Livro 3. Capítulo 1. Ansiedade demais

Cinco meses após a viagem para a Disney, Isabelle consumia-se de preocupação. Novembro estava chegando ao fim, e ela achava que não havia estudado o suficiente para o vestibular. A verdade é que estudara bastante, sim, conciliando as horas em frente aos livros com o tempo que passava em contato com Taylor, batendo longos papos na internet. De todo jeito, talvez nem precisasse se preocupar com as provas, pois, no início do mês, havia aplicado a early decision* para a Universidade de Miami e, caso fosse aprovada, seu futuro acadêmico estaria garantido. Aliás, essa era a opção mais desejada por ela.

Barbara havia terminado mais um semestre da faculdade e entraria de férias na semana seguinte. Ela ansiava pelo tempo livre, já se imaginando ao lado de Isaac, ganhando muito carinho quando se vissem durante o Natal. As cartas românticas que recebera dele eram lindas, e ela as relia sempre que sentia falta do seu amor. Desse jeito, e também por contato online, mantinha-o por perto.

Sabrina andava mal na escola, só tirava notas baixas, e sua paixão por Zac era a maior culpada. Clara alertava a filha sobre o dano que o pensamento fixo no popstar lhe causava, mas a garota não dava ouvidos aos seus conselhos.

Com a chegada de dezembro, as três amigas entraram em estado de euforia, afinal, aproximava-se o dia de reverem os irmãos Hanson.

No dia 10 daquele mês, Barbara, Isabelle e Sabrina foram juntas ao shopping. Roupas e sapatos novos, pesados para aguentar o inverno americano, estavam na lista de desejos — e de necessidades — para a viagem próxima.

— Nem acredito que vamos encontrar os meninos novamente — Isabelle falou para as amigas enquanto se olhava no espelho do provador. — Acham que o Taylor vai gostar deste casaco?

— É você quem tem que gostar — Barbara aconselhou a amiga. — Acho que não devia viver em função de agradar ao seu namorado.

— Só estou pedindo uma opinião sobre um casaco. O que tem de errado em querer que o Taylor o aprove? — Isabelle tirou o branco que vestia e trocou por um preto. — Este esconderá melhor qualquer sujeira.

E com o namorado imundo que tem, melhor mesmo. Barbara não havia esquecido o que Taylor lhe aprontara no final das férias na Disney, pressionando-a para terem um envolvimento. Depois daquilo, ela não falara mais com ele, nem mesmo pela internet. E, apesar de o loiro ter se dedicado inteiramente à Isabelle nos últimos meses, sua aversão a ele não havia diminuído.

— Precisamos comprar os presentes de Natal dos Hanson — comentou Sabrina, andando pelos corredores do shopping. — Já decidiram o que vocês vão dar para os seus amores?

— Sim, mas é muito impróprio para o horário. — Barbara riu e logo voltou a falar sério: — Bem, eu só posso gastar 200 reais. É tudo que tenho.

— Vamos pensar em como usar nosso dinheiro de maneira inteligente, porque, por questão de educação, teremos que presentear o restante da família.

— Só se fôssemos loucas, Isabelle! — Sabrina arregalou os olhos, preocupada com o desejo da amiga. — Não vai dar para ser educada. Se nós, separadamente, comprarmos um presente para cada membro daquela família; vamos falir.

— Concordo. — Barbara parou em frente à vitrine de uma loja de departamento. — Melhor comprarmos apenas os presentes dos meninos individualmente. A minha ideia é juntar o que sobrar do nosso dinheiro, para darmos uma lembrancinha para os outros.

— Isso. Pois se não for assim, daremos uma balinha para cada um. ­— Sabrina riu.

As garotas lancharam após as compras e gastaram um pouco além do pretendido. Então, como cada centavo economizado ajudaria na aquisição de dólares para a viagem, na hora de voltarem para casa, optaram por pegar o transporte público em vez de um táxi.

A iluminação fraca perto do ponto de ônibus e a frequente presença de pivetes na região deveriam ter ligado um alerta nas meninas, mas elas estavam tão felizes e falantes, comentando sobre as compras e expectativas para o reencontro com os Hanson, que nem perceberam quando um grupo de ciganas esquisitas se aproximou.

— Não quer saber sua sorte, menina bonita? — Uma delas segurou o punho de Barbara, disparando-lhe o coração devido ao susto. — Por qualquer quantia, você ficará sabendo sobre o seu futuro.

— Ah, não, não, obrigada. — Ela tentou se livrar da mulher, que manteve a mão firme onde estava. Os olhos da cigana eram enigmáticos e hipnóticos, mas, em vez de se deixar enfeitiçar por eles, Barbara desviou a atenção para as roupas desgastadas da idosa. Talvez ela não fosse perigosa, talvez só quisesse um trocado para matar a fome ou algo assim. — Eu preciso ir, meu ônibus está logo ali — mentiu.

— Me dê a sua mão e pague o quanto quiser. Será rápido — a cigana insistiu, puxando o punho de Barbara, na tentativa de fazê-la abrir a mão. Assustada, a garota segurou firme a sua bolsa e deu graças a Deus por ter deixado a aliança em casa.

— Minha amiga não quer que você leia a mão dela. — Isabelle se meteu. — Desista. Precisamos ir.

Barbara percebeu que a mulher não cederia. Resignada, ela exalou profundamente e se rendeu à quase hipnose daquela velha esfarrapada.

— Tudo bem. Você é capaz de ver se uma coisa que eu quero demais vai acontecer?

Ela queria saber sobre Isaac, se eles se casariam em breve. No entanto, a garota não externou a sua dúvida. Se a cigana podia mesmo prever o futuro, que começasse sem dica alguma.

A velha não lhe respondeu de imediato, examinando a palma da mão de Barbara por um tempo que pareceu interminável.

— Muita coisa vai mudar na sua vida nos próximos meses. — A cigana a olhou nos olhos.

— Vão acontecer coisas boas? — perguntou Barbara, nervosa.

— Vejo você no centro de um acontecimento, menina bonita... Um dos grandes. Vejo aqui... Todas as atenções do espetáculo estão voltadas para você.

— Um altar, talvez? — Barbara reprimiu um gritinho eufórico. — É o meu casamento? Meu casamento?

— Talvez — a cigana lhe respondeu sem muita emoção, voltando a examinar a palma da mão da consulente. — Não posso lhe enganar, menina bonita. Você é a atriz do espetáculo, mas faz um papel dramático, cheio de lágrimas... Vejo um grande amor, mas muito, muito infeliz.

Barbara suou frio, sentindo o braço formigar. Ah, não! O meu casamento com Isaac será um fracasso? Será mesmo que nós nos casaremos um dia? Cheia de dúvidas, mas louca para acabar com aquela sessão de tortura, ela pegou uma nota de 5 reais e deu para a cigana. A palidez tomou sua face quando a mulher prendeu-lhe o punho ao pegar o dinheiro, impedindo-a de ir embora.

— No meio do drama, vejo que será gerado um fruto — revelou-lhe a velha.

— Um fruto? — O coração de Barbara quase parou. — Olhe, não quero mais saber de nada. Vá embora, por favor.

Assim que a cigana se afastou, Barbara e as amigas tentaram decifrar o que ela dissera, mas nada fazia sentido. Nenhuma delas conseguia ver o amor de Barbara e Isaac como infeliz.

— E essa história de fruto está muito mal explicada. Se ela quis dizer que terei um filho, está redondamente enganada. — Barbara reclamou da suposta previsão. — Primeiro; eu não quero ter filhos nem tão cedo. Segundo; é por isso mesmo que tomo pílula.

— Esqueça o que ouviu — Isabelle aconselhou a amiga. — Não dá para confiar nessas ciganas. São pessoas sem nada para fazer, tentando arrumar dinheiro de um jeito fácil.

— É melhor, Barbara. Deixe isso para lá — concordou Sabrina.

Barbara retornou à sua casa, louca por um banho, pela água quente caindo sobre o seu corpo, molhando os seus cabelos e levando ralo abaixo as palavras da vidente. No entanto, antes que pudesse se livrar dos pensamentos negativos, outros chegaram para lhe aumentar a tensão nervosa. Marília, sua mãe, ao vê-la voltar do shopping, carregada de sacolas, imprensou-a para saber o que era tudo aquilo.

— Roupas para a viagem e presentes para a família Hanson — respondeu, sem paciência. — Enfim, é Natal.

— Não me lembro de permitir que passe o Natal com aquele seu namorado.

— E eu não me lembro de ter que pedir a sua opinião, já que sou maior de idade. — Ela largou as sacolas sobre a mesa de jantar e levou as mãos à cintura. — Já sei que vai dizer que moro debaixo do seu teto e é você quem paga as contas, mas, sinceramente, não tem motivo para encrencar com a minha ida para Tulsa.

— Nunca passamos um Natal distante uma da outra. E se o problema fosse só esse, tudo bem, mas minha intuição me diz que o seu namorico com o tal do Hanson dará errado. — Marília foi atrás de Barbara quando ela lhe deu as costas e caminhou em direção ao seu quarto. — Você acha mesmo que esse menino ficará com você no final das contas?

— Mãe, nós já conversamos sobre isto. Estou noiva do Isaac, aceite.

— Acho que está se iludindo, então cuidado com o tombo depois.

— Você está me agourando sem nenhuma razão. É isso mesmo? — Barbara enfrentou a mãe, achando absurdo ela lhe jogar tanta energia negativa. — Deveria ficar feliz, pois sou sua filha e estou no auge da minha felicidade.

Marília respirou fundo e, sem dizer mais nada, voltou para a sala. Não compreendia a ingenuidade e o deslumbre da garota.

Alguns dias depois, mesmo a contragosto, a mãe de Barbara parou de reclamar da viagem que a jovem faria para Tulsa. Já que não podara o fanatismo dela no início daquela história, impedindo-a de correr atrás dos ídolos, agora não teria mais como fazer isso. Diante dos fatos, Marília achou melhor entrar em contato com Walker e conversar sobre os planos de seus filhos para o Natal. E, claro, falar também sobre o tal noivado.

— Estou bastante preocupada, senhor Hanson. Não tivemos a chance de conversar sobre isto antes, e não duvido que o seu filho seja um bom rapaz, mas... O senhor não acha que os dois são novos demais para um compromisso tão sério quanto um casamento?

— Não me aflige a questão da idade, pois eu mesmo me casei muito cedo, mas realmente me preocupo com a maturidade do casal. Não sei se a senhora sabe, mas meu filho arrumou essa história de casamento sem perguntar a minha opinião.

— Então você não aprova essa relação? — Marília sentiu um contentamento perverso. Talvez ele compactuasse das mesmas ideias que ela.

Walker pigarreou, sem saber o que dizer. De fato ele não aprovava o enlace dos dois, mas seria indelicado se admitisse tão abertamente.

— Essa juventude não liga muito para a opinião dos pais. — Ele não disse nem que sim nem que não, mas deixou o seu veneno nas entrelinhas. — Vamos deixar o rio fluir, o futuro dirá que fim levará o noivado dos dois. Como eu disse agora há pouco; falta a eles juízo, e quando não se tem o básico, não costuma dar certo. Seja o que Deus quiser! — Soltou uma lufada de ar. — Por que a senhora e seu marido não vêm passar o Natal conosco? Assim poderá acompanhar de perto a interação dos dois e, de quebra, conhecer a nossa família.

— Infelizmente não será possível, mas muito obrigada pelo convite. Por favor, senhor Hanson, cuide da minha Barbara.

— Fique tranquila. Mantenho os meus garotos sob minha constante supervisão; sendo assim, sua filha também ficará segura.

Na véspera da viagem, Barbara foi pega de surpresa ao receber um e-mail de Taylor. O título dizia: "Presente de Natal adiantado". A garota hesitou em abrir a mensagem, considerando que até um vírus que arruinasse seu computador seria melhor do que qualquer conteúdo enviado pelo loiro.

Que presente é esse, meu Deus?

Depois de meses de silêncio entre os dois, ele resolvera colocar as garrinhas de fora. Na verdade, uma garra enorme de fora! A foto do seu pênis ereto e da mata loira ao redor saltou aos olhos de Barbara, após o download da imagem. Ela fechou depressa a tampa do laptop, sentindo o coração saltar do peito. Porém, curiosa, tomou coragem para olhar mais uma vez a tora do quase cunhado. A cabeça reluzia rosada em destaque, e as veias azuladas não passaram despercebidas.

"Estamos esperando você, cheios de saudade."

Barbara foi tomada pela raiva ao finalmente prestar atenção à mensagem escrita pelo cara de pau. Pelo visto, ao contrário do que imaginava, não seria nada fácil o seu reencontro com os Hanson. Preferiu não responder a Taylor e fingir que não vira a provocação. Assim ela deixaria claro que o ignorara. Ela enviou o e-mail para a lixeira e excluiu a mensagem de lá também, livrando-se de vez daquela investida sem noção. Difícil, porém, seria esquecer a imagem nítida que grudara em seu cérebro, sem chance de ser apagada.

Naquele mesmo dia, alheia ao e-mail enviado pelo seu namorado à melhor amiga, Isabelle era o nervosismo em pessoa. Para ela não havia chegado apenas o momento de checar seus pertences e finalizar as malas, mas de enfim saber se fora aprovada na Universidade de Miami. A aprovação lhe garantiria a porta aberta para o seu sonho; significaria muito mais do que estudar em uma universidade americana, seria a oportunidade de ficar mais perto de Taylor.

— Vocês não fazem ideia de como estou feliz! A decisão saiu! Serei a mais nova caloura da UM! — Isabelle, saltitante, compartilhou a novidade com as amigas, quando se encontraram no saguão do aeroporto no dia seguinte. — E o melhor de tudo: ganhei uma bolsa! Eu nem estou acreditando nessa chuva de bençãos. 

— Uau! Uma bolsa! — Sabrina pulou com a amiga. — Você é muito cabeçuda!

— Dei o meu melhor. E todo o esforço teve um propósito. Agora a distância não será mais uma barreira na minha vida. Será muito mais fácil reencontrar o meu amor.

— Já contou ao Taylor? — perguntou a pequena. — Ele vai ficar louco com essa notícia!

— Uhum, é verdade... — Barbara concordou baixinho. — Louco.

A mais velha pensou que, depois do que Taylor lhe aprontara, talvez a empolgação de Isabelle, para ficar mais perto dele, não valesse nada. O comportamento do Hanson do meio não era de quem levava a sério uma relação. E, bem, se ele continuasse insistindo naquele assédio doentio, Barbara acabaria abrindo o jogo para a amiga e para Isaac. Merda! Não devia ter me livrado da prova que tinha em mãos.

— Ainda não falei nada. Prefiro dizer a ele ao vivo, ver no rosto do Tay a felicidade. — Isabelle bateu palminhas. — Ainnn! Eu mal posso esperar! O nervosismo está a mil aqui. A mil! Vocês não sentem um friozinho no estômago? Daqui a pouco estaremos coladinhas nos nossos amores.

— Frio no estômago é pouco, chego a estar com dor de barriga. Sei que já passamos por isso outras vezes, mas é como se fosse a primeira vez que verei o meu Zac. — Sabrina cruzou os braços e apertou os ombros, simulando um abraço no namorado.

— Verdade, parece mesmo como a primeira vez — concordou Isabelle. — E, bem, não deixa de ser novidade. Conheceremos a casa deles e ficaremos ainda mais íntimas dos seus amigos e familiares. É um grande passo. — Suspirou. — Mas assim que chegarmos à Tulsa e formos recebidas pelos nossos amores, acredito que esta ansiedade diminuirá.

Só se for a ansiedade de vocês, pensou Barbara, lembrando-se do que enfrentaria. A preocupação dela certamente aumentaria tão logo desse de cara com Taylor.

Escapando para um mundo à parte, a mais velha colocou os fones de ouvido, apertou o play no seu discman e cantou a primeira música da sua coletânea de sertanejas:

— "...Não aprendi dizer adeus, mas deixo você ir sem lágrimas no olhar, só Deus me machuca, o inverno vai passar e apaga a cicatriz..."

— Barbara — Sabrina a cutucou —, você está berrando essa breguice! E, ainda por cima, cantando errado! O certo é "se o adeus me machucar" e não "só Deus me machuca" — Riu. ­— Desde quando Deus machucaria alguém? O adeus é que machuca para caramba. — Exalou o ar de seus pulmões.

— Ainda nem chegamos à Tulsa, então não vamos pensar em adeus agora — determinou Isabelle. — Meu estômago já roncou alto, ardido, só de imaginar a hora de voltarmos ao Brasil. Ansiedade demais!

Barbara fingiu que não ouvia o papo angustiante das amigas e continuou cantando alto. Decidiu que tentaria manter-se calada o máximo possível durante a viagem, pois segurar o silêncio sobre os ataques de Taylor fazia com que se sentisse falsa. É para o bem de todos, para o bem de todos...

Ao contrário do que acontecera na viagem anterior, os irmãos Hanson foram esperar as meninas no desembarque do aeroporto, animados para os próximos dias em suas companhias.

— Barbara, que saudade! — Isaac a abraçou e a beijou nos lábios antes de tocar as pontas dos cabelos dela, recém-pintados. — Você está ruiva! Ainda mais linda.

— E você adora uma ruivinha, não é mesmo? — Taylor deixou no ar uma alfinetada em Isaac, que olhou de cara feia para o irmão. Não era hora de o implicante falar sobre a ex-namorada dele. Sorte que Barbara não percebera a má intenção. — Tudo bem com vocês, meninas? ­— Agarrado à sua garota, o loiro perguntou às três.

— Melhor agora, aqui do seu ladinho. — Isabelle se pendurou no pescoço de Taylor, fazendo-o voltar a sua atenção somente para ela.  — Tenho uma novidade maravilhosa para lhe contar. Quer tentar adivinhar?

— O que pode ser mais maravilhoso do que ter você aqui?

Barbara revirou os olhos, chocada com a facilidade com que Taylor alterava sua personalidade, de namorado babaca para namorado dedicado e amoroso.

— Universidade de Miami; lá vou eu! — Ela comemorou novamente, agora saltitando no meio do aeroporto de Tulsa. — E bolsista!

— Você conseguiu! Ei, Belle, isso é incrível! — Taylor a beijou nos lábios, como parte de sua felicitação, enquanto os outros jovens aplaudiam, soltavam gritinhos e assobios.

— Eu sempre consigo tudo o que quero. Conquistei você, o mais difícil. — Isabelle piscou os olhos para ele e riu. — Obstinação é meu forte, e minha próxima meta é sair logo deste aeroporto. Vamos embora? Depois de duas escalas e horas e horas entalada naquelas poltronas de avião, eu só quero descansar.

A decoração de Natal, espalhada pelas ruas de Tulsa, atraiu os olhares das meninas no caminho até a residência da família Hanson. Fileiras de luzes nas cores verde, vermelho e branco enfeitavam casas e prédios comerciais, cheios de estrelas, renas, duendes e outras figuras da época. A neve caída no chão dava um toque extra de encantamento. A atmosfera de fim de ano na cidade era exatamente como viam em filmes estadunidenses.

— É tão lindo... — Sabrina suspirou, imaginando-se dentro de um conto de fadas. — Tenho certeza de que este fim de ano será o melhor de todos. Consigo notar a magia no ar.

As três sentiram-se realmente especiais quando o carro dirigido por Isaac entrou na garagem da casa deles. A construção de pedra, de dois andares, era muito parecida com as outras da rua, mas muito diferente do que haviam imaginado. Elas esperavam encontrar uma mansão contemporânea, cheia de ângulos modernos, e não algo tão ordinário e rústico. Apesar da fama, os Hanson ainda moravam no mesmo lugar de sua infância, mantendo os mesmos hábitos da época de anonimato.

— A casa de vocês é a única do quarteirão que tem uma cerca — observou Sabrina.

— Meu pai teve que mandar construir uma divisória quando fãs começaram a vir até aqui — explicou Zac, saltando do carro logo depois dela. — Delimitar para dar limites, basicamente isso.

Walker, Diana e as crianças recepcionaram as brasileiras ainda na garagem e ajudaram a carregar as malas delas para dentro.

— Bem vindas, meninas — Walker parecia mais agradável do que o ditador que haviam conhecido, mas ainda estava muito cedo para qualquer julgamento positivo. — Diana apresentará a nossa humilde residência para vocês. Fiquem à vontade.

Por dentro a casa também era simples, mas muito organizada e limpa. Diana mostrou para as garotas o andar de baixo e depois as levou para o segundo piso, deixando-as no quarto de hóspedes. O espaço não era grande, mas o suficiente para acomodar uma cama de casal e outra de solteiro, ambas bem confortáveis. Após decidirem onde cada uma dormiria e organizarem seus pertences nos armários e cômodas disponíveis, as três desceram para encontrar os meninos novamente.

— Já estou pensando nas possibilidades para nos divertirmos. O que tem de interessante para ser feito nesta cidade? — perguntou Barbara.

— Nada suficientemente excitante — respondeu-lhe Zac. — Pelo menos não por aqui, o subúrbio do subúrbio.

— Tem certeza de que não há nem um 7-Eleven aqui por perto, para comprarmos bebidinhas? — A mais velha das garotas riu.

— É melhor você parar de pensar nas possibilidades de diversão. Não só porque moramos no fim do mundo, mas porque, como organizadora de festinhas, você é um total desastre. — Isaac riu. — Da última vez que escapamos para um 7-Eleven, batemos a van, e, por consequência, saí na capa de uma revista como se fosse o maior baderneiro do mundo pop.

— Preciso concordar com ele — Isabelle também riu e falou em português para a amiga: — Vamos ver se desta vez nós tomamos menos broncas do titio. Sem exageros.

— Vocês acabaram de chegar de viagem, está tarde e frio. Podemos esperar o jantar e jogar um jogo depois — sugeriu Zac. — Temos muito papo para colocar em dia.

— Muito. — Taylor olhou discretamente para Barbara, que flagrou o momento. Ele tinha assuntos para tratar com a garota, e não via a hora de arrumar uma brecha.

Após uma deliciosa sopa de legumes no jantar, os jovens subiram para o segundo piso da casa, a fim de se reunirem no quarto dos meninos.

— Nossa! Que espaço arrumadinho! — Sabrina não conteve a surpresa, reparando na decoração, nos objetos organizados nas estantes e nas camas bem feitas. — Não se parece nada com o quarto que vocês descreviam nas entrevistas. Muito longe do caos.

— Minha mãe arrumou tudo, para poder receber vocês com a casa em ordem — explicou Zac. — Não costuma ser assim. Sentem-se, meninas, fiquem à vontade. Podem se espalhar por aí.

Isabelle olhou para uma mesinha próxima ao beliche e, ao ver um telefone, lembrou-se de que precisava ligar para casa, para avisar que ela e as amigas haviam chegado à Tulsa.

— Posso? — pediu autorização ao namorado, retirando o telefone do gancho.

— Claro. Nem precisava me perguntar.

— Há mensagens na secretária eletrônica — Isabelle avisou aos Hanson ao ver uma luzinha vermelha piscando no aparelho.

— Não é nada demais. Fãs. — Zac estalou a língua enquanto ligava o console do videogame. — Não param de ligar para cá. Se quiser escutar algumas mensagens depois, podemos fazer isso. Garanto que será bem divertido.

— Ouvir recados de fãs e jogar videogame. Uau, que excitante! — desdenhou Taylor. — Estamos a um passo de levar estas meninas ao completo tédio.

— O que você quer fazer de tão divertido na primeira noite delas aqui? — perguntou Isaac, ríspido, um tanto incomodado. — Moramos em Tulsa, não em Las Vegas.

— Puxe a manivela do caça-níquel aqui, então! — Taylor rebateu a agressividade do mais velho, apertando seu volume na calça. — Eu posso ser uma Las Vegas inteira, se você quiser. Entretenimento puro.

— Nossa! Como você é ridículo! — Isaac revirou os olhos e, sem querer dar corda para Taylor, sentou-se no chão para ajudar Zac a plugar os fios do videogame. — Vamos deixar as meninas jogarem primeiro.

— Não se preocupe com isso — Barbara recusou a oferta. — Ficarei bem só olhando vocês se divertirem. Sou péssima com esses controles cheios de botões.

Taylor aproveitou-se da distração dos irmãos, do fato de que Isabelle falava com a mãe ao telefone, e aproximou-se de Barbara.

— E um controle roliço, sem botões, você sabe manejar? — sussurrou no ouvido da garota.

Barbara não pôde evitar se lembrar da imagem do pênis recebida por e-mail, mas ignorou a insinuação cheia de duplo sentido do loiro. Com o coração disparado, gelada da descarga de adrenalina, sentou-se ao lado de Isaac, fazendo companhia a ele, Zac e Sabrina no carpete.

— Pronto! Minha mãe dará o recado aos pais de vocês — Isabelle comunicou às amigas após colocar o telefone no gancho. — O que está rolando aqui? Competição de videogame?

— Uhum. Muito emocionante — ironizou Taylor, sentado na cama inferior do beliche. Antes que Isabelle resolvesse se juntar aos outros, ele a chamou: — Venha aqui um instante, ainda não matamos a saudade.

Sorrindo, ela retirou os sapatos e se jogou na cama ao lado dele.

— Não matamos mesmo a saudade. Senti tanta falta do seu beijo molhado, do seu sorriso lindo... — Os lábios da garota grudaram aos de Taylor, e não demorou até que suas línguas se encontrassem, cheias de vontade.

— Quando vou sentir o meu corpo sobre o seu novamente? — ele perguntou baixinho, com o rosto colado ao dela. — Seis meses longe... Imagine quanta energia acumulada ainda tenho aqui. Fiquei só na punheta...

Isabelle sentiu o rosto queimar com a revelação e deu uma olhada nos quatro que jogavam videogame, para certificar-se de que ela e Taylor não estavam sendo observados.

— Na sua casa, você sabe, não será nada fácil passar para o segundo nível. — Sorriu maliciosamente, apalpando o que ele tinha entre as pernas. — Acho que terá que se virar com mais uma... Você sabe.

— Punheta? — Ele soltou um risinho e pressionou a mão dela sobre o tecido de sua calça. — Continue... Só mais um pouquinho. Olhe como está duro... E se fôssemos para o outro quarto?

— Seus pais estão por aí, provavelmente acordados, não dá. — Isabelle recolheu a mão que o excitava e se recompôs, deitando em seu colo para observar os que jogavam.

— Vocês não cansam de jogar essa porcaria? — Taylor mal podia acreditar que eles passariam mesmo o restante da noite e da madrugada jogando um simulador de lutas de boxe.

— Mal começamos. Se você está tão entediado, que tal dormir, chato? Não perturbe! — Zac o rebateu sem tirar os olhos do jogo.

— Venha comigo, Isabelle. — Taylor se levantou e estendeu a mão para ela. Seus planos libidinosos para aquela noite não seriam adiados só porque a sua namorada lhe dissera não.

O popstar, sedento por sexo, levou Isabelle para fora dali e checou o movimento pela casa. Ao notar que seus pais e irmãos mais novos estavam recolhidos em seus respectivos quartos, achou que era uma boa hora para inaugurarem a cama de casal do quarto de hóspedes.

Taylor deixou a namorada entrar primeiro e fechou a porta atrás de si, arrancando o suéter e baixando a calça em seguida. Isabelle observou os movimentos rápidos dele, a cueca saindo embolada pelos pés, e encarou o pênis armado em sua direção. O sorriso sacana no rosto rosado do garoto e a pegada firme que ele deu em seu membro, excitando-o, esquentaram o quarto e o corpo dos dois.

— Eu sabia que era só uma questão de arriscar. Aqui estamos, eu e você, sozinhos. Hmmm. Que saudade da sua boca aqui. — Ele chegou mais perto de Isabelle, e ela, ainda vestida, mas salivando, ajoelhou-se para fazer o que Taylor lhe solicitara. — Isso... Ahhh. — Gemeu ao sentir os lábios carnudos fecharem em sua glande. — Eu quero gozar muito, Belle. Não pare, por favor, não pare.

Taylor pegou forte nos cabelos de sua garota, puxando-a ao encontro do seu corpo nu. E ela fez exatamente o que seu mestre mandou, engolindo toda a extensão do monumento que venerava. Os movimentos da boca em sincronismo com as mãos se intensificaram, assim como os gemidos de Taylor, puxando o ar entre os dentes. Isabelle se empenhou mais e mais nas chupadas, para, no fim, deliciar-se com um jato quente e abundante de prazer. O gozo desceu pela sua garganta, e as írises de Taylor brilharam para ela, encarando-a de cima para baixo.

— Boa menina, boa menina... Você é a melhor. Nossa!

O casal ouviu passos no corredor, então, antes que Isabelle pudesse desejar uma retribuição sexual, Taylor achou sensato retornarem para o outro quarto.

— Amanhã a gente continua, e eu juro que darei a você o orgasmo que merece — ele prometeu a ela, catando suas roupas pelo chão.

Um pouco chateada, com sensação de quero mais, Isabelle perguntou a ele onde ficava o banheiro e se dirigiu para lá. Tiraria de sua boca o gosto do desapontamento e encararia o seu rosto no espelho, para ver se lhe sobrara alguma vergonha na cara. Até quando deixaria Taylor fazer o que bem entendesse com ela?

Sempre. Não resisto a esse safado.

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[ Notas ]

*Early decision - nome dado para aplicações na Universidade de Miami feitas por alunos que, se forem aprovados, se comprometem a fazer matrícula e estudar lá.

Música citada:
"Não aprendi dizer adeus" (LEANDRO & LEONARDO, 1991)

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