• can I make you happy?

CLAIRE AVERY

Brandon virou o corredor e eu fiquei parada que nem uma idiota ali no meio. Senti alguém esbarrar em meu ombro, o que fez com que me esquecesse de meus devaneios.

— Sai da frente. – olhei para trás e pude ver Austin parado em minha frente.

— Passa, não estou no seu caminho. – dei de ombros.

— Mas está na frente do meu armário. – revirou os olhos, apontando para o armário ao meu lado.

— E...?

— Ai Austin, deixa ela em paz. – Austin olhou para trás, vendo Bailey se aproximar de nós.

— Nossa! Sua amiguinha veio te defender! – exclamou num tom debochado olhando pra mim com um sorriso cínico em seus lábios.

— Vai se foder Austin. – Bailey falou colocando as mãos em meu ombro, me dando um leve empurro para que eu andasse.

— Vadia... – escutei o moreno murmurar.

— Quando você não tiver mais pau pequeno, vem falar comigo. – a loira retrucou dando dedo do meio.

Naquela hora, todos os que estavam próximo olharam para o moreno e começaram a rir, o deixando com raiva já que, Austin não gostava de ser deixado sem graça na frente de todos. Não pude deixar de dar uma pequena risada também.

Ria de Austin junto de Bae, quando sinto algo ser jogado em mim, que logo escorreu pela minha roupa. Na hora, cheguei para trás na intenção de não me molhar mais, porém foi em vão.

— Puxa... Foi mal Claire, eu não te vi. – Maya riu debochadamente, dando um forte esbarrão em mim, fazendo com que minha mochila caísse no chão.

A garota já ia embora quando alguém apareceu em sua frente atrapalhando totalmente sua passagem.

— Ajuda ela a pegar a mochila do chão. – olhei para frente e vi que era Brandon.

A loira o encarou de cima em baixo e, um pouco hesitante, pegou minha mochila do chão logo a entregando para mim.

— Nunca mais faça isso. – Brandon cruzou os braços.

— Você deve ser o novato. – Maya sorriu ladina. — Se estiver precisando de algo, é só dizer. – ela ia se aproximar do moreno, porém ele se afastou dela imediatamente.

— Você se chama Maya, certo? Olha, eu não estou aqui há muito tempo mas sei que você namora e, sério, não devia fazer isso com ele.

— Mas eu não estou fazendo nada de mais... – começou a enrolar as pontas de seu cabelo, fazendo-se de inocente.

— Você está dando em cima de mim. Não ache que eu não estou percebendo isso. — fez uma careta. – Você por acaso é burra ou apenas se faz?

Naquele momento eu tive que rir.

— Bom... Mas e você? Tem namorada? – a loira perguntou na tentativa de mudar de assunto e, talvez, passar despercebida do fora que acabara de levar.

— Tenho e... Ela está atrás de você. – olhou para mim e eu arregalei os olhos assustada, assim como Maya.

Pera... O que?

— Você o que? – Maya e eu perguntamos juntas.

— Sim, eu estou namorando a Claire e, por isso, vim estudar aqui. Não lembra, meu amor? – Brandon sorriu, se aproximando de mim logo entrelaçando seu braço em meu pescoço.

— Hã... Lembro sim. – sorri sem mostrar os dentes, meio perdida.

— Que desperdício. – Maya riu alto. — Só toma cuidado Claire. Assim como roubei o Austin de você, posso fazer o mesmo com seu namoradinho. – me ameaçou antes de ir embora com sua amiga.

— Ai que ódio dessa garota! – Bailey socou um armário.

— Você está bem? – Brandon olhou para mim.

— Tirando o fato de eu estar toda suja de vitamina, estou bem sim. Obrigada por se preocupar. – sorri de canto, meio envergonhada.

— Claire eu tenho uma blusa reserva no meu armário. Quer que eu te empreste? – Bae chamou minha atenção.

Assenti com a cabeça e a loira foi até seu armário, deixando Brandon e eu a sós.

— Por que você disse para a Maya que namoramos?

— Ah! – o maior olhou para baixo e sorriu logo voltando a olhar para mim. — Eu vi o que ela fez com você e não gostei. Achei que falando que somos namorados, ela pudesse te deixar um pouco em paz. – deu de ombros e eu sorri sem mostrar os dentes.

— Aqui. – Bailey não demorou a voltar.

— Eu... Vou me trocar rapidinho e já volto. – mordi meus lábios e os dois assentiram enquanto eu corri para o banheiro.

Depois de ter vestido a blusa que Bae havia me emprestado, me encarei no espelho e vi que estava horrível. Eu estava gorda e meu rosto estava horrível. Eu tinha aversão de mim mesma, me sentia um monstro. Suspirei profundamente e peguei minha blusa que havia deixado em cima da pia logo saindo do banheiro.

— O que está fazendo aí? – me assustei ao ver que Brandon me esperava ao lado da porta.

— Estava esperando minha "namorada". – sorriu me fazendo rir. — Qual é a sua primeira aula? –envolveu seus braços em meu pescoço.

— História.

— Sério? A minha também! – sorriu animado, se desgrudando de mim.

O sinal logo tocou e fomos juntos até meu armário para guardar minha blusa e, também pegar meu material. Passamos no armário de Brandon e depois fomos juntos para a sala de aula. Só haviam duas mesas vazias — uma ao lado da outra — então, como não havia outro lugar, nos sentamos juntos. E, tenho que admitir, foi muito legal me sentar ao seu lado.

O sinal para a saída tocou e todos recolheram seus materiais para irem embora. Não fui diferente dos outros e fiz a mesma coisa. Saí da sala e fui para o corredor e, assim que cheguei ao corredor, senti alguém pular em minhas costas.

— Oi! – Bailey exclamou animada, beijando minha bochecha.

— Oi. – sorri enquanto a garota segurava em minha mão.

— Sua vaca! Agora você vai me explicar o porquê de ter sentado com o Brandon na aula de Biologia. – olhou para mim parecendo curiosa e animada.

— Ele pediu pra eu ficar com ele porque ele não tinha amigos. Eu só retribui o favor que ele me fez, me ajudando com a Maya. – dei de ombros.

— Hoje na aula de Língua Inglesa, só se falavam de você, Maya e do Brandon. – arregalei os olhos um pouco assutada.

Eu já tinha problemas demais na minha vida e não queria ter mais problemas — principalmente se fosse com a Maya.

— E o que eles falavam?

— Ah, só comentavam que a Maya levou um fora do novato e que não esperavam que você tinha um namorado... Todo mundo anda falando que ele é mais bonito que o Austin e eu, particularmente, achei o Brandon um gatinho. – corei ao escutar Bae elogiar Brandon e a loira riu. — É sério Claire! Vai dizer que não percebeu? O jeito dele, o estilo, aqueles olhos, a boca... Imagina como ele deve ser nu. – corei mais ainda, rindo.

Bailey não tinha filtro algum e, as vezes, eu ficava sem graça com aquilo.

— Olha quem eu encontrei aqui! – parei de rir, olhando para Austin e Maya que vinham em nossa direção.

— Austin... Não enche. – abaixei a cabeça.

— O que foi? Eu só queria ver se é verdade mesmo essa história de namorado. Mas... Ele não está aqui por perto então já percebi que era mentira sua, ou nem ele te aguentou. – o maior riu, ficando mais próximo de mim. — Qual foi Claire, todo mundo sabe que você ainda não superou nosso término. Você é fraca. E sabe o que mais? Você nunca vai se esquecer de que foi apenas um brinquedo para mim, um animal de estimação. Você foi um objeto insignificante para mim e que, enquanto estávamos juntos, eu estava com a Maya. E você é tão idiota que nem percebeu. – o moreno me deu um empurro, fazendo com que eu chegasse para trás.

Olhei para ele com os olhos já cheios de lágrimas enquanto Maya ria logo atrás dele e Bailey estava ao meu lado, tentando entender o que estava acontecendo ali.

Não consegui me controlar. Comecei a chorar ali mesmo na frente de todos enquanto Austin me ofendia mais e mais, não se importando se as pessoas escutavam ou não. Não demorou muito para que as pessoas começassem a parar no corredor e as nos rodear para ficar de plateia. Ao contrário do que pensei, ninguém me ajudou. Apenas cochichavam entre si e alguns riam de mim.

Bailey tentava expulsar as pessoas que estavam em nossa volta, mas suas tentativas foram em vão. Eu queria sair dali correndo e vomitar a única coisa que comi o dia inteiro — que havia sido uma maçã —, por estar nervosa com aquela situação mas, antes que eu pudesse fazer isso, senti alguém me puxar fortemente pelo pulso e eu apenas fechei os olhos, apoiando meu rosto no peitoral da pessoa.

— Vocês dois não podem fazer isso com ela! Caso não tenham percebido ainda, ela é um ser humano, tem sentimentos! – era a voz de Brandon.

Sentia seu corpo balançar a cada palavra que dizia, seu coração batia forte e sua respiração estava bastante ofegante.

— Brandon, me tira daqui, por favor. – funguei.

— E você é homem Austin. Olha o jeito que está tratando uma garota, por favor. – riu sem humor. — Cara, eu tenho muita vontade de te dar um soco mas não vale a pena perder meu tempo com você.

Naquela hora, todos começaram a cochichar alto sobre Brandon ter acabado de deixar Austin mal na frente de todos e alguns riram.

— Maya, vamos embora. – Austin disse, passando com a garota perto de nós dois e esbarrando no ombro de Brandon.

— Vamos embora também. – seus dedos fizeram um movimento em minhas costas e, ainda abraçada a ele, saímos da escola.

Chegamos ao pátio da escola e eu me sentei no banco que havia ali. Sequei minhas lágrimas e olhei para o moreno a minha frente.

— Desculpa pela blusa. – funguei olhando para a blusa de Brandon que estava molhada pelas minhas lágrimas.

— Não esquenta com isso. – deu de ombros se sentando ao meu lado. — Claire, você tem que esquecer aquele cara, não acredito que você está chorando por causa de um babaca como aquele. Olha, depois do que eu vi hoje, ele é um escroto. Não merece que você derrube uma lágrima por ele.

— Brandon, eu ainda o amo... Foram dois anos de namoro, não tem como esquecer assim. – deixei uma lágrima escapar.

— Mas não deveria. – limpou minhas lágrimas, olhando fixamente em meus olhos. — Deixa eu te fazer feliz? – arregalei levemente os olhos.

— Que?

Irei lhe devolver cada sorriso que um dia te tiraram. – sorriu, passando seu dedo polegar em minha bochecha. — Então, o que me diz?

— Brandon... Eu não quero ficar com você. – tirei sua mão de meu rosto.

Coloquei sua mão em minha coxa e segurei a mesma com minhas duas mãos fortemente. O encarei e vi que o moreno me encarava, esperando uma resposta.

— Por quê?

— Brandon, eu conheci você hoje! – ri. — Acho que, por enquanto, eu não quero me envolver com ninguém. E quero ser apenas a sua amiga, se você quiser também ser meu amigo.

— Bom... Eu acho que posso me contentar somente com a sua amizade. – ele sorriu e eu fiz o mesmo.

— Olha, eu preciso ir agora. Acho que já deu tempo suficiente do Austin e a Maya irem embora. – me levantei e peguei minha mochila.

— Claire, como assim "por enquanto"? Quer dizer que, futuramente, eu posso ter uma chance com você? – sem respondê-lo, sorri e continuei a andar.

Acho que isso pode levar um tempo para ter resposta.

Assim que cheguei à frente de minha casa, abri a porta e não demorou muito para eu escutar vozes. Estranhei já que meus pais estavam, ou deveriam estar, no trabalho. Os dois trabalhavam juntos na mesma empresa e era bastante difícil eu vê-los em casa.

Coloquei minha mochila em cima do sofá e pude ver meus pais na cozinha. Aproximei-me um pouco mais e escutei a conversa, ou melhor, a discussão.

— SEU DESGRAÇADO! EU NÃO TE SUPORTO MAIS! – minha mãe berrava com as mãos na cabeça.

— SAI DAQUI, DONNA! EU NÃO TE AGUENTO MAIS! TODA HORA VOCÊ ME MANDA FAZER ALGO, EU PRECISO DE UM ESPAÇO! – meu pai berrou virando de costas para ela e apoiou suas mãos no balcão.

— Você quer espaço John? Mais espaço do que eu já dou?

— É Donna, é isso que eu quero. – meu pai se aproximou de minha mãe.

— Okay John, você terá o espaço que quiser porque eu quero o divórcio.

Vira e mexe meus pais discutiam, mas nenhuma discussão que eles já tiveram já havia chegado ao ponto deles falarem sobre divórcio.

— E a Claire? Com quem fica?

— Faz um tempo que estou querendo que ela vá para a minha mãe, que mora no Kansas. Agora estou decidida de que Claire vá morar com ela.

Ia ficar quieta e fingir que não estava lá, mas aquilo me deixou em choque. Eu não queria me mudar para o Kansas. Como assim minha mãe ia me mandar para casa de minha avó sem me dizer nada? Sem contar que eu não queria ir para lá. Se eu fosse, nunca mais veria Bailey e... Brandon. Sei que conheci ele hoje mas queria ter uma amizade com ele.

— NÃO! – gritei.

Meus pais olharam para trás e eu apenas tampei minha boca com as mãos. Imediatamente, corri para fora de casa; eu não queria ficar lá nem mais um minuto. Corri sem olhar para trás, corri o máximo que eu pude.

Estava quarteirões longe de casa e ainda corria, quando acabei esbarrando em alguém e essa pessoa segurou em meus braços antes que eu caísse no chão.

— Ei, ei, calma aí. – olhei para cima e vi que era Brandon.

Ele sorriu ao me reconhecer e eu o abracei fortemente.

— Brandon, não deixa eles me levarem para o Kansas. – funguei.

— Do que você está falando?

— Eu cheguei em casa e meus pais estavam discutindo. Minha mãe quer o divórcio e quer me mandar para a casa da minha avó no Kansas... – o moreno se desgrudou de mim.

— Você não vai a lugar algum. Eu te conheci agora e não quero que vá embora antes de eu conhecer você melhor. – travou o maxilar.

— E o que pretende fazer? Por acaso vai impedir minha mãe de me mandar para lá? – joguei meus braços para o ar, como forma de inquietação.

— Tem razão. Eu não posso fazer isso. – olhou para o lado e mordeu seu lábio inferior. — Mas, eu tenho uma ideia.

— E qual seria essa ideia?

— Por que você não confronta sua mãe? Assim ela vai perceber que você não quer sair de São Francisco.

— Você está doido por acaso? – ri sem humor.

— Claire, eu não posso te impedir de ir pro Kansas mas você pode. Se conversar com seus pais sobre o que está sentindo em relação ao que você escutou hoje, pode convencê-los do contrário. Sei que vai conseguir, geralmente as garotas conseguem o que querem.

— Brandon! – o repreendi, dando um tapa em seu braço.

— Que? Mas é verdade. Minha irmã quando quer algo consegue.

— Você não me disse que tinha uma irmã...

— Bom, ela não é de sangue mas é minha melhor amiga e eu a considero como uma irmã. E você também não perguntou. – sorriu de canto logo desfazendo seu sorriso. — Mas, de qualquer jeito, você não vai poder a ver. Ela mora em Dallas, junto com meus amigos e minha família... – falou desapontado.

— Seus pais são divorciados?

— Não, na verdade eles são minha meta de relacionamento. – riu me fazendo sorrir. — Mas minha mãe foi promovida na empresa dela e precisou se mudar pra cá. Meu pai não quis vir e eu vim com ela pra ela não ficar sozinha.

— Queria eu ter pais tão unidos assim. Os meus vivem brigando. – olhei para baixo.

— Não fica triste por isso. Todo casal briga, é normal. Mas, se os seus pais realmente se separarem, não fica triste. Será melhor ver eles separados do que juntos, brigando o tempo todo. E eu estarei com você pra ter dar todo o apoio que precisar. – tocou em meu ombro e eu sorri ao olhar para ele.

— Hã... Brandon, eu vou voltar para casa então. Meus pais devem estar preocupados já que eu saí de casa que nem uma louca. – ri, coçando minha cabeça.

— Tudo bem então, mas tente fazer isso e, se precisar de algo, estarei aqui. – sorriu.

— Espera! – o chamei antes que ele fosse embora. — Eu nem sei onde você mora, seu número, nem nada...

— Eu moro nesse quarteirão. Quanto ao meu número, eu te dou depois, agora você precisa ir pra casa. – sorriu antes de seguir seu caminho.

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