• I want to be heard

Com a ajuda de Bailey, finalmente eu já estava pronta. Usava uma blusa de manga comprida preta, uma calça rasgada da mesma cor e um salto baixo; meu cabelo estava preso em uma trança cascata e enrolado por baby liss. Eu me sentia perfeita.

— Sem dúvidas, você está pronta para arrasar! – Bailey riu enquanto terminava de me maquiar.

— Bae, você é a melhor! – abri um enorme sorriso enquanto me olhava no espelho.

— Eu sei que sou. Agora vai logo que já está tarde. – a loira começou a guardar seus pinceis enquanto eu me levantava.

Não demorou muito para que saíssemos de casa e seguíssemos caminhos opostos.

Olhei para os letreiros enormes de neon da lanchonete e relembrei da última vez em que havia pisado ali. Definitivamente aquele lugar não me trazia boas lembranças. Afinal, foi o começo da minha queda do penhasco.

Entrei no local e logo vi Austin sentado numa mesa parecendo apreensivo. Andei ao seu encontro e sentei-me na cadeira a sua frente.

— Desculpe a demora. – Austin me encarou e sorriu.

— Você está linda. – o moreno colocou sua mão em cima da minha, mas eu a retirei rapidamente da mesa.

— Austin, se eu estou aqui é porque eu quero saber o que você tem a me dizer. Então para de enrolar e diz logo.

— Olha, vou ser sincero. Eu me arrependo de ter terminado com você e quero muito voltar. Eu não deveria ter te traído com a Maya, me arrependo muito disso. Por favor... Acredita em mim. – suplicou fazendo uma cara de cachorrinho sem dono.

Droga! Austin sabia exatamente como me atingir...

— Austin... Talvez eu possa te dar uma chance. Mas eu não quero que você pise na bola novamente. – sorri de canto e o garoto sorriu olhando para baixo.

Eu sei. Depois de tudo o que ele me fez passar, eu ainda estava o dando uma segunda chance? Aquilo era tão idiota, mas o que eu podia fazer? Ele me magoou muito, porém eu ainda o amava muito...

— Puxa, gatinha, como você é... – Austin não terminou sua frase e logo escutei uma voz bastante familiar atrás de mim.

— Otária. – não deu tempo de me virar; fui coberta de espaguete e suco de uva, sem ao menos entender o que estava acontecendo ali.

Assim que olhei para trás, pude ver Maya com uma amiga sua rindo da minha situação.

— Fala sério garota. Você acha mesmo que ele voltaria para você? – Maya ainda estava rindo enquanto eu me levantava.

Sentia olhares em minha direção e logo vários burburinhos começaram a surgir. Olhei para trás e vi Austin sentado e rindo. Meus olhos marejaram. Novamente eu havia sido humilhada por ele e no mesmo lugar de antes. A diferença é que, da última vez, eu havia sido humilhada com palavras e não por atos, e aquilo me deixava pior.

Sem pensar duas vezes, virei-me e dei um tapa certeiro no rosto de Maya, deixando todos sem reação ali. A loira me encarou friamente enquanto eu respirava ofegante, tentando assimilar da onde eu havia tirado aquela coragem. Antes que ela fizesse algo comigo, empurrei a amiga da loira e corri até a porta de entrada.

— Aonde vai gatinha? A brincadeira ainda não acabou. – Austiu riu alto.

— Deixa Austin. Ela não sabe brincar. – alguém disse e risadas começaram a surgir no ambiente.

Ignorei todos e saí correndo da lanchonete, onde corri o mais rápido possível para longe daquele lugar. Durante o caminho, senti gotas caírem em minha cabeça. Olhei para cima e mais gotas começaram a cair.

Caminhei de cabeça baixa pela rua deserta durante a chuva. Não estava num estado bom e, ainda por cima, estava com os pés sujos de lama. Ouvi um barulho e olhei para baixo.

— Droga! – murmurei.

Um de meus saltos havia se quebrado e eu fui obrigada a andar descalça no chão enlameado. Senti meus pés grudentos e frios assim que tive contato com o chão. Levei o par de saltos na mão e lágrimas caíram em meu rosto. Eu não conseguia acreditar que fui enganada novamente por Austin.

Já que estava toda molhada, sentei-me no meio-fio da calçada para descansar um pouco. Talvez fosse melhor ter escutado a Bailey e o Brandon quando disseram que não era para eu vir aqui, mas, como todos dizem, às vezes só percebemos o erro quando o cometemos de novo.

BRANDON ARREAGA | UM MÊS DEPOIS

Nick, Edwin e eu estávamos em meu quarto conversando enquanto comíamos uma boa pizza e bebíamos Coca.

— E como anda a sua namoradinha? A Claire? – Edwin perguntou pegando uma fatia de pizza.

— Não namoramos, Ed. Apenas ficamos as vezes. – ri sem graça.

— Então deixa eu ficar com ela também. Pelo que você tanto fala dela, ela parece ser bem bonita e legal. – Nick riu.

Apenas o encarei sério e levantei meu dedo do meio, fazendo com que meus dois amigos rissem.

— A conversa está boa? – olhamos em direção a porta e vimos minha mãe encostada no batente.

— Está ótima. – ri e dei um gole em minha bebida.

— Então vocês continuam essa conversa amanhã. Você tem que acordar cedo para ir à escola Brandon.

— Por que só eu tenho que acordar cedo? – me levantei do chão indignado.

— Olha Brandon, eu acho, só acho mesmo, que é porque quem tem que estudar é você e não nós. – Ed se aproximou de mim e eu o encarei seriamente. Empurrei-o para fora do quarto, o fazendo rir e acompanhei os dois até o corredor.

— É uma pena que a Kim não tenha vindo... – fiz bico, olhando para o chão.

Eu sentia muita falta dela. Desde que cheguei aqui não pude falar com ela e, como minha melhor amiga é orgulhosa demais, não me mandou mensagem também. Ela não veio passar um tempo aqui porque, segundo os meninos, ela havia aproveitado o tempo livre para sair com as amigas.

— É uma pena mesmo. A Kimberly e você nessa casa, talvez sozinhos... – Nick olhou para mim maliciosamente.

— Nick vai se foder. Eu já disse mil vezes que a Kim e eu somos apenas amigos! – cruzei os braços. — Se fosse para ficarmos, já tínhamos ficado. Eu já fiquei sozinho com ela várias vezes.

Ed e Nick se entreolharam e o garoto de cabelo colorido fez um sinal para que Mara ficasse calado.

— Então galera, o papo tá bom mas o Nick aqui precisa dormir. Boa noite Brandon, boa noite sra. Arreaga. – Ed cortou o assunto, empurrando Nick pelo corredor, até o quarto de hóspedes.

— Boa noite mãe. – sorri abraçando a mais velha que estava ao meu lado.

— Boa noite meu filho. – minha mãe riu, me dando um beijo na bochecha.

Desvencilhei-me do abraço e entrei em meu quarto, não demorando para me jogar na cama. Mal posso esperar para acordar e ir à escola. O único motivo que me fazia sorrir às seis da manhã era a Claire.

Já fazia um mês desde que me mudei para cá e virei amigo dela. Depois da primeira vez que ficamos, ela começou a agir estranho e, como sempre, Austin e Maya viviam no pé dela. Eu sempre fiquei ali, ao seu lado, fingindo ser seu namorado para que os outros dois parassem de encher o saco de Claire, mas ela ainda estava distante.

As vezes, ela chegava na escola com roupa de academia, dizendo que estava correndo e só bebia água no intervalo porque dizia que havia se alimentado bem antes de sair de casa. Claire estava parecendo fraca, cansada e agia diferente. Mas, mesmo assim, eu sempre tentava levantar o seu ânimo. O que nunca falhou.

O despertador tocou, indicando já ser seis e meia da manhã. Tateei a cama ainda de olhos fechados, tentado encontrar o meu celular para fazer aquele barulho infernal parar. Minha mão acabou o empurrando para fora da cama, fazendo um barulho enorme assim que ele teve contato com o chão de madeira.

Abri os olhos enquanto me sentava na cama e, depois de mais uns minutinhos dormindo de olhos abertos, me levantei e fui ao banheiro. Olhei para o espelho vendo minha cara inchada de sono e meu cabelo todo bagunçado. Eu daria tudo para estar naquela cama quente e confortável novamente.

Depois de fazer minha higiene pessoal e ter colocado uma roupa confortável — que nada mais era que uma de minhas blusas de botões, das quais eu tinha uma coleção, uma calça jeans preta e um tênis meu qualquer —, desci as escadas e vi minha mãe já tomando o seu café.

— Bom dia! – exclamei sorridente, me sentando a sua frente.

— Bom dia. – ela sorriu e eu comecei a comer em silêncio meu cereal, olhando vez ou outra o horário em meu relógio.

Ed e Nick eram uns 'puta sortudos por não terem que acordar cedo. Eu agora iria para a escola enquanto os bonitos dormiriam até tarde.

— Bom, está na minha hora de ir. – terminei de comer e me levantei. — Nos vemos mais tarde.

Fui para a sala e peguei minha mochila que estava em cima do sofá.

— Ah, mãe. – a mais velha olhou para mim. — Antes de você ir para o trabalho, chame alguém para tomar conta do Edwin e do Nick senão eles vão acabar com a casa. E, de preferência, que seja uma senhora que eles não fiquem babando. – minha mãe balançou a cabeça negativamente com um sorriso em seus lábios e eu ri, saindo de casa.

Assim que cheguei a escola, fui direto para o meu armário onde Bailey me esperava, parecendo estar nervosa.

— Brandon, até que enfim! Você não vai acreditar! – a loira exclamou, saindo de perto do meu armário onde se apoiava.

— O que houve? – ri abrindo meu armário.

— Sabe no dia em que a Claire foi se encontrar com o Austin?

— Ela foi mesmo? – olhei para Bailey enquanto colocava minha mochila dentro do armário.

— Sim, pensei que ela tivesse te contado... – fez uma careta. — Enfim. Eu descobri que o Austin e a Maya fizeram uma "brincadeira" com ela. Jogaram espaguete e suco nela na frente de geral! Olha, eu estou muito puta e cansada desse garoto e da Maya...

— Cadê ela? – fechei a porta do meu armário com força.

Eu sabia que esse cara aprontaria algo... Por isso que a Claire estava distante. Porque ela foi humilhada novamente pelo otário do Porter.

— Ela não veio hoje.

— Eu vou acabar com esse cara! – soquei meu armário e, antes que eu pudesse ir atrás do moreno, Bailey me segurou pelos braços.

— Não faça nada que eu não faria. – dei de ombros e fomos para o pátio, perto da cantina onde geralmente Austin ficava com os seus amigos.

— Aí Austin! – chamei sua atenção me aproximando dele. O garoto me olhou com desdém e seus amigos reviraram os olhos.

— O que você quer? – se levantou, ficando próximo a mim.

— Eu vou acabar com você! – exclamei antes de dar um soco em seu olho esquerdo.

Austin deu passos para trás, com a mão sobre o local ferido e logo todos seus amigos se levantaram assustados.

— POR QUE FEZ ISSO SEU IDIOTA? – Maya me empurrou.

Apenas olhei brevemente para ela, voltando a olhar para Austin que ainda tentava processar o que havia acabado de acontecer ali. Bailey puxou Maya para longe de mim e a segurou fortemente pelos braços.

— Sua vadia imprestável! A vontade que eu estou de te estrangular é tanta, então fica quieta na sua e deixe os dois se resolverem. Não se mete. – Bailey foi grossa e, mesmo a contragosto, Maya soltou-se da loira e ficou ao seu lado.

— Não era para você ter feito isso... – Austin finalmente disse algo, partindo para cima de mim com os punhos fechados.

Antes que ele pudesse me dar um soco, segurei seu punho esquerdo e o empurrei bruscamente contra a parede, o prensando na mesma.

— Você é um mauricinho de merda que me dá nojo. A vontade que eu tenho é de te matar agora mesmo, mas não vale a pena ser preso por sua causa. – coloquei meu braço em frente ao seu pescoço e o apertei, fazendo com que ele ficasse todo vermelho.

— Você não sabe com quem tá se metendo. – ele disse sem fôlego, colocando as mãos sobre meu braço, na tentativa de se soltar.

— Você tem razão. Mas você também não sabe com quem tá se metendo. – dei um soco forte em seu rosto fazendo sua boca sangrar. — E nem sabe do que eu sou capaz. – o empurrei para o lado, o fazendo cair ao lado da amiga de Maya que o segurou.

— Garota, se você fizer algo de novo com a Claire, a próxima a apanhar será você. Me escutou bem? – Bailey disse antes de correr em minha direção.

— Eu preciso ver como a Claire está.

— Se quiser ir, vai. Eu te dou cobertura. – a loira correu junto comigo até o meu armário.

— Tem certeza?

Não esperei uma resposta. Ao ver que ela havia concordado, corri para a saída e fui direto para a casa de Claire. Chegando lá, toquei a campainha e esperei alguém abrir, entretanto minha espera foi em vão.

Fui para o quintal detrás e vi que a porta da varanda de seu quarto estava entre aberta. Escalei a árvore e entrei na varanda. Abri a porta entrando no quarto onde estava tudo em silêncio, o que eu logo estranhei. Andei pelo corredor e vi que a porta do banheiro estava entre aberta; dei uma batida de leve e abri a porta. Lá, vi uma cena que me deixou bastante preocupado.

— CLAIRE! – berrei seu nome a segurando em meus braços. — Claire você está bem? Por favor, responde! – chacoalhava seu corpo e nada de respostas.

A garota estava pálida, sua clavícula estava praticamente aparente, ela estava muito magra e sua boca havia perdido a cor. Meu maior medo era perdê-la ali, naquele exato momento.

aaaa gente eu quero muito agradecer as 307 leituras! eu to muito feliz, de verdade mesmo. vcs são demais 💖

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