• I promise you

NARRADOR

Claire abriu seus olhos, mas a única coisa que conseguiu ver foi uma escuridão sem fim. Fechou-os e os abriu novamente, olhando para o lado e viu Brandon desmaiado. Ao ver aquela cena, entrou em pânico e saiu o mais rápido que podia do carro, vendo que sua parte da frente estava toda amassada por conta do impacto — aquela árvore que estava em frente ao carro estava prestes a cair. Claire sentiu seu coração bater forte; ela não podia deixar aquela árvore cair, não em Brandon.

Subiu a ladeira correndo tomando cuidado para não cair. Sua cabeça e sua boca estavam sangrando e haviam vários machucados em seu corpo todo. Ela sentia dor ao correr mas não podia deixar Brandon morrer. Com dificuldade e desespero, conseguiu chegar a estrada, onde vários carros passavam.

A morena fazia sinal para algum carro parar e ajudá-la, mas nenhum parava. Ela já estava sem esperanças. Após mais algumas falhas tentativas de chamar atenção de algum carro, Claire fechou os olhos e suspirou, sentindo suas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Sentou-se no chão e começou a chorar incansavelmente.

Claire não queria perder uma pessoa tão querida como Brandon. Ela o achava importante e, sem ele, ela não tinha chão, não tinha vida. Sem ele, Claire não era nada. Olhou para o chão a sua frente e viu um carro estacionado a sua frente.

— Algum problema? – olhou para cima vendo o motorista a olhar curioso. Claire levantou-se rapidamente e secou as lágrimas de seu rosto.

— Senhor, por favor, você precisa me ajudar! Eu estava indo para casa de carro com o meu... Namorado quando um caminhão apareceu. Ele desviou e acabou batendo numa árvore naquela ladeira. Ele está desmaiado e perdendo bastante sangue... – começou a se atropelar em suas próprias palavras.

Naquele momento, ela não se importava em ter chamado Brandon de namorado, e sim em como ele estava. Na situação que ela estava passando, era mil vezes mais importante pensar em como Arreaga estava, do que ficar pensando no porquê de ter o chamado de namorado.

Sem hesitar o homem rapidamente saiu do carro, já discando o número da ambulância.

— Fica aqui, eu já volto. – disse indo em direção a ladeira.

Claire pensou em seguir o homem para ver Brandon, mas resolveu esperar ali mesmo. Não queria ver aquela cena outra vez, era muito para ela.

Depois de um tempo, o homem subiu ofegante novamente e a menina, que estava sentada no chão,  levantou-se apreensiva.

— Eu já liguei para a ambulância e eles já estão chegando, fique tranquila.

— Muito obrigada. – agradeceu com a voz falha, recebendo um abraço de conforto do mais velho.

Enquanto a ambulância não chegava, o homem, que depois Claire descobriu se chamar David, ficou ao seu lado tranquilizando-a.

Pouco tempo depois a ambulância chegou — para alívio de Claire. Os paramédicos saíram apressados da ambulância e imediatamente foram socorrer Brandon, onde David os acompanhou até o local. A garota preferiu ficar onde estava, mas foi levada até a ambulância por uma enfermeira para ver se ela não havia se machucado gravemente.

Assim que subiram com o garoto na maca, seus olhos se encheram de lágrimas. Retirou a mão da paramédica de seu rosto que limpava o pequeno corte que havia e correu até Brandon que estava desacordado, usando uma máscara de oxigênio para respirar. 

— Brandon, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. – a morena segurou sua mão e a beijou, seguindo de um aperto.

Ao ser colocado dentro do veículo, a paramédica a chamou para continuar os curativos enquanto um médico tomava conta de Brandon e, mais a frente, David explicava o ocorrido para os policiais. A morena sentou-se na parte de trás da ambulância, olhando tudo a sua volta. Ela ainda não podia acreditar que aquilo era real.

— Você está bem? – David perguntou a tirando de seus devaneios.

— Sim. Obrigada por me ajudar, sem você, ele poderia estar morto. – deu uma breve olhada para trás logo voltando seu olhar para o homem.

— Que nada, eu gosto de ajudar as pessoas. Até porque, essa dor de se perder alguém num acidente eu não quero para ninguém. – fitou o chão com uma expressão triste.

— O... Que houve?

— Eu perdi minha filha num acidente como esse... Olha, me desculpe, eu não quero falar sobre isso. – coçou sua nuca, se mostrando desconfortável com aquele assunto. — Mudando de assunto, eu liguei para sua mãe e expliquei tudo o que aconteceu. Ela disse que, se quiser, você pode passar a noite no hospital com o seu namorado. Eu não consegui falar com a mãe dele.

— Ah, tudo bem. Pode deixar que eu falo com ela. – Claire sorriu sem mostrar os dentes.

— Bom, eu preciso ir. Mas qualquer coisa me avisa, eu estarei lá para ajudar. – entrou em seu carro e, não demorou muito para que sumisse da estrada.

Claire entrou na ambulância e se sentou no banco que havia lá. Pegou seu celular e mandou uma mensagem para Gina, avisando o que aconteceu. No mesmo instante sua mensagem foi respondida; a mulher estava desesperada, querendo saber detalhes do que havia acontecido e perguntando para que hospital ele estava sendo levado, que ela já estava indo a caminho. A garota a tranquilizou dizendo que tudo estava bem e que passaria a noite com ele, acalmando então, a mãe do menino. Leu a mensagem que sua mãe havia a mandando perguntando se estava tudo bem com ela, se ela tinha se ferido gravemente e, também para que ela não se preocupasse com o carro, já que o seguro pagaria. Claire preferiu não responder, apenas guardou o celular no bolso de sua calça e apoiou sua cabeça no veículo. O que ela mais queria era que Brandon estivesse bem.

Chegando ao hospital, o garoto foi encaminhado rapidamente para a sala de cirurgia e Claire teve que esperar longas horas na sala de espera. Seu coração batia forte a cada vez que ela olhava o relógio e via que nenhum médico ou enfermeira vinha dar notícias de Brandon. 

Foram longas horas, até que um médico finalmente saiu da sala de cirurgia e veio ao seu encontro.

— Senhorita, o sr. Arreaga acabou de ser encaminhado para o quarto. Ele parece estar bem e, torcemos para que se recupere logo.

Ele ainda está inconsciente, mas já está um pouco bem.

— Eu... Posso vê-lo? – a morena tinha seus olhos marejados.

— Ele ainda está inconsciente, mas... Pode sim. – dada a resposta, Claire correu para o quarto que Brandon estava e, ao ver o garoto deitado naquela cama, seu coração se partiu em pedacinhos.

— Brandon, eu sei que você está me ouvindo e eu quero que saiba que eu te amo. – sentou-se ao seu lado e segurou sua mão.

Claire ficou olhando por horas a figura do garoto inconsciente deitado sobre a cama. Uma lágrima escorreu em seu rosto; uma lágrima teimosa. Ela se culpava profundamente por aquilo, achava que a culpa de tudo isso ter acontecido era dela.

— Não importa o que aconteça, eu estarei com você. – apoiou sua cabeça na barriga do maior, adormecendo logo depois.

CLAIRE AVERY

Acordei com alguém me chamando e, mesmo relutante, abri meus olhos, dando de cara com Gina parada logo a minha frente.

— Bom dia. – sorriu com a voz fraca.

— Bom dia. – bocejei enquanto me ajeitava na cadeira.

— Eu trouxe esse lanche para você. – estendeu para mim um copo de café com um sanduíche natural e eu sorri como forma de agradecimento. — Obrigada por ter passado a noite com o Brandon, isso foi muito importante pra mim. – a mais velha falou enquanto se sentava ao lado de seu filho na cama.

— Que nada. Ele é meu... Amigo e eu não quero que nada aconteça com ele. Doeria muito em mim, sabe? Sem contar que eu estava lá e é meu dever estar aqui. – olhei para o moreno que ainda estava inconsciente e suspirei.

Eu não gostaria nem de imaginar a possibilidade de algo acontecer a Brandon; eu simplesmente não teria mais vontade de viver se algo acontecesse.

— Eu entendo. Nem quero imaginar como seria perder um filho... – a morena acariciou o rosto de seu filho. Ficamos em silêncio o encarando, até que Gina o quebrou. — É como se ele estivesse dormindo e sonhando. Espero que esse sonho acabe logo para ele acordar... – olhei para ela que segurava fortemente a mão de Brandon, se segurando para que as lágrimas não caíssem.

— Vai ficar tudo bem. Acredite. – aproximei meu corpo da cama e segurei em sua mão.

A mais velha olhou para mim e assentiu com a cabeça sorrindo sem mostrar os dentes, deixando uma lágrima escapar.

— Acredito que sim.

— Sra. Arreaga, desculpe interromper, mas eu poderia falar um minuto com a senhora? – um médico entrou, fazendo com que a mais velha rapidamente secasse suas lágrimas e se levantasse.

— Claro, claro, pode sim. Claire, querida, pode ficar aqui enquanto eu vou lá fora? – assenti, sorrindo sem mostrar os dentes.

Gina sorriu e saiu do quarto enquanto eu fiquei ali, novamente sozinha com Brandon. Peguei o sanduíche natural e comecei a comê-lo enquanto olhava para a janela, vendo as folhas das árvores balançarem.

Foram alguns minutos que Gina ficou do lado de fora com o médico e, assim que ela entrou, correu em direção ao Brandon, jogando-se ao seu lado.

— O que houve? – perguntei assustada enquanto me levantava.

— O médico disse que nos exames mais importantes Brandon não reagiu. Ele falou que, se até Segunda ele não acordar, terão que desligar os aparelhos porque será perda de tempo esperar que ele reaja.– respondeu já aos prantos.

Naquela hora eu fiquei sem reação alguma enquanto via a mais velha abraçar seu filho e chorar. Sentei-me na poltrona atrás de mim, ainda sem acreditar no que havia acabado de escutar. Lágrimas começaram a descer ao me ligar que faltavam apenas dois dias para Segunda-feira.

UMA SEMANA DEPOIS

Já havia se passado uma semana e Gina havia conseguido um trato para que esperassem algum sinal de melhora de Brandon até Sexta-feira. Mesmo relutantes, os médicos concordaram, contanto que todos os dias alguém passasse a noite com ele.

Gina infelizmente teria que trabalhar, então eu me ofereci para ficar. No começo, ela havia ficado insegura com aquilo, pois eu poderia perder aulas, mas eu a convenci dizendo que não tinha problemas — até porque Bailey me ajudaria com as matérias que eu havia perdido.

Desci as escadas e chamei o meu pai — ele me daria carona até o hospital e, de lá, iria para o trabalho.

— Claire, qualquer coisa me liga. – meu pai disse assim que chegamos.

— Tudo bem. – sorri sem mostrar os dentes e saí do carro.

Entrei no hospital, disse o meu nome na recepção e fui pegar um café já que não tinha comido nada antes de sair de casa. Depois de ter pegado meu café, fui até o quarto em que Brandon estava e lá estava ele, do mesmo jeito de todas as vezes: desacordado.

Sentei-me na poltrona ao seu lado e coloquei o copo de café em cima da mesa de canto.

— Oi, meu amor, eu cheguei. – murmurei sorrindo, mas logo o desfiz ao saber que ele não responderia. Virei meu corpo para a porta e suspirei.

Eu estava desgastada. Foi uma semana em que passei, com a mesma rotina, na esperança de chegar e Brandon estar acordado e era sempre a mesma coisa. O seu quarto se tornava algo mórbido com todo aquele silêncio, apenas o aparelho que via seus batimentos podia ser escutado.

Meus pais não se incomodavam de eu estar perdendo aula; de alguma forma eles se sentiam culpados pelo acidente e, todos os dias me perguntavam se eu estava bem. Eu não pedia a matéria para Bailey, estava sem cabeça para aquilo, só queria saber se estava tudo bem com Brandon e a loira tampouco me mandava mensagem me perguntando se estava tudo bem. Eu não tinha nem cabeça para mexer nas redes sociais e, se entrei nela duas vezes, foram muito. Não sabia o que estava acontecendo na escola, ou o que deixava de acontecer, mas, sinceramente? Eu estava pouco me fodendo, apenas queria que Brandon acordasse logo.

— Claire? – escutei uma voz fraca e virei-me para trás, vendo Brandon de olhos abertos e meio confuso.

— Brandon? – fiquei surpresa ao vê-lo finalmente acordar.

Num ato rápido, levantei-me e me sentei ao seu lado na cama. Meus olhos se marejaram e eu belisquei o dorso de minha mão direita para saber se eu não estava sonhando, antes de fazer carinho em seu rosto.

— Você está aqui. – sorriu. Sua voz estava fraca.

— Eu disse que eu estaria com você. – segurei as lágrimas com um enorme sorriso no rosto.

— Claire, eu estou muito cansado. Sinto que não vou aguentar. – uma lágrima escorreu em meu rosto.

— Não meu amor. Você é forte, eu sei que você consegue. – segurei sua mão e o moreno tentou a apertar, mas estava sem forças.

— Fica ao meu lado. – fechou seus olhos. Assenti com a cabeça e deitei com cuidado ao seu lado. Coloquei minha cabeça na curvatura do seu pescoço e coloquei meu braço por cima dele.

— Não dorme, Brandon. Por favor. – murmurei olhando fixamente para a parede branca.

— Eu preciso dormir, mas eu vou acordar, linda.

— Promete? – olhei para cima, o vendo sorrir.

— Prometo. – dei um beijo em sua bochecha e o garoto fechou os olhos. Voltei a ficar deitada e, aos poucos também, fui fechando os olhos.

Despertei com um enorme sorriso no rosto ao saber que Brandon estava bem. Sentei-me na cama e olhei para o moreno.

— Brandon. – o chamei, mas ele não respondeu.

O pânico tomou conta de mim naquele instante. Ele talvez pudesse estar apenas dormindo, mas eu sentia como se eu tivesse perdido uma parte de... Mim.

O chamei inúmeras vezes e meus olhos já estavam cheios de lágrimas. Percebi que o aparelho que via seus batimentos cardíacos estava zerado. Eu não podia acreditar naquilo. Comecei a gritar seu nome enquanto chorava. Aquilo não podia acontecer.

Médicos e enfermeiras entraram no quarto e um deles chamou o segurança, pois eu não queria desgrudar de Brandon de forma alguma. O segurança me pegou e levou-me para fora do quarto; eu chorava bastante e, enquanto o segurança me tirava do quarto, eu gritava o nome de Arreaga.

— BRANDON! VOCÊ PROMETEU PRA MIM QUE ACORDARIA! – berrei enquanto me debatia nos braços do segurança, não demorando muito para apoiar minha cabeça em seu ombro e desabar no choro.

Eu não podia perdê-lo de forma alguma. Aquilo era um pesadelo.

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