo aberta. Seus olhos se encheram de esperança.

- Billie... – sussurrou, com um sorriso fraco entre lágrimas.

Do lado de fora, Billie foi conduzida de volta à calçada, onde Selena a segurou enquanto ela chorava incontrolavelmente.

- Selena, ela está lá! Eu sei que está! – Billie soluçava, desesperada.

- Ei, calma. Vai ficar tudo bem. – Selena apertou Billie em um abraço apertado, sentindo a própria garganta se fechar de emoção.

O som de sirenes anunciou a chegada de uma ambulância. Parados ali, as duas observaram enquanto paramédicos corriam para dentro da casa. Billie agarrou Selena com força, os olhos fixos na entrada.

- Por favor, que ela esteja bem... – Billie sussurrou, a voz trêmula.

Vai dar tudo certo. Prometo. – Selena acariciou os cabelos de Billie, tentando tranquilizá-la enquanto segurava as próprias lágrimas.

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