26°
TOMEI um banho antes, já que o cheiro de tinta ficou em mim, mesmo eu tendo passado apenas cinco minutos no sótão. Deixei o suéter de lado, usando uma camisa larga e saia jeans.
Deixei um bilhete na geladeira e um SMS para os meus pais, por precaução. Depois saio.
Vou de ônibus, como sempre. Eu evito mesmo dirigir, mesmo sabendo. Evito principalmente a noite. Tenho medo de ter uma crise, por conta do nervosismo e da claustrofobia.
Estou olhando pela janela, como costumo fazer, quando vejo um casal. Quer dizer, parece muito um casal. O jeito como Theodore passa o braço pelos ombros de Kendall e ela beija a bochecha dele, ambos olhando para o celular, provavelmente tirando foto, mas... Parecem um casal.
Ele disse que tinha um compromisso... Era isso...?
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Não vou pensar nisso.
Desse jeito, bloqueio Theodore e Kendall, não sentindo nenhum remorso por estar indo ver Sebastian.
Quando desço no ponto de ônibus, passo por uma padaria no caminho para a casa de Sebastian e compro doces: pirulitos de vários tipos, assim como as balas de mascar, doces Fine e uma torta de maçã.
Quando chego na sua casa, toco a campainha e preciso olhar para baixo para ver a figura vestida de fada quando a porta é aberta.
— Oi, Fadinha. — Sorrio para Safira, me abaixando para ficar da sua altura.
— Oi, Fada! Que bom que você veio! — Deus bracinhos pequenos envolvem meu pescoço e eu retribuo o abraço.
— Também senti saudade. — Ela é tão pequena que dá vontade de colocar em um pote. — Trouxe uma coisa para você.
— O quê? — Seus olhos azuis brilham quando lhe entrego a sacola com doces.
— Coma com moderação, está bem? — Pisco para ela, que me dá um beijo na bochecha.
— Obrigada, Fada! — Safira sai correndo para dentro da casa. Eu me levanto, entrando na casa também e fechando a porta, no momento em que Sebastian desce as escadas.
— Torta de maçã. — Ergo a torta para ele, que semicerra os olhos
— É a minha preferida.
— Eu sei.
Quando ele ergue as sobrancelhas, eu dou de ombros.
— Também conheço você mais do que imagina. — A verdade é que sempre que minha mãe faz torta de maçã, ele come mais que os outros.
— Obrigado. — Uma vermelhidão surge em seu pescoço e orelhas. Ele também se lembrou disso.
Sebastian envolve minha cintura com seu braço e me beija, como se eu já tivesse vindo na sua casa várias vezes e ele sempre me cumprimentou com um beijo.
— Então vocês namoram?
Nós dois viramos para Safira, nos encarando de olhos arregalados. Que ótimo. É a segunda vez que somos flagrados pelos irmãos de Sebastian.
— Hã... Não... É coisa de amigos — o irmão dela responde. Safira parece considerar a resposta, então ela sorri.
— Jack e eu somos amigos. Também posso beijar ele na boca?
— Não! — Sebastian se apressa em responder de novo, negando com a cabeça ao mesmo tempo, como se estivesse horrorizado com a ideia.
— Mas por quê vocês podem e a gente não? — Ela arqueia a sobrancelha. Ela arqueia a sobrancelha! Tão parecida com o irmão...
— Nós somos grandes e você não tem idade pra isso.
— E quando eu vou ter idade pra isso?
— Quando você tiver trinta anos.
Preciso tapar a boca para não rir quando Safira arregala os olhos.
— Mas isso é muito! A Madelaine tem a sua idade e beija na boca e você não tem trinta anos! — Garota esperta. Sebastian passa a mão no rosto.
— Ela é mais velha do que parece. — Tento não parecer ofendida com sua resposta. Safira me encara, parecendo me analisar.
— É coisa de fada. — Dou de ombros, querendo rir. Então aqueles olhos azuis se voltam para o irmão.
— Então... Se ela tem essa aparência e é mais velha... Eu tenho aparência de criança e sou mais velha também, já que também sou uma fada.
Nós duas olhamos para Sebastian. Ele parece confuso e irritado. É uma combinação engraçada de observar, ainda mais quando ele passa a mão no rosto de novo, balançando a cabeça.
— Vá arrumar seu quarto ou vou colocar você de castigo.
— Ele sempre faz isso quando não consegue responder alguma pergunta minha — ela sussurra, mas tanto eu quanto Sebastian ouvimos.
— Safira.
Em um piscar de olhos, ela sobe correndo as escadas. Não me atrevo a rir, considerando o quanto Sebastian parece irritado.
— Ela vai dar muito trabalho quando crescer. — E vai mesmo. Mal posso imaginar ela com minha idade.
— Me dá dor de cabeça só de pensar. — Sebastian encara a torta em sua mão. — Está com fome?
Eu nego. Ele vai para onde presumo ser a cozinha e quando volta, me puxa escada acima. Nenhum sinal de Safira pelo caminho até o quarto de Sebastian.
— Me espere aqui. Vou tomar um banho e já volto.
Anuo e ele sai.
Das outras vezes que vim aqui, estava muito perdida nos meus problemas ou concentrada demais nos beijos de Sebastian para reparar no mural acima da escrivaninha. São fotos. Fotos do pôr do sol; comida; seus irmãos...
Sebastian Blackwood gosta de fotografia.
Em sua escrivaninha há rolos de câmera e até uma câmera. Como eu não tinha visto isso? Bom... Sebastian é uma distração e tanta... Paro de pensar no tipo de distração que sempre temos e volto a olhar as fotos. Também tem fotos do bando. Eles parecem unidos, como uma família de brutamontes. Há outra foto também e nessa eu estou no meio deles. Lembro desse dia, foi na minha casa e minha mãe mandou juntar todo mundo para tirar a foto. Lembro pois Sebastian estava me perturbando e quando fomos tirar a foto, ele se apoiou em meu ombro, dizendo que eu era exatamente isso: um apoio de tão baixa, então eu saí de cara fechada.
Na sua escrivaninha também tem uma câmera instantânea. Eu a pego, erguendo no rosto, no momento que Sebastian entra no quarto.
— Diga "X" — Viro completamente para ele, clicando no botão e tirando a foto. Quando abaixo a câmera, percebo que ele está de toalha. Apenas de toalha. Viro o rosto, tendo apenas um vislumbre de seu corpo molhado e apenas serviu para me fazer querer beijá-lo e fazer outras coisas, mas... Dez dias. — Não sabia que gostava de fotografia.
Encaro a foto já impressa em minhas mãos. Seu olhar é de surpresa, enquanto ele seca o cabelo com uma toalha. Ponho a foto na capa do meu celular.
— Agora você sabe. — Ouço o guarda-roupa ser aberto, então um farfalhar de roupa.
— É estranho nos conhecermos há anos e eu não saber até agora que você tinha irmãos? — E eu não sabia mesmo. Me sinto mal por nunca ter perguntado.
— Você não gostava muito de mim até duas semanas atrás. — A porta do guarda-roupa fecha de novo e eu viro pra ele. Está usando uma bermuda e camiseta, deixando seus braços fortes à mostra.
— Você vivia implicando comigo! — Cruzo os braços, indignada. Ele não podia querer que eu gostasse dele quando vivia me zoando.
— Eu tinha ciúmes. — Sebastian se aproxima, me puxando pela cintura de novo, fechando seus braços em volta de mim. Está cheirando a menta.
— Ciúmes? — Ergo as sobrancelhas. Seus braços estão quentes, por mais que ele tenha acabado de sair do banho.
— Você sempre deu mais atenção aos outros garotos do que a mim, então passei a implicar com você.
Eu não imaginava. Sabia que sua implicância comigo tinha algum motivo, achei que fosse apenas para irritar Max, mas não imaginava que eu excluía ele ... E mesmo assim ele se ofereceu para me ajudar com Theo, sabendo que eu o "odiava".
— Não era minha intenção afastar você — são quase as mesmas palavras que eu disse a Max, mas é verdade. — Você sempre foi mau humorado e implicante... Desculpe.
— Desculpe por ter sido um idiota com você. — Ele dá um sorriso torto. Eu anuo, mal ouvindo o que ele diz, antes de tomar seus lábios. Apenas senti essa necessidade de beijá-lo e vê-lo sem camisa foi como atear fogo na gasolina.
Sebastian me puxa mais contra si, correspondendo o beijo de forma que me faz perder o ar rapidamente. Envolvo seu pescoço com meus braços, ficando na ponta dos pés, o que o faz sorrir.
Mais uma coisa que descobri sobre Sebastian Blackwood: eu o faço sorrir durante o beijo.
~•~
Safira nos implorou, meia hora depois, para que assistíssimos Barbie Fairytopia com ela. Sebastian disse não, mas a carinha da Safira foi tão triste que eu disse que assistiria com ela, o que fez Sebastian vir atrás de nós segundos depois.
Então estamos assistindo. Safira está com a cabeça em meu colo, enquanto Sebastian está sentado ao meu lado, com o braço no encosto do sofá. Ele já me roubou dois beijos enquanto sua irmã não estava olhando.
— Esse Bibble é irritante — Sebastian murmura.
— Não é, não. Ele é uma gracinha e o nome dele é fofo — defendo a bolinha de pelo da Barbie.
— Não é fofo. — Sebastian franze as sobrancelhas para o filme. Resolvo irritá-lo apenas por diversão.
— Vou chamá-lo assim agora... Bibble. — Sorrio, sabendo que isso vai irritá-lo muuuuuuuito.
— Não me chame assim. — Seu rosto está próximo do meu, então eu lhe dou um selinho.
— Bibble.
— Não...
— Calem a boca! Quero assistir o filme! — Safira praticamente grita e nós dois nos calamos, voltando a atenção para o filme.
Assim que o filme acaba, Silas e Spencer chegam em casa. Nada da Suzan.
— Olha só se não é a namorada-que-não-é-namorada do Ti. — Silas pisca para mim, mas sobe as escadas antes que eu diga alguma coisa.
— Oi... — dessa vez é o Spencer. Sua voz é baixinha e ele sorri para mim, desviando os olhos rapidamente.
— Oi, Spencer. — Sorrio abertamente para ele. Sei o que é ser uma criança tímida.
— E aí, garotão! Como foi na casa do Harry? — Sebastian bagunça o cabelo dele e Spencer tenta afatá-lo, mas acaba rindo.
— Foi legal. Ele me chamou para jogar videogame amanhã de novo... Pode pedir a mamãe por mim? — Sebastian finalmente o deixa em paz e Spencer esconde as mãos atrás do corpo, enquanto espera a resposta do irmão.
— Só se você fizer todo o dever de casa. — Sebastian parece falar sério e Spencer anue. — Então vá tomar banho e começar.
— Tchau, Madelaine. — Ele acena para mim, subindo correndo as escadas.
— Tchau, Spencer! — Aceno para ele também. É incrível como passei a gostar dessas crianças — E a sua mãe? — Encaro Sebastian de novo.
— Está de plantão no hospital. Ela é enfermeira. — Me sinto horrível por também não saber disso.
— Ah... — Olho o relógio na parede. Já são 20:00h. — É melhor eu ir pra casa.
— Vou pedir um táxi para você. — Ele já está pegando o celular, quando eu nego.
— Vou de ônibus. Pode me levar até o ponto se quiser.
~•~
Andamos de mãos dadas até o ponto de ônibus. Não quero pensar muito sobre o que isso significa. Não quero pensar em coisas complicadas no momento.
— Retiro o que eu disse aquele dia. Você tem ótimos irmãos. Bom... O Silas ainda está em processo de julgamento. — Nós dois rimos.
— Obrigada por ter vindo. — Seus olhos castanhos me fitam, enquanto suas mãos seguram minha cintura e eu fecho os braços ao redor de seu pescoço.
— Também gostei de ter vindo, Bibble. — Sorrio para Sebastian, que revira os olhos.
— Esse nome não é fofo. — Suas sobrancelhas franzidas e seu biquinho me fazem rir. Ele aperta minha cintura.
— Você me chama de Medellín e Mini Price o tempo todo — argumento. É justo dar a ele um apelido, quando ele já me deu vários.
— É diferente.
— Não, não é, Bibble.
— Pare.
— Bibble, Bibble, Bibble, Bib...
Ele me beija antes que eu consiga repetir o nome mais mil vezes.
~•~
Confesso a vocês: esse capítulo é um dos mais fofinhos para mim.
Vocês querem tanto uma treta... Talvez o Bibble se irrite um pouquinho nos próximos capítulos...👀
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2bjs, môres♥
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