11°

— SE ela me morder, vou ter que morder de volta. Você entende, não é? — digo para Damon quando ele põe Víbora em meu pescoço. Me pergunto se ela consegue sentir minha jugular pulsando irregularmente.

Damon ri. Não sei se é do pânico em meu rosto ou porque ameacei morder uma cobra que pode me enforcar em alguns segundos.

Ela não é tão pesada quanto pensei.

— Ela gosta de você — diz ele, olhando para mim. – para a sua cobra em meu pescoço.

— Sinto-me mais aliviada com isso. Muito obrigada... — paro de falar quando sinto a cabeça de Víbora roçar na minha bochecha — Isso é realmente apavorante. — murmuro, não ousando mover muito a boca. A cobra desiste do meu rosto e serpenteia em meu ombro.

— Vou tirar uma foto. — Damon pega o celular e não protesto com a ideia. Também quero que essa loucura fique registrada.

Dou minha mão a Víbora que põe a cabeça na minha palma e eu lhe ergo na altura dos meus olhos. Encarando uma à outra, Damon tira a foto. Depois viro para ele, sorrindo enquanto seguro minha mais nova amiga.

— Acho que ela gosta mais de mim do que de você. — falo para ele que faz uma careta.

Ficamos assim por um tempo, eu brincando com Víbora enquanto Damon me conta a história de como foi ter uma cobra aos oito anos. Ele diz que não teve medo, mas ficou apavorado uma vez que ela sumiu e ele não conseguiu dormir a noite pensando se ela poderia querer mordê-lo por vingança de ele passar o dia inteiro agarrado a ela.

Pela primeira vez desde que nos conhecemos, eu o sinto como um garoto normal. Não aquele que me atropelou ou que me ajudou com Beverly quando nem nos conhecia direto. Ou aquele que discutiu comigo há uma hora atrás. Mas apenas um garoto apaixonado por sua cobra de estimação.

Uma batida soa na porta. Damon para no meio de uma frase e minha mão fica imóvel no corpo de Víbora.

— Irmão? — Oscar força a tranca. Olho para Damon.

— É um costume trancar a porta. Desculpe. — ele parece realmente sincero. Dou de ombros e volto a acariciar minha amiga que está enrolada em meu pescoço, o resto do corpo descendo por meu peito, mas ela não vai além daí. Deve ser por causa das lantejoulas.

Damon vai até a porta e abre, revelando Oscar.

— Papai quer você lá embaixo. Agora — diz ele, da porta. Damon está impedindo a passagem. — Você viu a Elle? Jey está louco atrás dela...

Seus olhos se arregalam quando o irmão dá espaço para ele poder me ver. Seu olhar se alterna entre mim e a cobra.

— Oi de novo. — sorrio. Damon ri baixinho.

— Diga a Macallister que estamos descendo. — com isso, ele dispensa o irmão.

Com cuidado, me arrisco a tirar Víbora do meu pescoço. Ela não reclama (eu saberia porque ela provavelmente iria me apertar até eu sufocar) e antes que a entregue ao dono, a mesma se enrosca em meu braço.

— Vamos? — Damon faz sinal para porta aberta. Olho para ele incrédula.

Com ela?

— Por que não? Faz um tempo que não a levo em uma festinha. — aquele sorriso arrogante retorna. Ele põe as mãos nos bolsos e faz cara de despreocupado.

— Meu pai vai...

— Esqueça seu pai, Elle. Anda, vamos logo.

Às pessoas se afastam enquanto passamos, olhando para nós assustadas e incrédulas. Víbora não liga para nenhum deles e continua confortável em meu braço. Mantenho a mão aberta enquanto ela brinca de se enroscar em meu pulso.

O outro braço entrelaçado com o de Damon, sua outra mão segurando uma taça de champanhe que ele pegou a caminho do salão.

Vejo um ou dois jornalistas de sites de fofoca. Não sei como eles entraram, mas não deixo de sorrir. Um orgulho estranho circula em mim.

Afastados em um canto no salão, papai, Sam e Oscar discutem sobre alguma coisa, mas param quando nos veem. Os olhos de papai parecem que vão saltar das órbitas. Sam ri da surpresa dele e Oscar balança a cabeça.

— Requisitaram minha presença. Aqui estou. — Damon diz. Víbora forma uma espiral em volta do meu braço.

— Elle, o que é isso?! — papai finalmente consegue dizer. Encaro a cobra com um sorriso.

— Ah, essa é a Víbora. Cobra de estimação do Damon. — digo como se não fosse nada. Papai olha para Damon e nossos braços entrelaçados.

— E o que...

— Ah, Jey! Deixe a menina — Sam se levanta e vem até mim, beijando minhas bochechas, sem se importar com a cobra em meu braço. Damon fica tenso ao meu lado. — Você está linda, querida.

— Obrigada, Sam. — forço um sorriso. Lembro do que Damon falou. Seu pai batia na mãe dele. Como deve ter sido para ele crescer em meio a isso, presenciando tudo...

— Vejo que já caiu nas garras do meu filho.  — Sam dá um tapinha no ombro do filho antes de voltar ao seu lugar. Os olhos verdes iguais aos dos filhos. Ele e meu pai têm a mesma idade já que estudaram juntos e são rivais desde então.

— Não se engane, pai. Elle tem garras muito maiores. — Damon ronrona. Fico vermelha, mas dou de ombros. Acaricio Víbora, o outro braço ainda entrelaçado ao do seu dono.

— Onde estavam? — meu pai volta a perguntar. Continuo minhas carícias na cobra.

— No meu quarto. — Damon responde, a prepotência em pessoa. Sinto a ira do meu pai de longe.

— Não estou falando com você! — vocifera ele, já irritado.

— Papai! — eu o repreendo. Tudo que menos preciso é que ele queira fazer algo com Damon e inicie uma briga com Sam. — Eu pedi para ver a cobra que ele havia mencionado. Estávamos no quarto dele por isso.

Aperto o braço de Damon desafiando-o a me contradizer.

— Não se preocupe, não tirei a inocência da sua filha. Foi o contrário. — suas palavras atingem meu pai e ele vem para cima de Damon. Damon me empurra para o lado, já esperando o ataque.

Meu pai está com as mãos na gola de seu smoking. Sua cara é uma máscara de raiva vermelha. Damon sorri, nada assustado. Olho para Sam e Oscar que continuam bebendo whisky. Ninguém vai fazer nada.

Olho em volta e vejo um jarro de vidro com flores. Tiro as flores e jogo a água fora, colocando Víbora ali dentro. Depois vou até meu pai.

— Solte-o! — seguro o braço de papai, mas ele nem pisca. Damon não tira o sorriso do rosto e os dois parecem estar em uma conversa silenciosa. — Pare com isso!

— Se vai me matar, faça logo. — Damon provoca de novo. Lhe lanço um olhar para mandá-lo calar a boca, mas ele me ignora.

— Seu miserável! — papai grita em sua cara. Damon ri com deboche e finalmente olha para mim.

— Vejo que a boca suja é de família...

— Não fale com ela, seu desgraçado!

— Papai! — eu o empurro com toda força que consigo e ele solta Damon. Fico entre os dois. O peito dele sobe e desce. Atrás de mim, Damon está tão perto que sinto o calor do seu corpo.

— Vamos embora. — a mão de papai fecha em meu braço, o mesmo que Víbora estava segundos antes.

Antes que eu possa negar ou sair de seu aperto, alguém grita.

— A COBRA!

Víbora.

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