19 - Helpless
Billie não queria forçar Demi a ficar; queria que ela permanecesse por vontade própria, confiando o suficiente para compartilhar o que estava acontecendo. Mesmo assim, não podia evitar sentir-se culpada. Será que fora dura demais ao perguntar? E se fosse apenas o resultado de um acidente? Mas, se fosse, por que Demi reagiria daquele jeito? Essas perguntas ecoavam enquanto Billie fechava o portão. Antes, deu uma última olhada para fora, na esperança de que Demi mudasse de ideia e voltasse. Seus olhos claros brilhavam com lágrimas contidas. Nunca havia se sentido tão impotente.
Demetria correu até o ponto de ônibus mais afastado da casa de Billie. Por azar, teve que esperar mais de uma hora até o ônibus chegar. Seu coração batia descompassado, e, embora soubesse que estava se afastando, a vontade de voltar para Billie a consumia. Queria contar tudo: as surras, as ameaças, os abusos. Mas o medo, tão familiar, a impedia. Era como uma sombra que sempre a acompanhava, crescendo a cada nova ameaça.
Quando chegou em casa, notou que o carro de seu pai não estava na frente nem na garagem. Seus músculos relaxaram imediatamente. Fechou a porta atrás de si e largou a bolsa no sofá, respirando fundo, tentando organizar seus pensamentos.
- Chegou quem eu mais esperava. - A voz rouca e amarga de Patrick ecoou pela sala. Demi congelou. Não esperava encontrá-lo em casa.
Ele surgiu na porta da cozinha. Seus olhos vermelhos e o hálito carregado de álcool enjoaram a filha. Ele passou por ela, largando-se no sofá com desdém.
- Posso... - Demi começou a falar, mas foi interrompida pelo som de seu celular tocando dentro da bolsa. Seu coração acelerou ao ver o nome de Billie no visor.
Patrick levantou-se num salto e agarrou a bolsa antes que Demi pudesse alcançá-la. Com raiva, jogou-a no canto da sala, o celular ainda tocando.
- O que significa isso? - Ele gritou, segurando o aparelho e mostrando o nome de Billie. - RESPONDE!
- É do trabalho... - Demi tentou justificar, a voz trêmula.
- Não interessa! O que eu falei sobre contatos? VOCÊ CONTOU PARA ALGUÉM? - Ele berrou, sua raiva explodindo. Demi encolheu-se.
- Não... - respondeu quase inaudível.
Com um movimento brusco, Patrick arremessou o celular no chão. Pisoteou-o repetidamente até que estivesse destruído. Arrancou a bateria e jogou as peças pela sala.
- Como pode ser tão imprestável? E BURRA! - Ele vociferou, avançando na direção dela. Mas o som da campainha o interrompeu. Furioso, empurrou Demi contra a parede.
- Nem um pio. - Ameaçou com um olhar cortante antes de ir até a porta.
Horas antes
Billie estava confusa e aflita, sem saber como agir ou o que fazer. Tinha medo de estar exagerando, mas sua intuição dizia que algo estava errado. Lembrou-se de Selena, uma das poucas pessoas que pareciam ter algum vínculo com Demi. Talvez ela pudesse ajudar.
Pegou o telefone e ligou.
- Alô? - Selena atendeu com a voz rouca de quem acabara de acordar.
- Selena? Oi, é a Billie. Desculpa incomodar...
- Billie? Não incomoda, imagina. Está tudo bem? Posso ajudar em algo?
- Sim, é sobre a Demi. Vocês são próximas?
- Próximas? Acho que não tanto... Ela é bem reservada. Mas gosto muito dela. Por quê? Aconteceu algo?
Billie hesitou antes de responder.
- Posso te explicar melhor pessoalmente? Podemos nos encontrar?
- Claro. Onde?
- No Boo Coffee's, em 30 minutos?
- Combinado. Estarei lá.
Billie chegou ao café com o coração pesado. Antes de sair, ligara para Finneas, seu irmão, contando tudo que sabia e prometendo mantê-lo informado.
Selena já a esperava quando Billie chegou.
- Oi, Selena. Desculpa incomodar. - Billie forçou um sorriso ao cumprimentá-la.
- Não se preocupe. Fiquei curiosa, confesso.
Billie suspirou e foi direta.
- Estou preocupada com a Demi. Acho que algo está acontecendo. Ela tem agido... estranho. Hoje de manhã, vi um hematoma no pescoço dela. Perguntei se tinha caído ou se alguém a machucou, mas ela ficou muito assustada e foi embora sem dizer nada. - Os olhos de Billie começaram a marejar.
Selena ouviu atentamente, tentando ligar os pontos.
- Já notei algo parecido. Uma vez vi um machucado no braço dela, perto do cotovelo. Achei estranho, mas ela não falou nada. Você desconfia de algo? Ou alguém...
Billie assentiu, mexendo na xícara de chá.
- Sim. Tenho uma ideia, mas preciso de sua ajuda para descobrir mais.
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