97- Morte
Ele era único, amava tanto que morreu sozinho
Ninguém conseguiu vê-lo
Já que estavam todos trabalhando
Ele tinha filhas, mas elas não tinham mais pai
Ele morreu jovem, elas sentiram fome
Sua mãe chorou a noite
E todos fingiram aguentar
Morreu ,olhando paredes brancas, mórbidas, solitárias não havia nada que o lembrasse de casa
Homens de branco iam e vinham
Mas ninguém perguntava como ele estava
Ele sofreu um acidente, mas ninguém lembra nem a placa
Ninguém lembrava do seu sorriso
Que outrora era tão lindo
Sua mulher já não lembrava do seu cheiro
E sua família, sentia medo
De como a vida seria sem ele no meio
Nascemos para morrer, mas ninguém sabe como dói a morte
Mesmo que todos morram
Ninguém sabe como é a morte
Individual, solitária, carnal e eterna
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