47°

ERA como se ela soubesse que eu fosse embora assim que pudesse ou completasse dezoito anos. Minha mãe deixou dinheiro o suficiente para bancar todas as despesas da minha faculdade e ainda mais. Queria agradecê-la por isso.

Tivemos provas de biologia e apresentação de literatura hoje. Me saí bem nas duas. Beverly também. Ontem ela me contou que foi aceita em Yale e nós duas pulamos e nos abraçamos. Yale fica em New Haven, poucas horas de Boston. Vamos nos ver sempre.

— Finalmente vou para um lugar onde quando olho para o lado não vejo um Cassino. — ela disse. Nós rimos, mas é verdade.

Damon e eu não vamos morar juntos. Pelo menos o primeiro ano vou passar em um dormitório. Mas Damon já decidiu que vai alugar um apartamento perto da universidade. Estávamos discutindo isso ao mesmo tempo que falávamos sobre o que vamos cursar. Damon quer fazer arquitetura, enquanto eu estou pensando em fazer publicidade.

— Estou decepcionado que não iremos comemorar seu aniversário. — Oscar diz para mim, na sala da sua casa, enquanto esperamos o jantar.

— Não estou pensando em festas no momento. — digo a ele e bebo um pouco do meu suco. Estamos sentados, juntos, e ele como sempre, perto demais.

— Podemos comemorar seu aniversário na nossa festa de noivado. — ele se recosta no sofá e apoia o tornozelo no joelho, sorrindo com sua ideia estúpida.

— Quando será o noivado? — tento não revirar os olhos para a voz irritante de Camille. Ela está conosco de novo graças a Oscar que agora parece se importar muito com a solidão do irmão.

— Em um mês. — Oscar responde. Descendo as escadas, Damon toma toda a minha atenção quando aparece com Víbora enroscada no braço.

A tosse exagerada de Camille ao se engasgar com a bebida é o primeiro indício de que ela não sabia sobre a cobra.

— Essa coisa não está convidada para o jantar. — Oscar murmura. Sorrio abertamente e fico de pé. Damon para em minha frente e estico o braço para Víbora.

— Ela sentiu sua falta. — Damon não se importa em falar baixo ou no seu irmão e sua companhia na poltrona atrás de nós.

Oscar pigarreia.

— Está assustando a Camille, irmãozinho.

Nós dois olhamos para a garota loira que está pálida feito neve, olhos tão arregalados que consigo ver claramente o azul de seus olhos.

— Quer segurar? — Damon oferece. Dou risada quando ela gagueja um "não". Com apenas um olhar para mim, eu tiro a mesma gargantilha que usei da primeira vez que vi Víbora e ele a põe em meu pescoço.

— Não importa quanto tempo passe, eu ainda vou ter medo. — meu coração acelera um pouco com a sensação de adrenalina que me percorre ao ter Víbora mais uma vez em meu pescoço, pronta para torcê-lo se quiser.

— Você é doida! — Camille diz depois que seu choque passa. Sento-me de novo e Oscar sabiamente se afasta. Eu sorrio ainda mais para minha amiga rastejante.

Faz poucos dias que Jason, Sam e Oscar decidiram a data do noivado. Apenas há algumas semanas do meu aniversário que é em dias, junto a formatura. Ou seja, Damon e eu não teremos muito tempo para ir embora. Ainda estamos planejando isso e precisamos nos apressar se eu não quiser estar em uma festa com Oscar me propondo casamento oficialmente com a alta sociedade de Las Vegas como testemunha.

Ninguém pareceu saber sobre Damon passar aqueles dias comigo, além de Jason que ficou calado. Oscar tentou (digo tentou porque eu quis rir dele quando disse) me convencer que Damon e Camille haviam passado esses mesmo dias juntos e por isso não dormiu em casa. Tão tolo...

Estou cansada quando chego em casa. Meu único conforto seria ver Damon me esperando como em outra noite dessa semana, mas amanhã temos prova. Ainda tenho um pouco de juízo quando se trata de Damon e achei melhor descansarmos para amanhã, mesmo que eu quisesse muito tê-lo aqui agora.

— Elleonor Macallister, espere um minuto. — não queria, mas paralisei ao ouvir a voz de Jason enquanto eu subia as escadas.

Lentamente, viro-me para ele. Não digo nada como sempre. Nunca lhe dirijo a palavra. Não me dou esse desfrute.

— Quero que saiba que estou orgulhoso de você. — suas palavras não causam a reação de felicidade que sempre me causava quando mais nova.

— Oh? — arqueio a sobrancelha. Estou há alguns degraus longe dele e gosto da sensação de me sentir superior.

— As coisas não tem ido bem, eu sei, mas vejo que adaptou-se bastante perfeitamente. Tenho certeza que você e Oscar farão um bom casamento.

Olhei para ele, inexpressiva.

— Não tem um pingo de vergonha de dizer essas coisas? Não vê o que está fazendo? Jogando a filha que tanto quis proteger, a um homem que a vê apenas como moeda de troca? — balanço a cabeça e dou risada. — Como o faria, não é mesmo? Você mesmo me vê assim.

— Fiz o melhor para você. — não deveria, mas suas palavras me enfureceram.

— Você sequer, alguma vez, perguntou o que eu achava disso? — meu tom se eleva e deixo a angústia tomar conta. — Alguma vez, se perguntou como sua filha se sentiria ao se ver obrigada a casar com alguém que só quer lhe levar para cama?!

— Tenho certeza que Oscar lhe trata com respeito. Isso ou mesmo já teria o matado. — apesar de não duvidar de duas palavras, não diminue o que sinto.

— Respeito? Como ele me trataria com respeito quando você mesmo violou a mim quando me entregou a ele contra minha vontade!

— Olha as bobagens que fala!

— Bobagens? — rio, incrédula. Enxugo a lágrima que me escorreu pelo rosto. — Desde quando...

— Basta! Não vou ficar aqui ouvindo suas tolices! Já disse: fiz o que era melhor para você. Antes mesmo de nascer... Eu não tinha escolha... — suas últimas palavras mal são audíveis.

— O que quer dizer com isso?

Ele balança a cabeça e encara os degraus quando diz:

— Samuel e eu fizemos um acordo quando jovens... Seu primeiro filho com minha primeira filha... O destino se encarregou do resto.

Isso, de alguma forma, era pior. Dois homens que até então se diziam odiar um ao outro, fizeram um acordo com seus filhos não nascidos... Não estou surpresa, apesar de tudo.

— Não pense que algum dia serei grata por isso — digo a ele, calma, quando na verdade queria gritar e perguntar como fizera isso, se não tinha vergonha. — Pelo contrário, repudio, com todas as minhas forças, tudo isso.

Lhe dou as costas e subo para o meu quarto.

Se eu tinha alguma dúvida sobre o que fazer daqui para frente, foi-se agora. Se esse homem que se diz meu pai, negociou-me antes mesmo que eu nascesse, o que mais ele fará?

Isso é estúpido. Ridículo. Deplorável...

Sem os meus saltos, deito-me na minha cama. Os últimos meses, desde o dia que conheci Damon, foram turbulentos. Algumas foram turbulências boas, admito. Mas não podia ser diferente se tratando dele. Teríamos nos conhecido de uma forma ou de outra, isso é evidente, mas teríamos nos apaixonado se ele não tivesse me "atropelado"? Eu teria aceitado essa "união" se fosse com Damon?

Não quero saber.


E Feliz Aniversário pra mim
Kskskskks♥🤭

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2bjs, môres♥

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