• you don't love her
CLAIRE AVERY
Uma semana se passou e, durante essa semana inteira, Brandon agia estranho comigo — era como se ele tentasse me evitar. Estava deitada em minha cama mexendo em meu celular quando escutei alguém bater à porta. E, antes que eu pudesse dizer algo, Maya entrou.
— O que você está fazendo? – perguntou deitando-se ao meu lado na cama.
— Nada. – sorri sem mostrar os dentes ajeitando o coque que havia feito em meu cabelo.
— Então... Já que você não está fazendo nada, vamos sair?
— Ai Maya, eu não sei... Não estou muito a fim de sair hoje. – apoiei meu rosto em minha destra.
Essa semana não foi uma das melhores. Brandon faltou quase todos os dias, Ivy não andava mais com a gente e havia feito amizade com Bailey e Maya e Austin estavam muito ocupados com suas novas atividades. Apenas Zion pôde ficar mais tempo comigo, mesmo com seus treinos.
— Vamos Claire. Por favor. – suplicou fazendo beicinho.
— Tudo bem. – suspirei profundamente e a loira sorriu. Maya começou a bater palmas animadamente enquanto eu me levantava da cama com certa dificuldade, já que eu não queria sair dela.
— Vai tomar seu banho enquanto eu escolho sua roupa. – falou enquanto eu abria a porta do quarto. Olhei-a com certo receio. — O que foi? Você precisa estar bonita para o Brandon. – riu.
— Maya, você não existe. – ri fraco.
— Eu sei que sou a melhor, mas anda logo senão vamos nos atrasar. – me empurrou para fora do quarto e eu fui em direção ao banheiro.
Depois do meu banho, com a ajuda de Maya, fiz minha maquiagem e me vesti. Usava um vestido justo ao meu corpo simples preto e um tênis da mesma cor. Ajeitei meu cabelo e coloquei o colar que Brandon havia me dado no natal. Desde que o moreno o havia me dado, eu nunca deixei de usá-lo — costumava dizer que a Lua era ele e o Sol era eu, grudados um ao outro. Sorri e, por algum motivo, meus olhos se encheram de lágrimas. Estar com alguém que realmente se importava comigo e estava comigo em todas as horas era muito confortante. Eu amava Brandon de todas as maneiras existentes.
— Vamos? – Maya me tirou do meu devaneio. Assenti com a cabeça e saímos do meu quarto.
Meus pais estavam num jantar de negócios e voltariam provavelmente somente depois das onze. Maya e eu saímos de casa e, assim que saímos, vimos o carro de Austin já nos esperando do outro lado da rua.
— Vamos logo! Vocês demoram muito. – Zion reclamou assim que abriu a janela do carro.
Apenas rimos enquanto nos aproximávamos do carro e Maya entrou ao lado do passageiro, ficando ao lado de Zion e eu fiquei no carona ao lado de Austin. Assim que coloquei o cinto de segurança Austin deu a partida e fomos direto para a lanchonete.
Chegamos a lanchonete Pop's — que só era frequentado por adolescentes — e, enquanto Maya e Austin corriam ao encontro de Brandon que já nos esperava no local, resolvi dar uma pequena olhada no local.
A lanchonete era grande, no final dela havia uma pista de patinação e um pequeno espaço onde ficavam os jogos de fliperama. A música que tocava ao fundo era agitada e havia vários adolescentes se divertindo.
— Está tudo bem? – meu corpo estremeceu com o susto que eu havia tomado e eu me virei rindo.
— Nossa! Que susto você me deu. – sorri antes de dar um selinho em Brandon.
— Me desculpa. Não foi a minha intenção. – sorriu minimamente antes de me abraçar. Envolvi meus braços em seu pescoço e apoiei meu queixo em seu ombro. Meu olhar ficou fixo em um casal que dividiam uma taça de milk shake. Eles pareciam felizes e, apesar de ser algo normal e que eu já tenha feito com Brandon, eu sentia saudades daquilo após seu repentino afastamento.
Desvencilhei-me do abraço e segurei em sua mão esquerda. Demorou um tempo para que ele apertasse minha mão de volta. Mesmo que ele já tivesse dito que estava normal, eu sentia que não estava — ou eu estava muito paranoica mesmo, ou realmente algo estava diferente. Nos aproximamos do pessoal e nos sentamos nas cadeiras que sobraram para nós.
— Pessoal, que tal patinarmos no gelo? – Maya perguntou animada.
— Maya, você nem sabe patinar. – Zion riu brincando com o canudo do seu milk shake.
— E daí? – olhou para seu namorado que apenas deu de ombros. — Vamos gente, por favor. Depois eu pago algo para comermos. – balançou o braço de Austin e Zion,
— Eu só vou se você prometer me pagar o melhor hambúrguer daqui. – Austin cruzou os braços e a loira sorriu.
— Eu prometo.
— Se é assim, então vamos. – o moreno se levantou sorridente e a garota fez o mesmo.
— Ah não gente. Austin, você sabe que ela vai pegar o meu dinheiro. – Zion reclamou se levantando e Brandon riu.
— Vocês vão e eu fico. Não estou muito a fim de fazer algo agora. – falei. A verdade era que, além de não querer ir, eu tinha medo de cair naquele gelo.
— Tem certeza Claire? – Austin olhou para mim.
— Depois eu vou. – sorri forçadamente.
— Tudo bem então. Se você quiser que eu te faça companhia é só dizer. – o moreno disse antes de ir até Maya e Zion que colocavam seus patins de gelo.
— Eu vou... Jogar algum jogo. Você se importa? – Brandon perguntou enquanto se levantava.
— Não. – neguei sorrindo sem mostrar os dentes. — Pode ir. Eu vou ficar aqui e terminar sua batata frita e o milk shake do Zion. – ri fraco puxando a taça de milk shake para mais perto de mim.
— Hã... Então tudo bem. Eu vou lá jogar. – sorriu sem graça. — Se precisar de algo é só chamar.
Fiquei observando Brandon se aproximar de uma garota que jogava um jogo de tiro e ele chamou sua atenção, não demorando muito para que começassem a jogar juntos. Desfiz o sorriso que eu havia feito e joguei a taça para longe de mim na mesa. Eu acho que não era coisa da minha cabeça achar que Arreaga estava sim se afastando de mim.
Minha noite estava uma completa merda. Estava sentada tomando um milk shake de morango enquanto via mais um tombo de Maya no centro da pista enquanto Zion e Austin apenas riam. A loira apoiou suas mãos no gelo e, com dificuldade, se levantou. Apoiou-se no corrimão e correu atrás dos meninos, que se divertiam com a garota.
Olhei para Brandon que ainda se divertia com a garota e ele olhou para mim. Ao manter contato visual comigo, o sorriso que havia em seu rosto se desfez e ele logo desviou o olhar. Aquele não era o Brandon que eu conhecia, algo estava errado e eu sentia isso. A cada minuto eu sentia uma sensação estranha dentro de mim, como um frio na barriga e, de repente, eu já não queria mais estar ali sozinha vendo todos se divertirem.
Sem que eu me desse conta, o meu namorado se aproximou de mim e sentou-se logo a minha frente. Pegou uma garrafa d'água que se encontrava ali em cima da mesa e bebeu o líquido, com bastante sede.
— Eu estou indo embora. – suspirei me levantando. O moreno me encarou confuso mas, antes que ele pudesse fazer algo, eu fui embora sem ao menos me despedir dos outros. Ao sair da lanchonete, vi que chovia bastante. Ótimo!
— Ei! Claire! – me virei para trás vendo Brandon se protegendo da chuva com o seu casaco. — Por que está indo embora? – aproximou-se de mim.
— Eu nem queria vir. A Maya que ficou me enchendo. – ri sem humor. — Acho que é melhor voltar pra casa. Afinal, você está bem se divertindo sem mim. – abracei a mim mesma, por conta do frio.
Um silêncio se formou entre nós e a única coisa que eu queria era que Brandon me desse seu casaco, me abraçasse e me tirasse daquela chuva; eu queria que ele me dissesse que aquilo era tudo coisa da minha cabeça e que passássemos o resto da noite juntos... Mas não. Isso não aconteceu.
— Claire... Eu preciso te contar algo. Algo que eu deveria ter te contado há muito tempo. – desviou seu olhar para o chão.
— O que é?
— Antes de te dizer, saiba que eu te amo demais acima de tudo. – olhou para mim novamente. Seu óculos estava todo embaçado e me surpreendia o fato de que ele pudesse ver algo. Assenti com a cabeça e ele me beijou.
— Agora me diz. – meus lábios tremiam por conta do frio.
— Sabe o dia que eu saí com a Ivy? – assenti com a cabeça seriamente. Aonde aquilo levaria? — Então... Nós acabamos ficando na casa dela bebendo e escutando música. Bebemos demais, eu fiquei bêbado e no fim... – parou de falar e um nó surgiu em minha garganta. Ele respirou profundamente e seu olhar estava perdido, como se pedisse desculpas. — Nós transamos.
Olhei para o lado e ri sem humor. Aquilo não podia ser verdade. Mordi meu lábio inferior para não chorar. Eu queria que não fosse real, mas era. Brandon havia realmente acabado de dizer que havia me traído com a Ivy.
— Seu canalha! Como pôde fazer isso comigo? – naquele instante meus olhos já estavam cheios d'água.
— Me desculpe Claire. Eu não queria... – segurou em meus braços. O empurrei fortemente, fazendo com que ele tirasse suas mãos de mim.
— ME LARGA, SEU DESGRAÇADO! – berrei deixando lágrimas caírem sobre meu rosto. Eu estava pouco me importando pela maquiagem borrada naquele momento. — Eu nunca fiz isso com você! Como pôde me trair? – minha voz estava falha. Eu estava com muita raiva de Brandon.
— Ah não? – riu sem humor. — Lembra quando você beijou o Austin? – agora foi a vez dele ficar alterado.
— Foda-se! Eu o beijei, não transei com ele. O que você fez foi muito, muito pior e eu nunca faria isso com você. Quer mesmo comparar um beijo com uma transa? – minha voz embargou. — Você me dá nojo. – murmurei entre dentes. Brandon ficou calado e vi que lágrimas caíam em seu rosto.
— Claire... Eu sinto muito.
— Não Brandon. Você não sente. – dei as costas para ele e comecei a seguir o meu caminho. Acabei me esbarrando com uma garota que usava uma roupa curta e chamativa e não pude deixar de olhar para ela. Era Ivy.
— Oi Claire! Que surpresa te ver por aqui! Me falaram que essa lanchonete é ótima e... – a interrompi na mesma hora com um tapa em seu rosto.
— Sua vagabunda! – a empurrei para que ela saísse da minha frente. A morena me olhava confusa, ainda com sua destra acariciando o local do tapa. — Como você e o Brandon puderam fazer isso comigo? Eu confiei em vocês! – funguei assim que passei em sua frente.
— Ah, então é isso? – riu. — Querida, se ele transou comigo, quer dizer que ele nunca te amou de verdade.
— Não, você está enganada. É porque ele é um completo filho da puta. – não ousei encará-la e continuei seguindo meu caminho. — E eu também me enganei. – murmurei para mim mesma.
Assim que cheguei em casa, subi rapidamente as escadas e entrei em meu quarto. Arranquei o colar que usava e joguei no fundo de minha gaveta. Sentei-me em minha cama e desabei em lágrimas. Comecei a socar a parede e a gritar como uma louca, não me importando de ainda estar encharcada.
Eu dei tudo de mim para Brandon e, mesmo assim, ele me traiu. O que eu fiz de errado? Por que ele me traiu? Por que, pelo menos, uma única vez na vida eu não posso ser feliz?
Olhei-me no espelho, me vendo naquele momento em um estado deplorável. Eu estava toda molhada e havia marcas de choro pretas em meu rosto por conta do meu rímel. Eu me odiava tanto, como também odiava Brandon.
Encolhi-me na cama e olhei para a sacada, vendo os pingos de chuva baterem contra a porta de vidro. Lembrei-me da música que tocava na lanchonete e cantarolei uma parte dela num sussurro.
— "Você não a ama, pare de mentir com essas palavras..."
A última vez que chorei tanto assim foi quando Austin terminou comigo. Bem... Dizem que o passado sempre volta para te assombrar, não é mesmo? A única diferença é que, dessa vez, foi com Brandon.
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