Capítulo 10

N/I: Genteee, saí do castigo (sim, era por isso que eu não estava escrevendo)!! Agora vamos agradecer ao Salazar por tamanha dádiva e partir para a leitura do capítulo! Eu não costumo por notas inicias aqui, no Spirit mesmo, mas estou tentando dar uma mudada na situação, já que, pela primeira vez na minha vida, estou recebendo um retorno das pessoas por aqui kkkkk

***

- Você.. - Olhei na vastidão dos olhos castanhos e a intensidade nesse me fez sentir nervoso, o medo de ouvir uma negativa retumbava na minha mente na mesma medida que as batidas do meu coração. O toque suave na minha bochecha me despertou dos pensamentos negativos e me encorajou. Era só uma pergunta, qual era o mal de fazê-la? - ..me ama?

Tom mudou sua expressão na mesma hora, sua testa franzindo na mesma medida que entortava a boca, formando um beiçinho de lado com o lábio inferior. A feição claramente pensativa me fez ficar ansioso pela resposta, olhando-o em expectativa enquanto ele começava à morder a pontinha do lábio.

- Eu.. - Começou a falar, parando um pouco e franzindo ainda mais a testa, formando ruguinhas no nariz, e negou com a cabeça de leve, parecendo concentrado em seus pensamentos.

Ele levou sua mão, que anteriormente estava no meu rosto, para o meu cabelo, fazendo carinho enquanto pressionava minha cabeça para baixo com bastante cuidado, me fazendo deitar em seu peito. Pus meus braços debaixo do meu queixo, cruzando-os e deixei meu rosto deslizar ali, repousando minha bochecha nos braços enquanto era embalado pelo cafuné que Tom fazia.

- Não precisa responder se não quiser, nem se forçar ou algo assim. Eu.. não quero que se sinta pressionado​ pelos meus sentimentos. - Falei, abaixando o tom de voz conforme as palavras saiam, terminando a frase num sussurro fraco.

Enquanto me corroía de arrependimento por ter, para início de conversa, perguntado algo tão estúpido e sem sentido, como sobre ele me amar, perdi o momento em que a mão que roçava no meu cabelo foi guiada até meu rosto, fazendo com que eu o levantasse e olhasse para os olhos acastanhados brilhando para mim, contrastando com sua expressão avaliativa e genuinamente curiosa, que sempre adornava o belo rosto quando eu dizia ou fazia algo que estava fora da compreensão de Tom.

- Você me ama, Harry? - Ele perguntou, seus olhos assumindo uma sombra exitante, para logo em seguida ser preenchido de pura incredulidade quando eu concordei com a cabeça. - E... Como.. - Tom tentou iniciar alguma frase, porém suas pausas contantes, ocasionadas por ele próprio, o interromperam e fizeram com que ele parasse e respirasse fundo, notavelmente tentando recuperar a compostura. - Como você sabe? Que me ama.

Senti minhas bochechas​ esquentarem com o questionamento, porque se ele realmente estava me perguntando como eu sabia, e eu só sabia porque a Bertha me contou após.. Meu santo Deus! Então eu tenho que falar sobre como me senti extremamente embaraçado pela maneira com que ele vem me tratado ultimamente? E, parando para refletir, por que diabos eu estou reagindo de maneira diferente? Porque Tom definitivamente não está diferente comigo, então.. Meu amor por ele me fez ficar diferente? Agir diferente? Pensar ou.. Sentir..

- Eu acho que estou me sentindo diferente sobre você e.. sobre nós dois. - Murmurei, tentando olhar para qualquer coisa que não fosse o rapaz mais velho, falhando no momento em que seus dedos alisaram minha bochecha em carícias suaves o suficiente para parecer um sonho. Céus, estar com Tommy é como o mais incrível dos sonhos. - Sabe, eu estava conversando com a Bertha e, graças à ela, meio que consegui entender. Eu adoro estar com ela e Olympe, elas me tratam tão bem e me fazem sentir especial. É simplesmente mágico o efeito que elas me causam, como se eu tivesse enfim uma família. - Os olhos castanhos cintilaram em claro ciúme, me fazendo sorrir com o quão bobo Tom é. Parei sua mão no meu rosto e entrelacei-a com a minha, levando aos lábios e deixando beijinhos na ponta de cada dedo dele. - Mas, com você é tudo tão mais.. significativo. Quando eu estou com você, não me sinto especial. Eu, Harry James Potter, posso dizer com toda a certeza do mundo que sou especial, porque se não fosse, não teria você na minha vida, que é o que há de mais precioso para mim. E eu não preciso tentar te ver como minha família para isso, seja você meu irmão​, meu melhor amigo ou.. seja lá o que for, você sempre vai ser o meu lar e eu vou sempre querer voltar para casa, para vo..

Fui interrompido das minhas palavras rápidas e gesticulação desesperada pelos lábios quentes que se chocaram contra os meus. Deixei qualquer fala ou pensamento morrer com o choque do pressionar forte da boca alheia na minha, sentindo o corpo amolecer em seus braços conforme era puxado para cada vez mais perto. Quando minhas pálpebras pesaram mais do que eu seria capaz de aguentar, então permiti que elas fossem à favor da gravidade e se fechassem, podendo sentir meus cílios roçarem na parte alta das bochechas de Tom.

- Harry..? - O maior me chamou assim que encerramos o selo e afastamos nossos rostos poucos centímetros, me dando o sorriso mais brilhante e lindo que eu já vi no segundo em que abri os olhos.

Ele acenou positivamente com a cabeça. Foi breve, sem jeito e espetacularmente maravilhoso, sendo acompanhado pelos nossos batimentos acelerados dos nossos corações, que se sincronizavam pelos nossos corpos quase grudados e nossas mãos entrelaçadas pelos dedos. Eu não precisei de mais nada para entender aquele pequeno gesto, que não tinha nada de pequeno em seu significado.

Depois disso, eu sorri em pura satisfação, mesmo corado e levemente tímido, para logo em seguida me jogar no pescoço do moreno e deixar um beijo ali, me pendurando em seus ombros em um abraço repleto de todo o carinho e amor que eu sabia sentir e que era, para minha maior alegria, mútuo. Senti ser apertado de volta nos braços de Tom, que apoiou seu rosto sobre minha cabeça, acariciando meus cabelos e couro cabeludo ao esfregar seu nariz e bochechas em mim, antes que eu caísse na inconsciência suavemente, me sentindo completamente seguro e aceito.

***

Tão logo Harry se aconchegou em meus braços, ele simplesmente dormiu, doce e sereno como as descrições de serafins gravadas nos livros religiosos que haviam no orfanato. Os olhinhos tremeram quando assoprei sua franja, tentando tirá-la de cima de sua cicatriz fofa. Faz sentido ele ser filho dos Potter*; ele é como anjo de porcelana, etéreo e frágil em proporções iguais, assim como a sensação de toque sobre sua pele pálida é suave, idêntico à cerâmica translúcida.

Deixei um beijo na marca em forma de raio presente em sua testa, não conseguindo conter o repuxar nos lábios quando meu adorável príncipe projetou um beiçinho durante o sono. Meu lindo e doce Harry, que pertence completamente a mim; seus sorrisos, suas manhas, seus olhos brilhantes e grandes, seus lábios macios e quentes, seus sentimentos. Seu coração é meu e, em retribuição, eu sou só dele. O melhor amigo, o irmão, o companheiro.. Tudo o que ele quiser, eu serei, porque se ele me dá tudo o que tem, me parece miraculosamente perfeito lhe retribuir com tudo o que tiver a lhe oferecer.

Repousei meus lábios lentamente sobre os seus, mas sem pressionar seus lábios, apenas os arrastando-os de um lado para o outro. Meu peito se contraiu e aqueceu na medida em que seu beiço foi se transformando em um sorriso ainda sob meu beijo, fazendo com que eu levantasse minha cabeça de imediato, podendo contemplar então sua expressão dorminhoca com um sorriso bobinho nos lábios. Sorri de volta, achando incrível a maneira como ele conseguia me fazer sorrir com um gesto simples, isso porque sou conhecido pelo meu olhar de desprezo genuíno. Mas não é como se eu fosse capaz desprezar o Harry, parecia simplesmente.. impossível.

Continuei brincando com um pequeno Potter dengoso, meu gatinho adormecido que vez ou outra se remexia e fazia caretas, porém fui interrompido pela bruxa velha... Como sempre.

- Meu bebezinho mimiu? - A ruiva, de vestido igualmente vermelho alaranjado, falou, com sua aura de verão reluzente e felicidade piscando nas orbes amendoadas.

- Ele estava cansado, dormiu muito pouco essa noite. - Falei, vendo a mulher torcer o pescoço, deixando a cabeça pender para o lado em confusão. Bufei. - Nós dois fomos dormir tarde, estávamos fazendo as malas dele e depois não conseguimos pregar os olhos. Estávamos.. ansiosos, eu acho. - Terminei a frase em um murmúrio, podendo ouvir uma risadinha baixa da velha se propagar por todo o cômodo quando desviei meus olhos para o menor.

Maldito quarto velho que faz eco!

- Sabe.. - Começou Bertha, se aproximando de nós dois em passos calculados e suspeitos, ou seria só minha desconfiança natural nas pessoa que me fez pensar assim?

- Desembucha. - Soltei no exato segundo em que uma mão de unhas compridas e escarlates tocou na nas bochechas de Harry, apertando de leve com as pontas finas das unhas sua pele quase transparente, que já começava a afundar.

Como sempre, minhas suspeitas não eram infundadas. A ruiva sorriu largo, mostrando seus dentes da maneira predativa que sempre vinha acompanhado de..

- AHHH! - Bertha gritou no momento em que dei um puxão na sua orelha, ocasionando no despertar do meu doce Harry, que abriu os olhos com dificuldade pelo peso da própria preguiça, mas sorriu assim que me viu. E era simplesmente impossível não sorrir de volta para ele quando as bochechinhas cheinhas empurravam suas pálpebras inferiores e quase faziam suas íris verdes se perderem em meio ao estonteante repuxar de lábios.

Conhecendo Albertha Waterhouse como eu bem conheço, por pouco essas mesmas lindas bochechas não são mordidas, o que faria meu pequeno anjo se assustar e acordar choramingando em meus braços, com direito à visão do lábio inferior disposto​ para frente e da carinha de choro mais adorável do mundo.

- Meu filhotinho já acordou? - Albertha voltou a se aproximar, dessa vez oferecendo colo ao Harry, que aceitou prontamente e foi parar com o rosto enterrado no ombro da velha, assim como suas pernas apertadas em torno do tronco alheio, isso antes, é claro, da bruxa me dar língua e sorrir vitoriosa. Rosnei para ela, me levantando em um pulo e seguindo a velha coroca, que nos guiou para o andar de baixo.

Não é como se eu não soubesse que fosse ter uma festa surpresa, afinal, era responsabilidade minha manter o Harry afastado do primeiro andar enquanto tudo era aprontado, além de que eu fui o maior fornecedor de informações sobre as coisas das quais meu príncipe gostava. Entretanto, eu igualmente não sabia que haveria um feitiço de expansão para o quarto, longe disso, pensei que faríamos uso da área da biblioteca para a pequena surpresa, que de pequena não tinha nada.

Talvez com o intuito de poder usar um feitiço de expansão sem danificar livros antigos e frágeis, Albertha tinha feito essa escolha de usar o quarto, que agora parecia ter o dobro do seu tamanho real. Haviam balões de festa redondos no teto, provavelmente com hélio, ou talvez o feitiço adesivo, e dentro desses tinham balas, barras de chocolate e outros doces trouxas, já que Harry tinha um certo trauma de doces bruxos desde que comeu acidentalmente um feijãozinho raro de ovo-podre-de-dragão. Várias decorações diferentes foram espalhadas pelo local, como lanternas feitas de pergaminho, que tinham um brilho escasso, sendo essas as únicas luzes do quarto, tornando o ambiente escuro e cheio de suspense.

Ao descermos, fomos recebidos pela saltitante Olympe, que estava ao lado de um sorridente senhor Williams. O delegado segurava um embrulho mediano nas mãos, provavelmente uma bola, pelo formato do papel de presente embrulhando o objeto.

- Parabéns, senhor Potter! Já é um homenzinho agora. - O homem falou olhando diretamente para Harry, que o encarou de volta com um sorriso amistoso.

- Obrigado, Walter. - O menor falou em meio a um bocejo longo, arrastando seu lindo e delicado rostinho no ombro da velha. Tão logo Harry agradeceu Albertha, com um sorriso brincando em seus lábios, ele pediu para descer do colo alheio e abraçou Olympe, erguendo a francesa do chão e teve seus cabelos bagunçados pelo delegado, em um gesto de camaradagem que me fez correr para meu príncipe, lhe abraçando ao mesmo tempo que empurrava sutilmente o velho para a velha, na tentativa de enfim monopolizar o aniversariante. O moreno mais novo me abraçou de volta, me apertando nos seus braços com carinho. - Obrigado, Tom.. Eu te amo muito, tá? - Sussurrou no meu ouvido, como se precisasse confirmar que eu ainda lembrava.

Sorri com isso, fechando mais os braços, na intenção de trazer Harry para mais perto. Concordei com a cabeça enquanto deixava um beijo em seu ombro.

- Você quer comer bolo, meu.. amor? - Perguntei, sentindo o rapaz menor vibrar sob meu aperto. Tão adorável. Ele concordou e fomos comer bolo com a pirralha em nosso encalço, em conjunto com os velhos, mas nem mesmo isso podia tirar minha alegria borbulhante ao ver o quão feliz meu príncipe estava.

***

Às nove da noite acabou a festa. Já havíamos cantado o parabéns, cortado o bolo, eu abri os presentes e fiz um palhaço de chocolate, o que quase matou Albertha de rir quando pintei o rosto do delegado com o chocolate do bolo e Tom chamou ele de palhaço aproveitador de mães solteiras, o que, por sua vez, quase matou a ruiva afogada pelas próprias lágrimas. Porém, assim que a crise de choro cessou, ela começou a chamar Tom de "filhinho carrancudo" e pediu para ele lhe chamar de mamãe, fazendo-o ficar vermelho de raiva e mandar ela fazer seus próprios filhos ao invés de falar asneiras, ocasionando um momento embaraçoso entre Bertha e Walter, por algum motivo.

Após isso, a ruiva evitou Tom pelo restante da noite e, consequentemente, a mim, e passou essa com o homem da lei, que a olhava com seus olhos azuis brilhando e um sorriso pateta. Olympe vez ou outra ficava conosco, às vezes indo brincar com Bertha e o delegado quando Tom se tornava insuportavelmente implicante com ela. Meu aniversário ou não, tem coisas que nunca mudam. E, apesar de Walter parecer completamente confuso quanto as falas da francesa em seu idioma nativo, assim como algumas frases ditas pela mulher mais velha, ele continuava sorridente e repetia um "sim" ou "muito obrigado".

Assim que o senhor Williams foi embora, Bertha guardou tudo o que tinha de bagunça no quarto, utilizando magia para isso, anulando o feitiço de expansão que tinha posto no lugar e chamou Olympe para tomar banho no único banheiro do lugar, esse que ficava no subsolo, chamado de "abrigo anti-morte-prematura", ou simplesmente um abrigo anti-bombas, para pessoas menos excêntricas. Assim que elas saíram, Tom e eu tomamos banho juntos na banheira espaçosa que lá jazia, ou melhor, Tom me deu banho e um pouco de cafuné, me pondo em estado letárgico de sono quando subimos, já às dez e quinze da noite.

- Boa noite, meus amores.. - Bertha falou, no andar de cima, deixando um beijo na minha testa e um na de Tom, que fez uma leve careta, e saiu apertando uma Olympe já desmaiada em seus braços, ambas indo dormir no andar de baixo.

Me virei sorridente para Tom, ambos estávamos na cama grande que Bertha havia comprado para o quarto dos meninos, como ela gostava de chamar. Recebi com estranhamento um entortar de lábios, similar a um sorriso nervoso.

- Tom..? - Chamei-o, tocando com as falanges dos dedos a bochecha esquerda do rapaz, exatamente no ponto em que ficava sua covinha funda, que sempre era ressaltada quando esse sorria expansivamente, o que era raro.

Tom não disse nada, apenas suspirou e tirou minha mão de seu rosto, pegando-a e me puxando pela mesma, indicando que deveria me levantar. Assim que o fiz e me sentei na cama, o mesmo se levantou e foi para o lado da cama, no qual ficava uma mesa de cabeceira em preto, assim como a madeira da cama e do armário, cor que contrastava com a parede branca e se ajustava bem com o piso de madeira preta. De dentro da primeira gaveta da mesa, sendo no total três compartimentos do mesmo tamanho, vi o moreno tirar uma espécie de pano, um tecido brilhoso como a seda das camisolas que tia Petúnia usava, muito provavelmente não sendo desse material. Ele fechou a gaveta e veio em minha direção, voltando seus olhos, anteriormente baixos, para mim.

- Harry. - O moreno começou, meio incerto, me olhando profundamente com suas orbes castanhas profundas, arrancando parte do meu fôlego com a intensidade presente nelas. - Você lembra que eu te falei sobre ter esbarrado com a Cole de manhã? - Acenti, tomando um ar mais nervoso do que minutos atrás. Será que ela fez algo ao meu Tommy? - Então, quando nos encontramos, Cole queria me dar um pertence da minha falecida mãe. Eu achei muito estranho essa atitude dela, mesmo que ultimamente ela tenha me tratado com mais respeito, graças à compulsão que o tomate ambulante pôs nela.

- Hey! Não chame ela disso! - Falei, dando um tapa na perna alheia, sentindo minha mão ser pega no momento em que se chocou com a coxa coberta pelo pijama dado pela intitulada "tomate ambulante". Tom sorriu travesso em meio ao ato.

- Achei estranho principalmente pelo fato dela tê-lo guardar por todos esses anos, mesmo sem ser enfeitiçada. Até me questionei se minha mãe era uma bruxa e tinha lançado algum feitiço nela, mas não deveria ser o caso, já que ela estava fraca no dia que apareceu no orfanato, só me dando a luz e me batizando, morrendo logo em seguida. - Lancei um olhar dolorido para Tom, sabendo como é horrível saber tão pouco sobre seus pais e, o pouco que sabe, são informações recebidas por terceiros muito mal intencionados, como era no caso de Cole e dos Dursley's. Me aproximei lentamente, vendo a rapaz sorrir torto novamente e, para minha surpresa, me parar. Fiz minha melhor expressão confusão para o maior. - Mas esse não é o foco do que estou tentando te dizer. Na verdade, tem algo que eu quero te dar. - Ele falou, olhando nervosamente para o paninho azul-perolado brilhante​ em sua mão. - Um presente de aniversário.

Ao falar isso, ele estendeu as mãos para mim. Hesitante, apoiei as costas das mãos em cada pulso pálido do moreno, arrastando-as até chegar ao tecido liso, pegando suas pontas e as abri, encontrando ali, para meu total espanto, um cordão. Analisei a peça por alguns segundos, achando-a fascinante, sendo dourada na sua maior parte, mas contendo alguns traços em prata. Uma corrente toda dourada suspendia um medalhão de seis lados idênticos, que possuía um pouco de prata e, no centro desse, o desenho de uma cobra com acabamento perfeito. Era de uma beleza medieval, me deixando assustado pelo fato de Tom estar realmente querendo me dar sua preciosa herança.

- É lindo, Tommy, mas eu não posso aceitar.. Era da sua mãe, ela iria querer que ficasse contigo. - Falei, fechando minha mão sobre seus dedos, vendo o medalhão desaparecer entre suas palmas. A expressão facial do rapaz mudou da água para o vinho, ficando entristecida e, em seguida, chateada, e então ele puxou suas mãos das minhas, com certa brusquidão, jogando o medalhão na parede, que, com o impacto, foi parar no chão com um ruído alto. - Tom! Por que você fez isso?!

Corri para pegar o colar, suspirando de alívio quando vi que não havia amassado. Me virei a tempo de ver o maior se jogar com a cara no travesseiro, me desesperando ainda mais. Fui até o mesmo, tocando-lhe o ombro no intuito de chamá-lo.

- Eu quero dormir, Harry. - Tom chiou, sendo abafado pelo objeto que lhe comprimia a face. Respirei fundo, tentando segurar minha vontade de chorar, e fiz a única coisa que me parecia certa; pus a corrente em volta do pescoço, sentindo o metal gelado contra minha nuca.

- Assim está bom? - Perguntei depois de sacudir o rapaz, vendo-o virar um pouco o rosto para poder me olhar, cravando suas íris cor-de-café em mim e depois no medalhão. Apertei entre os dedos a bainha da minha camisa de pijama, sentido-me nervoso com o olhar fixo de Tom.

- Não precisa aceitar se não quiser, eu vou entender se você tiver detestado.. - Ele falou e suspirou, se encolhendo mais contra a cama.

- Detestado?! Claro que não, Tommy! - Exclamei com toda a vontade que possuía em negar aquele absurdo. - Eu amei, de verdade, só não aceitei porque achei injusto ficar com algo que pertenceu à sua mãe, não queria que você se desfizesse de uma herança com tanto valor sentimental e.. material. - Corei com o fim da minha fala, sabendo, somente pela aparência, que aquele objeto devia custar uma fortuna.

- Mas eu não estou me desfazendo, Harry. - Tom falou de sua maneira lenta e explicativa, que ele sempre usava quando Bertha estava nos ensinando sobre magia e eu não entendia algum tópico. - Você é meu Harry, então não há problema em você ficar com o cordão. Se você estiver sempre usando o medalhão, as outras pessoas vão finalmente entender que você é meu e de mais ninguém. - Conforme Tom falava, eu me sentia ficar mais e mais vermelho, além de totalmente encabulado.

Ouvi uma risadinha assim que ele parou sua explicação, pegando meu pulso e me levando para a cama, fazendo com que eu deitasse ali, ao seu lado, de frente para si. No mesmo instante seus lábios cobriram os meus, empurrando e movendo nossas bocas. Foi como uma massagem suave que terminou com um roçar, no qual ele esfregou sua boca na minha horizontalmente, para depois fazer o mesmo processo em sentido vertical, separando um pouco meus lábios, me permitindo suspirar entre o ósculo. Só percebi sua mão na base da minha coluna ao fim do beijo, me sentindo um pouco zonzo com a intensidade do ato.

Tom sorriu abertamente para mim, iniciando vários outros beijos e carinhos singelos até que me custou permanecer acordado, então deixei me levar pelo sono, ouvindo um "boa noite" distante, sem saber se havia conseguido desejar de volta. Afinal, a única coisa da qual eu tinha certeza naquele momento era que estava enrolado em um abraço, no qual continuava recebendo carícias singelas e quentinhas da pessoa que eu mais amo no mundo inteirinho.

***

N/F: Então, não sei se vocês perceberam que esse medalhão é o de Salazar Slytherin, logo, quer dizer que, na minha versão, Merópe não vendeu o colar de seu antepassado, ficando com Sra. Cole assim que ela morreu. Mas, compartilhando a dúvida do menino Tom, por que será que a Cole não vendeu o colar durante todos esses anos, se ele tinha uma aparência tão.. valiosa? Fica o mistério para vocês! Beijos e até a próxima atualização que, juro, deve vir ou nesse fds ou no próximo.

Ps: Adoro teorias sobre a fanfic, então podem mandar se quiserem, que eu adoro interagir e acho, particularmente, muito mais fácil de interagir pelo Wattpad, já que aqui pode comentar em cada passagem do capítulo.

Potter*: a tradução de Potter do inglês para o português é oleiro, o que pode significar​ *indivíduo que faz e/ou vende objetos de cerâmica; ceramista.*, ou seja, o Tom quis dizer que faz sentido o Harry ser filho de ceramistas, pois ele parece ser feito de cerâmica.

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