Livro 1. Capítulo 3. Vamos para Angra

No dia seguinte ninguém acordou cedo, afinal, não havia nada programado na agenda dos Hanson até a hora do almoço. Somente por volta das 10 da manhã, os jovens, que dormiam no mesmo quarto, ouviram alguém bater à porta.

— Mackie? — Zac, o único a levantar da cama para atender ao chamado, espantou-se ao dar de cara com o irmão mais novo.

— Papai quer falar com você — avisou a criança.

Sem a menor paciência para sermão matinal, Zac pegou Mackenzie no colo, fechou a porta e dirigiu-se ao quarto ao lado. Ao entrar, deparou-se com ambiente vazio. Diana levara as suas irmãs — Jessica, Avery e Zoe — para a piscina, para deixar que Walker ficasse a sós com o filho.

— O que você quer, pai? — Depois de perguntar, ele deixou o irmão no chão e sentou-se na cama.

— Ontem à noite, eu e sua mãe ouvimos uns barulhos estranhos vindos do banheiro de vocês. Gostaria que me explicasse o que estava acontecendo, pois parecia a sua voz... — Disposto a escutar e esclarecer as dúvidas de Zac, ele usou de toda sua calma.

— Bem... — O garoto olhou para o chão, encabulado. — Eu estava tomando banho e...

— E...?

— Bem, você sabe...

— O que tem para me contar? — Walker repousou a mão no ombro dele, em um gesto de apoio. — Sou seu pai, você pode e deve confiar em mim.

Zac tapou o rosto, para esconder o rubor. Mal podia acreditar que seu pai o faria passar por aquele constrangimento.

— Você e aquela sua amiguinha fizeram alguma coisa errada? — insistiu.

— Acho que... sim. — Zac respirou fundo. — Nós... transamos. Por favor, não diga a ela que lhe contei. Sabrina vai me achar um idiota se souber.

— Ficará entre nós, pode deixar — prometeu, olhando preocupado para o filho. — Quantos anos essa menina tem? Ela me parece tão nova...

Zac deu de ombros.

— Acho que tem a minha idade, não perguntei... Isso importa?

Walker balançou a cabeça, chocado com a naturalidade de Zac diante da situação. Ele precisava dar um jeito naquilo.

— Vocês são muito novos para esse tipo de envolvimento. Peço para que não siga adiante com essa coisa de... — Forçou uma tosse. — Sexo.

— Ah, pai! Qual o problema? Taylor e Isaac transaram todos os dias e você não os chamou para uma conversa. Por que eles podem e eu não?

Walker viu-se em uma saia justa, mas sabia que deveria falar alguma coisa.

— Eles são mais velhos e, pelo menos, deram o primeiro beijo antes de transar. Você pulou etapas.

— Eu também beijei antes... — Conteve um risinho.

Walker levou a mão à cabeça e bufou.

— Quero que me prometa uma coisa. Pode ser?

— Depende. — O pirralho foi sincero.

— Não se envolva mais seriamente com essa menina. Nada de sexo, por favor. A mãe dela não sabe de nada e...

— Isso não é justo! — Zac o interrompeu. — Esse pedido tem que ser feito para os meus irmãos também.

— Chame os dois para conversarem com a gente. Vamos resolver o problema.

— Não tenho como chamar os meus irmãos, não agora. O Isaac está dormindo com a Barbara, e o Taylor com a Isabelle.

Walker sacudiu a cabeça e se rendeu:

— Faça o que achar melhor, Zac. — Pigarreou, um tanto irritado. — Mas lembre-se de se prevenir, certo?

O garoto considerou a dica do pai importante, embora não tivesse usado proteção alguma com Sabrina até então.

— Só mais uma coisa antes de ir. — Walker olhou o relógio. — Não deixe que a imprensa descubra o que está acontecendo. É importante continuarem achando que estão descompromissados. Isso é bom para o imaginário das fãs... Você sabe, é bom para as vendas. Vá e acorde os seus irmãos e amigas. Saiam dos quartos, tentem se divertir ao ar livre, o dia está lindo. Que tal irem para a piscina?

Zac levantava-se para ir embora quando seu pai o interrompeu mais uma vez:

— Ah! Por curiosidade: o que você sente por essa garota?

— Sabrina é o máximo, nos damos muito bem... O meu coração acelera quando estou com ela.

Zac pegou o megafone sobre a cômoda e saiu. Ao chegar de volta ao seu quarto, colocou na boca o objeto que usava durante as apresentações de Man From Milwaukee e gritou:

— Hora de acordar! Está um dia lindo lá fora! Essa é a mensagem do senhor Hanson! — A animação do garoto, mesmo após a conversa séria que tivera com o pai, era de dar inveja.

Foi impossível não abrir os olhos com aquela gritaria. Além do alvoroço de Zac no quarto, um ainda maior, vindo lá de baixo, chamou a atenção de Taylor. Depois de se espreguiçar e de dar um beijo no rosto de Isabelle, ele encaminhou-se à janela. O Hanson do meio acenou para as fãs em frente ao hotel, e o ato singelo fez com que as meninas berrassem ainda mais alto.

O mais novo debruçou-se no parapeito, ao lado de Taylor, e, usando o megafone para fazer-se ouvir, perguntou:

— Esqueceram-se do Zac Hanson?

Uma histeria incontrolável se deu início, e, achando graça da situação, os irmãos mandaram beijos para as teenyboopers.

Sabrina e Isabelle incomodaram-se com a situação, pois gostariam de continuar como o centro das atenções. O que os meninos davam às outras fãs, em comparação ao que davam a elas, eram migalhas, mas não estavam nem aí; queriam exclusividade. Por pouco não levantaram para beijá-los na frente das coitadas.

Isaac, no sétimo andar, ouviu a barulheira vinda lá de baixo. Curioso, levantou-se da cama e foi até à janela. As fãs, assim que perceberam a presença dele, gritaram ainda mais. Algumas estranharam o fato de o Hanson mais velho não estar no mesmo quarto de Taylor e Zac, mas elas não se questionaram sobre o motivo.

Barbara, ainda na cama, usou sua voz mais sexy para chamar seu ídolo, querendo que a atenção do loiro voltasse para ela:

— Venha cá, me dê um beijo.

Isaac saiu da janela e foi ao encontro de sua garota, vestindo apenas a cueca branca que usara para dormir.

— Você está muito gostoso, sabia? — Mordiscou a ponta do dedo, fazendo charme.

Ele sorriu, observando-a com os olhos famintos, e deitou-se sobre o corpo nu que o esperava, cobrindo Barbara de beijos que se intercalavam entre os lábios e o pescoço. Aconchegados um ao outro, no início de mais um encontro quente e apaixonado, foram interrompidos pelo toque do telefone:

— Ei, Ike! — Taylor o cumprimentou do outro lado. — Acho melhor descermos e darmos um pouco de atenção para aquelas fãs. Elas estão lá na porta desde que chegamos... Quem sabe não sumam depois de alguns autógrafos?

— Agora? — Apertou seu membro duro sob a cueca.

— Tem que ser logo. Nenhum hóspede deve mais aguentar essa gritaria.

Isaac soltou o ar, inconformado de que seu momento de prazer fora para o ralo. Bem, talvez ele pudesse ser rápido.

— Estarei pronto daqui a meia hora. Encontro vocês lá embaixo.

Na hora marcada, os três Hanson apareceram no lobby. Ao vê-los através dos vidros, as fãs avançaram em direção à porta de entrada, na intenção de correrem até eles. Os seguranças não permitiram a invasão do hotel, porém, quando os meninos pisaram do lado de fora, elas aglomeraram-se em volta dos ídolos sem deixar espaço para que respirassem.

Zac, irado com um rasgo em sua camiseta, feito entre um puxão e outro, decidiu retornar ao hotel sem a menor chance de voltar para as selvagens. Ficaria seguro, do lado de dentro, curtindo a piscina com as meninas e o restante da família.

Os outros irmãos continuaram dando atenção para as fãs por mais uns quinze minutos e retornaram ao hotel quando o ambiente do lado de fora se encontrava bem mais tranquilo.

Assim que chegou à área da piscina, Taylor pegou Zoe no carrinho e levou a irmãzinha para Isabelle segurar. Diana e Walker observaram a cena, incrédulos, pois sabiam que ele nunca permitira que uma fã ficasse assim tão perto da caçula.

— Acho que nosso filho está apaixonado por essa menina — concluiu Diana.

— Eu tenho certeza — concordou Walker. — Sei também que Zac e Isaac estão de quatro pelas outras duas.

— O que será que elas fizeram? Eles nunca ficaram assim antes... Parecem enfeitiçados. — Um arrepio frio fez a matriarca Hanson estremecer.

— Elas não são fãs comuns, Di, não são como as que estão lá fora. Bill havia me alertado. Elas disseram a ele pela internet que não os amavam somente como ídolos, mas como garotos quaisquer. É preocupante.

— Para fazer o que elas fizeram, acho que só pode ser amor mesmo.

— Não seja ingênua, isso não é amor. — O olhar do general observava o comportamento de Isabelle e Taylor brincando com Zoe. — É paixonite de fã, que acha que pode viver um sonho romântico com eles. A gente sabe que acontece.

— Que seja. Elas são diferentes, dá para perceber. Olhe o brilho que trazem para os rostos dos nossos meninos... — Diana acompanhava a interação do casalzinho com sua filha bebê, assim como seu marido. — Você acha que eles conseguirão ficar sem elas?

— Eles terão que se acostumar.

O casal desviou a atenção de Taylor e Isabelle para Isaac, Barbara, Zac e Sabrina, que brincavam de Marco Polo na piscina.

— Não entendo como podem ser tão crianças em um momento e tão maduros em outro... — comentou Walker.

— Nossos filhos estão crescendo, temos que aceitar isso.

O general deixou que os meninos se divertissem um pouco e, por volta de meio-dia, chamou-os para subir. Precisavam se arrumar e correr para um almoço de negócios com um executivo da gravadora.

Depois de sofrer certa insistência, Walker concordou que os filhos levassem suas amigas ao compromisso profissional, mas desde que os seis se comportassem. Isaac, Taylor e Zac ficaram felizes com a atitude do pai, tanto que voltaram atrás na decisão de encerrar a turnê antes do tempo.

Se essa havia sido uma estratégia de Walker para conseguir o que queria, tinha funcionado.

Durante o almoço quase tudo saiu como o programado. Eles se embaralharam apenas quando o executivo perguntou se as meninas eram suas namoradas brasileiras. Porém, antes que os filhos entregassem o jogo, Walker antecipou-se, finalizando o assunto:

— São suas fãs preferidas.

Após a entediante reunião, os Hanson ficaram livres para aproveitar suas últimas horas no Rio de Janeiro. O único problema foi encontrar um lugar para eles visitarem, sem que fossem incomodados por fãs. Gostariam de conhecer o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, andar no calçadão de Copacabana ou passear no parque Terra Encantada, mas nada disso poderia ser feito. Conformados, voltaram ao hotel, onde se despediriam das meninas e, mais tarde, seguiriam para São Paulo.

O que os Hanson não sabiam é que uma reviravolta aconteceria.

Bill, que amava o Rio de Janeiro, acabara de comprar uma casa em Angra dos Reis e foi até o hotel convidar seu amigo para estrear a residência ao lado dele e de sua esposa.

— Gostaria muito de ir, mas os meninos ainda têm um show em São Paulo... — argumentou Walker, pesaroso por ter que negar o convite.

— É uma pena, Wall, faz muito tempo que não passamos uns dias juntos. — Bill apertou o ombro do amigo. — A casa é sensacional, seus filhos se divertiriam muito por lá.

— Tenho certeza de que sim. Estamos todos precisando de um descanso, mas...

Zac, que escutava a conversa, intrometeu-se:

— Ah, pai, vamos... — Fez cara de pedinte.

— Você sabe que não será possível. — Walker foi um tanto ríspido. — Não podemos cancelar o show de amanhã.

— Claro que podemos. Basta dizer que um de nós está com laringite, ou os três. — Deu de ombros. — Que tal dizer que perdemos as vozes? Nós fazemos tudo o que você quer, custa abrir uma exceção?

Walker estreitou os olhos para o filho, tentando reprimi-lo, enquanto Bill ria das ideias do menino.

— Não acha que pode fazer o que o Zac sugeriu? Os Hanson não seriam os primeiros e nem os últimos a cancelarem uma apresentação na véspera.

— É um tanto... — Walker pigarreou — irresponsável.

Bill deu outra gargalhada.

— Eu sei que sempre fui a ovelha negra do nosso grupo, e você sempre o certinho, mas... vamos lá, Wall, seja maleável. Vou preparar um churrasco, para comemorar o aniversário da minha esposa, e adoraria lhe fazer uma surpresa levando vocês até lá.

Walker continuou achando o cancelamento do show uma ideia muito errada, mas, por fim, concordou:

— Tentarei cancelar o show e os eventos de São Paulo, assim, em cima da hora... — Coçou a cabeça, preocupado, mas pensando que cancelar uma apresentação seria melhor do que correr o risco de cancelar o restante da turnê inteira. Seus filhos agora eram imprevisíveis. — Isso será um tanto complicado, pois envolve quebra de contrato, mas, acho que... Tudo bem.

— Perdi a voz! — Zac se fez de afônico, apertando o pescoço, e depois voltou a falar normalmente. — Podemos levar as nossas amigas? Aquelas que você nos apresentou...

Embora Walker quisesse matar o filho por fazer aquela proposta, Bill concordou sem hesitar:

— São boas meninas, será um prazer tê-las em minha casa.

Depois de agradecer a Bill e sem consultar o pai, o pirralho foi contar a novidade aos outros:

— Arrumem as suas malas, pessoal, papai vai cancelar o show de São Paulo e viajaremos para... — Zac esquecera o nome do lugar. — Bem, vamos para o lugar onde a casa do Bill fica. E vocês, garotas, vão com a gente!

Todos olharam para Zac com suspeita. Aquela história não fazia o menor sentido, e pensaram que fosse mais uma das piadas do irmão mais novo. Porém, o pirralho explicou tudo direitinho, e trataram de começar a movimentação para o final de semana de folga.

Barbara, Isabelle e Sabrina ligaram para casa e pediram autorização aos seus pais para viajarem com os Hanson, algo que lhes custou ouvir sermões e um pouco de insistência quase humilhante. Tiveram que implorar aos respectivos responsáveis, pois eles já achavam absurdo que estivessem hospedadas no mesmo hotel dos ídolos. Na cabeça deles, passarem um final de semana com os Hanson em outra cidade seria um pouco demais. Por fim, usando o poder da chantagem emocional, conseguiram o que queriam: iriam com Isaac, Taylor e Zac para Angra dos Reis.

Walker aproveitou o tempo para fazer alguns contatos, cancelar os compromissos em São Paulo, arrumar as malas e fechar as contas no hotel. Aproveitou, também, para dispensar seguranças e outras pessoas envolvidas com a banda. Aquele seria um final de semana exclusivo da família Hanson. Bem, da família Hanson e das meninas desconhecidas. Não gosto dessa ideia nem um pouco!

Ao saírem do hotel, uma onda melancólica pegou os casais apaixonados de surpresa. Naquele lugar tinham se conhecido e passado momentos maravilhosos, e foi difícil deixar isso para trás sem derramarem algumas lágrimas saudosistas. Porém, agora estavam a caminho de um novo lugar, de novas lembranças, prestes a entrarem no barco que os levaria de Mangaratiba, uma cidade no Estado do Rio, até Angra dos Reis.

— Uau! Que demais! — Zac ficou animado ao embarcar.

— Você fala isso agora, mas quando o barco entrar em movimento, ficará enjoado e odiará estar aqui — implicou Taylor, fazendo-o lembrar-se de que sempre enjoava ao navegar.

— Cale a boca, seu agourento! — rebateu.

Taylor estava certo. Dez minutos após o início da viagem, Zac já sentia náuseas.

— Por que não toma logo essa droga? Parece que gosta de se sentir mal... — constatou Isaac, ao ver o irmão negar o remédio antiemético que a mãe lhe oferecera.

— Cale a boca também, antes que eu vomite o meu almoço em você!

Isaac, Barbara, Taylor, Isabelle e Sabrina conversaram durante toda a viagem, tomando sol na proa, enquanto Zac contorcia-se de dor, deitado em uma cama no interior do barco.

— Viu que tipinho você arrumou, Sabrina? Zac é um fresco, enjoa até em carro — debochou Taylor.

— Ah, não fale assim dele — defendeu-o. — É bem comum enjoar em veículos em movimento.

— Tá bom, tá bom... — Taylor ficou sem graça, por não ter atingido o seu objetivo. — Mudando de assunto: vocês já foram à Angra dos Reis?

— Nunca — respondeu Isabelle. — Quem tem casa em Angra geralmente é rico, famoso, ou as duas coisas.

Barbara riu, concordando com a amiga, mas sentindo-se privilegiada por poder participar do seleto grupo dos ricos e famosos.

Ao chegarem à Angra, ancoraram em um cais, de onde avistaram uma casa muito bonita. De frente para uma praia particular, a construção toda de pedra chamava atenção pela imponência de seus dois andares. Bill vivia a vida que pedira a Deus: uma bela residência de férias, uma esposa maravilhosa e paz, muita paz.

Monica, a mulher de Bill, tinha um sorriso imenso estampado no rosto ao recebê-los no seu enorme quintal. Não via seus amigos havia um ano, e a felicidade em revê-los era muito grande.

Enquanto os anfitriões mostravam o resto da casa para Diana e Walker, os adolescentes, sem perderem tempo, trataram de arrumar diversão. Pegaram uma bola que encontraram na sala e correram para jogar futebol no pequeno campo gramado nos fundos da casa.

— Meninos contra meninas! — gritou Barbara, já posicionada no lado do campo que escolhera para a sua equipe.

— Isso, meninos contra meninas! — concordou Sabrina.

Barbara chamou as amigas para bolarem uma estratégia de jogo. Sabrina ficaria no gol, pois não era tão habilidosa com os pés, e as outras se revezariam no ataque e defesa. No outro time, decidiram que Zac, o baterista ágil com as mãos, seria o goleiro.

Taylor e Isaac esforçaram-se para fazer um gol, mas ficaram cansados antes de marcá-lo. Barbara e Isabelle dominaram o meio de campo e ataque, e Zac não teve um bom desempenho no gol, como afirmara que teria ao beijar as traves antes do início da partida. Foi fácil vencer os Hanson, e as meninas acabaram goleando por oito a zero em apenas trinta minutos de jogo.

— Vocês são péssimos! Demos um olé! Olé! — comemorou Isabelle, rindo da cara deles. — Mais fácil que tirar doce da boca de criança!

Isaac jazia deitado na grama, com a língua para fora, enquanto Taylor tentava encontrar um motivo para explicar a humilhante derrota.

— Vocês moram no país do futebol, jogam isso desde pequenas. Foi covardia! — protestou e depois riu, pois sabia que não era um argumento forte, já que também praticavam o esporte desde pequenos.

— Taylor, admita que você é horrível com a bola! — gritou Sabrina, balançando-se no travessão.

Após uma longa sessão de implicância e risos, pegaram a bola e foram para a cozinha beber água. Diana, que ajudava Monica na preparação dos cachorros-quentes para o lanche, ordenou que fossem direto para o banho. Estavam suados e tinham grama presa por todo o corpo, inclusive no cabelo.

— Devemos deixar as meninas irem primeiro — determinou Isaac.

— Nada disso — discordou Zac. — Justamente por serem meninas é que elas têm que ir depois. Meninas levam anos fofocando no banheiro. Elas não tomam banho; fofocam.

— É, mas vocês são homens, deixam o banheiro todo molhado e roupas pelo chão — contra-argumentou Isabelle, rindo. — Não queremos um banheiro bagunçado.

— Queridos, há banheiros para todos nessa casa. — Diana riu da implicância entre eles. — Saiam logo dessa cozinha e vão se limpar.

Walker vibrou de satisfação ao ver a alegria dos jovens após a partida de futebol. Ao aceitar fazer aquela viagem e proporcionar aos filhos um ambiente saudável em meio à natureza, conseguira que eles esquecessem aquela história de sexo. Ao menos era o que ele achava.

Durante o lanche, enquanto comiam com o prato na mão, acomodados no sofá — a mesa era pequena demais para todos na casa — conversavam:

— Devíamos ter vindo para Angra antes, aqui é tão legal... — disse Zac, de boca cheia. — Como é bom não ter fãs gritando na minha janela.

— Nenhuma fã gritando, mas cheio de mosquitos me picando por inteiro — reclamou Isaac, batendo em sua própria perna para matar um inseto.

— Deixe de ser fresco! — caçoou Isabelle.

— Não me confunda com o seu queridinho. Taylor é o único baitola sensível da família. Todos têm certa dúvida — Isaac pigarreou —, bem, você sabe... Se não é gay, é um hermafrodita.

Taylor cerrou os olhos para Isaac, cheio de raiva da brincadeira de mau gosto. Se não fosse pela presença de crianças na sala, ele baixaria as calças e provaria para todos a sua masculinidade.

Walker, que estava sentado à mesa, escutou a discussão e levantou-se para dar-lhes uma bronca:

— Vocês não têm vergonha de discutirem na casa dos outros? Ainda mais sobre esse tipo de coisa.

Depois de pedirem desculpas ao pai, Taylor encarou Isaac, como de dissesse: "acertaremos nossas contas depois".

— Você me paga, seu caolho escroto ­— resmungou o ofendido, jogando baixo ao criticar o defeito físico de Isaac, que tinha um olho um pouco menor do que o outro.

Após o jantar, mais calmos, resolveram fazer um lual. Isaac pegou o seu violão, Taylor um pandeiro e Zac um chocalho. As meninas, como não tinham habilidade para tocar nenhum instrumento, comprometeram-se a entoar o coro das canções que escolhessem.

Sentados na areia fofa, em um pedaço da praia que fazia parte do terreno de Bill, formaram um círculo. Nem foi preciso acender uma fogueira, pois a maravilhosa lua cheia era suficiente para iluminar o local e criar um clima romântico.

— O que vamos cantar? — perguntou Isaac, deixando clara a sua restrição: — Qualquer coisa menos Mmmbop.

— Por que não Mmmbop? — Quis saber Sabrina.

— Essa música está em todos os lugares, tocamos em todos os shows, não a aguentamos mais. — Zac a respondeu. — Temos carinho por ela, mas precisamos de uma folga.

— Que tal A Minute Without You? — pediu Barbara, com os olhos brilhando. — É minha música predileta, vocês sabem...

Isaac aceitou imediatamente o pedido. Ele faria qualquer coisa para deixá-la feliz.

Permaneceram sentados, cantando, tocando e trocando olhares durante uma hora, até que cansaram do passatempo. Sem muitas opções para curtir a noite na ilha, Isaac deu a ideia de caminharem pela orla. A sugestão foi muito bem aceita, menos por Zac e Sabrina, que, alegando cansaço, voltaram para casa com os instrumentos.

— Onde estão os outros? — perguntou Walker, assim que os viu entrar. — Isaac e Taylor não deveriam ter voltado também?

— Eles e as outras meninas foram andar pela praia; explorar a ilha. — Zac deu de ombros, pouco se importando com a preocupação do pai. Tranquilo, ele colocou os instrumentos em cima do sofá.

— Por que vocês não foram com eles? — perguntou Monica. — É tão bom caminhar pela praia à noite. E hoje a lua está cheia, tão bonita.

— Estamos cansados — respondeu Sabrina, olhando para os adultos, que conversavam sentados à mesa. — Foi um dia longo.

— Cansados às 10 horas da noite? — surpreendeu-se Bill, com um simpático sorriso no rosto. — Conta outra! Por que não vão conhecer a casa na árvore?

— Vocês têm mesmo uma casa na árvore? — Os olhos de Zac chegaram a brilhar. Quando ele pensou que a noite chegara ao fim, uma nova possibilidade se abriu.

— Sim, temos — respondeu Monica. — E é uma casa tão legal que dá para ficar em pé lá dentro. Basta seguir pelo caminho que leva à quadra de tênis...

Ele nem deixou Monica acabar de explicar o caminho; pegou Sabrina pelas mãos e a arrastou porta afora, correndo para chegar o mais rápido possível à casa na árvore.

— Venha! — disse ele — Eu tive uma ideia.

Os dois, com dificuldade, subiram na imensa árvore pela íngreme escada de madeira pregada ao tronco. A casa era muito bonitinha por fora, toda de madeira pintada de branco e envernizada. Por dentro não havia muita coisa, apenas uma pequena mesinha encostada a uma das paredes. Sobre ela encontraram um castiçal com uma vela e uma caixa de fósforos.

— Acho que é o único jeito de iluminar o ambiente. — Zac acendeu a vela. — Deveriam ter pensado na parte elétrica quando construíram esta casa.

— Mal devem subir aqui. O casal não tem filhos. Além do mais, quem quer subir em árvores à noite? — Sabrina sentou-se no chão e ela mesma respondeu: — Bem, você. Mas não sei por que correu tanto.

— Eu só queria chegar logo — disse Zac, sentando-se ao lado dela. — Qualquer coisa seria melhor do que cair em mais um interrogatório do meu pai.

— Então me fale. Qual foi a ideia incrível que você teve?

Zac aproximou-se dela, arrastando a bunda no chão, e sussurrou em seu ouvido:

— Que tal continuarmos a nossa aprendizagem? Hein?

— Aprendizagem? É o que eu estou pensando? — perguntou Sabrina, em dúvida se tinha entendido corretamente a conotação sexual da proposta. — Aqui?

— Vamos brincar de casinha. — Ele ficou de pé para explicar. — Eu sou seu marido. Vou chegar de volta do trabalho querendo encontrar o jantar pronto, para depois levar você para a cama e fazer amor durante a noite toda.

— Eu, hein! — rosnou Sabrina. — Você é machista demais!

— Não sou, não. — Ele girou a cabeça com a testa franzida, pensando no que havia sugerido.

— Ah, não? Na sua historinha você quer dominar a mulher, que não passa de uma mera dona de casa, e tem coragem de dizer que não é machista?

Sabrina levantou-se também, irritada com os comentários dele, soprou a chama da vela e falou:

— Acho que não quero brincar disso. Vamos brincar de tudo o que seu mestre mandar. Eu sou o mestre, claro.

— Isso significa que serei seu escravo e terei que obedecer a todas as ordens? — Torceu o nariz.

— Isso mesmo!

— Sem chances! — protestou Zac. — A não ser que você me amordace, me algeme e depois tire minhas roupas, arranhando todo o meu corpo...

Sabrina o interrompeu:

— Não quero um escravo sexual! Você é pervertido!

— Eu sou pervertido? — Riu. — Quem foi que me assediou no primeiro dia lá no hotel?

Sabrina colocou as mãos sobre rosto, que ficou completamente vermelho.

— Tudo bem, você venceu. Aceito brincar de escravo sexual — rendeu-se. Zac tinha razão, ela era tão pervertida quanto ele.

Enquanto eles discutiam as regras da nova brincadeira, Isaac, Taylor, Barbara e Isabelle passeavam pela praia.

— Bill tem uma casa sensacional. Este lugar é tão bonito que, se eu pudesse, ficaria aqui para sempre... — Isaac apertou gentilmente a mão de sua garota, que caminhava ao seu lado. — Pra que sair daqui para a confusão do mundo lá fora?

— A casa é realmente de cair o queixo — concordou Barbara. — E Angra dos Reis é linda mesmo...

— Tanto que inspirou compositores — complementou Isabelle, referindo-se a Renato Russo.

— A atmosfera tranquila de Angra, o mar, o verde, dão mesmo inspiração para compor — comentou Taylor. — Mas, na verdade, bastou pisar no Brasil que as ideias começaram a surgir. O Rio de Janeiro é mesmo uma cidade maravilhosa... Assim como essas meninas lindas que conhecemos.

— Ah, muito obrigada pelo elogio — Barbara agradeceu a ele, uma vez que Taylor não se referira apenas à Isabelle.

— Tivemos a sorte de vocês cruzarem nosso caminho. — Isaac beijou o rosto de sua garota e depois se dirigiu ao irmão. — Escreveu alguma música nova?

— Anotei uma coisa ou outra nos intervalos que tivemos; nada finalizado ainda — ele falou, sorrindo e olhando para Isabelle. — Mas sei que chamarei a canção de While I'm Sleeping.

— Do que se trata? — perguntou Isabelle, esperançosa de que a música fosse sobre ela ou para ela.

— Hmmm... Sobre certezas. — Depois de olhar para a sua garota, sorrindo timidamente, Taylor cantarolou baixinho: — Enquanto durmo, perguntas ganham respostas. Nos meus sonhos não restam dúvidas, e sou salvo. Salvo por ela. A garota que veio para me tirar do sono eterno. Viver é mais que ouvir o grito da fama. Dormir não é apenas uma coisa comum, se ela está ao meu lado. Enquanto durmo...

— Muito bom, Taylor, excelente! — Isaac o elogiou. — Gosto da letra e gosto da melodia. Zac tinha que ter ouvido isso.

— É realmente muito linda. Muito obrigada por cantar uma parte para a gente, assim de primeira mão. — Isabelle não cabia em si de contentamento. — Uma pena mesmo Zac e Sabrina não terem ouvido.

— Será que aqueles dois já estão dormindo? — questionou Barbara. — Não me convenceu aquele papo de que estavam cansados.

— Nem a mim. Aposto que estão por aí fodendo! — opinou Taylor, sem a menor vergonha de falar aquilo alto.

Zac, apenas de cueca, deitado no chão frio da casa da árvore, reclamava de estar preso pelos punhos aos pés da mesa. Sem se importar com o incômodo do menino, Sabrina, usando uma mecha de seu cabelo, fazia cócegas por todo o seu corpo, torturando-o lentamente.

— Por favor, pare! Isso não estava nas regras que combinamos! — implorou, quase em respirar.

— Não há regras, Zac, eu menti! — Como uma bruxa má de contos de fadas, ela gargalhou. — Vou arrancar sua cueca com a boca, e não pode ficar excitado, ouviu? Se isso acontecer, farei outra sessão de cócegas!

Sabrina olhou para a sua presa, cerrando os olhos, cheia de maldade, e se abaixou para fazer o que prometera a ele.

— Ora, ora, parece que você perdeu novamente... — Ela riu ao ver o volume, rígido, sobressaindo no algodão branco da cueca. Sem demora, partiu para outro ataque de cócegas.

Quando Zac pediu arrego, ela o deixou respirar e deu-lhe um provocante beijo nos lábios. Sem desfazer as amarras que o prendiam à mesa, ela se levantou e seguiu a tortura, fazendo um desinibido striptease.

Sabrina era jovem, inexperiente, mas tinha a erupção e quentura características de um vulcão. A convivência com amigas mais velhas fizera com que se desenvolvesse bem mais depressa do que deveria.

— Oh, meu Deus... — murmurou Zac, com os olhos arregalados ao vê-la nua. — Você quer que eu exploda?

— Ainda não, só quando eu estiver em cima de você — provocou-o. — Eu não sei muito sobre isso, mas o que vi no filme Instinto Selvagem deve ser suficiente.

Ela agachou, sentando-se encaixada sobre ele, e o beijou novamente, mordiscando aqueles lábios carnudos de que tanto gostava. Sabrina seguiu com a brincadeira sexual, e, aos poucos, subindo e descendo ritmada, sentiu uma onda quente tomar conta do seu corpo. Aquela era a melhor sensação do mundo, e, sorrindo, ela comemorou enquanto ofegava: "conseguimos, finalmente conseguimos!" Nos minutos que seguiram o imenso prazer, repousando sobre o peito de Zac e ouvindo as batidas de seu coração acelerado, ela relaxou.

— Sabrina, você é tão selvagem! — Respirando ainda ofegante, o pirralho sorriu. — Você é minha Sheena morena.

— E você é meu Tarzan loiro; forte e potente!

Nem em um momento sério eles perdiam o senso de humor. Eram mesmo duas crianças descobrindo juntos os prazeres do sexo. Se Walker os flagrasse ali, completamente nus e colados um no outro, colocaria os dois de castigo.

Sabrina desamarrou Zac, que já sentia as mãos formigarem, e disse:

— Agora você está livre, meu amor.

Zac sorriu para ela.

— Livre das amarras nos punhos, mas prisioneiro do seu coração. Pensei que não diria isso aos 13 anos, mas tenho que admitir: eu estou apaixonado!

— Eu também, também estou apaixonada — concordou Sabrina, abraçando-o bem forte. — Não resta a menor dúvida.

Então, entre as confissões de amor e desejo, Zac percebeu que algo estava errado. Ele havia ejaculado pela primeira vez.

— O que vai ser de mim agora? — perguntou Sabrina, choramingando. — Você sabe que isso pode levar a uma...

— Gravidez! — Ele completou o pensamento, assustado. — O que será de nós dois? Meu pai tinha me avisado, falou para eu usar proteção.

— E agora, Zac?

— Vamos chamar o meu pai, ele pode nos ajudar.

— Ajudar como? De jeito nenhum! Morreria de vergonha de falar sobre isso com ele. Sem contar que seu pai, esquentado do jeito que é, daria uma bronca sem tamanho em nós dois. Não estou a fim de passar por isso.

Mais uma vez tinha dado tudo errado. Pensaram que era castigo de Deus por terem feito tanta besteira.

Depois de se acalmarem um pouco, desceram da árvore e voltaram para casa. Calados e esquisitos, falaram para os adultos que estavam com sono, a mesma desculpa que haviam usado mais cedo, e subiram para dormir.

Na praia, os casais conversavam sentados em uma rocha gigante, de onde podiam apreciar a paisagem e curtir o barulho do mar.

Isaac e Barbara estavam tão envolvidos e ocupados com eles mesmos que nem repararam que, em breve, Taylor e Isabelle passariam para o segundo nível.

Com uma de suas mãos apalpando os seios da garota sob a camiseta e o pênis duro entre as pernas, o Hanson do meio sentiu que precisava sair dali.

— Venha comigo, tenho algo importante a dizer.

Isabelle olhou para o seu ídolo desconfiada, certa de que Taylor lhe proporia alguma safadeza imprópria para aquele lugar. Ainda assim, levantou e o seguiu, descendo da rocha com cautela.

— Voltem para cá a 1 hora da madrugada, retornaremos juntos para casa — avisou Isaac. — É melhor não darmos motivo para o papai nos questionar qualquer coisa.

— Neste momento, a última coisa na qual quero pensar é no papai.

Taylor levou Isabelle para um lugar distante e sentou-se com ela em um banco feito de tronco de árvore.

— Belle, eu realmente tenho algo importante a dizer... — Taylor respirou fundo, tomando coragem para seguir adiante. Isabelle suava frio. Baseada no comportamento padrão de Taylor, muito mais sexual do que sentimental, temia o que estava por vir. — Eu quero dizer que...

— Fale de uma vez! — pediu a ele, ansiosa. — Estou preparada para tudo.

— Bem... Você deve achar que a única coisa que quero de você é sexo, mas isso não é verdade. — Ele encarou os olhos lacrimejantes de Isabelle, e o seu semblante sério passou verdade a ela. — Gosto de estar junto de você quando estamos somente conversando ou brincando, gosto do seu jeito carinhoso comigo...

Isabelle sorriu, feliz e aliviada.

— Quero dizer que você me mostrou um lado que eu ainda não tinha descoberto. Todos dizem que o Ike é o romântico dos três, mas eu também tenho um pouco disso dentro de mim. Não sei se você está entendendo aonde quero chegar...

Taylor tocou-lhe o rosto frio, e Isabelle estremeceu, pensando que finalmente escutaria as palavras que tanto queria ouvir.

— Estou apaixonado por você, Isabelle — declarou-se Taylor, inclinando-se para beijá-la. — Sei que nos conhecemos há pouquíssimo tempo, dias, mas não tem como negar: a paixão me pegou de vez.

Isabelle sentiu o beijo de língua no fundo de sua alma. Ninguém no mundo poderia entender o que ela sentia. Era uma mistura de desejo carnal e amor, e o responsável por esses fortes sentimentos era Jordan Taylor Hanson. Ele, que ela não imaginava ter um dia, acabara de se declarar, aparentemente bastante sincero.

— Eu também estou apaixonada por você — admitiu entre um beijo e outro. — E não é de hoje.

Passaram um bom tempo sentados naquele tronco, apenas trocando beijos carinhosos, até que as carícias começaram a esquentar. Uma das mãos de Taylor deslizava dos joelhos de Isabelle até a virilha, sentindo os pelinhos dourados ouriçarem-se pelo caminho. Ele sabia o poder que exercia sobre ela e como um simples toque conseguia deixá-la acesa.

A emoção de Isabelle pôde ser notada quando ele tocou o seu peito. Através da camiseta, Taylor sentiu o coração que batia forte como o seu; prestes a explodir. A jovem, excitada, segurou a mão que a tocava e, sem pensar duas vezes, colocou-a por debaixo do tecido, fazendo com que ele voltasse a massagear os seus seios. Disposta a ir além, ela abriu-lhe as calças lentamente.

— Você quer mesmo fazer isso aqui? — Taylor achou melhor certificar-se, apesar de estarem em um canto deserto da praia.

— Muito... — sussurrou e seguiu em frente, apalpando o membro enrijecido sob a cueca.

O ambiente solitário e iluminado pela luz da lua era propício para uma noite de amor. Foi somente nisso que os dois pensaram enquanto se despiam com a calma que o momento pedia. Completamente nus, deitaram ali mesmo na areia, e, com movimentos delicados e constantes, Taylor levou Isabelle à loucura.

Isaac e Barbara continuavam no mesmo lugar, abraçadinhos, aproveitando cada segundo daquela noite mágica.

— Não quero que chegue o dia de ir embora... Não quero me despedir de você. — Barbara olhou para ele, prestes a chorar.

— Eu também não. Será muito difícil deixar você aqui. — Baixou a cabeça, entristecido. — Sei que voltará para o seu namorado...

— Isso não vai acontecer! Não falei com o Rafa esses dias todos... Aposto que ele deve estar irritado comigo, mas não tive vontade de entrar em contato. Eu só penso em você agora, você é o único que quero. — Segurando-o gentilmente pelo queixo, Barbara levantou o seu rosto, depositando-lhe um beijo suave nos lábios.

— Diga pra mim que não vai me deixar — pediu, segurando as lágrimas.

Isaac era um romântico sem limites, e o excesso de paixão o levava a situações de exagero, como naquele exato momento. O seu drama era bem maior do que a ocasião pedia; parecia que Barbara morreria tão logo ele voltasse para Tulsa. E ela, outra romântica apaixonada, também não economizava no melodrama.

— É você quem vai me deixar para trás, Isaac. — Envolveu-o em um abraço. — Mais alguns dias e um avião com destino à Oklahoma o levará para bem longe.

— Melhor pararmos de pensar nisso. — Isaac beijou sua cabeça, segurando firme as suas mãos.

Looks like we made it, look how far we've come my baby... — Barbara cantarolou baixinho o primeiro verso de uma música melosa.

— Está tentando me dizer alguma coisa? — Isaac sorriu para ela.

— Exatamente o que diz a letra. "Parece que conseguimos, olha até onde nós chegamos, meu amor..." Shania Twain, adoro. — Ela mostrou a língua, um pouco sem graça com a sua apresentação. Sabia que não era tão afinada quanto ele.

— Sentirei falta de momentos como esse, Barbara; da sua espontaneidade, das diferentes maneiras que encontra para dizer que...

— Para dizer que... sou sua.

Barbara colou seus lábios nos dele e, lentamente, puxou-lhe a camiseta para cima, deixando à mostra o seu peito nu. Isaac fez o mesmo com ela, e logo estavam com os corpos unidos sobre a rocha fria, gemendo alto, como lobos uivando naquela noite de lua cheia.

Na hora marcada, os jovens reuniram-se novamente para voltar para casa. Isaac e Barbara riram do casalzinho descabelado e cheio de areia por todo o corpo.

— Do que estão achando graça? — perguntou Taylor.

— Você parece um frango empanado! — Isaac não perdeu a oportunidade de sacanear o irmão. — Estilo KFC.

— Nem fale em KFC, estou com tanta fome... — comentou Isabelle, sem perder o bom humor.

— Apetite aberto é natural depois do sexo. — Barbara aproveitou para falar em português. — Eu também estou faminta.

As duas riram, trocando olhares maliciosos, e os irmãos ficaram sem entender nada. Apesar de não perguntarem o que Barbara havia falado em português, concordaram em relação à fome.

— Por que não pegamos o carro e vamos a algum lugar para jantar? — sugeriu Isaac.

— Primeiro, porque não tem carro aqui; segundo, porque estamos no meio do nada, seu idiota! — rebateu Taylor.

— Quem é idiota? — perguntou Isaac, encarando-o.

— Você! Se não reparou, estamos em uma ilha afastada da civilização.

Os dois já haviam discutido mais cedo, devido a uma ofensa de Isaac quanto à masculinidade de Taylor. Como se isso não bastasse, Taylor também não havia gostado da comparação a um frango empanado. Chamar Isaac de idiota fora apenas um jeito de demonstrar seu descontentamento, mas, com isso, uma discussão de proporções maiores começou a se formar.

— Ei, meninos! Já chega! — Isabelle tentou dar um basta no princípio de incêndio. — Acabei perdendo a fome com a briguinha de vocês dois.

— O Isaac é sempre um pé no saco... — resmungou Taylor. — Ele vai ver só, um dia ainda acabo com ele!

— Estou ouvindo, Taylor. — Isaac soltou um risinho debochado. — Pois fique sabendo que não tenho medinho de você... Sua bichona!

— Segure meu saco, então!

— Ei! — Barbara se meteu. — Sério, meninos, vamos parar com isso. Que discussão mais boba!

Entraram em casa em silêncio e, depois de passarem no banheiro, foram para o quarto. Esperavam encontrar Zac e Sabrina acordados, mas como eles já estavam dormindo, tiveram que trocar de roupa e encontrar as respectivas camas no escuro.

— Não estou com sono, alguém quer conversar? — sussurrou Isabelle, depois de rolar de um lado para o outro sobre o lençol.

— Não... — O primeiro a abrir a boca foi Zac, mas como ele continuou a responder com frases desconexas, perceberam que ele falava enquanto dormia. — Não, não... Eu não quero... Não posso, sou muito novo...

— Zac? — Isaac, de onde estava, tentou chamar o irmão.

— Não era para ter acontecido, Sabrina... — Após aquelas palavras do seu sonilóquio, o pirralho finalmente virou para o lado e se acalmou.

— O que foi isso? — Isabelle perguntou entre os dentes, um tanto assustada.

— Zac costuma falar durante o sono — respondeu Isaac. — Geralmente acontece quando ele dorme estressado ou ansioso.

— Mas ele parecia tão bem hoje. — Barbara deu sua opinião.

— Talvez tenha acontecido alguma coisa depois que eles deixaram a praia. — Taylor bocejou. — Amanhã a gente dá um jeito de descobrir. Boa noite a todos.

Isabelle e Barbara, sem a menor vontade de dormir, desceram para conversar na sala. Agora, sem os Hanson por perto, poderiam contar uma para a outra os detalhes da noite quente na praia. Passaram a madrugada toda falando das especialidades de Isaac e Taylor na cama — ou na areia — e, quando se deram conta, o dia já estava amanhecendo. Foi só então que retornaram ao quarto para descansar.

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[ Notas ]

Músicas citadas:
"Mmmbop" (HANSON, 1997)
"A miute without you" (HANSON, 1997)
"You're still the one" (SHANIA TWAIN, 1997)

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