19°
SUSPIRO de alívio ao ver meus amigos assim que chego na escola, segunda-feira. Ficar longe da civilização me deixa agoniada, mesmo amando a casa de campo dos Hendriks, eu ainda prefiro isso aqui.
Theo não veio comigo para escola, mas vi seu carro no estacionamento. As coisas entre nós estão... andando. Mesmo sabendo que sou egoísta, ainda quero reconquistar Theodore, mesmo ele não fazendo ideia de que precisa ser reconquistado. Às vezes me pergunto se estou fazendo isso por mim ou por ele. Se não estou tentando ser uma namorada melhor, não só para ele querer mesmo ficar comigo, mas para que eu não me sinta culpada por magoá-lo, recompensando em ser uma boa e atenciosa namorada.
— Olha só quem está de volta! — Carson não perde um segundo e me abraça, me erguendo no ar.
— Também senti sua falta, Car — digo quando ele finalmente me põe no chão.
— Você perdeu a festa de ontem. Wesley vomitou na piscina. — Ethan faz careta para o pobre Wesley, encostado no armário, ainda parecendo estar de ressaca.
— E o seu irmão brigou com a namorada — Turner sussurra, mesmo meu irmão não estando entre nós no momento.
— Vocês fofocam mais que minha mãe quando vai ao salão de beleza. — Dou risada deles que fingem parecer ofendidos.
Meus olhos se encontram com o castanho de seu olhar. Um castanho bem diferente do que passei o fim de semana encarando. Sebastian sorri para mim e meu coração reage, acelerando rapidamente.
— E você não foi a festa? — pergunto a ele, tentando acalmar meu coração idiota.
— Quem me interessa não estava lá. — ele dá de ombros. Espere... Ele se referiu a mim? Seu sorriso malicioso diz que sim.
Os outros não parecem notar, então também finjo que ele não acabou de flertar comigo. Seja lá o que isso significa.
~•~
Odeio essas roupas de edução física. O short curto e a camisa apertada. Mesmo eu tendo vindo de saia rodada e suéter para escola. Meu cabelo está solto e eu os coloco para frente, escondo o quanto a blusa delineia meus seios, mesmo estando de sutiã, o que é pior, já que faz eles parecerem maiores. Em relação ao short, não posso fazer nada, por isso estou encostada na parede.
— Parece que você está prestes a atravessar a parede. — Não me assusto quando Sebastian aparece ao meu lado. Temos aula de educação física juntos.
— Se eu conseguisse, já teria atravessado — murmuro, desconfortável. Sebastian olha para mim e depois para os garotos do outro lado da quadra que não param de me encarar.
— Aqui. — Ele para na minha frente e delicadamente me puxa da parede e amarra seu moletom em minha cintura.
— Obrigada. — Poderia beijá-lo por isso. Não, não poderia... Na verdade eu não devia estar pensando em beijá-lo.
— Como foi na casa de campo? — Quando ele se recosta na parede de novo, tento não pensar também em sua pele tocando a minha.
— Bom... — Enrolo uma mecha do meu cabelo no dedo e suspiro. Não tenho para quem contar o desastre que foi, além dele. — Acho que precisamos conversar em outro lugar.
— Quer ficar a sós comigo, Medellín? — Seus olhos brilham com diversão e ele pega minha mão, me guiando para um canto afastado no alto da arquibancada, onde não tem ninguém.
A professora nem sequer nota. Não só não gosto do uniforme de educação física, como da própria matéria. Então não me sinto culpada por estar sentada com Sebastian, ao invés de estar fazendo exercícios.
— Então...? — Sebastian bate seu joelho no meu, me incentivando a contar.
— Nós... tentamos... você sabe... — Sinto minhas bochechas ficarem rosadas e não preciso olhar para Sebastian para saber que suas sobrancelhas estão erguidas. — Mas não aconteceu nada. Eu não... Não consegui. Eu queria, queria mesmo e ele também, mas eu simplesmente travei.
Não só aquela conversa no lago com Theo me deixou frustrada, mas também o fato de eu não conseguir dar esse passo na nossa relação.
— O mais frustrante de tudo — encaro minhas mãos, sem coragem de encarar seus olhos — é que quando você e eu nos beijamos... Eu teria dado esse passo. Eu teria... Teria...
— Teria transado comigo. — ele completa por mim. Anuo, querendo mais que nunca que uma nave espacial aparecesse para me abduzir.
Sebastian fica em silêncio por tanto tempo que eu lhe encaro. Seu rosto está indecifrável, o que não ajuda muito. Queria saber o que ele está pensando.
— Por quê? — sua voz sai rouca e ele franze as sobrancelhas.
— Theo e eu namoramos há três anos e há três anos ele tem esperado. Me dado espaço e acho que eu não suportaria falhar com ele. Não ser o bastante ou o que ele espera. Mas com você não teria nada disso. Por isso... Por isso queria te pedir...
Ah meu Deus! Não acredito que estou pedindo uma coisa dessas.
— Queria pedir que fizéssemos igual ao beijo. Que fizéssemos um teste... Se você quiser... Se quiser transar comigo.
Meu rosto está quente e espero que ele diga sim antes que eu desista disso. Sebastian sabe controlar bem as emoções, pois não parece surpreso com minha proposta.
— Precisa me contar a verdade. Sei que alguma coisa aconteceu. — Odeio o fato de ele, de alguma forma, conseguir enxergar além do que eu digo.
Suspiro, sabendo que agora preciso contar a ele toda a história. — Promete não contar pra ninguém?
— Prometo. — E a forma como consigo ver a sinceridade em seu rosto, me dá a certeza que posso confiar nele.
— Há dois anos, meus pais deixaram que Maximilian e eu déssemos uma festa. Nosso aniversário de 15 anos e a primeira festa em que nossos pais não estariam — Engulo em seco, lembrando do que aconteceu. — Você até estava lá com uma garota do segundo ano. Os amigos de Max levaram cerveja e eu nunca tinha bebido, então experimentei. Depois vodka e tequila... Theo estava na casa da avó e eu não tinha muitos amigos e quando um carinha mostrou interesse em mim... Eu resolvi me divertir.
"Ele era pelo menos dois anos mais velho e eu estava surpresa que alguém como ele se interessou por mim, que não protestei quando ele pediu que eu mostrasse meu quarto. Tranquei a porta porquê não queria que ninguém interrompesse o meu momento."
"Eu sabia que era errado. Sabia que estava traindo Theo, mas... Eu estava bêbada e sozinha, então quando ele me beijou, eu deixei. Queria aquilo. Ele tinha sido o único daquela festa que me olhou com desejo, mas... Mas eu não esperava..."
Fecho os olhos e respiro fundo.
Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.Isso foi há muito tempo.
— Minha primeira vez foi horrível — digo por fim. — Ele não... Não se importou com nada além do próprio prazer. Mesmo quando eu pedi para parar ou quando disse que estava doendo. Então desisti, deixei que ele continuasse.
Não me permito chorar. Então engulo em seco de novo e me obrigo a continuar.
— Quando ele acabou, foi embora. Eu fiquei lá, sozinha e me sentindo violada. A festa acabou e eu finalmente saí da cama, joguei o lençol no lixo e me escondi no meu closet. Quase matei meus pais de susto quando me encontraram desmaiada. Tenho claustrofobia. Queriam me levar ao médico, mas não deixei. Não queria que me examinassem. Que vissem... Mas Max sabia que tinha algo errado. Tive que contar a ele e implorar que não contasse a ninguém. Afinal, eu tive culpa. Eu levei aquele cara ao meu quarto... E mesmo matando Max saber o que tinha acontecido, ele não contou. Ele é super protetor comigo por causa disso. Ninguém entra mais no meu quarto, além da empregada. Meus pais até hoje não sabem o motivo. E só contei a Theo para que ele soubesse que o fato de eu não conseguir ir adiante, não era culpa dele.
Quando termino, arrisco olhar para Sebastian, que ficou calado o tempo todo. Seu olhar é indecifrável de novo e suas mãos estão fechadas com força. Sua voz é rouca de novo quando ele diz:
— Você foi estuprada.
~•~
Então, gente... Me digam, vocês já esperavam por isso?
Votem e comentem
2bjs môres ♥
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