53°
SEBASTIAN
— FILHA da puta. — Passo as mãos pelo rosto, querendo na verdade quebrar alguma coisa.
Como eu fui tão idiota?
Em partes estou aliviado porque não traí mesmo a Madelaine, mas com muita, mas muita raiva da Kendall por causar toda essa confusão.
Eu fui muito burro, isso é óbvio. É claro que quando eu perguntei se ela me drogou, ela diria que não, mas achei, sinceramente, que ela tinha dito a verdade. Eu deveria ter questionado mais, pressionado mais... Idiota idiota idiota.
— Sebastian. — Madelaine entra no meu campo de visão, seus olhos castanhos me olhando com preocupação.
— Eu me sinto tão idiota — confesso a ela, relaxando os ombros. Suas mãos estão em meu rosto e eu seguro seus pulsos.
— Você foi enganado. Não foi culpa sua. Mas precisamos fazê-la confessar e por mais que eu também queira gritar na cara dela tudo que está entalado na minha garganta, precisamos ficar calmos. Você precisa.
— Esqueceu que tenho fama de esquentadinho? — Arqueio a sobrancelha e ela me olha séria. Mordo minha língua para não dizer como ela também fica linda assim.
— Ligue para ela e chame-a para cá. Então damos um fim nisso.
Eu balanço a cabeça, concordando.
Estamos na minha casa, meus irmãos devem chegar mais tarde, assim como minha mãe e apesar de ter o risco de eles chegarem bem na hora que Kendall estiver aqui, não posso suportar mais um dia com ela espalhando que está grávida e o filho é meu. Ou pior, que eu traí a Madelaine.
— Kendall? — quase engasgo com seu nome quando ela atende o telefone. Madelaine entrelaça nossos dedos, apertando minha mão como incentivo.
— Você finalmente me ligou.
— Quero conversar com você. — Tenciono o maxilar, porque na verdade eu quero que ela vá para o quinto dos infernos. — Pode vir aqui em casa... Agora?
— Claro... Claro que posso.
— Estou te esperando, então.
— Um beijo, amorzinho.
Ela desliga antes que eu seja obrigado a repetir sua fala.
Ponho o celular na escrivaninha e encaro Madelaine.
— Ela está vindo.
— Então é só esperar.
Ficamos em silêncio, repassando o plano. Preciso fazer Kendall confessar que me drogou e que não aconteceu nada entre a gente. A câmera já está escondida para gravar tudo o que ela disser.
— Isso quer dizer... Digo, nós dois... — deixo a frase morrer, mas sei que ela entende.
— Uma coisa de cada vez — é sua resposta.
Eu anuo, entendendo. Outro motivo pelo qual eu quero que isso acabe: que Madelaine possa me perdoar. Perdoar por algo que eu não fiz. Eu só quero tê-la de novo, sua confiança, amor...
— O que está pensando? — ela pergunta, franzindo as sobrancelhas.
— Nada. — Dou de ombros. Não quero pressioná-la com meus pensamentos.
— Mentira nunca foi um dos seus atributos. — Madelaine inclina a cabeça para o lado, me avaliando.
— Na verdade, considerando que escondi meus sentimentos por vocês durante todos esses anos, eu diria que é sim.
— Por que você se apaixonou por mim? — essa pergunta me pegou de surpresa, mas ela parece mesmo querer saber a resposta, então suspiro e conto.
— Eu me apaixonei por você várias vezes. A primeira, foi no fundamental, quando vi você pela primeira vez — afasto seu cabelo do rosto, sorrindo — Era a mais pequena da turma, mas seus olhos enormes eram sempre muito atentos, curiosos. Eu gostei disso. Na segunda, tínhamos oito anos e estávamos no aniversário de Wesley. Eu estava triste, meu pai tinha esquecido do nosso jogo de sábado, mas você sentou ao meu lado e me ofereceu bolo. Eu sabia que você não gostava de mim, mas você percebeu que eu estava triste. Amei você por isso — lágrimas ameaçam cair de meus olhos — Na terceira, foi no seu aniversário de treze anos e você estava linda, mais uma vez. Eu sabia que você estava gostando do Hendriks e isso partiu meu coração. Mas mesmo assim, eu planejei contar para você, achei que podia acontecer aquelas coisas de filme e você dizer que também era apaixonada por mim. Obviamente não aconteceu porque eu era um covarde, mas naquela mesma noite em que você partiu meu coração, você colou cada pedacinho quando beijou meu rosto depois que te dei um livro. Na quarta, era meu aniversário de dezesseis anos e você me deu um abraço. Talvez pareça idiota, mas meu coração bateu tão forte que achei que fosse sair pela boca. Eu sabia que nunca deixaria de sentir isso. Na quinta, foi naquela festa onde você estava parada e de olhos fechados. Eu conhecia você e sabia que tinha problemas com festas, então fui ajudar. Mas quando você olhou para mim, e depois para minha boca e eu percebi que cogitou a ideia de me beijar... Eu quis me declarar ali mesmo, mas não fiz, de novo. Achei que não podia me apaixonar por você outra vez, mas quando nos beijamos... Eu queria dar o mundo a você. E quando fizemos amor... Eu achei que fosse morrer, que minha existência estava completa; que vivi apenas para'quele momento. Mas quando você disse que me amava... Ah, Madelaine, eu não quis morrer, eu quis viver para dar a você todo o meu amor. Eu te quis em minha vida, comigo, como nunca.
Ela está chorando, mas eu ainda não acabei. Não respondi sua pergunta.
— Por que eu me apaixonei por você todas essas vezes? — enxugo seu rosto, mas as lágrimas continuam — Você é tão linda. Não só por fora, mas a pessoa que você é... O seu jeitinho tímido e fofo, mas muito brava também — ela ri — O jeito que você cuida das pessoas, como ajuda todo mundo... Eu admiro isso, já te disse uma vez. Você queria uma resposta, mas uma vez eu li que quando a gente ama alguém, não sabemos o porquê, nós só amamos. E eu amo você, sou apaixonado por você. Desculpe se não era o que você queria ouvir...
Ela me beija antes que eu termine.
Como eu queria beijá-la... Porra, eu estava quase implorando que deixasse eu fazer isso e aqui está ela, beijando-me como se eu fosse a única coisa que importava, tocando-me como se nunca fosse o suficiente... Eu amo essa garota. Amo a forma que seus lábios se encaixam perfeitamente com os meus e como estamos sempre em sincronia.
Meu coração bate tão violentamente que eu poderia achar que estou mesmo morrendo agora.
— Faça aquela vadia confessar, então vamos terminar isso, entendeu? — Madelaine está dizendo, ofegante como eu. Apenas concordo. Se ela me pedisse a lua, eu ia buscar.
~•~
Kendall veio. Tão rápido que eu me pergunto se ela já estava na esquina.
— Oi, amorzinho. — A garota sorri, já entrando na minha casa.
— Vamos lá para cima — eu convido mesmo ela já no meio do caminho para isso.
Subimos as escadas e passamos pelo quarto de Silas e Spencer, onde Madelaine agora está. Eu não a vejo, mas sei que está lá, então seguimos para o meu quarto e eu fecho a porta.
— Sabe por que chamei você aqui? — pergunto a Kendall. Ela está com um short extremamente curto e um top que só tapa os seus seios. Não é julgando ela, pois cada um tem o direito de vestir o que quiser, mas Kendall não é de usar esse tipo de roupa e eu me pergunto se ela não escolheu essas roupas apenas para tentar me provocar. Não funcionou.
— Para dizer que finalmente percebeu que eu sou melhor que ela? — Kendall senta na minha cama, muito a vontade.
— Eu... — Sinto um súbito enjôo, mas preciso fazer isso. — Nós podemos dar certo. Percebi, nesses dias, que eu gosto de você, sabe?
— Gosta? — Ela está surpresa e eu quase sinto pena. Quase.
— Sim. — Sento ao seu lado na cama e seguro sua mão, odiando isso. — Mas você precisa ser totalmente sincera comigo, está bem?
— Claro. Claro, o que você quiser. — Ela balança a cabeça com entusiasmo.
— Está mesmo grávida? — Sim, eu deveria ser sutil, mas não dá. Ela vira o rosto, não querendo responder. Eu me forço a trazer sua atenção de volta para mim. — O que sinto não vai mudar. Mas se você quiser que isso dê certo, precisa mesmo me contar a verdade.
— Ok — ela suspira, apertando minha mão com força — Só não fica chateado, tá bom? — anuo. Ela respira com força. — Não. Não estou grávida.
— Por que você mentiu? — Não mostro alívio ou decepção. Ela parece gostar disso.
— Estava desesperada. Você entende, não é? Foi... Foi por você, porquê amo muito você.
— Eu sei, relaxa. — Me obrigo a tocar seu rosto, para acalmá-la. Kendall relaxa. — Não estou bravo, eu entendo. Foi... Foi apenas isso, então?
— Na verdade... não.
Eu espero. Preciso parecer paciente. Kendall fica de pé e começa a andar de um lado para o outro, nervosa.
— O que sente por mim não vai mudar, independe do que eu confessar a você, certo?
— Certo.
— Digamos que eu tenha... Hum... Adulterado levemente a sua bebida. — cada palavra que sai da sua boca é calculada, medindo minha reação.
— O que isso quer dizer?
— Eu odeio o termo "dopado" ou "drogado" — ela ri de nervoso. — Mas alguns diriam que foi isso que eu fiz. Porém, foi por amor. Você entende, não?
Deixo ela sentar em meu colo e segurar meu rosto.
— Eu sabia que você só se entregaria a mim se tivesse daquele jeito, mas acho que exagerei e você apagou. — ela justifica, como se não fosse nada demais dopar/drogar alguém.
— Então não aconteceu nada entre a gente aquela noite? — eu preciso que ela diga as palavras certas.
— Não. Nada aconteceu, infelizmente, mas... Podemos resolver isso agora. — Kendall tenta me beijar, mas eu delicadamente a impeço.
— Já já, mas como sabia que Madelaine viria aqui? — espero não parecer muito desconfiado, apenas curioso. E funciona, pois ela ri.
— Eu não sabia, acredita?! Eu ia mandar algumas fotos nossas para ela, mas a idiota veio aqui e viu com os próprios olhos. Foi melhor do que pensei. — sim, ela está definitivamente rindo e acabou de insultar a Madelaine.
Faço menção de levantar e ela sai do meu colo. Eu começo a rir, passando as mãos pelo rosto. Me sinto estranhamente leve e aliviado. Não traí mesmo a Madelaine.
— Eu não sou idiota. — a voz de Madelaine interrompe o quarto quando ela para na porta, de braços cruzados.
— O que você está fazendo aqui? — Kendall praticamente grita. Agora quem ri é Madelaine, caminhando até a escrivaninha, onde a câmera está, filmando tudo. Tão à vista, mas Kendall nunca iria imaginar. — Que merda está acontecendo?
— Sabe aquelas cenas onde a máscara do vilão cai? Pois é, sua máscara caiu — ela força um sorriso, mexendo na câmera. Kendall tenta ir para cima dela, mas Madelaine ergue a mão. — Toque em mim e eu quebro sua cara de novo.
Kendall vira para mim, olhos marejados.
— Não acredito que me enganou!
— Você me drogou e isso dá cadeia, sabia?
— Foda-se! FODA-SE VOCÊS DOIS! — ela grita para o mundo todo ouvir, então sai furiosa do quarto.
— Eu não sou idiota. — Madelaine volta a dizer, franzindo o cenho. Caminho até ela e a puxo pela cintura.
— Não, amor. Você é maravilhosa.
~•~
O Sebastian... Eu amo ele, nmrl🤧🤩♥
#KendallDesmarcarada
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2bjs môres ♥
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