Não acredito em paraíso
Don't believe in paradise

É assim que o inferno deve ser
This must be what hell is like

Tem que haver mais, tem que haver mais
There's got to be more, got to be more

— Saturn by Sza.

London, United Kingdom. July 07th, 2024;
09h15 AM.
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Zoe Lancaster Point of View

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NÃO ERA UM choque muito grande para os torcedores do Arsenal saberem que Zoe Lancaster era uma das melhores jogadoras que havia pisado em Londres, com sua estatura alta e corpo atlético, Zoe era uma figura imponente que causava certa apreensão e receio em algumas jogadoras rivais (e às vezes até em suas colegas de equipe), mas também era claro que os suspiros apaixonadas muitas vezes sobrepuseram os amedrontados.

Zoe Lancaster era um verdadeiro colirio para os olhos, como se tivesse acabado de ser pintada por um pintor renascentista.

Zoe havia acordado há poucos minutos com o barulho da chuva contra o vidro da janela de seu quarto, aquele era o único som que preenchia o silêncio desconfortável no quarto. Zoe Lancaster encarava a própria aparência no espelho de frente para sua cama, vestindo uma camisa do uniforme de treino da temporada passada do Arsenal. A camisa vermelha parecia pesar sobre seus ombros, não pelo tecido, mas pela incerteza que se instalava em seu peito desde o acontecimento em que quase custou sua carreira. Seu retorno ao futebol deveria ser triunfante. Era o que se esperava de uma das maiores estrelas do time, não era? A jovem promessa que havia se tornado uma volante implacável, e que após meses de recuperação voltaria mais imbatível do que antes.

Mas a realidade era bem menos cinematográfica. Seu corpo ainda carregava as cicatrizes da lesão, e, embora os médicos garantissem que estava pronta, a mente de Zoe ainda parecia tropeçar na lembrança daquele fatídico dia em que uma entrada dura a tirou dos gramados, levando consigo não apenas uma temporada perfeita, como talvez, seu futuro.

Agora o tempo corria contra Zoe. Seu contrato estava à beira do fim, e as negociações se tornavam mais complicadas com a ascensão de uma nova promessa no elenco. O Arsenal não esperaria por ela para sempre. Zoe sabia disso.

Respirando fundo dolorosamente, Zoe fechou seus olhos, sentindo um gosto levemente amargo do medo e da incerteza, mas logo ela engoliu sabendo que não poderia se dar ao luxo de duvidar da própria capacidade, e principalmente de perder o seu lugar não apenas como titular, mas também como Capitã de sua seleção.

Zoe se levantou da cama com cuidado, e se alongou sabendo que deveria estar no CT por volta das uma da tarde, a fisioterapia parecia ter se intensificado com a expectativa de que Zoe poderia jogar a próxima partida com pelo lenos metade de sua capacidade. A volante sentia que poderia entregar mais do que apenas uma simples partida, ela queria voltar a ser uma titular absoluta que era essencial para o time.

A Lancaster havia prometido para si mesma que voltaria mais imbatível do que jamais tinha sido, aquela seria sua temporada de ouro e talvez não fosse no Arsenal que sua verdadeira capacidade seria testada.

[🕰]

Com passos determinados e uma postura mais reservada, Zoe entrou na ala de fisioterapia com um semblante fechado e fones de ouvido com Ivy do Frank Ocean ressoando como uma trilha sonora de sua própria melancolia. Zoe manteve seu ritmo dos últimos tempos, passar horas praticando exercícios que iriam consumir toda a sua energia, iria para o segundo gramado e testaria sua batida de faltas com um auxiliar que havia sido contratado para ajudá-la em sua recuperação, ele não parecia ter mais do que vinte e três anos, e era um pouco menos reservado que Zoe, o que ajudava na pequena amizade que havia se formado ali.

Zoe terminou de arrumar suas chuteiras e apreciou a mísera aparição do sol na cidade inglesa, era muito difícil encontrar algum resquício de um clima diferente do chuvoso. Zoe prendeu os fios cacheados, fazendo uma nota mental sobre colocar tranças antes de voltar para os gramados oficialmente. Se Zoe fosse permanecer no Arsenal apenas pelos últimos seis meses, ela iria garantir que fossem os melhores seis meses de sua passagem de quase dez anos no time.

A batida das travas da chuteira foram o suficiente para Henry notar sua presença, o garoto de cabelos loiros e estatura alta sorrir mostrando que estava feliz em saber que Zoe estava bem o suficiente para começar a treinar com a bola.

— Pronta pra testar alguns chutes e exercícios?  — Henry perguntou, com um tom conhecedor.

Zoe deu de ombros enquanto testava um pouco do estado do gramado, seus olhos encontraram uma das goleiras da seleção de base do time. Era a primeira vez que Zoe treinava com alguém alguns bons anos mais nova, e ela sabia que jogadores mais novos sempre tentavam provar sua capacidade para conquistar uma vaga no elenco principal.

— Espero que eu não esteja enferrujada, tô um pouco velha pra ficar muitos meses longe. — Zoe disse, escutando a risadinha do homem.

Henry pegou algumas bolas de futebol, testando para saber se estavam cheias o suficiente para darem início ao treinamento de Zoe. O time principal estava carente de uma batedora oficial de faltas, e Zoe era a melhor naquele requisito. Não importava a distância ou ângulo, Zoe acertaria o chute ou faria um passe tão preciso que muitos se questionavam em como ela encontrava aquelas malditas falhas na defesa.

Não demorou muito tempo para Henry ajustar a barreira e Zoe colocar a bola em um ângulo que ela amava, bater faltas e acertar o ângulo era uma das especialidades de Zoe. A volante respirou fundo, fechando os olhos e contando até três para escutar o apito soar pelo campo, com os olhos fixos no canto superior direito, Zoe chutou a bola de uma forma tão perfeitamente colocada que a goleira se quer conseguir alcançá-la.

— Enferrujada, Z? — Henry descruzou os braços, com uma expressão de surpresa.

Zoe riu baixinho, sabendo que não havia como esquecer de acertar um ângulo que para ela era relativamente fácil. Até o final da tarde, Zoe havia feito alguns treinos isolados com algumas jogadoras mais jovens, para testar se a volante ainda estava em sua melhor performance.

— Porra, meus joelhos vão me matar. — Zoe reclamou, se jogando no gramado com a respiração ofegante e o suor escorrendo em sua testa.

— Devo admitir que sua performance foi melhor do que o esperado, doze acertos de treze faltas batidas. Sete desarmes e três passes para gol. — Listou, com a prancheta cheia de rascunhos e pontos a serem avaliados pela equipe auxiliar. — Amanhã seu treino é com o time titular, apenas de o seu melhor e a recompensa vem.

— Eu devo isso a você, obrigada, Hen. — Zoe agradeceu, sorrindo para o garoto loiro.

O garoto sorriu sabendo que Zoe ainda tinha uma grande jornada pela frente, mas que ela obviamente se recuperaria com excelência.

Word Counts: 1161

Tive que escrever uma fanfic dessa querida 🧎‍♀️

Capitulo Não Revisado!