02 ㅡ O-uchi-gari

As aulas daquele primeiro dia foram confusas para Matthieu. Ele não sabia como suportaria ficar naquela escola por mais tempo do que ficaria em casa, muito menos qual era o sentido de uma aula de economia onde a própria professora concordava com a imprevisibilidade do Balanço Economico Nacional e Mundial. Mas naquele momento, precisava manter a mente concentrada no treino, em aprender os nomes dos novos colegas e concentrar-se na atividade proposta para o dia.

Então, lá estava ele: encarando o rosto de Guillermo com os olhos estreitados à espera de uma resposta para a pergunta que havia feito e um sorriso forçado. Mas Guillermo parecia estar perdido nos próprios pensamentos. Foi quando Matt percebeu as profundas olheiras margeando seus olhos escuros, maculando aquele rosto que parecia perfeito e bronzeado na medida certa, tirando a gentileza que o formato dos olhos dele pareciam ter o objetivo de diminuir a rigidez dos traços de seu queixo e nariz.

ㅡ Talvez seja melhor só... ㅡ ele começou a dizer antes de pigarrear para disfarçar o tom embargado da voz. E o sotaque, que Matt não conseguia identificar de onde era, ficou mais forte quando voltou a falar. ㅡ A gente só começar com uma luta. O golpe que um faz errado, o outro corrige.

Matthieu assentiu, deixando de sorrir antes de se levantar sem usar as mãos como apoio. Guillermo o encarou boquiaberto por alguns instantes antes de levantar, parecendo indignado por não saber levantar tão rápido quanto ele.

As duplas que Omar formava cuidadosamente espalharam-se pelo tatame em meio a conversas e projeções de golpes. O canto onde encontrou seu novo colega era um bom espaço para lutarem sem se preocupar com gente caindo ao redor deles, o único cuidado que precisavam tomar era manter distância das paredes. Frente a frente eles se cumprimentaram inclinando o tronco para frente em uma reverência breve. Ele precisou afastar da cabeça os pensamentos sobre como aquela pele bronzeada fazia Guillermo parecer irreal com o frio daquela época em Mendoza que pintava o mundo através da janela ao lado deles.

ㅡ Você investe primeiro ㅡ instruiu Matthieu, flexionando levemente os joelhos para formar uma base estável. Ainda não sabia o quanto poderia se arrepender, levando em consideração os seis centímetros de diferença de altura e o tamanho de Guillermo, mas poderia estudar a forma como amortecer melhor a queda depois de ver como funcionava o ataque.

Guillermo avançou bruscamente em sua direção, quase agarrando uma das mangas de seu uwagi. Matthieu puxou a mão com força para longe e se afastou arrastando os pés no chão, seu olhar recaiu brevemente para as pernas do outro, notando a forma como os pés estavam alinhados em uma base fácil de se abalar. Ele esperou o próximo ataque e aproveitou a proximidade para pegar a manga do braço esquerdo de Guillermo, que não estava erguida em guarda como a direita, aproximou-se mais de seu largo peitoral e o puxou para o lado.

Num piscar de olhos acompanhado de um baque surdo, Guillermo no chão, os olhos arregalados e uma careta de dor. Matthieu percebeu que talvez tivesse batido o joelho na perna dele quando caiu por cima de seu peito e o imobilizou. Fazendo uma leve leve pressão em sua garganta a espera de uma reação.

ㅡ Se solta ㅡ murmurou o garoto de olhos verdes, apertando a gola do kimono contra o pescoço de Guillermo com um pouco mais de força.

ㅡ Eu não sei como ㅡ arregou Guillermo.

Matthieu suspirou frustrado depois das batidinhas que recebeu no braço, soltando-o antes de levantar. Depois estendeu a mão para ajudar Guillermo, mas acabou abaixando quando ele ignorou e ficou de pé sozinho.

ㅡ O sensei quer que todo mundo perceba quais são seus próprios defeitos pra correção. Temos até o campeonato de setembro pra isso, então não vou te ensinar a sair das imobilizações por agora.

ㅡ Eu nem executei um golpe pra você apontar uma falha ㅡ retrucou Guillermo.

Matthieu reprimiu a vontade de revirar os olhos, reprimiu cinco palavrões enquanto reunia as pequenas partículas de paciência que possuía antes de gesticular uma explicação com o máximo de calma possível.

ㅡ Você não executou nenhum golpe, mas eu vou te apontar duas. Primeira: a forma como você posiciona seus pés. Segunda: a forma como você se move no tatame. ㅡ Ele fez uma pausa para estudar a expressão de Guillermo. Não era indiferente, apesar da forma como o encarava, mas seu olhar focava alguém atrás deles. ㅡ Não deixe seus pés alinhados um ao lado do outro, é mais fácil de te desequilibrar como eu fiz. Mantenha o seu pé de apoio para trás.

Matthieu demonstrou, alinhando o pé direito um pouco mais atrás e os joelhos levemente flexionados. Mesmo que isso significasse expor uma fraqueza para alguém que o tratava com um misto de descaso e nojo desde que se conheceram, algo que as muitas expressões de Guillermo entregavam.

ㅡ Desse jeito, você tem mais equilíbrio e estabilidade. ㅡ Guillermo balançou a cabeça concordando e posicionou-se da mesma forma, o pé esquerdo mais para trás. ㅡ E arrastando os pés, sem tirar do chão enquanto avança, seu oponente não vai te dar uma rasteira.

ㅡ Entendi.

ㅡ Será? Vem pra cima de mim de novo.

Guillermo não hesitou nem por um segundo, parecia ansioso para atacá-lo. Porém, cometeu o mesmo erro de levantar os pés ao se movimentar na direção de Matthieu, que desviou e passou o pé por baixo do dele. Dessa vez, ele caiu sentado e pareceu irritá-lo profundamente. Ótimo, agora eu também tenho a sua ira, pensou Matthieu, segurando o riso ao ajudá-lo a ficar de pé e os dois começaram a fazer um exercício de corridas arrastando os pés.

Eles voltaram à posição de início da luta e Matthieu deixou Guillermo investir primeiro mais uma vez. Como resultado, percebeu que o exercício estava funcionando e facilitou o ataque ao não estourar a pegada oponente. Guillermo curvou-se e segurou a faixa do kimono de Matthieu nas costas, de modo que parecia um abraço desengonçado, depois girou os pés e agachou, fazendo Matthieu voar por cima de seu corpo e cair do outro lado.

O corpo de Matthieu emitiu um baque surdo ao ir de encontro ao chão do tatame. Mesmo fazendo um ukemi perfeito, sentia que o ar havia saído de seus pulmões por alguns segundos, a lombar latejando um pouco. Guillermo, que ainda segurava a manga de seu braço esquerdo, entrou em seu campo de visão com um sorriso convencido no rosto, antes de pensar em oferecer ajuda para levantá-lo, o que quase fez com que Matthieu quase fosse amassado por Yazmina e Lucas que rolavam em uma luta no chão e acabaram invadindo o espaço deles.

ㅡ Desculpa ai ㅡ gritou Lucas, finalmente se soltando com uma cambalhota para trás. Eles deviam estar treinando imobilizações, eram o forte dele e pareciam ser o fraco dela.

ㅡ Só faltou você entrar um pouquinho mais com o quadril ㅡ observou Matthieu, meio ofegante, voltando sua atenção ao colega de treino durante aquela semana. Pelo susto ou pela queda? Ele não sabia dizer. A voz soou levemente rouca, enquanto ajeitava o kimono que estava todo torto em seu corpo. ㅡ Você agachou certo, mas não estava perto o suficiente e acabou me jogando de qualquer jeito.

Guillermo encarou Matthieu com uma sobrancelha arqueada, parecia ter certeza de ter executado o golpe do jeito correto. Aquilo irritou o garoto de olhos verdes profundamente.

ㅡ Não é querendo implicar com você, nem nada. Mas vocês em geral precisam aprender a sem menos imbecis ㅡ gesticulou Matthieu, como se lesse a mente do outro, voltando a se movimentar ao seu redor sem tirar os pés do chão. ㅡ Na hora do aquecimento você já ficou cansado por não estar acostumado a treinar com seu próprio peso e muito menos com o de um amigo. Então, agora ㅡ ele fez uma pausa quando conseguiu agarrar a manga de seu braço esquerdo ㅡ você está esgotado e tenta de tudo pra ter vantagem na força. Isso dificulta sua luta.

Matthieu se mexeu como se fosse aplicar o mesmo golpe, de um jeito mais lento para explicar a Guillermo. Depois executou o golpe em velocidade normal e derrubou-o com tudo. Teve vontade de rir da careta do outro mais uma vez e conseguiu se segurar por pouco.

ㅡ Pessoal, nosso tempo acabou ㅡ anunciou Omar, por cima das vozes altas e sons de luta ao redor do dojô. ㅡ Formação!

Matthieu inclinou o tronco para frente, cumprimentando e ao mesmo tempo agradecendo pelo treino para Guillermo.

ㅡ Tenta caminhar fazendo aquelas passadas que eu te ensinei quando não estiver ocupado, vai te ajudar nos treinos e posteriormente nas competições ㅡ ele disse com um sorriso aliviado por poder se afastar. Pelo menos, só teriam que interagir nos próximos dois treinos e esperava que o sensei não o torturasse a fazer dupla de novo com Guillermo. Seria muito mais fácil se o cara se desse ao menos o trabalho de fingir simpatia.

Ajoelhado de frente para Omar, Matthieu refletia durante o pequeno monólogo do velho, que talvez treinar na Vincent Aguillera não fosse tão ruim quanto imaginava, ele só precisaria sobreviver às aulas.

Fazia muito tempo que Matthieu não acordava com o corpo dolorido depois de treinar no dia anterior. Ele não sabia dizer se era uma consequência das várias quedas desajeitadas ou consequência por dormir em posições ortopedicamente não recomendadas. Provavelmente era a somatória das duas coisas, deveria melhorar depois de um banho morno e café.

ㅡ Bom dia, campeão! Como vai a nova rotina de sono? ㅡ seu pai perguntou, quando apareceu na cozinha. A calopsita empoleirada em um de seus ombros brincava com os fios de cabelo mais compridos em sua nuca, mas parou logo que percebeu sua presença e piou antes de pular para o dedo estendido de Matthieu, assobiando a música de abertura dos Teletubbies.

ㅡ Rio diz Oi! ㅡ falou o pássaro.

ㅡ Oi, Rio ㅡ ele passou o dedo cuidadosamente na cabeça da calopsita, depois se aproximou do pai. ㅡ Uma maravilha, quando é que eu dormi até depois das seis sem ser nas férias?

Emerald Jones riu, deixando de lado um pano de prato para dar um abraço no filho assim que Rio planou para a mesa. Era praticamente um ritual: o abraço, depois uma bagunçada no cabelo pra dar sorte e o resultado era seu penteado de todos os dias padronizado.

ㅡ Sua mãe não gostou muito do horário, não deixa ela levar vocês de carro. ㅡ Foi a vez de Matthieu rir, mesmo sabendo que, na verdade, a mãe não aprovava em nada a transferência dos dois filhos para a Vincent Aguillera. E ele não podia culpá-la, duvidava que conseguiria se adaptar em tão pouco tempo, ainda mais tão perto de terminar o ensino médio. Emerald lhe entregou sua caneca preferida, já cheia de café, interrompendo os planos de largar a escola quando completasse dezoito anos se tudo desse errado. ㅡ Vou ver se a Mirella já está se arrumando ou se seu preciso jogar água fria nela.

ㅡ Tem certeza de que já não quer levar o balde de água?

ㅡ Nem pensar, fiz babyliss ontem a noite! Sem água no meu cabelo hoje.

A irmã apareceu na cozinha antes que o pai subisse. Parecia que ia para um desfile de moda com o cabelo loiro, idêntico ao do pai, meio preso na frente com duas presilhas de cereja e delineado gatinho nos olhos. Diferente do primeiro dia de aulas, optara por usar as calças do uniforme e não o short saia ridiculamente curto. Ela também passou pelo ritual matinal com Emerald, que não incluía cabelo bagunçado, depois deu um tapa na orelha do irmão.

ㅡ Arruma sua argola de boi, ela tá torta ㅡ provocou Matthieu, fingindo coçar o próprio nariz para ignorar a orelha latejando.

ㅡ Café, eca ㅡ ela respondeu com uma careta e um cutucão em seu braço, depois arrumou a argola prateada com um coração que usava no septo.

ㅡ Tem suco de uva na geladeira, vou por comida pro Rio ㅡ o pai apontou para o eletrodoméstico e saiu. A calopsita pulou da mesa e saiu andando do jeito engraçado que os pássaros andam na direção de seu poleiro. ㅡ Hoje vocês vão pegar o ônibus sozinhos, tenho que passar no mercado.

Matthieu se apressou com o café e o pão com ovos mexidos, depois subiu para escovar os dentes. A Vincent Aguilera oferecia café da manhã e almoço para todos os alunos, mas os irmãos Jones-Guevara preferiam mil vezes as refeições de casa que o pai preparava. Já na escola, Mirella se despediu dele ao completarem o lance de escadas que terminava no primeiro andar do prédio principal e ele subiu mais dois lances para chegar no terceiro.

Podiam ser alunos novos, porém a disposição das salas era simples e Matthieu percebeu que não havia como se perder com o tour de apresentação da semana anterior ao início das aulas. Sua única preocupação era se atentar a grade de horários das aulas que recebeu por e-mail e conferir o local de cada uma, porque infelizmente algumas delas exigiam que os alunos se locomovessem. No caso da da modalidade inglesa que escolheu para a aula de Linguagens, não havia informação nenhuma para qual sala ir.

ㅡ Bom dia, com licença. Será que você pode me ajudar? ㅡ perguntou ao garoto com o rosto enfiado no armário ao lado do seu. Ele havia acabado de pegar o fichário da matéria e o estojo quando o moreno abriu o próprio armário.

ㅡ Claro, só um momento...Ai!

Matthieu grunhiu sentindo no próprio corpo a dor do outro garoto, que havia acabado de bater a cabeça ao tentar levantar.

ㅡ Bom dia, você é novo por aqui? Eu sou o Arturo ㅡ ele estendeu a mão livre que não massageava a parte de trás da cabeça. Matthieu estendeu a mão para cumprimentá-lo, prestes a responder. Ainda estava assimilando o fato de que o nome não lhe era estranho, aqueles olhos amendoados e aquelas sardas não lhe eram estranhas e aquela voz não parecia ser inédita, quando Arturo arqueou ambas as sobrancelhas e praticamente gritou: ㅡ Matthieu! Por Deus, eu não acredito, quanto tempo!

Então ele se lembrou do vizinho que vivia acertando uma bola de volêi na janela da sala quando a família Jones-Guevara ainda morava em um apartamento alugado em...já não se lembrava dos anos exatos. Apenas se lembrava de ficar frustrado por não ter dito para onde estavam se mudando, de que ele tinha uma quedinha por Arturo, mas ele tinha uma quedinha por Mirella, o que acabou se revelando uma grande ironia do destino quando a irmã se assumiu lésbica aos doze anos e ele já não pensava no garoto da porta da frente a muito tempo. Maldita hora para lembrar de tudo isso.

ㅡ Incrível como nós nunca nos encontramos morando na mesma cidade, não é? ㅡ comentou, torcendo para não estar completamente vermelho. Maldita hora pra lembrar desse tipo de coisa.

ㅡ Ah, vai ver porque eu me mudei pra Lujan de Cuyo uns meses depois de vocês.

ㅡ E depois, suponho que o destino tenha sido Mendoza.

Arturo balançou a cabeça positivamente, pegou um fichário idêntico no próprio armário e bateu a portinha depois de empilhar o próprio estojo. Então arrumou alguns fios de cabelo cacheado que caiam na testa por cima do arquinho que usava.

ㅡ Meu pai ganhou na loteria e achou uma boa ideia me mandar pra cá. É bom, sabe? Tenho uma vaga praticamente garantida na Liga Nacional de Vôlei ㅡ ele deu de ombros. Pelo visto, a paixão pelo esporte não passou. ㅡ Ei, você não precisava de ajuda?

ㅡ Verdade ㅡ Matthieu sorriu envergonhado, ele estava prestes a comentar o quão incrível a vida do amigo de infância havia se tornado depois de uma vitória como aquela. ㅡ Na minha grade de horários não fala onde é a aula de Língua Inglesa.

Arturo arquejou surpreso, inclinando-se para mais perto de Matthieu para olhar a tela do telefone. Uma onda de perfume amadeirado quase o deixou zonzo.

ㅡ Eu também escolhi essa modalidade! Ah, mas você é da Turma B...Bom, de qualquer forma, as duas turmas se juntam nas aulas de Língua Inglesa e Espanhola, é a modinha. Mas as turmas de francês e japonês são menores e as aulas acontecem em outra sala.

ㅡ Entendi, mas você não disse em qual sala...

ㅡ Na sala principal da Turma A, bobinho! ㅡ Arturo sorriu como se fosse óbvio e jogou o braço por cima dos ombros de Matthieu. ㅡ Ou seja, na minha. Vem com o pai que é sucesso, Matinho!

ㅡ Não, não vem com esse apelido besta de novo ㅡ ele protestou, mas estava sorrindo. Morar naquele apartamento tinha sido parte de uma época sombria para a família, mas não fora de todo ruim e estava feliz por encontrar com Arturo. ㅡ Acho que dei muita sorte de te reencontrar. Apenas dois colegas do meu antigo time estão na mesma turma que eu, mas não escolheram inglês.

ㅡ Que pena pra eles, a Dra. Collins é a melhor! ㅡ Arturo continuou guiando-o pelo corredor naquele abraço lateral desengonçado. Por que você também ficou mais alto? ㅡ Volta a fita, você tá por aqui por causa daquele bafafá todo com os Aguilas Ardientes? Como é que tá a adaptação a esse novo mundo acadêmico?

ㅡ Basicamente isso e...até agora, não tive dificuldade com nenhuma matéria. Mas aposto que vou ter que dar a bunda pra passar em física! Por que a média daqui tem que ser tão alta?

ㅡ O professor de física é um saco, talvez você realmente tenha que dar a bunda. Ou então pode pedir um monitor, eu tenho pra cada matéria de exatas ㅡ Eles pararam na porta da sala. ㅡ Vou fingir que você vai me contar o babado mais tarde e não mudou de assunto de propósito. Agora vamos ver se encontramos um bom lugar.

Encontraram as mesas perfeitas no meio da sala de aula, com a vantagem de não ser tão longe do quadro, mas longe da galera bagunceira do fundão. A desvantagem: Guillermo Pérez e seu bichinho estimação encrenqueiro logo atrás, encarando-os como se fossem presas fáceis e eles leões. Ou talvez só ele estivesse sendo encarado daquela forma, porque o amigo de Guillermo sorriu acenando para Arturo com entusiasmo.

ㅡ Ei, cara das fotos, atualizações sobre o anuário?

ㅡ Ainda não. Parece que o diretor está esperando o pessoal novo se ajustar...ㅡ respondeu Arturo, colocando as coisas em cima da mesa a frente dele. O amigo de Guillermo inclinou a cabeça para o lado e cutucou uma garota para prestar atenção no que Arturo dizia. Matthieu percebeu riscos pretos desenhados em seu pescoço, como a cauda de alguma coisa meio escondida pela gola da camisa social do uniforme. ㅡ Tem dois intercambistas pra chegar semana que vem. Então talvez as fotos sejam tiradas em agosto, como sempre.

ㅡ Ah, entendi...No intervalo queremos encontrar com você pra falar de uma possível matéria para o El Chisme Semanal¹.

Matthieu ocupou a mesa na frente de Guillermo, contentando-se em sentir o olhar dele queimando sua nuca. Os olhos de Arturo brilharam com o que quer que significasse aquela última fala, coisa que também lhe deixou agitado.

Good morning, peoples! ㅡ exclamou uma mulher ruiva que devia ter menos de trinta anos e só poderia ser a professora. Ela entrou na sala carregando alguns livros e uma bolsa grande, com uma animação surpreendente. ㅡ Para o rostinho novo que não me conhece, sou a Dra. Louise Collins, professora de Língua Inglesa dos terceiros anos. Welcome, dear! Celulares nos bolsos e fichários abertos, vamos começar nossa aula com uma breve revisão do bimestre passado.

Matthieu sorriu genuinamente animado para a Dra. Collins, o espanhol dela era vacilante. Tudo bem aturar aqueles dois brutamontes atrás dele durante duas aulas, ele finalmente tinha a oportunidade de aprender inglês.

ㅡ Eu disse que ela era perfeita, não disse? ㅡ Arturo o cutucou. Tinha acabado de colocar óculos quadrados de armação preta que acabavam com sua postura de atleta e o fazia parecer com uma versão Clark Kent pardo. ㅡ Olha só, a gente se encontra no almoço pra conversar. Surgiu uma coisa pra resolver no intervalo.

Matthieu concordou e voltou toda a atenção para o quadro, onde a Dra. Collins escrevia coisas em inglês com três canetas diferentes. Aparentemente, todos naquela sala estavam estudando inglês desde o primeiro ano. O que significava que os professores não falavam em espanhol durante as aulas desde metade do ano anterior e Matthieu, que sabia contar até dez, listar cinco cores e sete animais, ficaria muito perdido nas aulas dela.

Notas de rodapé:

Uwagi:  peça de cima que compõe o kimono.

El Chisme¹ "a fofoca" ou "o boato".

• 🥋 ° ' E aí, o que acharam do Matt? Será que essa amizade do passado vai atrapalhar o desenvolvimento dos romances dele?

• 🥋 ° ' Estou ansiosa para continuar atualizando essa história, apesar de não ter percebido os dias passando. Oficialmente, os capítulos novos serão publicados todas as segundas-feiras.

• 🥋 ° ' Tenho um perfil novo no Tik Tok onde vou postar coisas das histórias, incluindo Agente animal, me sigam lá pra ficar por dentro dos memes e edits: @ historysbylokura. 

• 🥋 ° ' Não deixem de votar e se puder comentem. Adoro interagir com os leitores, estou sempre respondendo quando surge um tempinho! Até semana que vem, mi gente 

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top