46°

SEBASTIAN

Ela acabou de sair pela porta e eu queria ir atrás dela, mas a forma que ela me olhou, que se afastou... Algo quebrou dentro de mim. E quando saio atrás dela, muitos segundos depois, o carro já está longe e ela também.

Volto para dentro, batendo a porta com força e se minha mãe estivesse em casa, teria gritado muito comigo. Quando chego em meu quarto, Kendall está quase saindo, usando minha camisa.

— Estava indo atrás de você. Que gritaria foi essa? — ela está calma, como se nada tivesse acontecido.

— Como isso aconteceu? — pergunto, tentando manter o controle, sabendo o temperamento que tenho.

— Isso o quê? — mas é difícil me manter calmo quando ela é tão sonsa.

— Como diabos você veio parar em meu quarto? Como isso... Você e eu... — Só de pensar no que pode ter acontecido aqui, me faz querer vomitar.

— Está falando sério? — Kendall parece... chateada? Ah, por favor! — Não está óbvio?

Eu passo a mão pelo rosto. Sim, está óbvio, mas ainda não consigo acreditar. Não posso acreditar que a traí. Lembro de Kendall chegando aqui em casa, bêbada, com uma garrafa de whisky e falando sobre o que sentia por mim. Quando ela começou a chorar, eu fiquei com pena, lembrando que sabia exatamente como era estar apaixonado por alguém e não ter o sentimento correspondido. Não lembro de nada depois disso.

— Você me drogou, não foi? — é a única opção lógica. Eu nunca trairia Madelaine se estivesse são.

— Acha que sou tão baixa assim? — quando não respondo, ela começa a chorar. — Eu sou apaixonada por você, Sebastian... Achei que o aconteceu significava que você me escolheu!

— Você me drogou, Kendall? — Me aproximo dela, olhando em seus olhos. Kendall pode fingir para os outros, mas ela é transparente comigo.

— Não. Eu me odiaria se tivesse ido para cama com você por esses meios. Nós bebemos, uma coisa levou a outra e aconteceu.

Para minha desgraça, eu vejo a verdade das suas palavras em seu olhar e eu não suporto isso. Não suporto a verdade. Sou um canalha e um desgraçado e mereço o olhar de desprezo da Madelaine.

Sento na cama. A cama que eu disse que Kendall nunca esteve. Passo a mão pelo rosto e repasso o que me lembro, mas isso não me ajuda. Dependendo da bebida, eu sou fácil de derrubar. E olhando para garrafa de whisky no chão, sei que é um dos fortes e faz sentindo esse branco na minha mente. Mas mesmo assim, saber que deixei meu caráter se dissolver com algumas doses de álcool...

— Inferno! — Fico de pé e começo a terminar de me vestir.

— Para onde vai? — Kendall está perguntando, mas não lhe dou ouvidos quando saio do quarto e depois de casa.

Fui um canalha, mas preciso pedir desculpas a ela. Me explicar. Não tenho esperanças que ela me perdoe, mas preciso tentar.

~•~

Ninguém abriu a porta e ela não atendeu o celular. Não imaginei que algum dos dois fosse acontecer mesmo, então vim para escola. Outro erro, talvez, mas minha única alternativa. Eu sei o que acontece com Madelaine quando é magoada, por isso não quis contar sobre Kendall. Quando ela achou que Theo a tinha traído, ir para aquela festa foi um ato inconsequente e sabe-se lá o que teria acontecido se eu não a tivesse levado para o quarto. E a forma como ela saiu da minha casa, o quanto deve estar magoada e me odiando... Não quero imaginar o que ela pode fazer.

— Max — grito Max no meio do baile. Com a música alta, preciso puxá-lo para me ouvir. Quando ele vira para mim e nota que não estou de smoking, olha para os lados.

— Cadê a Madelaine?

— Eu fiz uma coisa bem idiota e eu sei que você vai querer me matar, mas acho que Madelaine pode fazer alguma besteira. — Engulo em seco, sentindo aquela vontade de vomitar de novo só de pensar nisso.

— Que porra você fez? — a fúria em seus olhos é nítida, mas eu não recuo.

— Isso não é importante agora, mas foi algo muito ruim. Fui na sua casa, mas ela não abriu a porta e não sei se está lá.

— Vou acabar com você. — Max passa por mim e eu o sigo.

Sei que ele está falando sério e sei também que mereço o que quer que ele faça comigo.


~•~

— Como sabe que ela está aqui? — pergunto a Max enquanto subimos as escadas da sua casa.

— Ela é minha irmã gêmea. — é só o que ele diz.

Quando chegamos ao quarto dela, a porta está fechada, mas não trancada e eu suspiro de alívio. Entretanto, ela não está na cama ou em nenhum canto desse quarto.

— Merda. — Passo a mão pelo rosto, já preparado para procurá-la pela cidade.

Faço menção de sair do quarto, mas Max está parado no meio do quarto e sua atenção vai para o closet.

— Caralho. — ele diz e corre até lá.

Levo um segundo para processar isso. Lembrar do que Madelaine me contou, que ela se escondeu no closet há dois anos. E como ela é claustrofóbica...

Vou atrás dele e o vejo já retirando uma Madelaine desmaiada de dentro do compartimento. Aquele desespero que senti quando descobri que ela não se lembrava de mim, volta e sinto meu coração parar de bater.

Saio do caminho de Max e ele a põe na cama.

— Ela... ela está bem? — não escondo meu desespero, porque a verdade é que não sabemos quanto tempo ela ficou lá dentro, sufocando...

Max checa a respiração dela e seus ombros relaxam.

— Ela vai ficar bem.

Eu também relaxo, mas não consigo sair do lugar. Ele passa por mim, saindo do quarto.

Eu a observo. Mesmo com a maquiagem borrada pelas lágrimas, ela está linda. O vestido, o cabelo... Se eu não tivesse feito merda, poderíamos estar naquele baile agora, dançando...

Max volta com álcool, fazendo-a cheirar. Funciona e ela inspira profundamente, fazendo careta para o cheiro forte, mas abrindo os olhos. Ela ainda não me vê ou seu irmão, mas olha para os lados, desesperada.

— Está tudo bem — seu irmão está dizendo a ela, tentando acalmá-la. — Você está fora. Você está bem. Fora e bem.

A cena me parte, vê-la tão vulnerável e frágil, por minha causa...

Nossos olhares se encontram e para o meu desespero, um som estranho sai dela e Madelaine começa a chorar.

— Saia! Saia! Saia! — ela arremessa travesseiros na minha direção, apesar de não acertar nenhum.

— É melhor você ir embora. — Max já está me empurrando para fora do quarto dela, enquanto seu choro audível me acompanha.

Max não perde um segundo e me dá um soco. Eu não tentei impedí-lo. Isso ainda é pouco comparado ao que ele vai fazer comigo.

— Eu sinto muito. — minhas palavras são verdadeiras e tudo que posso oferecer no momento.

O que Max fará comigo será muito bem-vindo.

~•~

Só eu que quero matar o Sebastian?

Votem
Comentem
Compartilhem
E me sigam aqui e no Instagram

2bjs môres ♥

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top