12 - Mother
As horas passaram rapidamente, e Demetria não queria deixar aquele lugar, embora soubesse que teria que voltar para casa. Pensava, por momentos, em nunca mais voltar, mas sabia que jamais poderia deixar sua mãe sozinha com seu pai.
A cada minuto, Demetria se via mais encantada por Billie, mas procurava não demonstrar. A chefe a acompanhou até a entrada do trabalho, certificando-se de que seu pai a buscaria. Billie insistiu em levá-la até sua casa, mas Demi alegou que já havia combinado de ir como sempre, com seu pai.
- Ah, quase me esquecendo... - Billie disse assim que estacionou o carro no estacionamento da empresa. Virou-se para pegar sua bolsa e tirou um celular de lá. - É para você...
- Billie, não... eu não posso... - Demetria se atrapalhou ao falar, o presente era muito caro para ser aceito. Suas bochechas coraram.
- Demi, por favor, aceite. Precisamos de uma maneira de nos comunicar fora da empresa, especialmente para assuntos de trabalho. A partir de amanhã, você começa como minha assistente, certo?
- Demetria sorriu sem jeito, lembrando-se de que havia esquecido completamente sobre isso. Porém, teria que ser muito cuidadosa para esconder o celular de seu pai, que havia confiscado o seu para impedir que ela tivesse contato com pessoas de fora.
- Ok, vou aceitar. Muito obrigada, Billie. - Sorriu para a outra, ansiosa para sair do carro antes que seu pai chegasse e a visse.
- Não há de quê. - Billie pegou na mão de Demetria, acariciando-a levemente. Algo a fazia sentir que a morena escondia muitas coisas, e ela temia que não fossem boas. Mesmo assim, respeitava seu espaço, pois gostava demais dela.
Demetria retribuiu o gesto com um sorriso sincero. Billie era incrível. Seus olhos percorreram o rosto da chefe até que ela notou quem menos desejava ver: seu pai estava parado do outro lado da rua, encostado no carro que ele havia comprado com o dinheiro dela. Ele as observava atentamente. Demetria engoliu seco, sentindo o medo e a angústia voltarem com força, agora bem perto de quem a causava.
- Tudo bem? - Billie se virou, notando a expressão preocupada de Demetria. - Você o conhece? - perguntou, olhando para ela, que rapidamente desviou o olhar do homem.
- Ah, sim, é... ele é meu pai... - Demetria tentou sorrir, mas saiu como uma careta. - Ele veio me buscar.
- Deve estar impaciente. Desculpa se te fiz atrasar. - Billie observou o homem mais uma vez: ele era grande, forte, com braços largos e grossos, mas não se parecia em nada com Demetria.
- Tudo bem. - Demetria respirou fundo, com a mão já na maçaneta do carro. - Te vejo amanhã? Muito obrigada por tudo. - tentou parecer calma, mas seu corpo tremia de nervoso.
- Claro, assim que chegar, vá direto para a minha sala. - Billie sorriu, sentindo uma vontade repentina de abraçá-la.
Demetria desceu do carro, sentindo seu coração gritar para que voltasse para o veículo. Odiava o homem a quem chamava de pai e odiou ainda mais vê-lo sorrir e acenar para Billie. Ele colocou a mão nas costas de Demetria, indicando que entrasse no carro, e a morena detestava tanta falsidade.
Billie, por outro lado, estranhou a reação de Demetria ao ver o pai, mas logo se corrigiu. Nenhuma família era igual, e nem todo pai era como o seu. Ela sorriu e acenou para o homem antes de ligar o carro. Piscaram uma para a outra, e Billie sentiu uma sensação estranha, não queria se despedir.
- Se prepara para me contar toda a verdade quando chegarmos em casa. Ou, já sabe. - Patrick falou com voz ameaçadora.
Demetria desejava que as horas se arrastassem, não queria chegar em casa, mas também queria ver sua mãe. Se cobrava mentalmente, tentando se preparar para o que diria ao pai.
- Chegamos. - A voz grossa de Patrick soou quando chegaram em casa. Dona Dianna apareceu na porta da cozinha, com um olhar triste e uma aparência cansada. Demetria sorriu, sem mostrar os dentes, para a mãe, que retribuiu com um sorriso gentil.
- Posso cumprimentá-la? - Dianna perguntou, sua voz trêmula e calma. Demi se encolheu, temendo a resposta.
- 1 minuto. - Patrick respondeu, se jogando no sofá.
Dianna se aproximou, beijando a testa de Demetria. Não conseguiu caminhar normalmente, deixando escapar que estava machucada. Demetria sentiu ódio, seu sangue ferveu. Ela tinha medo do pai, mas quando se tratava da mãe, encarava-o de frente, mesmo sabendo o que viria.
Demi abraçou a mãe, beijando seu rosto, seus olhos se enchendo de lágrimas. Sentia uma dor imensa por tudo aquilo.
- O que ele fez com a senhora? Está machucada... - perguntou, sua voz baixa. Dianna a abraçou, acariciando seus cabelos, tentando acalmá-la. Demetria olhou para a mãe, seu coração apertado. - Mãe, me deixe ver.
- Está tudo bem, meu amor. - Dianna mancou um pouco, e seu rosto não escondia a dor que sentia.
- O que tanto fofocam, posso saber? - Patrick se intrometeu, e pela primeira vez Demetria não sentiu medo de sua aproximação.
- Você machucou ela! - Demetria o encarou, e ele, com um sorriso escárnio, riu.
- Como pode me acusar sem provas, garota? - Ele se aproximou mais.
Demetria sentiu o hálito quente de seu pai perto de seu rosto e um enjoo a invadiu. O odiava com todas as forças.
- Você sabe o que acontece com garotas mentirosas, não sabe? - Ele falou, tocando seu pescoço. Ela fechou os olhos imediatamente. - Me diz, o que estava fazendo no carro daquela madame? Onde foram? Se mentir, já sabe.
- Fomos resolver questões de trabalho, ela é minha chefe. - respondeu, vendo a mãe se afastar um pouco. Seu rosto estava mais pálido do que o normal. Demetria se aproximou dela, seu coração acelerado de medo e raiva.
- O que fez com ela? - Tentou manter a calma, mas sua voz traiu seu esforço. - Mãe, o que está sentindo? - Ela passou o braço pelo pescoço da mãe, a arrastando para o sofá.
Patrick, então, aproveitou a chance e apertou a costela de Demetria com os dedos, fazendo-a se encolher. Mesmo assim, ela não parou até colocar a mãe no sofá.
- Eu não fiz nada, sua imbecil. Saia de perto dela! - Patrick a agarrou pelos cabelos, arrastando-a para longe. Demetria voltou a se aproximar da mãe, os olhos transbordando.
- A única coisa que vou te pedir é que a leve no médico... - disse, em um sussurro.
- CALA A BOCA! Já te falei para sair de perto dela, imunda! - Ele a agarrou novamente.
Ela sabia que não tinha forças para lutar contra ele, mas dessa vez era diferente. Não deixaria a mãe passar mal. Antes que ele pudesse puxá-la novamente, ambos ouviram Dianna falar, sua voz suave, mas cheia de dor.
- Por favor, preciso... preciso ir ao hospital. - Ela quase não conseguiu falar.
Demetria sentiu seu coração apertar ainda mais. Patrick observou a mulher no sofá, e seu ódio por Demetria aumentou.
Demi abaixou-se e beijou a mãe na bochecha, sussurrando: "Eu te amo". Patrick, então, agarrou sua cintura com tanta força que Demetria quase perdeu o ar. Foi arrastada escada acima e jogada no quarto. O som do trinco da porta sendo fechado foi a última coisa que ouviu antes de ouvir o carro ligar. Correu até a janela, observando sua mãe no banco do motorista. Sentiu uma tristeza imensa, mais dolorosa do que qualquer dor física, ao vê-la assim. Queria cuidar dela, dar-lhe carinho. Porém, ao menos sabia que o pai a levaria ao médico.
- Tudo não pode piorar... - sussurrou para si mesma.
As horas passaram enquanto Demetria tentava abrir a porta do quarto. Temia arrombá-la e ser castigada, mas não importava. Mesmo assim, sentiu-se inútil por não conseguir. A janela do quarto estava muito alta para ela pular até o quintal. Pensou em ligar para Billie, que era uma das únicas pessoas, junto com sua mãe, que ainda ocupavam seu coração. Porém, não queria envolvê-la nisso. Não a machucaria jamais.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top