• friends don't treat me like you do

Faziam horas que os médicos estavam naquela sala com Brandon e eu só conseguia pensar na possibilidade de perdê-lo. Isso não podia acontecer, eu não podia perdê-lo.

Minha vista já estava embaçada de tanto chorar; eu estava sozinha e apreensiva naquela sala de espera e eu não aguentava mais sentir aquela peso enorme sobre mim. Fui até o balcão da recepção, mas não tinha ninguém lá. Olhei em minha volta e não havia ninguém. Eu realmente estava sozinha.

Eu queria gritar. Aquilo era tudo culpa minha e, se não fosse por mim, Brandon estaria bem. Ele estaria ao meu lado... Se Arreaga morresse eu não me perdoaria nunca.

Senti um embrulho em meu estômago e fui para o banheiro. Eu já sabia o que faria e sabia que era errado, porém eu não conseguia me controlar. Sei que havia feito uma promessa a Brandon mas, aquela promessa eu não conseguiria mais cumprir.

Assim que entrei no ambiente, vi que havia uma mulher se olhando no espelho. Pigarreei e comecei a lavar minhas mãos, esperando que ela saísse logo. Assim que ela saiu, entrei na cabine sanitária e tranquei a porta para saberem que estava ocupado.

Agachei-me em frente a privada e joguei meu cabelo para trás. Eu não podia fazer isso. Lágrimas desciam de meu rosto enquanto meus dedos se dirigiam para dentro de minha garganta, forçando um vômito. A sensação de se livrar de algo que nem está lhe fazendo mal era bastante incomoda e, até mesmo, doía. Mas aos poucos fui me acostumando com ela, pois era a mesma dor que eu sentia só de saber que talvez Brandon não vivesse e era tudo culpa minha.

Saí da cabine e lavei meu rosto logo me olhando no espelho e vendo aquele monstro que eu tentava não ser mais. Eu me achava um lixo por fazer aquilo comigo mesma. Então... Por que eu ainda o fazia?

Sequei meu rosto e saí do banheiro, onde me sentei novamente na sala de espera — um lugar deprimente e quieto. Apoiei meus cotovelos em cima de minhas pernas e juntei minhas mãos, colocando minha cabeça sobre elas, e fechei os olhos, não demorando para iniciar uma conversa com o Todo Poderoso, apenas para pedir que Brandon ficasse bem.

— Senhor, eu sei que nunca falei com você, mas é que, para ser sincera, eu havia perdido minhas esperanças no momento em que minha vida começou a desandar há seis meses. Porém estou aqui novamente, lhe pedindo do fundo do coração que cuide do Brandon. Que ele esteja bem porque eu preciso dele comigo, ele é... Meu anjo. – pedi deixando uma lágrima escapar. — Sei que o lugar dos anjos não é na terra e, sim ao seu lado, mas por favor deixa ele ficar aqui pelo menos mais um pouco. Não é a hora dele. Não ainda. – suspirei profundamente e abri meus olhos logo dando de cara com Nick e Edwin.

— E aí? Como estão as coisas? – Ed perguntou sentando-se ao meu lado.

— Até agora eles não deram notícia alguma. – suspirei sendo puxada por Nick, que apoiou minha cabeça em seu ombro.

— Fique tranquila. Tudo vai dar certo. – o moreno passou sua destra em meu braço tentando me confortar.

— Por que vieram? Não precisavam se preocupar, Gina pediu para que não viessem.

— Não queríamos te deixar sozinha. – o garoto de cabelo colorido falou.

— Com licença, você é a Claire? – o médico que cuidava de Brandon perguntou ao se aproximar de nós.

— Sim, sou eu. Por favor, me diga que conseguiram reanimá-lo. – levantei-me da cadeira num pulo, secando minhas lágrimas.

— Sinto muito, mas... Infelizmente não. – abaixou a cabeça. Passei as mãos em meu cabelo, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não podia acreditar no que havia acabado de escutar.

— O que? – corri até o quarto onde Brandon estava e vi as enfermeiras prontas para desligarem os aparelhos que tentavam mantê-lo vivo. — NÃO! – as enfermeiras me olharam assustadas com o berro e Edwin e Nick pararam em frente a porta. — Por favor, me deixem falar com ele pela última vez. – meus olhos novamente se encheram de lágrimas.

— Cinco minutos. Daqui a pouco nós voltamos. – uma das enfermeiras disse ao olhar para a outra.

As mulheres saíram do quarto enquanto os meninos permaneceram parados em frente a porta. Aproximei-me de sua cama e segurei fortemente em sua mão, me sentando ao seu lado.

— Brandon, por favor, acorda. Eu não quero lutar contra o mundo sozinha. – selei nossos lábios em um selinho. Sequei minhas lágrimas e suspirei. Nick tentou se aproximar de mim, porém Ed não permitiu. — Eu preciso de você aqui, não vai embora, por favor. – fechei os olhos, deixando uma lágrima cair em seu rosto. — Não se vá. – murmurei já sem forças.

Um silêncio pairou sobre o local e eu comecei a chorar enquanto abraçava o moreno.

— Por que eu iria? Meu lugar é com você. – abri os olhos e o moreno riu fraco.

O aparelho que via seus batimentos cardíacos estava normal, como se ele não tivesse tido uma parada cardíaca.

— Brandon... – suas mãos acariciaram meu rosto e uma lágrima escorreu em seus dedos. Edwin e Nick estavam paralisados.

— Eu prometi para você que acordaria. – sorri ainda chorando, o abraçando forte. Mas agora meu choro não era mais de tristeza, e sim de alegria. Senti seu queixo apoiar em minha cabeça e ele passou sua mão em meu braço.

— Desculpa sra. Avery, mas já se passou cinco minutos. – uma das enfermeiras entrou no quarto.

Brandon e eu olhamos para a porta e ela ficou em choque ao ver o moreno acordado. Sem ao menos entrar no quarto, correu para chamar o médico e, não demorou muito, para que ele entrasse no quarto pedindo para que eu o deixasse. Assim que viu Brandon acordado, ficou em choque assim como a enfermeira.

— Isso é impossível... Você estava morto! – exclamou incrédulo.

— Isso é um milagre de Deus, doutor! – a enfermeira sorriu segurando seu colar que tinha o pingente de uma cruz.

— Anjos não se vão sem dar um adeus e ele não me disse adeus. – olhei para Brandon, acariciando seu cabelo. Ele olhou para mim e sorriu.

— Acho que seria uma boa deixá-los a sós. Doutor, precisamos assinar algo? – Ed se aproximou do médico, entrelaçando seu braço em seu pescoço.

— Não, mas... – Edwin não o deixou terminar de falar e saiu o puxando para fora do quarto, assim como Nick fez com a enfermeira.

— Obrigada. – o abracei com um enorme sorriso.

— Pelo que? — o garoto riu confuso.

— Por não me abandonar. – apoiei meu rosto em seu peitoral, escutando as batidas de seu coração. Como aquilo era bom.

BRANDON ARREAGA

A porta do quarto se abriu e minha mãe entrou correndo, não demorando para me abraçar, enquanto Nick e Ed pararam em frente a porta.

— Brandon, eu não acredito que você está bem! – exclamou animada, ao mesmo tempo que chorava.

— Nem eu. – sorri a abraçando de volta, com um pouco de dificuldade.

— O médico disse que você vai ter alta hoje. – Nick chamou nossa atenção.

— Sim, ele só vai engessar sua perna que você quebrou no acidente e podemos ir embora, já que nenhum exame demonstrou algum erro. – Edwin completou.

— Sério? Isso é muito bom! – exclamei segurando as mãos de minha mãe.

— Bom, eu ia te contar isso mas os meninos acabaram estragando a surpresa... – minha mãe fingiu estar brava e nós rimos.

— Mas, por outro lado, isso é uma pena. – lamentei fazendo biquinho olhando para Claire que estava na frente de Nick.

— Por quê? – a garota perguntou confusa.

— Porque se eu quebrei a perna a gente não vai poder...

— Tudo bem! Acho que nós já entendemos. – me interrompeu fazendo os meninos rirem.

— Bom, eu vou lá fora pegar uma água. – Gina riu, se levantando da cama logo saindo do quarto. Assim que ela saiu, Claire deu um forte tapa em meu braço.

— Ai! – passei a mão sobre o local do tapa.

— Eu não acredito que você ia dizer aquilo na frente da sua mãe! – cruzou os braços. Ri ao ver que a morena estava irritada.

— E o que eu ia dizer? – segurei a risada.

— Você ia dizer que... – ela parou de falar ao entender onde eu queria chegar e começou a me encher de tapas. — Você é um idiota, sabia?

— Sim mas você me ama assim. – recebi um tapa antes da menor se sentar ao meu lado na cama de cara emburrada. A puxei por trás fazendo com que ela se deitasse em cima de mim. — Pare de bobeira, garota, eu estava só brincando. – grudei meu rosto ao seu.

— Brincadeira sem graça. – murmurou fazendo um bico. Aproximei nossos lábios para um selinho que se transformou num beijo, bem calmo e sem pressa de acabar.

— Aí Nick, acho melhor sairmos daqui. Minha vela está começando a derreter. – olhamos para Nick e Ed que ainda estavam parados na porta.

— Você tem razão. Essa vida não é para nós. – o moreno suspirou e Claire riu. Os dois saíram e a garota olhou para mim.

— Onde paramos? – perguntei a puxando para mais perto de mim. A morena fechou seus olhos e eu levantei um pouco meu pescoço para beijá-la.

— Sr. Arreaga, pronto para engessar essa perna? – meu médico perguntou entrando no quarto, interrompendo nosso quase beijo. A menina riu se esquivando e eu apoiei minha cabeça no travesseiro, bufando.

— Eu acho que vou ficar lá fora com a sua mãe ou com os meninos. – Claire saiu rapidamente de cima de mim e levantou-se logo indo em direção a porta. — Licença. – sorriu timidamente, abaixando a cabeça para sair do local.

— Desculpe. – o médico desculpou-se rindo ao se aproximar de mim. Apenas revirei os olhos logo rindo.

Tinha acabado de colocar a roupa e engessado minha perna. Agora, estava esperando no quarto minha mãe e Claire, que conversavam com o médico.

— O que faz aqui? – perguntei assim que vi Claire entrar no quarto.

— Sua mãe disse para eu vir. – fechou a porta.

— E cadê os meninos?

— Eles foram pra casa arrumar umas coisas. – assenti com a cabeça e ela se aproximou de mim.

— Da próxima vez chame minha mãe de sogra. – a garota apenas me mostrou dedo do meio, o que me fez rir.

— Você está muito engraçado hoje Brandon. Já pensou em ir para um circo? – cruzou os braços.

— Sim. Mas daí eu lembrei que eu sou muito bonito para esconder minha beleza atrás de uma maquiagem de palhaço. – ri e ela empurrou minha cabeça para o lado logo revirando os olhos.

— Vamos meninos? – minha mãe perguntou animada entrando no quarto.

Assentimos com a cabeça e Claire me ajudou a levantar, enquanto Gina segurava minhas muletas. Saímos do hospital, pegamos um táxi e fomos para a minha casa.

Chegando lá, assim que entrei, vi Kimberly ajeitando uns balões que estavam presos no teto junto com o meu pai e a felicidade me dominou. Sentia saudade da minha melhor amiga de todas as horas.

— Stitch! – a morena exclamou animada assim que me viu e correu em minha direção.

— Lilo! – ri entusiasmado abrindo os braços para a receber um abraço da morena.

— Filho! – meu pai sorriu se aproximando de mim.

— Pai? O que faz aqui? – desvencilhei-me de Kim e peguei minhas muletas que Ed segurava para usá-las.

— Sua mãe disse que você tinha sofrido um acidente, então eu vim aqui para te ver.

— Ah sim. Fico feliz por ter trazido a Kim com o senhor. – sorri ao ver a garota conversando com Nick.

— Na verdade, eu que trouxe o sr. Arreaga. – Kim colocou as mãos nos bolsos traseiros de sua calça e todos nós rimos.

— É... Brandon, está na minha hora de ir pra casa. – Claire chamou minha atenção, próxima a porta de entrada.

— Não! Fica, por favor. – andei o mais rápido possível para alcançá-la e segurei em seu braço, a impedindo de andar.

— Brandon, sua família e seus amigos estão todos aqui. É melhor eu ir pra você dar atenção a eles. – ela queria sair, mas não conseguia porque eu ainda segurava seu braço.

— Claire, mas você é parte da minha família. – a morena olhou para as pessoas na sala e sorriu.

— Brandon eu não posso ficar... – mal Claire havia acabado de falar, Edwin apareceu ao nosso lado nos chamando.

— Brandon e Claire, vão ficar aí se pegando? Venham logo pra cá. – ele saiu de perto de nós e eu olhei para Claire.

— Viu? Eu não sou o único que quer que você fique.

— Tudo bem. Eu fico. – rendeu-se e eu beijei sua bochecha fazendo com que ela me olhasse de canto, com um sorriso no rosto.

Nos juntamos com as outras pessoas e ficamos conversando junto com todos.

Já fazia um bom tempo que estávamos lá. Claire já havia conversado com meu pai e já havia pegado mais intimidade com a minha mãe. Agora, estávamos jogando Uno com os meus amigos.

— Brandon, venha aqui. – minha mãe me chamou.

Fui até a cozinha e Gina me serviu um pouco de vinho. Foi naquela hora que achei o momento perfeito para minha declaração.

— Ei pessoal! Quero fazer um brinde! – chamei a atenção de todos e, com cuidado, subi em cima do sofá. — Bom, quero, primeiro de tudo, agradecer a preocupação de todos por mim e agradecer por serem essa família maravilhosa. – Claire sorriu timidamente enquanto Nick e Ed fingiam estar emocionados. — Agora, eu tenho um pedido muito importante a fazer. – olhei para Claire que olhava para mim. — Claire, você aceita ser a minha namorada? – a morena engoliu seco na hora, ficando sem reação alguma.

— Brandon, eu... – foi interrompida por Edwin.

— ACEITA! – gritou enquanto era abraçado por Nick.

— Brandon, eu não sei o que dizer. – riu desacreditada.

— Só diz que sim. – desci do sofá com ajuda de Kim e puxei Claire para junto de mim.

— Sim, eu aceito. – sorriu e a beijei na hora. Nick, Ed e Kim fizeram um "eca", fazendo com que nós parássemos o beijo para rir.

— Vão ficar no quintal um pouco. Vocês merecem um minuto a sós. – minha mãe se aproximou de nós.

Assentimos com a cabeça e fomos até o quintal de trás. No quintal havia um balanço, nos sentamos e começamos a conversar enquanto nos balançávamos.

Você não devia estar se balançando. – Claire olhou para mim, preocupada.

— Eu estou com a perna quebrada e não aleijado. – continuei me balançando e a garota suspirou profundamente.

— Mudando de assunto... – me olhou feio e eu ri. — Estou feliz por estarmos juntos. – sorriu.

— Agora somos somente eu e você. – ri junto com ela.

aaaa gente finalmente chegamos as 614 leituras! eu to muito feliz, de vdd, vcs são perfeites 💖

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