— Claire eu... – Austin começou a querer se explicar, mas eu logo o interrompi fazendo um sinal de pare com a mão e o moreno engoliu em seco.

— Não quero saber o que você tem a dizer. Nós não temos nada e você não me deve explicações. Agora, uma pessoa sim deve. – encarei friamente Bailey que fazia um coque em seu cabelo loiro.

Puxei Austin pelo braço para que ele saísse de frente da porta e entrei no quarto puxando minha, até então, melhor amiga. Fechei a porta bruscamente e torci para que Austin e Brandon não discutissem, já que eles estavam a sós.

— Você está ficando com o Austin? Qual é o seu problema? – perguntei alterada

— Pensei que tivesse superado. – revirou os olhos e sentou-se na beira da cama.

— E eu superei! Só não consigo acreditar... Nisso! Bae, você vivia dizendo que o Austin era um babaca e que era para eu o esquecer de vez! E agora você anda ficando com ele por aí? A Maya sabe disso? – a loira a minha frente se manteve em silêncio com uma careta de nojo, o que me fez rosnar. Ela estava agindo como a... Maya. — Eu não acredito nisso. Quer dizer que, para ser uma ficante ou namorada do Austin, agora precisa ser uma puta? – ri sem humor. — Eu não quero mais olhar para a sua cara tão cedo.

Não que eu ainda sinta algo por Austin para fazer esse teatrinho todo, o problema era que Bailey o odiava; ela dizia ter nojo dele e agora estava ficando com ele, fazendo o mesmo que Maya havia feito comigo — diferente de Bailey, ela não era minha amiga. Austin estava novamente colocando chifres em uma namorada sua e essa garota era a minha melhor amiga.

— Você está me chamando de puta porque você queria estar no meu lugar. – não pude conter as risadas.

— Que? Você acha mesmo que eu quero o Austin de volta? Meu amor, eu não estou tratando o Brandon como um prêmio, mas... Eu o tenho porque ia querer um galinha? – a loira me encarava com ódio. — O Brandon me faz bem e nunca faria as coisas que o Austin um dia me fez. Se ele me traiu e traiu a Maya, não pense que você será exclusiva. É só questão de tempo para vocês começarem a namorar e ele encontrar outra para te trair também. Abre os seus olhos Bailey!

— Ele só traiu vocês porque não souberam dar conta. – a loira cruzou os braços.

— Não. Ele me traiu porque achou que tendo uma vadia qualquer por uma noite o faria homem, coisa que ele nunca foi. – fui até a porta. — Há quanto tempo você está com ele?

— Assim que vocês terminaram... Ele havia assumido o namoro com a Maya e eu fui conversar com ele, acabou que ficamos e continuamos assim até hoje.

Então sempre que Bailey falava mal de Austin, levantava meu ânimo, me defendia dele na frente da escola toda... Ela ficava com ele? Era tudo encenação?

— Isso já diz tudo. Você agora se mostrou uma pessoa horrível e de mau caráter. – neguei com a cabeça.

— Eu sempre tive ciúmes de você, tá legal? A menina bonita de boas notas, com pais empresários e que namorava o mais popular da escola. Sua vida era perfeita Claire e você nunca reparou isso. Eu queria ter a sua vida e, se não podia a ter por completo, ao menos podia ter algo e esse algo foi o Austin. Quando vocês terminaram, eu vi a oportunidade perfeita e eu não tive que medir esforços para conseguir o que eu queria, Austin já queria ficar comigo. – sorriu como se contasse uma história de contos de fadas. — Eu sei que é errado mas eu gosto do Austin e da popularidade que ele irá me trazer quando descartar a vadia da Maya e me assumir para toda a escola. Pense que eu estou fazendo um favor a você também. A escola toda vai esquecer que um dia você foi a corna e focarão somente na Maya. Eu ainda sou sua melhor amiga Claire, deveria me agradecer.

— Eu tenho pena de você Bailey. – neguei com a cabeça e saí do quarto.

Eu não acredito que minha melhor amiga era um lixo de pessoa. Ela me enojava e finalmente a máscara havia caído. Dessa vez era certeza que eu nunca mais falaria com ela; minha amizade com Bailey acabava aqui.

— Vamos? – perguntei baixo para Brandon enquanto estendia minha mão. Eu queria chorar, por algum motivo, mas mantive a cabeça erguida.

O moreno segurou minha mão e entramos no elevador, que já estava aberto. Antes que ele se fechasse, olhei para frente e vi que Austin nos encarava. Nossos olhares se cruzaram e o moreno abaixou a cabeça. Ele parecia triste e... Constrangido.

O táxi estacionou em frente à minha casa. Retirava o cinto enquanto Brandon batucava no banco a sua frente enquanto assobiava a música que tocava no rádio.

— Você tem mesmo que ir? – meu namorado perguntou fazendo beicinho. Segurei em sua bochecha com a minha destra e a apertei logo tomando seus lábios em um selinho.

— Eu tenho que ir amanhã para a escola, mas prometo que amanhã, quando você sair do hospital, nos vemos.

— Irei te cobrar, hein?! – riu enquanto eu abria a porta do carro.

— Tchau meu amor e cuidado com essa perna na hora de sair do carro.

— E desde quando você ficou tão preocupada assim? – arqueou uma sobrancelha.

— Desde que houve o acidente. – o garoto revirou os olhos e ajeitou seu óculos.

— Ai Claire, esquece isso. Olhe, sonhe comigo.

— Não precisa pedir. – sorri e fechei a porta do carro. O carro saiu logo em seguida e eu entrei em casa.

— Filha! Senti saudades. – minha mãe sorriu assim que me viu entrar.

— Você diz como se eu tivesse ficado bastante tempo fora. – olhei para alguns enfeites de natal que estavam espalhados pela casa.

— E você ficou.

— Não mãe, você ficou. Eu estive esse tempo todo em casa, você que estava ocupada demais com o trabalho. – cruzei os braços. 

— Claire... Agora eu estou de férias. Temos um mês inteiro para ficarmos juntas. – sorriu e eu fechei os olhos.

Bailey disse que eu tinha a vida perfeita mas eu não tinha. Minha vida seria perfeita se meus pais fossem presentes na minha vida, porém eles não eram e isso era horrível.

— O que faremos nesse natal e réveillon? – suspirei sentando-me ao seu lado.

— Estava pensando em irmos para Miami no natal. Você pode levar o Brandon se quiser.

— Acho que o Brandon ficará com a família dele. Talvez ele vá para Dallas. – enrolei as pontas do meu cabelo entre os dedos.

— Ele é do Texas? – assenti com a cabeça. — Ah, minha filha, sobre o réveillon... Eu e seu pai viajaremos para o Caribe. – mudou rapidamente de assunto.

— Sério? Que legal! Pela primeira vez na vida ficaremos juntos! – exclamei animada, me ajeitando no sofá.

— Mas é uma viagem de trabalho. Sinto muito minha querida, não vamos poder passar o réveillon juntas. Mas você pode ir conosco e ficar no hotel, garanto que terá muita coisa boa lá e...

— Não precisa. Eu fico por aqui mesmo. – sorri sem mostrar os dentes. Eu não estava triste, já estava acostumada. Afinal, todo ano era a mesma coisa.

Levantei-me do sofá e subi as escadas. Vi que no corredor havia algumas caixas espalhadas e dentro de cada uma havia pisca-piscas com enfeites de natal. Suspirei e entrei no meu quarto. Assim que pus os pés dentro de meu quarto, vi que por todo o local havia luzinhas brancas e azuis. Sorri de canto e me joguei na cama. Faltava pouco para dar meia-noite. Meu celular vibrou no bolso de minha calça e eu o peguei. Era uma mensagem de Brandon.

"Não precisa mais morrer de saudades, eu acabei de chegar em casa." ri ao ler sua mensagem.

"Você está ocupado?" virei-me na cama para digitar melhor.

"Não. Eu só vou montar a árvore de natal com a minha mãe e o Nick. Por quê?"

"Nada. Eu só queria conversar..."

"Uh... Faz o seguinte: daqui a pouco eu te ligo e a gente passa a noite conversando até você pegar no sono. Pode ser?" ri com os emojis sem sentido que ele havia colocado embaixo da mensagem.

"Pode sim."

"Até daqui a pouco então, amor." respondi sua mensagem com um emoji de coração e coloquei o celular ao meu lado. Fiquei olhando para o teto e logo fechei os olhos, esperando o sono vir ou Brandon me ligar.

Acordei com o barulho do despertador do celular tocando. O joguei no chão e me virei para o lado. Fazia um bom tempo que eu não acordava cedo, muito menos ia para a escola. Depois de um bom tempo resolvi me levantar. Em passos lentos, fui até o banheiro e, durante o caminho, esbarrei com a minha mãe que descia as escadas.

— Bom dia Claire. – sorriu.

Acenei enquanto bocejava e logo entrei no banheiro. Depois de fazer minha higiene pessoal, voltei para o meu quarto para trocar de roupa. Optei em usar uma calça jeans com um rasgo nos joelhos, uma camisa manga longa de botões listrada e um tênis branco. Fiz um rabo de cavalo em meu cabelo e passei um corretivo para esconder a cara de cansaço, rímel e um gloss.

Peguei uma bolsa marrom e o moletom de Brandon que eu havia pegado no dia em que ele me ajudou no hospital. O coloquei dentro da bolsa e não demorou muito para que eu descesse, indo direto para a cozinha, onde estava a minha mãe preparando o café da manhã. A observei atentamente enquanto me sentava, colocando o bacon com ovos no prato logo o trazendo para a mesa. Era estranho acordar e saber que minha mãe estava em casa.

— Claire, minha querida, espero que esteja com bastante apetite. – sorriu colocando o suco num copo.

— Ah e estou mesmo. – sorri logo dando um gole em meu suco. — Faz tempo que eu não tomo um suco feito da fruta. Que bom que está em casa. – olhei para ela que me encarava confusa.

— Mas... Eu me referia aos ovos com bacon. 

— Bom, eu estou indo mãe. – terminei de tomar meu suco e me levantei pegando minha bolsa que estava na cadeira ao meu lado.

— Mas já? Você nem tomou todo o seu café...

— Claro que tomei. Esse suco é o suficiente para me manter em pé até a noite. – sorri logo saindo de casa.

Depois de um tempo, finalmente cheguei à escola. Entrei no local e, assim que pus os pés lá dentro, senti um esbarrão.

— Opa, foi mal. – uma garota desculpou-se, seguindo seu caminho.

Dei de ombros e fui até o meu armário para pegar minhas coisas, onde dei de cara com Maya. Diferente das outras vezes, ela não estava com Austin, muito menos com o seu grupinho. Ela não usava sua típica roupa de líder de torcida, mas sim uma calça jeans também com um rasgo nos joelhos, uma regata preta e um casaco de crochê branco. Seu cabelo estava preso em um coque e ela não usava maquiagem.

— Claire! – parou em minha frente. A olhei de relance logo abrindo meu armário. — Por que não estava vindo para a escola?

— Brandon quebrou a perna e eu fiquei cuidando dele. – respondi tentando ser o menos grossa possível.

— E ele... Está bem? – encarou-me acanhada. Assenti com a cabeça enquanto pegava meus cadernos. — Você parece estar melhor com ele, está mais feliz. Fico feliz que tenha conseguido superar o Austin. – fechei a porta do meu armário e a encarei.

— E, falando nisso, cadê ele? Você vive ao lado dele.

— Ele agora está com a vadia d... Desculpe. – torceu a boca ao perceber que ia falar mal de Bailey.

— Não, tudo bem. Eu não falo mais com ela. – sorri sem mostrar os dentes. — Então... Qual foi a desculpa que o Austin deu para terminar com você? – arrumei os cadernos em minhas mãos e caminhei até a sala de aula.

— Ele disse que não podia mais ficar comigo enquanto pensava em outra. Falou que seria errado então resolvemos terminar. Aquele imbecil disse que a amava e eu pensei que era você, mas pelo jeito não era. – me encarou. A primeira aula seria de Biologia e seria com Maya, Austin e Bailey. Por isso Maya me acompanhava.

— E cadê os seus amigos?

— Assim que eles descobriram que nós terminamos, resolveram se afastar de mim. Eles só falavam comigo por interesse e, agora, estão assim com a Bailey. – deu de ombros. Finalmente Bailey havia conseguido o que queria então. A vida que Maya e eu tínhamos com Austin...

Assim que entramos em sala, já estavam todos lá. Alguns estavam em cima da mesa conversando enquanto outros escreviam bobagens no quadro. Austin e Bailey já estavam na sala e, assim que eu entrei, a loira me lançou um olhar mortal e agarrou Austin pela cintura, lhe dando um selinho. O moreno acariciou seu rosto e deu um beijo em sua testa, logo se aproximando de seus amigos, a deixando sozinha. Não pude deixar de rir enquanto me sentava numa carteira vazia. Sério mesmo que Bailey estava tentando me provocar? Que parte do "eu estou feliz com Brandon" ela não havia entendido?

O professor entrou em sala e logo todos se sentaram. Austin ia se sentar perto de seus amigos, mas Bailey o chamou e ele, mesmo relutante, sentou-se ao seu lado.

— Muito bem turma, na aula de hoje eu quero que vocês façam duplas para fazer o trabalho que eu passarei no quadro. Enquanto passo as questões, vocês podem formar as duplas. – o professor disse virando-se para o quadro.

Todos começaram a juntar suas mesas enquanto alguns trocavam de lugar. Eu estava sozinha e, por isso, optei em mexer em meu celular. Olhei para Maya que estava um pouco mais a minha frente, na mesma situação que eu.

— Ei Maya! – a loira olhou para mim. — Quer ser a minha dupla? – a garota sorriu e pegou sua mochila, se sentando ao meu lado. Juntamos a mesa e sorrimos.

Eu sei... Depois de tudo que ela fez comigo eu ainda a chamei para fazer dupla comigo? Eu vi o jeito que Maya estava, sabia como ela estava se sentindo naquele momento. Se sentir sozinha e trocada não é um sentimento bom e, mesmo com tudo o que ela me fez, eu não desejava aquilo para ninguém.

— Claire? – olhei para frente e vi Austin parado com um sorriso sem graça no rosto e com a mão sobre a nuca.

— O que você quer? – perguntei enquanto Maya pegava suas coisas e colocava em cima da mesa.

— Sei que você já tem uma dupla, mas... Posso fazer com vocês?

— E a sua namorada? – olhei para trás vendo que Bailey me encarava com ódio.

— Ela não é minha namorada, estamos apenas ficando. E o jeito possessivo dela me irrita. – fez uma careta.

— Bom... Nesse caso, acho que podemos fazer o trabalho em três. O que acha Maya? – a garota me encarou assustada.

— O que você tem na cabeça? – sussurrou.

— Calma, eu sei o que estou fazendo. – ri baixo. — Pode vir Austin. – o moreno puxou uma mesa e uma cadeira e sentou-se ao meu lado.

Bailey, que via toda a cena, rapidamente resolveu se juntar com seus novos amigos. Balancei a cabeça rindo daquela idiotice e olhei para Maya que também sorria enquanto mexia em seu celular. Desviei o olhar para Austin, que me encarava sorrindo e desfiz rapidamente o meu. O que estava acontecendo com ele para agir assim comigo?

gente chegamos às 942 leituras, eu to muito feliz 💖💖
muito obg por acompanharem a fic, isso é imensamente importante pra mim, de verdade