• please, get over me!

Meu Domingo foi, sem dúvidas, horrível. Passei o dia inteiro em meu quarto chorando, sem nem ao menos deixar minha mãe vir falar comigo.

— Claire... Tem certeza que você não quer jantar? – minha mãe perguntou do outro lado da porta.

— Sim. – funguei.

— Minha filha, você não comeu nada durante o dia inteiro, você precisa comer algo.

— Eu estou sem fome! – escutei minha mãe suspirar e, não demorou muito, para que ela descesse.

Meu celular, que estava ao meu lado da cama, vibrou indicando mais uma ligação perdida. Era novamente Brandon. Desde ontem a noite ele me ligava, mas eu não atendi a nenhuma de suas ligações. E, a cada toque, era mais uma lágrima que caía sobre meu rosto. Aquilo era horrível.

Peguei meus fones de ouvido e o pluguei em meu celular. Os coloquei em meu ouvido e pus minhas músicas no modo aleatório para tocar. Mesmo com a música alta, eu podia escutar a voz de Brandon e Ivy em minha cabeça; eu não aguentava mais lembrar aquilo. Era perturbador ter de lembrar cada palavra dita por Brandon, cada reação... Tudo. Fechei meus olhos e respirei fundo. Eu não podia me sentir mal por alguém, não mais — ou, pelo menos, não podia deixar ninguém perceber.

Acordei com o barulho infernal do despertador tocando. Ainda com os olhos fechados, peguei meu celular e deslizei a tela para que o despertador parasse de tocar. Levantei-me da cama e fui direto para o banheiro para fazer minha higiene pessoal. Eu nem acredito que o primeiro tempo seria educação física... Estava sem ânimo algum para isso.

Depois de fazer minha higiene, fui para o meu quarto. Optei em usar uma regata branca, um short de ginástica preto e um tênis branco. Fiz um rabo-de-cavalo em meu cabelo e passei um pouco de corretivo para esconder as olheiras. Desci as escadas, indo em direção à cozinha onde vi apenas o meu pai tomando o seu café.

— Bom dia Claire. – deu um gole em seu café. Sorri sem mostrar os dentes e me sentei na cadeira a sua frente. Mais um dia normal... Peguei um sanduíche natural e dei uma mordida faminta. Desde ontem que eu não comia nada.

— Cadê a minha mãe? – perguntei com a boca cheia.

— Ela teve que sair mais cedo hoje. – assenti com a cabeça, olhando para a mesa. — Claire, sua mãe deixou suas vitaminas perto da pia. Você não comeu nada ontem e ficamos preocupados sobre a sua bulimia...

— Eu... Vou tomar quando chegar da escola. Pode deixar. – terminei de comer meu sanduíche, tomei um pouco do suco de laranja e me despedi do meu pai enquanto eu me levantava da cadeira.

Como eu teria educação física, eu não precisava levar nenhuma mochila para a escola, já que eu deixava meu material todo guardado no armário. Então, apenas peguei meu celular e saí de casa, logo indo até o ponto de ônibus.

Assim que cheguei em frente a escola, entrei no local e fui até a quadra, que era onde iríamos fazer a aula. Já haviam algumas garotas sentadas na arquibancada conversando e alguns garotos jogando basquete.

Sentei-me no primeiro degrau da arquibancada e peguei meu celular onde vi que havia mensagens de Maya perguntando se eu já estava saindo de casa. Porém não demorou muito para que a professora chegasse e, logo atrás, viesse ela com todos os outros alunos. Assim que a loira me viu, correu em minha direção.

— Sua vaca! Por que não respondeu minhas mensagens? – se sentou ao meu lado.

— Bom eu... – fui interrompida pela professora.

— Turma, antes de começarmos as atividades, que tal descontrairmos um pouco? – bateu palmas animada.

— Descontrair como? – Austin perguntou com uma voz rouca, encolhendo-se com as mãos no bolso de seu moletom.

— Com uma partida de queimado. – naquele momento todos reclamaram desanimados. — Vamos lá pessoal! Vai ser divertido. Formem os times enquanto eu vou pegar a bola. – falou antes de sair da quadra e, mesmo sem ânimo, todos se levantaram da arquibancada e começaram a formar os times, que seriam somente dois.

— Brandon! – Austin o chamou e eu suspirei. O moreno arregaçou as mangas de seu moletom cinza e veio ao nosso encontro. Cruzei meus abraços e o encarei seriamente. Ele olhou para mim com um sorriso no rosto e eu rapidamente desviei meu olhar.

— Quer ser do nosso time? – Zion perguntou.

— Mas é lógico que... – Brandon foi interrompido por Ivy que veio correndo até ele.

— Brandon, vem ser do meu time. – fez manha ao segurar seu braço. Contorci o nariz só de imaginar ela e Brandon... Transando.

— Foi mal Ivy, mas eu vou ficar aqui mesmo.

— Acho melhor você ir com ela. – cruzei os braços e olhei para o lado, evitando encará-lo nos olhos.

— Claire, eu quero ficar com você. – se aproximou de mim.

— Mas eu não quero! Eu quero você longe de mim! – o empurrei.

— Brandon vamos logo. O jogo já vai começar. – Ivy puxou seu braço esquerdo. O moreno olhou para ela e depois para mim, mas logo foi junto com ela para o outro time sem titubear.

— O que acabou de acontecer aqui? – Maya apontou para os dois que estavam do outro lado conversando com Bailey.

— Não quero tocar nesse assunto. – fitei o chão.

A professora chegou à quadra, entregou a bola para um garoto que estava no meu time e apitou, dando a deixa para que o jogo começasse. O garoto jogou a bola para o outro lado e, algumas garotas, fugiram dando gritinhos ensurdecedores. Revirei os olhos ao ver Ivy dando gritinhos e se jogando para cima de Brandon. Eu estava com muita raiva daqueles dois e, admito, que, querendo ou não, eu ainda sentia ciúmes dele. O que era a pior coisa daquilo tudo.

— Claire! Joga a bola! – Maya jogou a bola para mim. Peguei a bola e olhei para frente, observando cada um que havia no time adversário. A girei em minhas mãos e, parecia que tudo a minha volta havia parado. Meus olhos pararam em Ivy que passava brilho labial em seus lábios e, automaticamente, sorri.

Peguei impulso e joguei a bola com toda a força, acertando em cheio o rosto da morena. Parecia que tudo havia acontecido em câmera lenta. Escutava vozes, mas eu não sabia o que estava acontecendo. Lágrimas brotaram em meus olhos assim que vi a garota de olhos azuis quase cair no chão e Brandon a segurar. Fechei os punhos com raiva e, por um ato de fúria, me aproximei dos dois. O que eu estava fazendo?

— Seu canalha! Por que a segurou? – comecei a dar socos em seu peitoral, assim que ele soltou a garota.

— Claire, se acalma. – segurou em meus pulsos fortemente enquanto eu tentava socá-lo.

— Já chega! Brandon e Claire, saiam da minha aula agora! – a professora exclamou furiosa enquanto Austin me segurava por trás, me obrigando a parar de bater em Brandon. Retirei suas mãos da minha cintura e saí da quadra sem hesitar, logo indo para o corredor.

— Claire! Volta aqui! – a voz de Arreaga ecoou pelo extenso corredor vazio, porém o ignorei e continuei a andar.

Eu iria para o único lugar em que ele não iria: o banheiro feminino. Entrei no banheiro sem ao menos olhar para trás e parei em frente ao espelho. Meus olhos já estavam marejados, eu já não conseguia mais segurar o choro. Lágrimas caíram sobre meu rosto, fazendo com que a minha visão ficasse embaçada. Escutei o barulho da porta se abrir, mas não dei a mínima. Eu já não me importava mais se alguém me veria chorar ou não.

— Claire? Por que está chorando? – minha visão ainda estava embaçada, mas eu pude ver que a pessoa atrás de mim não era uma mulher. Sequei minhas lágrimas rapidamente.

— Sai daqui. – molhei meu rosto.

— Claire... Eu sinto muito. Eu... – Brandon tocou em meu braço. Dei um tranco em meu braço, fazendo com que ele desse um passo para trás e me virei.

— ME ESQUECE BRANDON! – berrei saindo do banheiro, batendo a porta bruscamente.

Eu não queria que ele realmente me esquecesse, eu só queria que ele provasse que ainda gostava de mim, vindo atrás de mim. Mas não. Ele não veio atrás.

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