Livro 4. Capítulo 1. Rumos distintos

Barbara olhou o calendário em sua agenda, pensando sobre como a semana após a volta de Tulsa havia passado depressa. Continuava de férias, e a falta de atividades contribuía para que a tristeza não se dissipasse. Livros e músicas eram seus companheiros em seu isolamento no quarto repleto de pôsteres com o rosto de Isaac, dos quais ainda não havia conseguido se livrar. Os dias sem ele não faziam mais sentido, e esperava que, por um milagre, o Hanson entrasse em contato. Por carta, e-mail ou telefonema; não faria diferença, desde que pudesse conversar com ele novamente.

A esperança de Barbara, quanto a receber um sinal de Isaac, esvaiu-se quando ela soube que Sabrina não havia recebido mensagem de Zac até então. Se os dois, que continuavam numa boa, não andavam trocando ideia, talvez ela devesse desistir de falar com o seu amor.

— Eles devem estar ocupados com algum evento. — Sabrina tentou acalmar a amiga, em uma conversa ao telefone, ao mesmo tempo em que tranquilizava a si mesma. — O Zac me prometeu não sumir.

— Não acha estranho ele não ter respondido ao e-mail que você enviou assim que voltou de viagem? Ele poderia ter ligado também. — O sumiço dos irmãos colocara uma pulga atrás da orelha de Barbara. — Você sabe se o Taylor tentou contato com a Isabelle?

— Se tentou, ela não me disse. A Belle está meio arredia, e já era de se esperar. Ela acha que eu devia cortar laços com você e está chateada por eu não ter tomado partido de nenhuma das duas.

— Obrigada, Bina, por se manter do meu lado. Nunca me senti tão só. — Sensível ao extremo, Barbara deixou as lágrimas caírem, tocada pela lealdade da amiga mais nova. — Então nós não temos notícias dos meninos... — lamentou meio que fazendo uma pergunta.

— O que eu sei, li hoje na internet. Mas não é notícia boa.

— O Isaac arrumou outra? É isso? — Barbara, com a voz falhando e alterada pelo choro, pressionou a menina: — Pode me contar, estou preparada.

Sabrina estalou a língua.

— Ele não arrumaria outra tão depressa. Não é nada disso. Parece que eles não vão mais entrar em estúdio agora, no início do ano.

— Ah. — Por mais que a notícia fosse ruim, não era o ruim que Barbara esperava. Ela fungou, aliviada e querendo saber mais. — Disseram o motivo?

— Não disseram; lógico. Mas sabemos o porquê de terem adiado o álbum de inéditas. Como fariam algo novo com Isaac e Taylor brigados? Comunicaram agora há pouco, no hansonline.com. Vão relançar músicas antigas, mas remixadas.

— Remixes? Que bosta! E sou eu a culpada pela bosta.

— Nada a ver. A culpa não é sua. Você se envolveu com o Taylor, mas se ele e o irmão não se entenderam, nem para gravarem material novo, não é problema seu. — A pirralha foi precisa na argumentação, e Barbara, mais uma vez, surpreendeu-se com a maturidade da amiga.

— O Walker deve estar puto.

— E isso também não é problema seu. De nenhuma de nós. — Sabrina fez uma pausa. — Puto ou não, ele deu um jeito de o Hanson lançar alguma coisa. Havia certa expectativa das fãs para o novo álbum, e desse jeito eles vão acalmar os ânimos. Ainda que não seja com músicas inéditas, os meninos se manterão na mídia. No final das contas, estar em evidência é o que vale para o bigodudo.

— Saiu em algum lugar sobre o fim do noivado do Ike e o término do namoro do Taylor? Eu já vasculhei a internet, mas não vi nada. Você achou alguma coisa?

— Duvido de que darão satisfação sobre isso para as fãs. E se por acaso perguntarem sobre namoradas em alguma entrevista, eles saberão sair pela tangente. Esse sempre foi um assunto delicado. Walker fará de tudo para abafar o caso, aposto.

No dia seguinte, Barbara almoçou no shopping com Sabrina, que, com muita insistência, conseguira tirar a amiga de casa. Ao saírem de lá, enquanto aguardavam o ônibus, a mais nova viu a cigana com quem Barbara havia se consultado antes.

— Olhe só quem está ali! — A pirralha cutucou a amiga, apontando para a velha esfarrapada na calçada em frente.

— Ah, não. Será que toda vez que eu pisar neste lugar essa vidente de araque estará aqui?

— Ela acertou da última vez. — Fez questão de pontuar. — Se eu fosse você, mostraria a palma da mão para ela. Vai que a velha tem mais a lhe dizer... E por apenas 5 reais, o que custa?

— Não me tente, Bina.

Tarde demais. Nem precisou a mais nova insistir para que Barbara atravessasse a rua movimentada e fosse até a cigana. Talvez ela perdesse tempo e dinheiro, mas a curiosidade falara mais alto.

— Olá, menina bonita. Sabia que você ia me procurar. — A mulher de dentes sujos e escassos sorriu, sem tirar os olhos dos da consulente. Com um único movimento, ela agarrou o punho direito da garota.

— Sabia? — Franziu o cenho em descrença. — Sabia como?

— Eu sei de tudo. — A cigana foi vaga na resposta e tomou um tempo para examinar a palma suada estendida para cima. — Você está triste. Perdeu alguém que amava. Não. Perdeu duas pessoas que amava.

— Isaac e Isabelle. — Barbara desviou o olhar para Sabrina, que fez sinal para ela manter-se calada. Seria bom não dar pistas do problema para a vidente.

— Não se preocupe. Você vai amadurecer muito, e sua vida vai mudar. Parece ruim agora, menina bonita, mas dará tudo certo.

— Senhora, você tem certeza do que está dizendo? — Mostrou-se confusa. Dará tudo certo? Como dará tudo certo sem o Isaac ao meu lado?

— As repostas estão na sua mão. A virada em sua vida é o seu destino, menina bonita.

— Então, você poderia me responder uma coisa? Algo mais objetivo?

A cigana concordou com a cabeça.

— Terei meu noivo de volta?

— Será difícil, bonita — disse sem hesitar — Muito difícil...

— Difícil? Ah, não! — Barbara baixou a cabeça, desanimada.

— Ele não acredita em você, e haverá mais desconfianças.

Barbara se livrou da mão da cigana sob a sua e tirou uma nota de 10 reais do bolso, entregando-a para a mulher.

— Não precisa falar mais nada. Não estou preparada para saber o que virá pela frente.

— Você terá que conhecer a verdade, e este dia não tardará. Siga seu caminho, menina. Difícil não significa impossível.

A cigana virou as costas para abordar outra pessoa, deixando Barbara sem palavras.

— "Difícil não significa impossível" — repetiu Sabrina, desconfiada de que a amiga refletia sobre o que a velha lhe dissera. — Apesar das dificuldades, ela avisou que dará tudo certo.

— Parte de mim quer muito acreditar na felicidade no final, mas o que estou vivendo não me dá muita esperança. — Barbara sentiu o peito apertar, e Sabrina, por mais que tentasse animar a amiga, também não conseguia enxergar coisas boas pela frente.

As duas atravessaram a rua de volta e pegaram o ônibus logo depois, mas desceram em pontos diferentes. A mais nova saltou próximo ao condomínio de Isabelle, a quem faria uma visita, na tentativa de conversar pessoalmente e quebrar o gelo. A outra, por sua vez, ficou na porta de casa.

Sem ânimo para qualquer coisa, Barbara jogou-se na cama e refletiu sobre as previsões da cigana. Será mesmo que dará tudo certo? Olhando para o rosto sorridente de Isaac, colado em uma parede próxima, ela acabou adormecendo. Horas depois, a porta aberta de modo brusco a tirou de seu descanso.

— Levante-se! Você já dormiu demais. — Marília acendeu a luz, indicando que a noite havia chegado. — Desde cedo largada nessa cama, nem os sapatos tirou.

— Quero ficar aqui mais um pouco — resmungou.

— Seu pai já chegou do trabalho, e você ainda está dormindo. Faz tempo que não jantamos juntos, pois agora você vive enfurnada neste quarto. Desde que voltou de viagem só quer saber de dormir.

— E qual o problema? — Barbara colocou uma almofada sobre o rosto, para que a claridade não a incomodasse.

— O problema é que você nunca foi assim; letárgica. Estranho não estar feliz, minimamente contente, após o fim de ano com aquele garoto. Aconteceu alguma coisa que não tenha me contado? Você falou tão pouco sobre o tempo que passou fora. — Marilia foi até a janela e abriu as cortinas, para deixar entrar um pouco de ar. — Por onde anda a sua amiga Isabelle? Nunca mais entrou em contato... Antes eu atendia aos telefonemas dela o dia inteiro.

— Nós brigamos. — Barbara soltou a verdade, sem tirar a almofada do rosto. — É por isso que estou assim.

— Hum.

— Eu e o Isaac brigamos também. Terminamos.

— Ah, sabia! Seu abatimento não seria sem motivo, um grande motivo. — Marilia olhou para o rosto do Hanson em um dos pôsteres e desconfiou de que, se as fotos dele ainda estavam ali, talvez a decisão pelo fim não houvesse partido de sua filha. — Você não vai me contar o que aconteceu?

Barbara sentiu o colchão afundar próximo aos seus pés e soube que sua mãe havia se acomodado para ouvir a história. Arrependera-se de ter falado sobre as brigas, porém, já que começara, iria até o fim. Um pouco tonta, ela tirou a almofada do rosto e se sentou na cama.

— Não fui legal com o Isaac.

— Não foi legal como? O que você aprontou? — Marília exalou o ar, impaciente, certa de que sua filha havia ultrapassado limites. — Conversei com o pai desse garoto antes da viagem, ele me garantiu que ficaria de olho em você.

— Nem tudo pode ser monitorado o tempo todo, mãe! — Barbara se exaltou. — Algumas coisas, sentimentos inclusive, podem muito bem fugir do controle.

— Então você desistiu do rapaz, foi isso? Você se desinteressou? — Marília tentou adivinhar o que acontecera em Tulsa, contente por antecipação. Se sua filha tivesse deixado o Hanson de lado, por livre e espontânea vontade, significaria que suas preces haviam sido atendidas.

— Eu traí o Isaac — revelou, envergonhada, sem preparar a mãe para a confissão de algo tão pesado.

— Você o quê? — Marília se levantou e sentou-se novamente, um tanto chocada com a informação. — O que quer dizer com "traí o Isaac"?

— Isso mesmo, sem pegadinhas. — Barbara não sustentou o olhar cortante endereçado a ela e, quase sem voz, continuou: — Eu acabei me deixando levar e... Nem sei como falar isto, mas... Tive um lance, um lance rápido com o Taylor. Taylor, o irmão dele.

Barbara contou a história desde o começo, iniciando pelas investidas do Hanson do meio ainda na Disney, passando pela intromissão da Mara e culminando no sexo na noite de Réveillon. O relato foi repleto de soluços, tosses e lágrimas. No fim, a garota levou um tapa estalado no rosto.

— Isso foi para você aprender e acordar! — Marília gritou.

— Mãe! — protestou, apoiando a mão sobre a marca quente dos dedos em sua pele.

— Não que eu estivesse de acordo com o noivado com o tal do Isaac, mas onde já se viu se envolver com o irmão do garoto? Você não tem um pingo de vergonha nessa cara?

— Que parte você não entendeu que rolou uma confusão com a ex dele um pouco antes? Eu não teria feito nada de errado se não estivesse bêbada, se a Mara não tivesse dito...

— Ah, não me venha com essa! — Marília a interrompeu. — Não se exima da culpa. Você traiu seu namoradinho de faculdade sem nem pensar duas vezes, na primeira oportunidade de arreganhar as pernas para o Hanson. Aliás, você foi atrás dele no hotel de caso pensado. Quem já havia traído uma vez, trairia de novo. Esse garoto deveria ter levado seu caráter em consideração, antes de pedi-la em noivado.

— Você não vê como me machuca me acusando assim? — choramingou. — Eu não gostava mais do Rafael!

— E, pelo visto, também não gostava tanto assim do outro. Não é mesmo? Qual é o seu objetivo, afinal, Barbara? Passar na mão da banda toda? Não me diga que se envolveu com o menorzinho também.

— Mãe!

— Você não passa de uma groupie, mais uma dessas fãs alucinadas. Eu deveria ter desconfiado de que o seu fanatismo acabaria desse jeito. Deveria ter cortado o mal pela raiz quando, logo no início, avisou que se hospedaria no hotel dos Hanson. Suspender a sua mesada teria sido o suficiente. Pouca vergonha... — murmurou, levantando-se após bater as mãos em suas próprias coxas. — Saia desta cama e encare os fatos. O noivado com o posptar não deu em nada, agora a sua fama não deve ser das melhores e não adianta chorar por um pé na bunda merecido.

— Chega! — Barbara gritou, sentindo o gosto salgado das lágrimas em sua boca. — Não quero ouvir mais nada!

— E eu não quero que se meta com esses garotos novamente. Ouviu? Não que eu ache que algum deles ainda queira você por perto. Está na hora de sair do seu mundinho de ilusões, então comece pelo mais fácil. — Marília puxou um pôster de Isaac da parede, rasgou-o no meio e depois de novo, largando as partes no chão. — Pare de perder tempo com essa porcaria de Hanson. Que tipo de futuro você almeja?

Naquela noite, Barbara não jantou com os pais mais uma vez, trancada no quarto com sua tristeza. Na manhã seguinte, ela também não se levantou para o café. Somente por volta da hora do almoço encontrou ânimo para sair de seu refúgio e encarar a realidade do lado de fora. Um bilhete sobre a mesa da sala de estar avisava que Marília e Carlos haviam saído e não tinham hora para voltar. Aliviada por não ter que encarar a mãe e sua hostilidade, ela ligou para Sabrina e a convidou para uma conversa em seu apartamento. Um ombro amigo talvez lhe fizesse bem.

— Só você, Barbara, para recusar uma ida à praia neste sábado maravilhoso. Tem certeza de que prefere ficar em casa? — Sabrina abraçou a amiga, assim que ela abriu a porta para recebê-la. — Sol na cara e pés na areia seriam capazes de trazer o seu ânimo de volta. Ainda dá tempo de mudar de ideia.

— Outro dia. Não estou legal. — Barbara seguiu para o seu quarto e Sabrina foi atrás.

— Não está mesmo. Ainda de pijama. Não quer tomar um banho? — A pirralha se espantou com a cama por fazer, sapatos e peças de roupas espalhadas sobre os móveis e jogadas no chão. — O que foi isto aqui? — Pegou o pôster de Isaac remendado com fita adesiva em cima da escrivaninha.

— Minha mãe rasgou. — Barbara se jogou na cama de novo, e Sabrina foi até a janela e abriu as cortinas, deixando a claridade entrar. — Caí na burrice de contar a ela o que aconteceu em Tulsa.

— Barbara! Por que você abriu a boca? Você conhece a mãe que tem.

— Eu sei. Mas ela acabaria sabendo, cedo ou tarde, então achei melhor que a notícia chegasse por mim. — Bufou. — Escutei as piores acusações. Não está sendo fácil, viu? Lidar com o término é ruim, mas com uma mãe incapaz de me compreender é ainda pior. Ela e o Walker são páreo duro, farinha do mesmo saco. Nem sei qual dos dois é o mais intransigente.

— Titio, com certeza. — Sabrina sentou-se ao lado da amiga na cama.

— Mesmo se eu não tivesse me envolvido com Taylor e toda essa merda não tivesse acontecido, seria bem difícil levar o noivado com o Isaac adiante. Minha mãe e Walker nunca fizeram a menor questão de fingir que aprovavam nossa união. Seria como remar contra a maré.

— A cigana falou que vai dar tudo certo. Remando ou não contra a maré, aceite, você será feliz no final.

— Felicidade sem o Isaac não me interessa. E ela disse que ficarmos juntos será muito difícil.

— Difícil, mas não impossível. — Sabrina subiu um pouco mais na cama e abraçou a amiga, que derramava lágrimas. — Não fique assim, por favor. Você precisa recuperar o ânimo.

— Não vai acontecer. Estraguei tudo, tudo! E, apesar de ser péssimo admitir, minha mãe tem razão: Isaac fez o certo ao me dar um pé na bunda. Eu teria feito o mesmo no lugar dele, se alguém fosse tão podre comigo como eu fui nessa história toda. Agora só me resta chorar e passar o resto da vida me culpando. — Barbara limpou as lágrimas e tentou se acalmar. — E ontem, você conseguiu falar com a Isabelle direito? Como ela está?

— Sim, ela me recebeu. Está mal, assim como você; chorando, deprimida. — Sabrina olhou para os Hanson em um pôster colado acima do espaldar da cama, um em que Taylor, rindo, fingia enforcar o pescoço de Isaac.

— E, afinal, o Taylor tentou entrar em contato com ela? Você conseguiu saber?

— Parece que não insistiu mais. A última vez em que os dois se falaram foi lá em Tulsa. Mas a Isabelle disse que é melhor assim, que agora só quer saber de voltar a ficar bem, esquecer o desgraçado e focar nos estudos. No final de março ela irá para a Miami.

— Mas as aulas não começam só em agosto?

— Uhum. Mas nos quatro meses anteriores ela fará um intercâmbio de preparação universitária. Algo assim.

— Isso é ótimo. Que bom que, de certa forma, as coisas estão dando certo para ela. — Barbara fez uma pausa. — Acha que a escolha dela, de ir para os Estados Unidos antes do tempo, tem a ver com o Taylor?

— Por um lado, sim. — Sabrina inclinou a cabeça e prendeu os lábios um no outro, pensando. — Mas o objetivo não é o mesmo de antes, de se aproximar dele. Ela só não quer ficar muito tempo aqui; sozinha e ociosa, remoendo a merda toda. Disse que se ocupando com os detalhes da viagem e indo para Miami mais cedo, ela não correrá o risco de perder tempo com o que não importa. Ela está investindo pesado nos estudos.

— Então eu tenho poucos meses para tentar conversar com a Belle, antes que ela vá para longe e eu perca a chance de me desculpar direito. Talvez nossa relação não volte a ser como antes, mas eu devo a ela essas desculpas pessoalmente.

— Ela ainda está muito magoada. Para ser sincera, nem sei se um dia, nesses dois meses até a viagem, a Belle aceitará falar com você.

— É... Também acho que não. Mas vou tentar, vou sim. Só preciso dar a ela um pouco mais de tempo. Se eu insistir agora, tenho quase certeza de que serei escorraçada. — A mais velha ficou um tempo em silêncio. — Você não acha estranho o Taylor não ter ligado para a Isabelle ou não ter lhe mandado uma mensagem? Ele não é do tipo que desiste do que quer. E quando fomos embora de Tulsa, ele estava decidido a reconquistá-la.

— Se acho estranho? Muito. — Sabrina suspirou. — Mas acredito que o Taylor decidiu dar um tempo antes de voltar a pentelhar a Belle. O estranho mesmo é o Zac não ter me respondido, já que não estamos com problemas. Bem, só se estamos e eu não estou sabendo. Tem alguma coisa errada.

— Por que não liga para ele? "Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé". Pegue o telefone. — Barbara apontou para o aparelho fixo em cima da escrivaninha.

— Você está sugerindo que eu faça uma ligação internacional aqui da sua casa? — A pequena franziu o cenho. — Sua mãe vai ter um troço quando vir um número de Tulsa na conta.

— Que se dane! Um esporro a mais ou a menos... Vá logo, pegue o telefone.

Sabrina trouxe o aparelho da escrivaninha até a cama, desembolando o fio comprido pelo caminho.

— Chega a me dar frio na barriga. — A mais nova soltou o ar de uma vez ao tirar o fone do gancho.

— É só o Zac, Bina, e você não meteu um chifre nele com um dos irmãos. Não há nada a temer.

— E se o Walker atender?

— Mande se foder. — Barbara riu após a rima. — Sabe de cor o número ou precisa que eu lhe diga?

Sabrina sabia o número de cabeça e não precisou falar palavras feias para o general, pois o próprio Zac foi quem atendeu ao telefone.

— Bina!

— Ei, Zac, você se esqueceu de mim? — A garota perguntou toda melosa. — Não achei que fosse precisar dar o primeiro passo. Enviei um e-mail para você quando cheguei de volta ao Rio. Aconteceu alguma coisa que explique seu sumiço?

No fim, a pirralha já não estava mais tão doce, cobrando do namorado uma satisfação. Um olhar arregalado de Barbara e um sinal com as mãos aconselharam-na a baixar o tom.

— Bina... — o garoto sussurrou, olhando em volta, pois havia atendido ao telefone na sala de estar. — Não foi culpa minha. Meu pai... — falou ainda mais baixo.

— Seu pai?...

— Ele nos proibiu de manter contato com vocês. Cortou nosso acesso a e-mails e ao celular. Aqui em casa estamos sempre monitorados. Aquele telefone do nosso quarto foi desativado também. Entendeu, Bryan? — Zac usou o nome de um amigo quando o pai passou por ele, vindo do andar superior em direção à cozinha. — Não está fácil, Bina... — Voltou a sussurrar. — Ele quer aproveitar a onda do fim dos relacionamentos de Isaac e Taylor para dar um basta no meu também. Estou tão feliz que ligou.

Sabrina não se surpreendeu com o que Zac lhe disse, pois uma censura de Walker já lhe havia passado pela cabeça para justificar o distanciamento do namorado.

— Como vamos manter o nosso namoro? — Uma lágrima escorreu pelo rosto da garota. — Desse jeito será difícil — lamentou, choramingando.

— Difícil não significa impossível. — Zac usou as mesmas palavras da cigana, e Sabrina sentiu um calafrio. — Vou dar um jeito, minha pequena. Taylor também está revoltado com as restrições e será meu aliado na guerra aqui em casa. Tenha um pouco de paciência.

— O que mais tenho na vida, desde que nos conhecemos, é paciência. Eu nem sei como aguento tanto tempo longe.

— Você aguenta porque me ama e sabe que a amo do mesmo jeito. Ninguém será capaz de nos derrubar. — Zac olhou em volta, para se certificar de que estava sozinho. — Muito menos o meu pai.

— Eu espero que sim — disse, sem firmeza na voz. — Como estão Taylor e Isaac? — Sabrina perguntou, sob os olhares atentos de Barbara, que, ao lado, insistia para saber.

— Em crise. É a nova realidade por aqui. Não há clima para diálogo entre eles, e os nossos planos para um álbum de inéditas foi por água abaixo. Optamos por relançar as antigas com uma nova cara. Deixamos o material nas mãos de alguns DJs. — Zac fez uma pausa e pigarreou, indicando à Sabrina a presença de Walker. Tão logo o general saiu de perto, o pirralho voltou a explicar: — Meu pai está puto com a nossa decisão. Ele sabe que esse álbum não terá força de vendas como um de inéditas. Mas foda-se. Isaac não quer cooperar, deprimido e irredutível quanto a fazer as pazes com Taylor.

— Será que eles vão demorar a se entender?

— Um aperto de mãos não está nem perto de acontecer. — Zac suspirou, desanimado. — Taylor se mudou para o quarto de hóspedes, exausto com a rigidez do Isaac. Os dois não têm trocado nem um oi.

— Dará tudo certo no final. — Sabrina usou a positividade da cigana e suspirou. — Tem que dar.

— Confie em mim. Farei o que estiver ao meu alcance para que as coisas voltem ao normal. Se eu sumir, não ache que esqueci você. Não está sendo nada fácil driblar o controle do meu pai. — Zac fez uma pausa e continuou: — Como vão as meninas?

— Na mesma. Tristes. — Sabrina olhou para Barbara. — Isabelle está quase de mudança para Miami, em abril ela estará aí na terra do Tio Sam.

— Tão cedo?

— Optou por um intercâmbio de última hora, para ocupar o tempo e a cabeça. Ficará por lá até as aulas na universidade começarem.

— Taylor vai gostar de saber disso. Será que posso contar a novidade a ele?

— E por que não? A Isabelle não me pediu segredo. — Fez uma pausa. — Mas por enquanto não sei para qual lugar de Miami ela irá e acredito que nem ela saiba. Então a fofoca termina aqui.

— Bryan, eu preciso desligar. — Zac disfarçou quando Walker reapareceu na sala, desta vez para ficar. — Eu... Hmm... Eu ligo para você depois.

— Amo você, Zac. Nunca se esqueça disso.

Como Taylor não estava em casa, para ouvir as novidades em primeira mão, Zac subiu depressa e contou ao irmão mais velho sobre o telefonema recebido de Sabrina.

— Ela não disse nada sobre a Barbara? — Isaac perguntou quando o pirralho lhe falou sobre o intercâmbio de Isabelle.

— Nada demais, só que estava triste. Não entrei em detalhes. — Zac estalou a língua. — Por que quer saber? Ela não havia morrido para você?

— Morreu. — Deu de ombros. — É só que...

— Quê?... — Zac o instigou a dizer mais, pois tinha certeza de que, apesar do que Barbara lhe aprontara, Isaac ainda não a havia tirado de seu coração. — Em algum momento, Ike, você precisará admitir que não só está sofrendo pelo chifre adquirido, mas porque, apesar disso, deseja reatar.

— Nunca.

— A decepção pela falta de notícias da Barbara está na sua cara. Não precisa fingir que não se importa. Dê o braço a torcer.

— Você é bem irritante, sabia? — Isaac estreitou os olhos para ele. — Já avisou ao babaca que a Isabelle irá para Miami antes do previsto?

— Não, mas tenho certeza de que, assim que eu disser a ele, Taylor começará a arquitetar um plano para escapar do papai e se materializar por lá.

— Lamento pela Isabelle, que tão cedo não se livrará do encosto.

— Tenho uma intuição de que, apesar dos pesares, eles irão se entender.

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