Livro 1. Capítulo 5. Hora de dizer adeus
Walker levantou às 5 da madrugada e, como não havia dormido nada, resolveu descer e caminhar na praia. Um pouco de ar puro talvez lhe fizesse bem.
Achou que já tinha visto safadezas demais um pouco mais cedo, mas o show não havia terminado. Ao chegar à sala de estar, encontrou Isaac e Barbara agarrados no sofá, dormindo profundamente, como se estivessem em suas próprias camas. Precisava tirá-los dali, antes que outras pessoas acordassem e a situação ficasse ainda mais constrangedora.
Deu duas batidinhas no ombro do filho e, ao aproximar-se, percebeu que tanto ele quanto Barbara exalavam suor e sexo misturados a álcool.
— Pai? — O loiro tomou um susto ao acordar. — O que estou fazendo aqui?
— Vista suas roupas, Isaac, você e sua amiga estão praticamente nus.
Sentindo-se péssimo, ele fez o que Walker mandou. Sabia que o pai estava irritado, tentando ao máximo controlar a raiva, então achou melhor manter-se calado.
Barbara abriu os olhos e viu o general, foi então que se deu conta de onde estava. Envergonhada de ter sido pega naquele estado, ela rapidamente se recompôs, tão muda quanto seu parceiro.
O casal se levantava para dar o fora dali quando Walker chamou o filho. Barbara seguiu seu caminho pela escada, deixando que seu amado segurasse a barra.
— Ike... — Walker pigarreou. — Eu tive uma conversa com o Zac quando estávamos no hotel. Falei para ele algumas coisas sobre sexo e gostaria de ter conversado com você e com o Taylor...
Isaac o interrompeu:
— Ah, pai... Esse papo, agora?
— Agora. — Ele fechou o semblante. — Deixe-me continuar. Eu sei que você e Taylor também estão tendo relações sexuais com as suas amigas. Não é verdade?
Isaac fez que sim com a cabeça, embora não fosse necessário responder.
— Quero que pense bem no que está fazendo. — Walker continuou. — Não vou ficar aqui lhe dando bronca, porque você tem 18 anos e aquela menina também é mais velha, mas prestem atenção nos lugares que escolhem para namorar intimamente. Foi imprudente fazerem... isso... no sofá. Vocês poderiam ter sido pegos pelos donos da casa, ou mesmo por um de seus irmãos mais novos.
Isaac baixou a cabeça e continuou ouvindo o sermão do pai:
— Além da questão sexual, sei que vocês beberam, pude sentir o cheiro de longe. Meu filho, você nunca teve o costume de beber. O que deu em você? Tem certeza de que essas garotas são boas influências?
— Eu sei que não tinha o costume de beber, mas não vejo problema em uma dose ou outra para relaxar. Isso não tem nada a ver com as meninas. — De certa forma tinha, mas ele não admitiria. — Pai, nós estamos completamente envolvidos com a Barbara, Isabelle e Sabrina. Não adianta demonstrar que você não gosta delas. Já percebemos, mas isso não fará diferença no final.
Isaac encarou Walker com a certeza do que queria, cheio de força para lutar pelo que sentia pela sua garota.
— A distância é que fará diferença. Elas estarão aqui e vocês estarão lá. Você não consegue compreender? Não sou eu que impedirei qualquer coisa, serão as circunstâncias. Além do mais, elas são bem mais evoluídas do que vocês, anos luz à frente no quesito malícia. Não acho que tem como dar certo.
— Você pensa que somos completos idiotas que não sabem nada da vida, não é?
— Não acho que meus filhos são idiotas, claro que não. Vocês sabem o necessário, condizente com as idades que têm. Mas elas são...
Isaac não quis ouvir o resto, interrompendo o pai:
— Elas não são nada diferentes da gente. Você só não conseguiu perceber, ainda, que os costumes é que não são os mesmos. — Ele deu um passo para o lado, a fim de seguir pela escada. — Não vou ficar aqui discutindo esse tipo de coisa com você.
Walker achou melhor não levar o debate adiante e resolveu dispensar o filho. Nervosos, os dois não conseguiriam chegar a um denominador comum. Outra hora ele convenceria Isaac de que um romance com aquelas garotas jamais teria futuro.
— Vá. Suba e descanse mais um pouco. Depois do almoço retornaremos para o Rio, e mais tarde pegaremos o voo de volta ao nosso país. Será um dia desgastante.
— Você vai mesmo nos afastar delas, não vai? — perguntou ao pai, sentindo os olhos marejarem.
— Não, Ike. — Bufou. — Não é culpa minha, precisamos ir para casa.
Isaac virou-lhe as costas e, angustiado, subiu as escadas. Sabia que o retorno para Tulsa poderia ser mesmo o fim daquele encontro maravilhoso, e que, talvez, nunca mais vissem as cariocas que entraram com tudo em seus corações. Sem querer perder nem um segundo ao lado de sua garota, ele deitou na cama de Barbara. Agarrado a ela, deu-lhe um beijo suave no ombro, antes de voltar a dormir um pouco mais.
Zac foi o primeiro a acordar, por volta das 10 horas da manhã, e tratou de despertar os outros:
— Hora de levantar, pessoal! — berrou ao deixar as cobertas.
Ele abriu a janela com um imenso sorriso no rosto, mas o céu cinzento o desapontou instantaneamente. Quando os outros acordaram, a reação diante do clima foi como a do mais novo. Taylor deixou a cama e colocou a mão para o lado de fora.
— Droga! — resmungou. — Nossas últimas horas aqui e teremos que aturar essa chuvinha chata.
Levantaram de vez, arrumaram-se e foram tomar café no andar de baixo. Jessica e Avery comiam biscoitos, sentadas à mesa, no momento em que eles chegaram.
— Mamãe está arrumando nossas coisas, vocês têm que arrumar a de vocês antes do almoço — avisou Jessica.
Depois do café, as meninas ligaram para casa e comunicaram que em algumas horas estariam de volta ao Rio. Enquanto isso, os três rapazes retornaram ao quarto para organizar seus pertences.
— Vou jogar tudo de qualquer jeito. Bem amassado mesmo. Dane-se! — Zac, chateado por ter que ir embora, descontou sua frustração arremessando calças e camisetas dentro da mala.
— Mas deixe do lado de fora a roupa que usará para voar, retardado — caçoou Taylor. — Ou você acha que pegará o avião desse jeito, de short e chinelos?
— Se eu quiser, qual o problema?
— Shhh! Chega! — Isaac deu um basta na fagulha de discussão. — O que pensam em fazer quando terminarmos de arrumar essa bagunça?
— Contar os pingos do lado de fora — Taylor rebateu, sem paciência, observando a chuva que insistia em cair.
— Podemos ir até o salão de jogos — sugeriu Zac. — Ainda está em obras, mas tem uma mesa de sinuca. Melhor que nada.
Depois de arrumarem as malas, desceram para jogar e deixaram o quarto livre para as meninas. Assim, as três puderam organizar suas coisas e conversar em particular.
— Vou sentir muita falta do que vivemos nesses últimos dias — suspirou Barbara. — Não só do Isaac, mas da nossa aventura como um todo. Quando nos hospedamos naquele hotel, era somente um plano, com grandes chances de dar errado, e olhe aonde chegamos.
— Vou morrer de tanta saudade... — concordou Isabelle, dobrando o vestido usado na noite anterior. — Mas cheia de orgulho por termos conseguido. Estou nas nuvens e não sei como descer. Não sei nem se quero descer.
— Foi tão bom dormir no mesmo quarto que eles. — Sabrina colocou a última peça de roupa dentro da mala e sentou-se sobre ela. — Pude escutar a respiração do Zac junto à minha, o calorzinho do seu corpo... Fora todo o resto. Nunca me esquecerei desses dias.
Depois de uma longa conversa cheia de saudosismo e esperança para o futuro, elas desceram para encontrar os Hanson no salão de jogos.
— Vamos tirar algumas fotos antes de irmos embora? — sugeriu Barbara, com uma câmera na mão. — Quero um último registro dos nossos bons momentos.
Tiraram fotos, brincaram e implicaram uns com os outros, até o instante em que Diana apareceu, chamando-os para comer. Havia uma imensa lasanha à bolonhesa para o almoço de despedida. A hora se aproximava.
Durante o almoço, Barbara, Isabelle e Sabrina não desgrudaram os olhos dos meninos. Queriam que as imagens deles, seus sorrisos lindos, ficassem registradas para sempre. Tinham se esquecido de que era para isso que serviam os pôsteres.
Quando deram 2 horas da tarde e a chuva finalmente parou, Walker começou a colocar a bagagem dentro do barco. Enquanto encarregava-se da parte chata, seus filhos e as meninas despediam-se daquele lugar incrível.
Sabrina e Zac retornaram à casa da árvore, pois o pequenino espaço suspenso tinha muito significado para eles.
— Bina, nunca me esquecerei de você e dos momentos bons que passamos. Muitas coisas deram errado, mas a gente deu certo. — Sorriu. — Não quero nem acreditar que temos que nos separar... Chega a me dar um aperto no peito. É uma pena ter encontrado a garota da minha vida em um lugar tão distante.
— Nem me fale em aperto no peito... — Os olhos da menina encheram-se de lágrimas devido ao adeus, mas sentia-se feliz por ele ter se referido a ela como "garota da minha vida". — Ficarei pensando em você o tempo todo, Zac. Você estará pra sempre em minha mente.
— E você estará pra sempre em meu coração. — Zac arregalou os olhos, tentando não chorar. — Sempre que eu fizer uma música romântica, ela será para você; sempre que eu comer uma coisa gostosa, estarei pensando em você...
Sabrina soltou um risinho e, ainda com lágrimas de tristeza e de felicidade caindo pelo rosto, abraçou seu ídolo amado.
— Isso é tão injusto, Zac, você não pode ir embora. Têm muitas coisas que ainda não fizemos juntos, muitas coisas que precisamos aprender juntos. Nós precisamos um do outro.
— Está doendo em mim também. — Ele não aguentou prender as lágrimas e as permitiu que molhassem o seu rosto. — Não suporto deixar para trás o que é importante pra mim... Por isso eu garanto; não vamos perder contato. Palavra de Zac Hanson.
Eles se abraçaram ainda mais forte. Se tivessem escolha, jamais se largariam.
Isaac e Barbara escolheram a orla do mar para viverem seus últimos momentos em Angra. A areia molhada grudava em seus pés descalços enquanto percorriam a distância até a rocha onde tinham feito amor.
— Felizes são os peixes... — Isaac interrompeu o silêncio após um suspiro. — Oceanos não os impedem de se encontrarem, podem cruzar todos os mares, são livres...
— Não somos peixes, mas também podemos ser felizes. Temos oceanos nos separando, terra e muita distância, mas nos encontraremos em nossos sonhos. — Ela sorriu para ele com os olhos marejados. — Somos livres para fazermos o que quiser na nossa imaginação... E sem dúvida nos falaremos pela internet.
— Claro. Nem me passou pela cabeça perder totalmente o contato.
Não conseguiram controlar a emoção, deixando as lágrimas caírem sem impedimentos. Cheio de carinho, Isaac pegou nas mãos de Barbara e a beijou nos lábios. Em seguida, ele retirou o anel da pureza de seu dedo.
— Isso é para você. Aceite.
Barbara pegou o presente e o fechou em sua mão, o rosto em uma mistura de lágrimas e sorrisos.
— O que você acha de jogarmos os dois anéis, o seu e o meu, juntos, no mar? Eles se perderiam por esse imenso oceano e, assim como os peixes, estariam sempre juntos. Seria como um elo; um pouquinho de nós dois, unido para a eternidade.
Barbara e Isaac eram pura intensidade. Por mais que se conhecessem há pouco tempo, sentiam como se já fossem parceiros desde muitos e muitos séculos. Falar de eternidade lhes parecia muito natural. De mãos dadas, eles caminharam em direção ao mar, prontos para jogarem seus anéis ao infinito.
— Vamos ficar juntos, Barbara. Não importa o tempo que houver entre este nosso encontro e o próximo. Eu prometo que nos veremos novamente. Aqui ou em Tulsa, ou em qualquer outro lugar... Prometo.
Barbara o abraçou e, em um piscar de olhos, viram os dois anéis de prata sumirem no mar.
— Agora está feito. — Ela sorriu. — Seremos um do outro para sempre.
Eles se beijaram novamente, sentindo a água do mar tocar os seus pés, abençoando aquele momento.
Taylor e Isabelle, também em clima de adeus, foram até o campo de futebol. Andaram até o centro, de mãos dadas, e lá pararam um de frente para o outro.
— Diga pra mim que não vamos nos separar. — A voz de Isabelle tremeu enquanto o loiro a encarava.
— É inevitável.
— Não deveria ser assim... — A emoção da garota desceu em lágrimas pelo seu rosto.
Taylor soltou as mãos de Isabelle e tirou do pescoço um de seus cordões, o mesmo que ela recusara na noite em que se conheceram.
— Tem certeza de que não quer este presente? — Ele lhe estendeu o cordão. — Talvez assim você me sinta mais perto quando eu partir.
Desta vez ela aceitou a oferta, puxando o cabelo para o alto, para livrar o pescoço.
— Muitas garotas morreriam por esse cordão, mas eu escolhi você. — Taylor se aproximou, para colocar o presente nela. — Não poderia estar em melhores mãos.
Ainda mais perto, o loiro tocou de leve os lábios de Isabelle com os dele, saboreando cada pedacinho da boca que o havia viciado. Diante daquele beijo e dos lindos olhos azuis de seu ídolo, Isabelle não foi capaz de interromper o pranto.
— Não chore... — Taylor secou as lágrimas dela com as pontas dos dedos. — Vai ficar tudo bem. Quero você, e a distância não nos impedirá de manter contato.
— Você está mentindo, não está?
— Por que você nunca acredita em mim? — Taylor terminou com a boca entreaberta, chateado. — Estou sendo mais do que sincero. Quero você, Isabelle, e quero muito. Acredite em mim, eu não seria capaz de magoar alguém tão especial.
— Posso lhe pedir uma coisa?
— Tudo o que você quiser.
— Vamos mesmo manter contato?
— Eu juro, não vou sumir. Minha vida é bastante movimentada, mas acharei tempo para nós dois. Não me lembro de ter estado tão feliz como nos últimos dias e devo isso a você. E, de certa forma, às suas amigas também. Nós somos um time agora. Tenho certeza de que Isaac e Zac sentem o mesmo pela Barbara e pela Sabrina.
Isabelle emocionou-se ainda mais com as palavras dele. Foi muito bom ouvir que nenhuma das três fora um mero passatempo para os irmãos Hanson.
Beijavam-se, perdidos naquele momento, quando, de repente, Taylor sentiu alguém bater em sua perna.
— Papai está chamando vocês — avisou o pequeno Mackenzie. — É para obedecer.
O loiro pegou o irmão no colo e foi com ele e Isabelle para a parte da frente da casa. Estavam todos reunidos, apenas esperando por eles para partir.
— Temos que ir — comunicou Walker.
— Antes venham cá — Isaac chamou os irmãos e as meninas. — Coloquem suas mãos sobre a minha, vamos fazer um pacto.
Os jovens se aglomeraram em uma roda apertada, fazendo exatamente o que o irmão mais velho sugeriu.
— Esse não é um adeus para sempre — disse Barbara. — Nosso encontro não aconteceu por acaso, nem apenas porque eu e minhas amigas nos empenhamos para isso, mas porque estava escrito. Nenhum de nós desistirá do que conquistamos e em breve estaremos juntos novamente. Basta querer.
— E a gente quer. — Zac beijou Sabrina no rosto.
— Somos um time agora — Taylor repetiu o que dissera para Isabelle. — Quebramos todas as regras que conhecíamos até então e não nos arrependemos de nada. Meus pais, os pais de vocês, ninguém vai nos impedir de vivermos o que queremos viver.
— É isso aí! — Zac puxou o grito que todos seguiram: — Uhuuu!
Após aquele ritual de fortalecimento em conjunto, despediram-se de Bill e Monica, agradeceram pela hospedagem e, em seguida, embarcaram.
Ao chegarem ao Rio de Janeiro, despediram-se antes mesmo de irem para o aeroporto. A choradeira foi inevitável, mas não havia o que fazer, além de dizer um "até breve" e seguir a vida.
Depois dos dias maravilhosos, das conversas, dos beijos, da amizade, as meninas se perguntavam se aquele romance tinha mesmo acontecido. Será que fora apenas um sonho? Não. Definitivamente, não.
No mês seguinte, as aulas recomeçaram, e quando as três não estavam estudando, pensavam apenas em Isaac, Taylor e Zac. Mesmo com a distância, não tinham perdido o contato com os Hanson, falando com eles, pela internet, sempre que possível. A saudade era muita e mútua.
Em maio, quatro meses após o primeiro encontro, uma carta chegou para elas no endereço de Barbara. Combinaram uma tarde livre para a lerem juntas. Dizia:
Tulsa, 15 de maio de 1999.
Oi, garotas,
Como vocês estão? Esperamos que muito bem, mas morrendo de saudades.
Resolvemos quebrar a rotina da troca de e-mails e escrever uma carta. É sempre mais romântico, não acham? (Sou eu, Isaac aqui!)
Como vocês sabem, decidimos continuar a turnê, para que nossos pais ficassem satisfeitos. Isso fez com que ganhássemos um bônus, ou seja, ter nosso desejo realizado. Em junho faremos o último show (ufa!) e então poderemos nos encontrar novamente. Isso não é maravilhoso? Não vemos a hora de estarmos juntos! E de férias!
Estamos preparando uma surpresa, e como será uma das grandes, encerraremos a carta por aqui. (Será grandioso e mágico! Zac pediu para dizer.) Mas chega de dicas!
Com amor,
Isaac, Taylor e Zac
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