Livro 2. Capítulo 2. Magic, Tragic Kingdom
Sabrina acordou empolgada na manhã seguinte à visita à Pleasure Island, mas suas amigas, principalmente Barbara, ainda sentiam a amargura causada pelo excesso de preocupação dos Hanson. Apesar disso, não deixaram o desânimo tomar conta. Vestiram-se com roupas leves e coloridas, pois o calor do verão na Flórida era tão quente quanto o do Rio, e aguardaram o chamado de um deles para saírem juntos — ou não — para o café.
Não demorou até que elas ouvissem batidas à porta, e, ao reconhecer a voz de Isaac, Barbara se levantou para atendê-la. Ela mal conseguiu controlar o riso quando se deparou com o Hanson de cabelos presos, óculos escuros e boné. Aquela coisa de se esconder de fãs e paparazzis começava a sair um pouco de controle. Será que os acessórios são um disfarce? Barbara pensou em perguntar. Porém, após receber um beijo de bom-dia do seu amado, foi ele quem a chamou para uma conversa.
— Vamos esperar lá fora — avisou Isabelle, deixando o quarto, acompanhada de Sabrina, e fechando a porta.
Isaac tirou os óculos escuros para encarar Barbara.
— Quero me desculpar com você, de novo. Não fui legal ontem à noite. Eu e meus irmãos estamos sofrendo muita pressão por conta desta viagem.
— Vocês tinham a opção de não viajarem com a gente, se a nossa companhia lhes traria tanto problema assim. — Barbara fez uma pausa. — A impressão que me deu ontem, principalmente de você em relação à minha presença, foi de que não estava à vontade, nem feliz.
— Eu estava feliz, sim. Estou feliz.
— Hum. Se você diz... — Ela não chegou a acreditar. — Como será nos parques, Ike? Esses óculos e boné são devido ao calor ou estão sendo usados como disfarce? — perguntou, enfim.
Envergonhado, Isaac pensou um pouco, antes de responder a ela:
— Não viemos acompanhados de seguranças, pois pretendemos passar todos os nossos dias em liberdade, mas, para isso, tem um preço a ser pago. Isso aqui foi ideia do meu pai. — Sacudiu os óculos e apontou para o boné.
— Imaginei. — Revirou os olhos. — Seu pai tem os motivos dele para querer nos deixar à sombra, mas pensei que vocês seriam um pouco mais maleáveis.
— Nós seremos. Já pensamos num jeito de não ficarmos grudados aos meus pais nos parques. Confie em mim, Barbara, apesar de precisarmos manter a discrição, os dias serão divertidos. — Ele se aproximou para tocar os lábios dela com os seus. — Tentarei me estressar menos no dia de hoje. Prometo.
— Vamos, estão nos esperando para tomar café. — Barbara deu-lhe mais um beijo, não muito convencida de que ele não carregaria tensão em suas costas.
Chegaram ao parque bem cedo; dispostos a aproveitarem todas as atrações até a hora do encerramento. Conforme o prometido por Isaac, os irmãos conseguiram convencer os pais de que não havia necessidade de andarem todos juntos pelo Magic Kingdom. Os irmãos mais novos provavelmente passariam um bom tempo na Fantasy Land, área das atrações infantis, e eles estavam a fim de montanhas-russas e aventuras mais radicais. O argumento foi válido, e Walker e Diana concordaram sem impor muita resistência, apenas reforçando a necessidade de serem discretos.
O passeio dos jovens começou pela Adventure Land, e Zac determinou que os Piratas do Caribe mereciam uma visita em primeiro lugar. Sua garota, que nunca visitara a Disney World, precisava conhecer de cara a atração favorita dele. Ninguém do grupo foi contra o pedido do menino. Animados, depois de enfrentarem a fila, sentaram-se lado a lado no barco que faria o trajeto entre piratas, tiros falsos e barris de uísque.
Durante o passeio, observando uma cena com mulheres animatrônicas, amarradas, vendidas em um leilão, Isabelle recordou-se da conversa inusitada que tivera com Taylor em seu primeiro encontro:
— Será que é hoje que serei raptada por um pirata e vendida para um sultão monogâmico? — Isabelle olhou para Taylor, que a encarou de volta com um risinho formando-se em seus lábios.
— Você já foi raptada e está nas mãos do sultão, mas se ele é monogâmico, eu não sei. — Rindo, ele estreitou os olhos para ela, a fim de implicar.
Yo Ho, Yo Ho, a pirate's life for me!
— Acho bom que ele seja. — Chateada com a resposta inconveniente do loiro, ela fechou a cara.
— Ei! Olhe para mim. — Taylor segurou o queixo da garota e levantou o seu rosto, forçando o contato visual. — Você é única, Isabelle, jamais faria algo para magoá-la.
We're rascals, scoundrels villains, and knaves
Drink up me hearties yo ho
We're devils and black sheep - really bad eggs
Drink up me hearties yo ho
Yo Ho, Yo Ho, a pirate's life for me!
As palavras de Taylor saíram misturadas à música ambiente, e, percebendo que sua namorada não queria papo, ele apenas roubou-lhe um beijo na bochecha e deixou o assunto morrer.
Ao deixarem a atração dos Piratas do Caribe, os jovens aproveitaram a ausência de fila no Jungle Cruise e se encaminharam para lá. O passeio pela selva de mentirinha, admirando elefantes e hipopótamos robotizados, ajudou a acalmar os ânimos de Isabelle. Taylor tinha aquele jeito estranho de demonstrar afeto, cheio de piadinhas irritantes, mas foi por ele que ela havia se apaixonado. Achou melhor não perder tempo com picuinhas inúteis e guardar energia para suportar a constante lembrança de que não podia andar de mãos dadas com ele.
O grupo continuou a jornada após uma pausa para tomar sorvete, caminhando todos juntos em direção à Frontier Land. Barbara comemorou, dando um gritinho, ao avistar a Splash Mountain, seu lugar favorito no Magic Kingdom, e Isaac ficou feliz por ela. Zac e Sabrina, mais animados do que Barbara, saíram correndo na frente, a fim de garantirem um lugar na imensa fila.
— Tão apressados. Até parece que correr minimizará os longos minutos que passaremos ali. — Isabelle sorriu para Taylor, que caminhava ao seu lado em passos lentos. — Que cara é essa? — perguntou ao perceber o semblante fechado do namorado. — Desanimado com o tamanho da fila?
— O problema não é o tempo de espera, o que me preocupa é essa euforia toda do pessoal. Quanto menos nos colocarmos em evidência, melhor.
— Taylor, relaxe! O dia mal começou... — A garota respirou fundo, sem paciência para o excesso de cautela. — Ontem foi o Isaac, todo estressado. Agora você? Precisamos deixar rolar e agir naturalmente. As pessoas no parque estão mais preocupadas em se divertirem do que cuidar da vida dos outros.
Quando os dois chegaram à fila, os apressados já estavam lá. Zac não parava de se mexer e, de mãos dadas com Sabrina, inventou uma dancinha ridícula. Isaac fingiu não ver a bobeira do irmão mais novo, mas Taylor, aflito com a possibilidade de serem reconhecidos, pediu a ele que se acalmasse.
— Ai, está me machucando! — Zac tentou livrar-se do aperto de Taylor em seu braço. O grito foi ainda mais chamativo do que a dancinha.
— Shhh! — Taylor levou o indicador ao nariz e à boca, pedindo silêncio. — Pare com isso, retardado, estão olhando!
Pouco se importando com a autoridade de seu irmão, Zac deu de ombros e voltou a dançar com Sabrina. Desta vez, o pirralho adicionou uma trilha sonora.
— Zip-a-dee-doo-dah, zip-a-dee-ay. My, oh my, what a wonderful day! Plenty of Sunshine, heading my way, Zip-a-dee-doo-dah, zip-a-dee-ay!!!
— Moleque idiota... — Taylor resmungou encarando Zac.
Depois de uma hora aguardando na fila da atração, finalmente chegou a vez deles. Zac estava mesmo a fim de aprontar. Sentado atrás de Taylor em um dos bancos do veículo motorizado sobre trilhos, ele retomou a cantoria. Isaac, que até então evitara se meter nas divergências dos irmãos, entoou o coro, mandando ver na irritante Zip-a-dee-doo-dah, zip-a-dee-ay. My, oh my, what a wonderful day! Plenty of Sunshine, heading my way, Zip-a-dee-doo-dah, zip-a-dee-ay!!!
Barbara e Sabrina acompanharam seus Hanson favoritos, adicionando vozes femininas à canção. Isabelle, no entanto, receosa de agir contra a vontade de Taylor, manteve-se quieta. O loiro queria socar os irmãos, e ela notou a agressividade reprimida sem que ele nem precisasse abrir a boca para protestar.
— Olhe, está tudo bem. Eles só estão se divertindo. — Pisando em ovos, Isabelle deu um beijo estalado na bochecha do ranzinza.
— O casal aqui da frente pode nos reconhecer... — Taylor sussurrou, olhando fixamente para os cabelos brancos adiante. — Eles são velhos, talvez um pouco surdos, mas não cegos. Basta uma viradinha para trás, e pronto!
— Eles não vão olhar para trás. — A garota estalou a língua, definitivamente sem paciência para ele. — E se olharem, o que tem? Nem todo mundo sabe quem vocês são. — Isabelle fez uma pausa, observando a reação do popstar à verdade dita espontaneamente. — Esse seu medo de ser descoberto ainda vai atrair coisa ruim de verdade. Tente se divertir mais e se preocupar menos. Quanto estresse!
— Não estou estressado.
Isabelle desistiu de discutir. Se Taylor fazia questão de ser desagradável, ela se concentraria exclusivamente no passeio pela Splash Mountain. Pelo que pôde perceber, aquela irritação do seu namorado se estenderia durante o resto do dia.
A próxima parada do grupo, escolhida de comum acordo, foi a Big Thunder Mountain Railroad, uma montanha-russa em clima de velho oeste. Em um dia de parque lotado, a fila, claro, era tão grande quanto à da atração anterior. De novo, o jeito hiperativo de Zac, cheio de danças e pulinhos para passar o tempo, irritou Taylor. Desta vez, no lugar de um aperto no braço, o mais novo recebeu uma ofensa. Arnie Grape foi o nome usado para insultá-lo, comparando-o ao personagem com retardo mental que Leonardo Di Caprio interpretara no cinema. A provocação fez Zac sair de si.
— Não se brinca com esse tipo de coisa, seu ridículo! — Ele estava coberto de razão. Perdeu-a quando empurrou Taylor com as duas mãos espalmadas em seu peito. — Você não tem noção de limites!
Escorado em Isaac, Taylor semicerrou os olhos para o irmão mais novo. O ódio exalado no abre e fecha de suas narinas. Sua vontade foi gritar mais alto do que o pirralho e o empurrar de volta, mas deixou a ideia de lado para evitar atrair mais atenção para eles.
— Encontro vocês na Fantasy Land. Ou não! — Zac pegou Sabrina pelas mãos, disposto a deixar o restante do grupo para trás. — Tá difícil conviver com esse babaca. — Ao passar por Taylor em direção à saída, ele deu um tapa boné no irmão, colocando a aba para baixo. — Até quando acha que vai conseguir se esconder?
Zac, controlando-se para não chorar, pediu licença para as pessoas na fila e foi embora acompanhado da namorada. Sua movimentação foi tão rápida que Isaac quase o perdeu de vista. Do lado de fora, ele teve que correr para alcançar o mais novo.
— Aonde você vai? — Isaac fez o irmão parar para ouvi-lo. Sabrina ficou do lado, atenta. — Conviver com Taylor está difícil mesmo, mas, por favor, fique com a gente. Estou responsável por todos... Você sabe, estamos sofrendo uma pressão enorme do papai, e isso tem nos tirado um pouco do sério.
— Mais do que deveria! — Zac demonstrou seu descontentamento ao levantar a voz. — Desde a noite de ontem, que foi uma merda, decidi que vou agir normalmente. Para não contrariar o poderoso chefão, aceitei sair com este boné ridículo e estes óculos escuros, mas eu vou repetir: até quando vocês acham que vamos conseguir nos esconder?
— Por favor, colabore.
Zac estalou a língua antes de puxar o ar e o exalar pelo nariz. Sua paciência estava perto do limite.
Os outros alcançaram os três logo depois. Sem perder tempo, Taylor pediu licença e chamou o irmão mais novo para uma conversa. O fato de ele ter sido educado contribuiu para que Zac, sem ressalva, acompanhasse-o até um ponto mais distante para o tal bate-papo.
— Zac, foi mal pelo que falei, foi mal pela censura. É que se der alguma merda e as nossas relações com as meninas vierem à tona, o papai vai nos comer vivos. Desculpe, estou nervoso.
— Não sou responsável pelo seu nervosismo, desconte em quem criou o nosso manual de boas maneiras. Não adianta você ser estúpido comigo, só porque estou tentando me divertir. No fundo, eu sei; você também quer o mesmo.
— É... Você está certo — Taylor concordou com Zac, que inflou com o elogio. — Vou tentar ser mais maleável. Depois a gente conversa com o papai mais uma vez.
De onde estavam eles andaram em direção ao Skyway, o teleférico que os levaria mais rapidamente de um lado ao outro do parque. Em um dos compartimentos sentaram Isaac, Barbara, Zac e Sabrina. Taylor e Isabelle tiveram que embarcar no seguinte. O loiro chegou a comemorar a viagem em privacidade, mas a felicidade durou breves segundos. Duas adolescentes pularam no banco disponível, agitadas enquanto arrumavam suas orelhinhas de Minnie. Por reflexo, Taylor ajeitou o boné e os óculos escuros, virando o rosto para olhar a paisagem, só porque não tinha como pular dali de cima. Isabelle logo sacou o drama e, para colaborar, chegou um pouco mais para a lateral no assento.
Silêncio de um lado, falatório do outro. As Minnies exalavam o que, até o momento, os Hanson não haviam encontrado naquele lugar: a típica felicidade do Reino da Magia. As duas pareciam tão entretidas uma com a outra e com suas máquinas fotográficas, registrando tudo que viam do alto, que Taylor relaxou quanto à sua paranoia de ser pego em flagrante.
— Quer ser minha princesa? — sussurrou no ouvido de Isabelle ao passarem pelo Castelo da Cinderela.
— Hmmm... Depende... — soprou de volta para ele. — Se eu estivesse dormindo, que nem a Cinderela, você também me acordaria com um beijo?
— Acordaria você com mil beijos — Taylor tocou gentilmente os lábios de Isabelle com os seus —, mas acho que está confundindo as histórias. A dorminhoca é a Gata Borralheira, Cinderela é a do sapatinho de cristal.
A troca de personagens no enredo do conto de fadas arrancou gargalhadas dos dois. Se haviam conseguido certa discrição durante boa parte da travessia, não mais.
Um flash. Dois. O nome de Taylor pronunciado em um grito. E então veio o choro. Nessa ordem. Invasão de privacidade era uma coisa que as companheiras de compartimento não levariam em conta, assim como ratos que não temem subir em um prato de comida se ele estiver dando sopa.
— Fotos não. Eu vi. Passem as câmeras para cá. — Taylor se entregou, porque obviamente seu disfarce não servia para nada. Ele não fez questão de ser educado. — Dividimos o espaço, mas é só isso. As câmeras! — Estendeu a mão, reivindicando o que não tinha direito.
— Não faça isso. — Isabelle se meteu, tentando alertar o namorado sobre seu excesso. — Tay...
— Quem é essa aí? — uma das garotas perguntou enquanto enfiava sua câmera na bolsa.
Isabelle revirou os olhos, chocada com a ousadia. Ela esperava que as tais ratinhas — fãs, por ironia do destino — batessem boca com Taylor, que ele pedisse desculpa por ser tão agressivo, e, no final, sorrissem todos juntos para uma foto. Delírio. O interesse delas era exclusivamente pelo status de relacionamento do cantor, que, até então, mantivera suspense sobre sua vida amorosa, sempre se esquivando da pergunta em entrevistas. Era só nisso que as fãs de todo o mundo pensavam; todas elas na expectativa para saber se a solteirice de longa data dos irmãos não passava de uma farsa.
A outra garota, ainda com a sua câmera fotográfica nas mãos, não esperou Taylor responder à pergunta da amiga. Estava claro que a lindona ao lado do popstar era sua namorada. Click! Click! Ela sentou o dedo no botão e tirou outras fotos de Taylor e Isabelle, contrariando e irritando ainda mais o ídolo.
A reação dele foi imediata e impulsiva: uma mão no punho da inconveniente e outra na câmera. Em um único puxão, o Hanson do meio fez o que queria ter feito desde o começo: arremessou de cima do teleférico a Kodak descartável da intrusa.
— De onde vem essa obsessão pela minha vida particular? Estou cansado! — Ele bufou e escorregou a bunda no assento, aos poucos tomando noção da besteira que fizera. Gritar com uma fã, ela estando com razão ou não, fora tremenda bola fora.
Houve um momento de trégua, mas a choradeira das Minnies continuou. "Que decepção..." elas repetiam baixinho, encarando Taylor e Isabelle.
— Você consegue vender uma imagem bem diferente da realidade. — A que teve a câmera danificada resmungou. — Quero só ver quando todo mundo ficar sabendo quem é você de verdade.
— Isso é uma ameaça? — O Hanson não se intimidou. — Será a sua palavra contra a minha. Não temos testemunhas suficientes aqui. Não para defender a sua versão dos fatos.
Ao final da travessia, cada um foi para o seu lado. Porém, mesmo distantes, as garotas continuaram a berrar desaforos para o ídolo.
— Inacreditável! — Taylor chegou reclamando ao encontrar os irmãos mais a frente.
— O que foi aquilo? — perguntou Zac, olhando para as Minnies histéricas, que se afastavam em meio à multidão.
— Fãs! — Isabelle fez sinal de aspas com as mãos. — Chegaram invadindo nosso espaço, apontando câmeras bem na nossa cara.
Taylor, cheio de placas vermelhas no rosto, ainda explodindo de raiva, terminou de contar a história. Ele falou do quanto fora grosso, embora não se orgulhasse disso, e que, sem paciência, arrancara a câmera de uma das garotas e a arremessara lá do alto do teleférico.
— Se você se livrou da câmera sem danificar o filme, não adiantou nada. — Isaac deu sua opinião sobre a atitude intempestiva do irmão. — Elas podem voltar lá, onde você jogou a câmera, e recuperar as imagens.
— Falou tanto de mim e no final fez a maior merda de todas... — Zac sacudiu a cabeça, prendendo um risinho. Como era bom jogar a verdade na cara de Taylor.
O culpado engoliu em seco.
— Precisamos achar esse filme, antes de aquelas garotas concluírem o serviço — decidiu. — Vamos.
— Já era. Uma delas tinha uma câmera digital, e eu vi quando a doida a guardou na bolsa. — Isabelle mandou a real.
Taylor estalou a língua, puto. Ele acabou se lembrando desse detalhe.
— Vamos encarar a realidade — disse Isaac. — Estamos ferrados. Não dou nem um dia para essas fotos estarem na internet.
— Horas — emendou Zac. — Então, como eu falei desde o início; o jeito é continuar com a diversão e esperar para ver no que isso vai dar.
— Já não estava conseguindo me divertir, agora perdi a vontade de vez. — Taylor colocou as mãos na cintura e respirou fundo. O sol rachando a pele o deixava ainda mais irritado. — Estou ferrado! Mais algumas horas e todo mundo saberá que estou namorando, que fui agressivo, que sou duas caras... Enfim, o pior ser humano do mundo!
— E o papai vai fazer picadinho de você — Zac completou a linha de raciocínio do irmão. — Mas já que não tem jeito, vamos comer alguma coisa e terminar de rodar pelo parque.
Após uma pausa para o almoço na lanchonete mais próxima, foram ao Astro Orbiter, ao The Extraterror Virtual Alien Encounter e ao Carousel of Progress. Pegaram horas de fila em cada uma das atrações, e quando finalmente entraram na Space Mountain, já eram 5 horas da tarde. Apesar do incidente com as fãs no Skyway, quase todos se divertiram bastante. Menos Taylor. Martirizando-se pela merda que fizera, o loiro passou o dia sem conseguir esboçar um sorriso sequer. Estava ali, mas a cabeça; em outro lugar.
Os jovens voltaram andando para a Fantasy Land, onde haviam marcado com o restante da família no final do dia. O reencontro aconteceu perto dos Dumbos voadores.
— E então, meninos, como passaram o dia? — perguntou Walker, sorrindo de um jeito bem artificial.
Tanto os filhos quanto as garotas sabiam que a pergunta estava cheia de segundas intenções. Seria mais fácil ele ter perguntando diretamente: conseguiram passar o dia, ilesos, sem que alguém os reconhecesse?
Para responder ao general, Zac cantou a música do Small World, dando a ela uma entonação bem mais animada do que a da versão original da canção.
— It's a world of laughter, a world of tears. It's a world of hopes, and a world of fears, There's so much that we share, That it's time we're aware, It's a small world after all...
"É um mundo de risadas, um mundo de lágrimas. É um mundo de esperanças, e um mundo de medos. Há tanto que compartilhamos que é hora de sabermos, é um mundo pequeno, afinal."
Isabelle riu ao dar-se conta de que a letra da música que Zac cantara respondia de um jeito enigmático ao questionamento de Walker.
— Deu tudo certo — Isaac mentiu em nome da paz. — Alguém mais quer ir ao Small World?
A família inteira se divertiu na última atração do dia e, logo depois, jantou em um restaurante chique, onde todos dividiram a mesa. Perto da hora do fechamento do parque, arrumaram um lugar estratégico para assistirem à queima de fogos. O espetáculo de magia, músicas e explosões de cores acima do Castelo da Cinderela trouxe lágrimas aos olhos de todos. Isaac, Taylor e Zac abraçaram suas garotas, e, apesar de não aprovarem 100% aqueles relacionamentos, Walker e Diana ficaram contentes de verem seus filhos tão felizes.
Muito espertos, os Hanson decidiram aproveitar a leveza dos pais, especialmente a de Walker, para conseguirem carta branca para um passeio mais tarde. Não propuseram um retorno ao Pleasure Island, mas uma voltinha motorizada pela cidade.
— Os mais velhos podem ir. Zac e Sabrina eu prefiro que fiquem no hotel — determinou o pai.
Quem seria o louco a contestar? No final das contas, Zac não achou ruim permanecer no hotel, pois aproveitaria para se enroscar com a namorada nos lençóis. Sabrina revelou a mesma intenção para as amigas quando ficaram a sós em seu quarto.
— Vá com calma, hein, Sabrina, o titio já está confiando na gente. — Babara jogou um travesseiro no rosto da mais nova.
— Calma? Ah, claro. — Sabrina devolveu a almofadada. — Aqui entre a gente você não precisa fingir que é uma boa menina. Se fosse você a ficar a sós com o Isaac, aposto que faria o mesmo.
Barbara soltou uma risada alta e incontida.
— É lógico que faria! Aliás, mal posso esperar pela oportunidade. Mas vamos ter cautela. Eu de fato acho que o Walker está começando a se acostumar com a gente.
— Ah, agora você falou corretamente. — Isabelle, nua, pronta para entrar no banho, deu sua opinião: — Ele está se acostumando com a gente, porém, quanto a confiar, eu tenho minhas dúvidas.
— Enquanto ele não colocar fé em nós três, continuaremos fingindo que somos santas. — Barbara gargalhou.
— Santinhas do pau oco. Só se for. — Sabrina gargalhou tão alto quanto à amiga.
— Do pau oco, não, — ponderou Isabelle, rindo também — maciço, por favor!
O quarteto saiu por volta das 11 da noite. O combinado foi que Taylor e Isabelle ficariam no Terror On Church Street, uma casa assombrada enorme, repleta de monstros e mortos-vivos. Isaac e Barbara, por sua vez, esperariam por eles próximo dali, no Rosie O'Gradys's, um bar onde se apresentavam músicos de jazz e dançarinas de can-can.
— Sei que já jantamos, mas estou morrendo de fome. — Barbara levou a mão ao estômago assim que Isaac parou a van em um estacionamento descoberto. — Tomara que tenha comidinhas bem gostosas no bar.
— Certamente terá, mas... — Ele desatou o cinto de segurança e esticou-se para roubar um beijo dos lábios de sua garota. — Não desça do carro ainda. Vamos namorar um pouquinho, primeiro... Temos tempo antes de Taylor e Isabelle retornarem.
Barbara desatou o seu cinto de segurança e baixou o volume da música no rádio. Gostava de Footloose, mas o ritmo dançante não combinava nada com o clima de romance. Seus lábios grudaram-se aos de Isaac, e os dois soltaram um risinho de felicidade sem que para isso precisassem se afastar. Finalmente a sós!
— Ike... — Barbara gemeu o nome do seu amor e tornou a girar a língua na dele.
— Ainda está com fome?
O olhar dele, fixos no dela, indicaram malícia, e Isaac não demorou a desabotoar o jeans. O zíper foi Barbara quem desceu, livrando-o da pressão da calça em seu membro enrijecido. O que um beijo bem dado, cheio de amor e de tesão, não era capaz de fazer? Isaac soltou um gemido no momento em que ela segurou o seu pênis, determinada, e estremeceu quando os lábios úmidos renunciaram à sua boca para lamber a glande.
— Ah, linda, você me mata assim... — Ele fechou os olhos, emaranhando os dedos nos cabelos dela. — Continue, não tem ninguém aqui. Hmmm...
Babara se deliciou com o sabor de Isaac, chupando-o vigorosamente e deixando-o a ponto de explodir.
— Sente-se aqui no meu colo, venha... — ele implorou pela penetração, ofegante, suando na van toda fechada.
Barbara se ajeitou em seu banco e esperou que ele puxasse a calça e a cueca mais para baixo. Sem jeito, levantando o vestido, ela se posicionou sobre ele, descendo lentamente sobre sua ereção.
— Ah, Isaac... — Ela gemeu, enterrada no pênis dele, vibrando com o preenchimento. As mãos firmes, massageando os seus seios, intensificaram o desejo.
Os movimentos, os dois corpos suados em atrito, embaçaram os vidros da van, e, assim, ninguém viu nada quando eles, sem reprimir os gritos, chegaram ao orgasmo.
— Isso aqui está parecendo uma cena do filme Titanic. — Barbara, ainda ofegante, riu, referindo-se ao momento em que Rose e Jack se amam dentro de um carro e embaçam os vidros do veículo.
— Uhum. — Isaac abriu um largo sorriso para ela. — A diferença é que nós não vamos naufragar no final...
— Promete? — Ela roçou seus lábios nos dele e deu mais uma rebolada sobre o seu colo.
— Eu sou completamente louco por você, Barbara.
A questão de o naufrágio acontecer, ou não, dependia do ponto de vista. Naquele momento, no hotel, o casal mais novo via grande probabilidade daquelas relações afundarem. Não por vontade dos Hanson ou das garotas, mas porque Walker viria com tudo para cima deles. As fotos de Taylor e Isabelle no teleférico haviam sido publicadas na seção de novidades do hansonmaison.com, o maior fan site sobre a banda.
— Puta que pariu! — Zac deu um soco no colchão, para não esmurrar a tela do laptop.
— Caramba... — Sabrina, sentada ao lado dele na cama, escondeu o rosto em seu ombro. — Elas foram rápidas, hein? E agora?
— Reunião de urgência. — Ele se esticou para tirar o telefone do gancho, bufou e o colocou novamente no lugar. — Leia para mim o que está escrito, não estou conseguindo raciocinar.
— "Na tarde deste sábado, Taylor Hanson foi visto no Magic Kingdom. Ele e sua suposta namorada foram pegos em flagrante por duas fãs, e isso pode ser comprovado com as imagens abaixo. Há rumores de que o loirinho estava bem irritado com o assédio e chegou a agredir uma das meninas".
— Estamos mais do que ferrados! — Zac olhou novamente para as fotos do irmão. — O boato sobre Taylor estar namorando levantará suspeita sobre mim e Isaac estarmos namorando também, e, como se isso não bastasse, vamos carregar a fama de estúpidos por tabela.
— Não quer falar com o seu pai de uma vez?
— Sem chance. Melhor esperar meus irmãos voltarem. Precisamos conversar antes de falarmos com ele. Vou torcer para que o meu pai não veja este site, não até que tenhamos pensado em um jeito de solucionar isso aí... — Ele esticou o queixo para a tela.
— Ligue para os seus irmãos. O quanto antes, melhor.
— Mais tarde. É preferível os dois relaxarem um pouquinho, porque a conversa será pesada depois. — Zac colocou o laptop para o lado e se virou nu sobre Sabrina na cama. — Dá tempo de fazermos mais uma vez?
— Duas... — Ela sorriu e abriu as pernas para recebê-lo.
Os dois já estavam de banhos tomados e recompostos quando o restante do grupo chegou da noitada. Isaac, Barbara, Taylor e Isabelle se espalharam pelo quarto para saber, com mais detalhes, sobre o que Zac contara a eles brevemente pelo telefone.
— O que está rolando? — Taylor sentou ao lado do irmão mais novo no sofá, para acompanhar o bate-papo no site oficial da banda.
— A opinião das fãs está bem dividida. Algumas acham que as fotos são montagens, outras falam que as imagens estão mal definidas, que tem o boné e os óculos escuros, e que pode ser só alguém parecido... Mas há também quem diga que é você, sim, e que o odeiam por estar namorando e por ter sido estúpido.
— Não podem provar nem uma coisa nem outra. E nem beijando a Isabelle eu estou nessas fotos! — Bufou. — Querem saber? Que falem o que quiser! Vou abrir o jogo para o papai e aguentar o esporro. Ele vai saber preparar uma boa desculpa para tudo isso.
— Taylor, sinceramente? — Isabelle, sentada na cama, bateu as duas mãos nos joelhos. O barulho estalou no quarto. — Acho que vocês têm que tomar uma decisão. Chegou a hora de os três escolherem se querem nos esconder ou nos assumir.
— Não é assim tão simples... — Sem se exaltar, ele rebateu a posição de Isabelle. Jamais poderia esperar que ela se opusesse às determinações de Walker.
— Se não é tão simples, pode passar a ser. — Barbara ficou do lado da amiga, defendendo seus interesses. — Nós aceitamos as regras do seu pai antes de viajarmos, mas, convenhamos, já deu para perceber que não tem como passarmos despercebidas. Hoje rolou o probleminha com você e a Belle, amanhã poderá acontecer comigo e com o Isaac, ou com Zac e Sabrina.
— Vocês estão em cima do muro. Não é justo com as fãs e nem com a gente — concordou a mais nova.
— É muita pressão! Por favor, meninas. Pressão por todos os lados; gravadora, fãs... E agora vocês também? — Taylor saiu de onde estava e sentou-se ao lado de Isabelle. — Entendemos a posição de vocês, mas, por favor, entendam a nossa. Infelizmente a solteirice ajuda a vender discos. Manter os relacionamentos no armário não tem nada a ver com gostar menos de vocês.
— Será que os três não veem que não dá mais para nos esconder? — Barbara se levantou e colocou as mãos na cintura. — A solteirice ajuda a vender discos, mas as fãs não são burras. Aquelas que dizem que as fotos são montagens só não querem admitir a verdade.
— Barbara... — Isaac foi até ela e deu-lhe um beijo no rosto emburrado. — Nós vamos resolver isso, eu prometo. Eu meus irmãos vamos conversar com nosso pai, talvez ainda hoje, e colocar os fatos na mesa.
— Então coloquem. — Isabelle deu um tapinha na coxa de Taylor e ficou de pé. — Vamos dormir, meninas?
— É sério que vocês vão sair daqui chateadas? — Zac fechou o laptop sobre o seu colo e o deixou sobre o sofá.
— Amanhã a gente resolve isso. — Sabrina não disse nem que sim nem que não. Ela deu um beijo nos lábios de Zac e, já de pé, acenou para os outros. — Boa noite, meninos.
As três garotas mal entraram no quarto e tornaram a falar a respeito da pressão em cima de Isaac, Taylor e Zac. Isabelle, que fora tão firme no seu posicionamento, a primeira a questionar um deles, colocou em dúvida os seus direitos:
— Será que não pegamos pesado demais? — Ela se sentou na cama para tirar os sapatos. — Até que ponto nós estamos em uma posição de exigir alguma coisa?
— Exatamente no ponto em que encheu o nosso saco. — Barbara, do outro lado do colchão, também livrou-se dos sapatos. — Ontem à noite nós já tínhamos falado sobre isso. Agimos certo, Belle.
— Fiquei bem chateada com o que aconteceu no teleférico, no parque de uma maneira geral. Foi estranho estar com o Taylor, como namorada, e, ao mesmo tempo, não estar. Foi como se eu estivesse incomodando. E ele passou o dia inteiro paranoico e chato. Melhorou um pouco no passeio agora à noite, na Church Street, mas logo sentiu a carga da bomba com a ligação do Zac.
— Esse comportamento oscilante, em cima do muro, vai mudar. Estou sentindo. — Barbara se ajeitou na cama, recostando-se sobre dois travesseiros apoiados à cabeceira. — Vai mudar para todas nós. Ah, vai!
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[ Nota ]
Música citada:
"Footloose" (KENNY LOGGINS, 1984)
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