6°
PISCO algumas vezes com a claridade e encaro as cortinas azuis... Cortinas azuis? Minhas cortinas são cor creme...
Um sussurro de vento acaricia meu rosto... Não, não vento... Uma... Uma respiração, como se alguém estivesse muito próximo e... Ergo o rosto e vejo Sebastian Blackwood com seu rosto tão próximo ao meu que esse simples movimento fez eu roçar o nariz em seu queixo. E a posição que estamos, meu rosto em seu peito e sua mão em minhas costas...
Afasto-me bruscamente do seu corpo e tão estupidamente desastrada que caio da cama.
— Que... hum... smhu? — fico totalmente paralisada ao ouvir a voz de Sebastian, seja lá qual for a língua que ele está falando.
Olho para minhas roupas ou a falta delas. Estou apenas com uma camisa masculina que com certeza não é do meu irmão.
— Madelaine? — A cama balança e em seguida a cabeça de Sebastian aparece, seus olhos fixos em mim. — Merda... Derrubei você da cama?
Não respondo, apenas fico de pé. Sinto-me ruborizar ao perceber que essa camisa cobre apenas metade das minhas coxas.
— Você costuma ficar muda pela manhã? — ele continua falando. Acho minhas roupas em cima de uma escrivaninha e começo a me vestir. — Certo...
— Olha. — Viro-me para ele, ainda vestindo a calça. — O que aconteceu entre nós... Eu estava bêbada, então não leve isso a sério... Isso aqui foi só um...
— Opa, pode parar aí — Sebastian levanta a mão, me interrompendo. — Você é metida demais para achar que eu ficaria com você, não é?
— Perdão? — Franzo as sobrancelhas. Tento não reparar em seu corpo nu da cintura para cima. Como seu cabelo parece mais claro agora e seus lábios, que estavam tão perto dos meus...
— Nós não transamos, se é isso que está pensando — ele interrompe meus pensamentos.
Eu pisco.
— Eu não estava pensando nisso — tenho a inocência de responder. Sebastian ri com escárnio
— Ok, ok... Mas fizemos coisas mais interessantes que isso. — Ele se recosta na cabeceira da cama.
O que poderia ser mais interessante que sexo?
— O que poderia ser mais interessante que sexo? — Sebastian lê meus pensamentos e eu me assusto. — Interessante, mas não tão bom quanto, Medellín.
— Espere... Do que você me chamou? — Ergo as sobrancelhas. Essa conversa está estranha. Tudo está estranho...
— Você não se lembra mesmo, não é? — Sebastian ri e eu espero. — Não vou lhe contar. Quando lembrar, me ligue.
— Não tenho seu telefone.
— Ah, você tem...
Não entendo o sorriso estranho que ele me dá e volto a pôr minha roupa. Fico de costas na hora de tirar a camisa — sua camisa. Isso parece inacreditável. Até uns dias atrás ele estava me chamando de estranha e então nós dois acordamos na mesma cama.
Pego meu celular que estava perto das roupas. Tem centenas de mensagens de Max e meus pais... Merda! A última vez que os deixei preocupados assim...
— Pode me levar para casa? — Viro-me para ele de novo e dou de cara com seu rosto. Aquela mesma variação de batimentos cardíacos acontece e eu dou um passo para trás, apenas para bater na mesa.
— Preciso da minha camisa. — Ele aponta para sua camisa ainda na minha mão, entrego a ele e saio do seu caminho.
Ainda não consigo entender como nós dois fomos parar na mesma cama. E se ele estiver mentindo sobre não ter rolado nada? Mas por quê ele faria isso? Será que ele está me usando para atingir meu irmão? Mas por quê?
— Vamos, Medellín.
— Não me chame assim — murmuro, envergonhada.
~•~
O caminho foi silencioso se não fosse pela música no rádio. Passei o caminho todo olhando para minhas mãos como se fosse extrair as respostas delas, mas tudo que consegui foram mais perguntas e uma dor de cabeça horrível.
Pelo canto do olho vejo Sebastian mover os lábios silenciosamente e balançado a cabeça no ritmo da música. Achei que ele fosse fazer brincadeiras ou me dar mais apelidos, mas ele não disse uma palavra.
— Obrigada... pela carona — digo quando paramos na frente da minha casa.
— Até mais, Medellín. — Ele se vai antes que eu conteste sobre esse apelido.
Suspirando, caminho para casa. O sol queima minha pele, fazendo o calor de San Francisco se instalar em mim... Calor...
De repente sou bombardeada com lembranças embaralhadas de mim e Sebastian... Lembranças de ontem, percebo.
Já havia rodado todo o quarto e decidi sentar na beira da cama enquanto esperava por Sebastian Blackwood. A música lá embaixo era muito convidativa, mas trancada naquele quarto, não podia descer para dançar.
Ouvi a porta ser destrancada e virei a cabeça para ver Sebastian entrando com um copo na mão.
— Já podemos... descer? — as palavras saíram emboladas, mas Sebastian pareceu entender, pois negou com a cabeça.
— Você não vai sair desse quarto. Pelo menos não desse jeito. — Ele caminhou até mim e sentou ao meu lado, entregando-me um copo. Aceitei, virando o líquido na boca.
— Eca! É água! — Franzi as sobrancelhas, chateada.
— Não achou que eu fosse te dar mais bebida, né? Olha seu estado. — Sebastian franziu as sobrancelhas para mim também e eu suspirei.
— E... E o que vamos fazer? — de repente me toquei que estava trancada em um quarto com ele.
— Posso te levar para casa se quiser.
Olhei para ele por um tempo. O cabelo estava brilhando com alguma coisa que não soube identificar, mas deixava ele mais bonito. Depois os seus olhos, puramente castanhos que estavam muito escuro naquele momento.
Suspirei e desviei do seu olhar, encarando o teto.
— Se eu for para casa agora, vou chorar até amanhecer. Eu disse que não ficaria deprimida, mas depois do que vi, é difícil não ficar.
— Deprimida com o quê? — Sebastian perguntou ao meu lado. E talvez a bebida estivesse fazendo mais efeito do que eu imaginava, mas não me importei de contar os meus problemas a ele. Com certeza nenhum de nós se lembraria mesmo.
— Terminei meu namoro. Bom... Ele terminou comigo — Fiquei de pé, andando de um lado para o outro. — Segundo ele, eu não... Não priorizo... Priorizava o nosso relacionamento. Quer dizer, isso é estúpido!
Encarei Sebastian para ver se ele estava prestando atenção. O mesmo assentiu.
— Pois é... Ele foi na minha casa e queria que eu... Eu escolhesse entre ele e os meus estudos! Vê? Como... Como posso... Ah meu Deus! Isso é tão... Argh! — de repente eu estava irritada. Fechei os olhos e respirei fundo. — Sabe o que mais?
Encarei Sebastian de novo. Ele negou com a cabeça.
— Fui na casa dele antes vir para festa. — Dei risada de como fui idiota. — E sabe quem encontrei lá?
Ele negou.
— Kendall.
O queixo de Sebastian caiu e suas sobrancelhas se ergueram o mais alto que puderam.
— Vê como fui idiota? Isso... Ah meu Deus! — disse pela segunda vez enquanto cobria o rosto com as mãos. — As coisas estão saindo do controle e eu odeio... Odeio perder o controle! Eu nem deveria estar aqui... Eu não vou a festas.... Essa... Essa não sou eu! E...
Comecei a chorar. Toda a mágoa que estava acumulada em mim desde a hora que Theo terminou comigo, se dissolveu em lágrimas.
Sebastian estava me puxando momentos depois. Me fez sentar ao seu lado e apoiar a cabeça em seu ombro, enquanto seu braço me agarrava e sua outra mão acariciava meu cabelo.
— Ele foi um babaca por terminar com você. — Sebastian continuou as carícias em minhas costas, sem se importar se estava manchando sua camisa com minhas lágrimas.
— Eu... Eu fui lá para conversar com ele e vê-lo com ela... — Ainda sem erguer o rosto, respirei fundo. — Ele sabe... Sabe como me sinto em relação a Kendall e mesmo assim... Mesmo assim...
— Não tire conclusões precipitadas — Sebastian disse. Ergui o rosto. — Você não sabe o que aconteceu lá.
— Está defende ele?! — Me afastei, não querendo acreditar que ele...
— Não estou defendendo ninguém, mas você não sabe o que Kendall estava fazendo lá.
— Ah, acredite, era bem óbvio o que ela estava fazendo.
Sebastian respirou fundo, como se tentasse decidir se valia a pena continuar. Mas ele continuou.
— Você ainda gosta do Hendriks, não é?
Assenti.
— Eu não o conheço muito bem, mas o suficiente para saber que não faria isso com você... Então talvez devesse conversar com ele.
Pensei no que ele disse. Theo realmente não era assim... Mas eu vi Kendall... Mas também não devia tirar conclusões precipitadas…
— Não sei como... Como dar continuidade a isso... Não consigo entender o Theo e suas... Necessidades... — Suspirei, frustrada. As lágrimas já haviam parado. — Vocês, garotos, são mais complicados do que pensam.
Sebastian riu e depois ficou em silêncio por um tempo. Tanto tempo lhe encarei. Seus olhos estavam fixos em mim. Recuei envergonhada.
— Posso ajudar você.
Lhe encarei de novo, mas com as sobrancelhas franzidas.
— Eu, obviamente, sou um garoto e posso ser seu amigo se quiser e lhe ajudar a reconquistar seu namorado.
— Você e eu? Amigos?
— Melhor... Serei seu melhor amigo.
Não fazia sentido. Devíamos estar muito bêbados para isso. E o que mais não fazia sentido era porque ele queria me "ajudar".
— O que ganharia em troca? — Semicerrei os olhos para ele.
— Ah, isso nós vemos depois. — Seu sorriso não ajudou muito. Ele percebeu minha hesitação. — Relaxa, Medellín, seremos como melhores amigos de infância!
— Sebastian...
— Você ainda quer ele, não quer? — Assenti. — Você não vai conseguir reconquistá-lo com seus métodos, se foram esses mesmos métodos que levaram ao fim do relacionamento de vocês. Então, deixe que eu, que já estive com várias garotas e sei o que é preciso para conquistar um garoto, ajudá-la.
Torci um cacho do meu cabelo no dedo, pensando... Eu precisava mesmo de ajuda e talvez Sebastian fosse a pior pessoa para isso, mas sorri para ele.
— Melhores amigos de infância, então?
Nós rimos e depois disso tudo virou um borrão. Contei coisas a ele, coisas que não costumo contar a quase ninguém e Sebastian apenas ouvia e ria. Foi estranho. Senti realmente que ele poderia ser meu amigo.
Saio do meu transe e pego meu celular, procurando o número de Sebastian.
Ele atende no ato.
— Nós precisamos conversar.
~•~
Amo esse capítulo. As expressões do Sebastian ouvindo a Made🤧♥
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2bjs, môres♥
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