• bad crowd

CLAIRE AVERY

Já se fazia um tempo em que Brandon e eu estávamos no quintal conversando, tanto que nem vimos a hora passar.

— Brandon, não acha que devemos entrar e ficar com o pessoal? – olhei para ele enquanto saia do balanço.

— Mas eu quero ficar só com você... – ajeitou seu óculos e levantou sua cabeça.

— E você vai. – sorri me aproximando do garoto. — Mas agora nós temos que ficar com a sua família. – o puxei pelos braços fazendo com que ele se levantasse.

Com um pouco de dificuldade, o moreno saiu do balanço e entramos de mãos dadas. Gina sorriu assim que nos viu, parecia que ela nos queria juntos — também pudera. Eu a ajudei quando Brandon estava no hospital e não deixei de vê-lo em momento algum.

— Brandon, aproveitando que você está bem, o que acha de levarmos a Kim para dar uma volta? – Ed pulou animado ao lado do seu amigo.

— Claro! Que tal amanhã a tarde depois da escola? – o maior olhou para mim, esperando uma resposta minha.

— Que foi? Eu tenho que responder? – olhei para Brandon que assentiu com a cabeça. — Tudo bem, mas... Vocês querem mesmo que eu vá?

— Sim. Eu vou te pegar amanhã na escola, já que eu não vou, aí de lá a gente dá uma volta. Come um sorvete, sei lá. – deu de ombros.

— Você não ir à escola eu até entendo, mas como você vai dirigir com a perna quebrada?

— Ah é né?! – sorriu coçando a nuca. — Que seja. Nós vamos amanhã depois da escola e você vem direto pra cá. – assenti com a cabeça e, como ele não podia ficar muito tempo em pé por conta da perna, nos sentamos no sofá.

Kim e Nick se aproximaram de nós e se sentaram ao nosso lado para conversar e Ed logo trouxe o Uno para uma revanche.

O sol já havia se posto e eu ainda estava na de Brandon — mas não que eu me importasse com o horário nem nada, até porque eu estava na casa do meu namorado e meus pais sabiam que eu estava com ele, então não havia o menor problema. Senti meu celular vibrar no bolso de trás de minha calça e logo o peguei. Era a minha mãe. Deslizei meu dedo para o lado esquerdo logo atendendo a ligação.

— Oi mãe.

— Claire, onde você está? – escutei um enorme barulho ao fundo. Talvez ela estivesse ocupada no trabalho.

— Na casa do Brandon. Por quê?

— E ele... Está melhor?

— Sim e agora... Eu... Estou namorando com ele. – falei numa mistura de nervosismo e felicidade.

— Sério? Que bom minha filha... – sua voz parecia meio desanimada. Sei que ela estava feliz em saber que eu estava com Brandon tanto quanto eu, só deveria estar cansada por conta do trabalho.

— Quem é? – Brandon se sentou ao meu lado.

— Minha mãe. – coloquei minha destra sobre o telefone, tampando o áudio para que minha mãe não pensasse que eu estava falando com ela.

— Me dá aqui. – pegou meu celular e, antes que eu conseguisse o pegar de volta, se levantou e foi para as escadas.

Depois de quase meia hora, Brandon voltou com um sorriso enorme preenchido em seus lábios.

— Você vai dormir aqui. – sentou-se ao meu lado.

— Minha mãe deixou? – arregalei os olhos surpresa.

— Sim e também deixou você faltar à escola amanhã.

— Como você conseguiu isso? – o moreno apenas riu. — Mas... E a sua mãe?

Eu não queria que Gina se irritasse comigo. Talvez ela fosse querer um tempo a sós com Brandon, momento mãe e filho.

— Eu já falei com ela, por isso da demora. Ela deixou também. – suspirei aliviada. Não queria causar más impressões a Gina de forma alguma. — E você vai dormir no meu quarto. – levantou-se do sofá.

— Que?

— Qual é o problema? Já dormimos juntos algumas vezes. – deu de ombros e, com a ajuda de Nick, subiu as escadas.

A pequena festa de boas-vindas já havia acabado fazia pouco tempo. Gina terminava de arrumar a bagunça com a ajuda de seu marido enquanto Nick havia ido tomar um banho e Edwin terminava de arrumar suas coisas, pois iria embora com Kim, que havia se hospedado num hotel aqui perto. Agora, eu estava com Brandon em seu quarto. Eram umas dez da noite ainda e não tinha nada para fazer.

— Eu já disse que te amo? – Brandon colocou as mãos em meu pescoço e olhou para mim.

— Já. Pela décima vez. – suspirei, apoiando minha cabeça em seu ombro, um pouco entendiada. — Brandon, vamos fazer alguma coisa... – sentei-me na cama num pulo.

— O que quer fazer? Porque o que eu quero fazer não dá. – mexeu seu pé engessado e eu dei um tapa em seu braço fazendo com que ele risse.

— Você só pensa em sexo... – cruzei os braços.

— Então... O que a senhorita quer fazer? – apoiou seus cotovelos na cama e olhou para mim.

— Que tal... – fui interrompida pela campainha que havia tocado.

Gina apareceu no quarto e pediu para Brandon abrir a porta, pois ela estava ocupada. O garoto pediu minha ajuda e então descemos juntos para abrir a porta. Mal ele havia aberto a porta, uma garota o abraçou fortemente.

— Brandon! Senti saudades...

— Becky? – Brandon parecia confuso.

— Isso mesmo. Sou eu. – a ruiva sorriu.

— Brandon? Não fique bravo comigo. – Kim apareceu na escada com Nick, parecendo assustada.

— Nós não tivemos nada a ver com isso. – Nick falou descendo um degrau. Meu namorado voltou seu olhar para a ruiva a sua frente e eu ainda tentava entender o que estava acontecendo ali.

— O que faz aqui? – riu sem graça.

— Vim te pedir desculpas. – entrou, sem ao menos o garoto a convidar.

— Quem é ela? – olhei fixamente para a garota que estava ao meu lado. Arreaga mordeu os lábios e seus amigos, que ainda estavam parados na escada, se encaravam com uma cara nada boa. O ódio me consumiu na hora.

Eu não sabia exatamente o que eu estava sentindo, mas, só de olhar para aquela garota, não havia ido nem um pouco com a cara dela.

NARRADOR

Brandon olhava assustado para Claire. Becky não era uma pessoa que ele queria ver naquele momento e ele não entendia o porquê dela estar ali. Becky foi a primeira garota por quem ele havia se apaixonado de verdade. Eles chegaram a ter algo, mas nada duradouro. Foi um amor de verão e apenas seus amigos sabiam disso.

Antes de se mudar para São Francisco, os dois tiveram uma discussão porque ela fingia não o conhecer na escola e, depois mandava mensagens como se nada tivesse acontecido. Brandon estava cansado daquilo e não conseguiu mais se aguentar — o moreno não queria acabar o que tinham apenas por aquilo mas foi necessário. Aos poucos Becky foi se tornando uma menina fútil e nem os seus amigos a aguentavam mais. Os dois estavam há um ano sem se falar e, quando ele foi embora do Texas, achou que nunca mais a veria. Até agora.

— Brandon, eu ainda estou esperando sua resposta. – Claire chamou a atenção do garoto e ele olhou para ela. A morena não estava com uma cara nada boa com aquela situação.

Becky havia percebido que, depois que Brandon havia ido embora, ela havia ficado sozinha. Percebeu o erro que havia cometido e então foi atrás dele apenas para lhe pedir desculpas, nada mais. Quando soube do acidente e soube que Kim também havia ido para São Francisco, viu a oportunidade perfeita.

— Ela é uma... Amiga antiga minha. – Claire os encarou com frieza.

— Brandon nós podemos... Conversar a sós? – olhou para o moreno que ajeitou seus óculos. O garoto assentiu com a cabeça e pediu para Becky ficar a vontade logo seguindo Claire até a escada. Olhou para Nick e Kim e, ao se ligarem, os dois desceram e foram receber Becky.

— Eu não gostei dessa tal de Becky. – a morena fez uma careta.

— Por quê? – riu fraco. Ele não podia acreditar que Claire estava com ciúmes. Ela não era disso.

— Porque não. Eu não tenho que ter motivos para dizer que não gostei de uma pessoa, eu não gosto e pronto. – deu de ombros. Brandon cruzou os braços e tentou segurar o riso que tanto queria sair.

— Da última vez que você ficou com ciúmes eu quase morri, lembra? – a morena desviou o olhar para o chão.

— Sim, mas... Ei, eu não estava com ciúmes! – empurrou o garoto fazendo com que ele risse.

Ela não podia admitir que estava com ciúmes, seria demais para ela. Claire não queria admitir que Brandon estava certo — não porque era Brandon e, sim porque ela odiava dizer que estava errada para qualquer um.

O maior a puxou pelo braço e logo a beijou. Para ele, esse era o melhor jeito de fazer sua namorada se calar para não começar uma discussão em que ele não estava a fim de participar.

— Brandon? – Gina o chamou enquanto descia as escadas. Claire rapidamente o empurrou para trás e corou. — Atrapalhei algo? – a mais velha riu enquanto via seu filho segurar Claire pela cintura fazendo com que ela escondesse seu rosto na curvatura de seu pescoço.

— Claro que não. – riu. — Aconteceu algo?

— Não, eu só quero saber quem era na porta.

— Era a Becky. – Claire respondeu revirando os olhos.

— Becky? – Gina ficou surpresa. Ela não podia imaginar que depois de um bom tempo Becky viria ver Brandon.

— Sim, ela está lá na sala. Poderia fazer companhia a ela? É que eu preciso conversar seriamente com a Claire... – sua mãe riu, como se entendesse o que seu filho queria dizer.

— Tudo bem, só não demore. – o moreno assentiu e, com cuidado e com a ajuda de Claire, subiu as escadas.

Assim que chegou ao seu quarto, empurrou a garota em sua cama e começou a dar beijos em seu pescoço.

— Brandon, sua perna quebrada. – Claire colocou suas mãos na frente para que o menino não se aproximasse.

— Foda-se. Posso provar que mesmo com uma perna quebrada posso te dar prazer. – deu de ombros se aproximando mais e mais. A morena aos poucos ia cedendo até que seu celular tocou, os interrompendo. Brandon se sentou na cama bufando, bastante irritado por ter sido interrompido.

— Alô? – Claire atendeu sentando-se na cama e jogou seu cabelo para o lado.

Claire? Tudo bem? – a pessoa do outro lado perguntou com um tom rouco.

— Austin? – imediatamente, Brandon se levantou da cama e aproximou-se. Tentou pegar o celular de suas mãos, mas sem sucesso. — O que você quer? – a garota perguntou ao se esquivar do seu namorado.

— Eu quero uma coisa que só você pode dar. – seu tom lhe deu arrepios. Claire conhecia Austin e podia garantir que ele não era o mesmo naquela ligação. Ele estava...Diferente.

— O que você quer dizer com isso?

— Porra garota! Você só vai fazer perguntas? – o garoto perguntou irritado. Claire se manteve em silêncio, tentando manter a calma.

— Me... Desculpa. – desculpou-se dócil após perceber o que havia feito. Realmente aquele não era Austin. — Olhe, eu estou em frente a casa do Brandon. Poderia vir aqui em baixo, por favor?

— E por que eu desceria? – Claire franziu o cenho.

— Por favor, eu só quero conversar. – Austin fungou e a garota fechou os olhos.

— Tudo bem mas eu espero que não seja mais uma de suas brincadeiras ou outra coisa. – rendeu-se após um suspiro profundo e olhou para Brandon que tentava escutar sua conversa.

— Pode deixar. Prometo que não é. – falou antes da garota encerrar a ligação. Claire levantou-se mas, antes que ela pudesse sair do quarto, Brandon a segurou pelo braço.

— Aonde vai? –arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Eu já volto. Se eu te ligar ou gritar, você corre para me ajudar. – o garoto soltou seu braço um pouco confuso e a morena logo saiu do quarto.

Ao descer as escadas, viu Becky e Kim conversando na sala e saiu sem ser vista. Logo viu Austin encostado à porta de seu carro. Aproximou-se do menino e ele abriu os braços.

— Sem abraços. – negou ao se aproximar dele um pouco receosa. O moreno sorriu sem graça e colocou suas mãos no bolso de sua calça. — Me diz o que você quer logo. – cruzou os braços o encarando com certa frieza.

— Claire, me desculpe por tudo o que eu já fiz por você. Dessa vez é sério, sem mentiras. – seu jeito estava diferente e, ao contrário da última vez, ele não ousou a encostar e nem tentou fazer algo com Claire.

— Austin eu... – Claire não terminou de falar e abaixou a cabeça, fechando os olhos. Ela não sabia se aquilo era verdade. Vindo de Austin podia-se esperar de tudo e mais um pouco.

— Você pode não aceitar minhas desculpas Claire, mas eu mudei. Eu virei outra pessoa e eu... Queria um voto de confiança novamente.

— Austin... Você fumou? – passou as mãos no rosto do menino, assim que percebeu seu olhos vermelhos.

— Um pouco, mas... Isso não importa. – retirou suas mãos de seu rosto. — Por favor, eu não quero voltar a ser seu namorado. Sei que você está feliz com o Brandon e aceito isso. Eu só quero ser seu amigo. – Claire fechou os olhos por um segundo e sentiu seus lábios encostarem com os de outra pessoa. Abriu os olhos vendo ser Austin. Ele não podia fazer isso, ela não o deu permissão. Claire tentou parar o beijo, mas não conseguiu.

Austin não estava a segurando. O problema de Claire não ter parado o beijo foi que ela havia gostado.

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