Capítulo 5

Na manhã seguinte, S/n arrumou suas coisas, despediu-se de Ethan e Allison e seguiu para à 217. Para a torre de vigia.

Assim que chegou em frente a ela, observou com o binóculo percebendo que o lugar se encontrava vazio. Mas não demorou muito e foi surpreendido pela voz da mulher.

-É feio bisbilhotar!

Davis abaixou o binóculo e se virou para encontrar Hannah com as mãos na cintura enquanto olhava para ele.

-Hun...eu não estava bisbilhotando, apenas averiguando se você estava em casa.

-Então veio me vigiar.

-Não é bem assim._S/n colocou a mochila e seu saco de dormir no chão. _-Bom, é quase isso.

-Desembucha Davis! Eu não tenho o dia todo.

-Tá legal. Sawyer me enviou para lhe fazer companhia.

-Eu não preciso de companhia.

-Qual é, Hannah. Você sabe que precisa. Ethan me pediu para ficar de olho em você e na torre e eu concordei com ele. Agora, caraca! Esse lugar é bem altinho né?

-Puf... ainda não sei como você conseguiu passar nos testes de voou e paraquedismo. É um mistério!_disse Hannah se aproximando da escada da torre.

-Digamos que trapaceei nos testes.

-Foi o que eu pensei. _Hannah falou sarcástica e S/n sorriu.

-Bom...não vai me mostrar sua tão nobre moradia? Estou curioso.

-Se não tenho outra saída...Mas eu estava muito bem sozinha.

-Ah, é! eu vejo. Tão bem quanto o dia que escolheu aquele paraquedas com defeito. _Hannah lançou um olhar insatisfeito por S/n tocar naquele assunto_-É! Ethan me contou sua verdadeira intenção, Hannah.

-Você não tinha que se incomodar com isso. Não é problema seu.

Ela foi para subir a escada, mais Davis a parou segurando-a no braço e a virou para ele

-Está enganada! _ele olhou nos olhos dela_-Quando vai entender que eu me preocupo seriamente com você, Hannah? Você pode não ligar; pode até se punir e se culpar por coisas que você não tem culpa, mais saiba que eu estou aqui e me importo!... Já perdi muitas pessoas nessa vida, não quero perder você também. Então por favor, não tente se matar.

S/n a soltou lentamente e Hannah, após uma última olhada para ele, se virou e começou a subir as escadas. Davis pegou sua mochila e o saco de dormir do chão, logo seguiu a mulher para cima.

Ao chegar, Hannah abriu a porta e permitiu que Davis entrasse. Ele reparou o lugar e colocou suas coisas no chão ao lado da pia.

-Parece maior lá de baixo.

Hannah se sentou no banco atrás de Davis e colocou os cotovelos em cima do balcão.

-Eu sei que você não se sente confortável em compartilhar este lugar, mas prometo que ficarei na minha. Você nem vai perceber que há mais alguém aqui.

-Meio que impossível você sendo você, passar despercebido.

-Ah! Isso foi um elogio?_S/n olhou para ela e a viu erguer uma sobrancelha

-Não.

Respondeu simplesmente e Davis sorriu ladino.

-Quer uma xícara de chá?

-Sim. Por favor.

Hannah acenou para Davis se sentar e assim ele fez. Logo ela começou a preparar chá para eles.

-Parece que uma tempestade se aproxima. Falou com o Capitão sobre isso?

-Sim. Comuniquei através do rádio. Aliás, o sinal daqui de cima é horrível.

-Eu imaginei.

-Se quiser usar o rádio terá que ir até as pedras, onde o sinal do satélite é melhor.

-Ok. _S/n respondeu e Hannah o entregou uma da xícaras. Ele soprou para esfriar o chá e o tomou. _-Hum...isso está ótimo.

-É apenas chá, Davis. _Hannah se sentou no banco onde havia se sentado antes.

-Bom, continua ótimo para mim.

Ele a fez lançar um pequeno sorriso. Eles ficaram um tempo em silêncio enquanto tomavam o chá. Mas os olhos de Davis estavam furtivamente fixados no rosto da mulher. Ele percebera que ela parecia distante. S/n suspirou, colocou a xícara vazia na pia e olhou novamente para a mulher que agora encontrou os olhos dele.

-O que?_Perguntou ela.

S/n mordeu o lábio inferior e se aproximou de Hannah. Os olhos dela focados nos dele enquanto ele se aproximava.

-Quero que saiba que você não está sozinha. Nunca esteve sozinha. Então por favor, confie em mim para desabafar_ele tocou o rosto dela surpreendendo-a. _-Eu sinto sua falta.

-Eu ainda estou aqui. _disse ela sem desviar o olhar.

-Eu sei. Mais é como se não estivesse. Sinto falta daquela Hannah que conheci. Sinto falta da mulher destemida e durona...embora eu saiba que até os durões...

-Precisam de alguém para se preocupar com eles.

Hannah completou a frase dele e S/n assentiu com um pequeno sorriso nos lábios.

-E eu me preocupo o suficiente com você.

Ele acariciou a bochecha dela com o polegar e o toque a fez fechar os olhos. Quando os abriu, Hannah se deu conta do momento, se levantou, e sem olhar para Davis, ela saiu encostando a porta atrás de si e deixou suas lágrimas rolar.

S/n se sentiu mal por ter invadido o espaço de Hannah. Ele pensou em ir atrás para se desculpar, mas sua consciência lhe disse para esperar seu retorno.

Enquanto esperava, ele pegou suas coisas e as deixou próximo da cama. Sem nada para ser feito naquele momento, ele se sentou, mas na medida que as horas iam passando e o tempo se fechando, S/n se levantou e decidiu ir em busca da mulher.

Ele abriu a porta e olhou para a escada, engolindo em seco antes de começar a descer.

Seguindo em frente ao alcançar o chão, S/n acabou encontrando a pedreira. Por sorte Hannah estava sentada lá; de costas para ele olhando entre o céu e o horizonte.

Davis se aproximou ficando de pé ao lado dela vendo um pequeno sorriso brincar em seus lábios.

-Você me encontrou. Está fazendo bem o seu trabalho de vigia, Tenente.

-Desculpa. _disse ele e Hannah o olhou _-Não queria invadir seu espaço daquela forma... Eu estava esperando seu retorno, mais o tempo está cada vez mais sombrio e eu fiquei preocupado, por isso estou aqui.

-Você se preocupa demais.

S/n suspirou e se sentou ao lado dela. Olhou para horizonte e depois para o céu.

-Você não está com medo? Digo; desta tempestade?

-Ben disse que está desviando para o norte, mas não vou mentir e dizer que não estou com medo. Afinal estamos em uma torre conduzida por eletricidade. Se um raio nos atingir é...você sabe.

-Sei. Então espero que Ben esteja certo.

-Eu também.

Ela sorriu fazendo-o sorrir enquanto a olhava discretamente antes de se voltar para o horizonte.



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