46°
“12 de Janeiro de 2010
Minha visita ao Brasil está sendo melhor do que imaginava. As praias aqui são incríveis e as pessoas tem uma energia contagiante e bastante diferente dos americanos.
Passei os últimos três dias na cidade do Rio de Janeiro. É simplesmente incrível e adorável. Têm lugares encantadores que sei que nunca irei esquecer.
Hoje estou na cidade de Salvador, capital de um estado chamado Bahia. Se o Rio de Janeiro é incrível, Salvador é extraordinária. As pessoas... Os lugares... Tudo nessa cidade é magnífico. A cultura e a comida são, com certeza, coisas que só encontramos aqui e que eu queria pôr em um potinho e levar comigo para sempre.
Em dois dias irei para Fernando de Noronha e estou ansiosa para conhecer outro lugar mirabolante desse país.
Espero que um dia você possa vir aqui, minha estrelinha. Sinto sua falta.
Ass: Meredith Allen.”
Estou sorrindo quando termino de ler esse trecho do diário da minha mãe. Tem cerca de dez diários. Um para cada ano. Estou no terceiro em apenas uma semana. Cada página sinto-me como se estivesse em cada país que ela visitou e isso me deu uma certeza: vou viajar todos esses lugares ou pelo menos metade deles. Um país por ano, o que quer que eu faça, eu vou.
Guardo o diário e volto para os livros, infelizmente didáticos e não de fantasia. Com apenas algumas semanas para o fim das aulas, temos feito provas e trabalhos, um atrás do outro.
As duas últimas semanas têm sido tranquilas, em parte porque – e odeio ter que dizer isso – Oscar quis me dar um tempo pela morte da minha mãe. Parece errado usar sua morte como desculpa para qualquer coisa. Ainda dói e sempre irá doer, mas estou convivendo com isso. Uma coisa que me conforta é que ela não está sofrendo e que não morreu sozinha.
Estou terminando uma atividade de química, a qual passei a tarde fazendo, quando alguém bate na porta. Através dos óculos, estreito os olhos para a porta. Jason não vem ao meu quarto desde aquele dia que foi para Carson City e não chamei Magda aqui.
Suspendo os óculos até o topo da cabeça, prendendo meu cabelo e vou abrir a porta.
Ergo as sobrancelhas e franzo-as depois, surpresa.
— Robert. — encaro meu tio parado na minha porta. Os seguranças não costumam subir, nem mesmo meu tio.
— Podemos conversar? — ele encolhe os ombros, parecendo envergonhado.
— Hum... Sim... Claro... — dou espaço para ele entrar, ainda achando isso estranho. Meu tio não olha em volta nem nada, parece decidido a só falar comigo — Por favor. — empurro a cadeira da escrivaninha para ele e sento-me na cadeira da penteadeira.
— Isso chegou nos últimos dias. — Robert começa, tirando três envelopes da jaqueta e me entregando.
Quase solto um gritinho quando percebo que são três cartas. Cartas com brasões de Berkeley, Oxford e Harvard. Achei que só chegaria...
— Meu pai...
— Não — meu tio me corta quando vê a preocupação em meus olhos. — Eu mesmo peguei todas as cartas.
— Okay... — encaro as cartas, ansiosa e com medo do que pode ter nelas.
— Elle... — a hesitação dele me faz encará-lo. — Jason não sabe disso, não é?
— Hum... Bom, não, mas você...
— Não se preocupe, querida, não vou contar nada — garante ele e fico aliviada, mesmo sem saber o que ele quer. — Também não vou contar que pretende fugir.
— O-o quê? Não sei d-do que está falando. — me apresso em dizer, atropelando as palavras. Robert arqueia a sobrancelha.
— Bom, isso foi um chute, mas você acabou de me confirmar.
Merda! Achei que eu fosse uma boa atriz. Começo a pensar em algo para dizer, mas tudo que consigo pensar é no meu coração acelerado e o medo se meu tio contar a Jason. Ele não faria isso, faria?
— Você certamente ouviu quando disse ao seu pai que ajudaria você, se quisesse ir embora — ele continua. A memória de semanas atrás preenche minha mente. — Eu estava falando sério, Elle. Prometi a sua mãe que cuidaria de você. E não vejo jeito melhor de fazer isso do que livrando você do seu pai.
— Você me ajudaria? — estou sussurrando agora, surpresa.
— Sim, querida. Claro que sim. Estou vendo o que ele fez com você. Esse casamento e tudo o que você tem passado... Não acho certo. Mas não pude fazer nada até agora.
Um nó se forma na minha garganta e tento apagar as memórias do que fizeram com Damon e do acordo que fiz por ele.
— Sua mãe — ele volta a falar. — e eu herdamos a herança do nosso pai. O verdadeiro, quando ele morreu.
Havia me esquecido que minha avó ficou grávida de um riquinho na época do colégio e o filho da mãe não quis assumir. Apenas anos depois, quando os dois já estavam crescidos e minha avó casada com outro, esse mesmo filho da mãe procurou pelos filhos e quando morreu, deixou toda a fortuna para eles. Pergunto-me se Jason apenas se casou com minha mãe por conta desse dinheiro.
— ...sua mãe não havia tocado nesse dinheiro até ir embora e usar para bancar as viagens. E não sei como ela fez isso, mas Meredith fez uma poupança para pagar sua faculdade. Dinheiro suficiente para cobrir todos os gastos.
Damon não perde tempo quando forro a passagem secreta e me beija, seus lábios quentes e famintos como os meus. Não tem nem 24 horas que ficamos juntos, mas já estava com saudade. É horrível ter que vê-lo na escola e não poder nem lhe dirigir a palavra por saber que nossos pais tem olhos em todo lugar de Las Vegas. Contei sobre a passagem secreta a ele e temos nos encontrado desde então.
— Estava com saudade. — confesso a ele quando entrelaço minhas pernas em sua cintura e ele me leva para cama.
— Eu também, amor. — ele ronrona antes de tomar meus lábios mais uma vez.
— Mas precisamos conversar. — consigo dizer quando sua mão já está em meu seio.
— Estou ouvindo. — Damon começa uma trilha de beijos provocativos e meus pensamentos tornam-se vento.
— Certo... Podemos falar sobre isso depois. — eu monto em cima dele e tomo sua boca.
Temos o resto da noite para falar sobre o futuro, adiar um pouco não é nada.
Totalmente nus e emaranhados um no outro, Damon e eu ouvimos a respiração ofegante um do outro. Sua pele é quente e macia e seu abraço nada mais é do que o meu conforto e a minha paz.
Nunca senti por mais alguém o que sinto por ele. Amo Damon por estar comigo quando precisei. Eu o amo por não desistir de mim. Amo-lhe por ver tudo de mim e ainda assim ficar. Amo-o por me ver quando todos fecharam os olhos. Eu apenas o amo.
— Lembro de ter algo para me contar, antes de tirar minhas roupas. — Damon aperta meu nariz, sem saber dos meus pensamentos.
— Hum... Certo. — sento-me na cama, segurando o lençol contra o peito. Damon põe os braços atrás da cabeça e sorri de modo arrogante quando pouso meus olhos em seu corpo.
— Não me olhe assim se não quer que eu a arraste para cá de novo. — sua voz é sedutora e eu desvio os olhos. Não me importaria se ele me arrastasse de novo...
Limpo a garganta e digo baixinho:
— Eu... Não fui aceita em Oxford, mas em Harvard. — mordo minha bochecha. Fui aceita em Harvard e Berkeley, sim, mas não em Oxford, que era o meu plano.
— Eu também não. — Damon está sorrindo quando o encaro, surpresa.
— Sério? Quando ia me contar? — não lembro de ele ter falado algo sobre isso nas últimas noites.
— Contei agora — belisco sua perna. — Estava esperando as outras cartas.
— E então?
— Harvard e Chicago.
— Isso é perfeito! — pulo em cima dele e lhe encho de beijos, arrancando risadas suas.
Paro para pensar. Ele não precisa ir para a mesma faculdade que eu se não quiser. Não o forçaria a isso, mesmo que estejamos fazendo isso juntos.
— Você não precisa ir para Harvard apenas por minha causa. — apoio as mãos e o queixo em seu peito.
— Eu sei — Damon encara o teto enquanto sua mão sobe e desce pela minha coluna. — Mas eu quero. É uma das universidades mais aclamadas e fiquei sabendo que uma certa garota incrível vai estudar lá.
Eu sorrio.
— Quem seria essa garota? — pergunto inocente. Ele ri e delicadamente me deita de costas, beija meus lábios brevemente e sorri.
— Você sempre será a mais incrível para mim, amor.
*Aaaah, morro de amores por eles, sim!*
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2bjs, môres♥
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