Capítulo especial para concorrer ao concurso Aventura em Ação 2024

(Adventure In Action 2024) do WattpadSuspenseLP

Palavras: 967

— Ouch! — Volker curvou o corpo sentindo um aperto no peito.

— O que foi meu filho? — a fantasma parou de folear um livro e se levantou da poltrona.

— Aquele idiota deve está metido em algum problema! Abel só precisava acompanhar a esposa gravida de Bristol até Mera, odeio ser babá d... — quando alcançava a porta parou, pressionando o peito com a mão e cerrou os dentes.

Assim que recobrou as forças saiu para o salão de mármore gigantesco, antes de tocar a escadaria assumiu a forma de dragão prateado e brandiu as asas, fazendo o enorme lustre do centro balançar. Com velocidade atravessou toda a cavidade de rocha, saindo pela caverna camuflada e ganhando o céu estrelado. A lua nova parecia sorrir com o assobio do vento percorrendo as escamas prateadas em alta velocidade.

A visão das montanhas em chapada de Bristol não denunciavam nenhuma batalha, que pudesse por em risco a vida do mais novo rei de Meradomum. Rapidamente assumiu a forma humana no ar e como sombra adentrou os aposentos de Abel, vendo apenas Sonia dormindo tranquila.

— Acorde humana! Onde está seu esposo?

— Volker!? — se assustou, protegendo a barriga antes de pensar — Abel partiu pela manhã para Urk, deve voltar no final da tarde de...

Sem esperar o final da resposta voou pela sacada, seguindo seus instintos.

A visão do mar tomou o horizonte, junto com o cheiro da maresia e o som das ondas. Interrompido pela dor no peito, mais uma vez, que o fez perder altitude. O suficiente para denunciar sua presença aos guardas da torre, que soaram um alarme.

— Estou cansado dessa palhaçada! — bravejou soprando gás paralisante em um rasante ao redor da torre, seguiu pousando e agarrou um comandante, cujo traje o destacava — Onde está o rei de Meradomum?

Sumiram nas falésias¹ a nordeste, primeiro Ian e seu grupo... — o homem tremia entre as garras da criatura, engoliu a seco antes de continuar — Tentamos impedir o rei, mas Abel seguiu pelo nevoeiro empunhando a espada, todos os homens que o seguiram quase caíram do penhasco e quando o nevoeiro se dissipou não encontraram o rei.

Em um movimento rápido o homem se viu liberto e rolando pelo chão, deslocou o ombro com o impacto e foi logo socorrido pelos cavaleiros, que ainda resistiam ao gás paralisante.

— Aquele inconsequente agora é um imã para maldições? Se eu tiver que enfrentar outro necromante vou conjurar uma magia de prisão para que não sai mais de Mera!

Imediatamente se viu envolvido pela neblina fantasmagórica, e uma aparição de bela mulher flutuava a sua frente. Sorrindo ergueu a espada para acertar Volker.

"Já tenho uma fantasma me assombrando, dispenso aquisições!" soprou frio e a espada ficou presa em um cristal de gelo pesado forçando a dama soltá-lo. "Para um fantasma não tem nada mais incomodo do que ser brutalmente atravessado." sorriu impulsionando o corpo gigantesco em um mergulho, transpassando a fantasma e indo pegar a espada antes que atingisse o chão.

Agarrou-a no ar, quebrando o cristal de gelo e abrindo as asas para frear rápido. Pousar no chão ao lado das falésias.

A pobre fantasma caiu tonta vendo o céu, a neblina havia dissipado, o vislumbre de seu corpo tremia, falhando pela confusão de ter sido atravessada pelo corpo gigantesco do dragão.

— Onde está o dono dessa espada? — inquiriu Volker apontando-a para o pescoço da bela mulher.

— Ele me deu como presente por meu amor...

— Hahaha! Eu convivi com as emoções daquele idiota, por tempo suficiente, para saber que ele não trocaria Sonia por uma 'mal-carnada' transparente. — "Que minha mãe não me ouça..."

 — O que disse!? — enfurecida, literalmente perdeu a cabeça, se transformando em uma mula cujo pescoço cuspia fogo.

A forma humana de Volker recuou uns passos encarando a transformação imponte do animal em chamas que tentou fugir saltando pelo precipício. Mas o meio dragão pronunciou palavras mágicas fazendo a terra fender e prender a mula sem cabeça² pelo casco ficando pendurada a ver o mar.

— Você achou mesmo que iria tapear um dragão? — resmungou entediado.

— Me desculpe! — as chamas do pescoço balançaram com o som agudo da voz — Eu devolvo o rei, ele está na caverna lá embaixo...

~ ~ ~

A caverna úmida era adornada por estalactites³ gotejando com cheiro salgado, das ondas que se quebravam nas rochas lá fora. Abel estava jogando no fundo de uma vala, que se inundava com a maré alta, seu rosto as vezes era submerso — causando a dor no peito de Volker.

Tirado de lá despertou e imediatamente perguntou por seus soldados. A contra gosto a forma humana do dragão puxou os outros três homens da fenda, até que ao tocar em Ian a fantasma se alarmou:

— Ele não!

— Ele é meu homem mais fiel, serviu a meu pai! — reclamou Abel, logo saltando por ver uma fantasma.

— Ian jurou seu amor a mim, me causando essa maldição.

— Esse cavaleiro mal educado é tudo, menos padre. — retrucou Volker com cara de descredito, julgando a mula sem cabeça como mentirosa.

— Padre?... Ian abandonou a teologia para cumprir uma promessa a meu avó e proteger meu pai... — sussurrou Abel absorto em pensamentos.

— Nós nos amávamos, até ele ter que partir para Mera!

Uma onda iria cobrir o rosto de Ian e o rei o salvou. Acordando atordoado foi apoiado pelos outros soldados e logo posto a par da situação.

— Eu não te conheço mulher!

— AAAAAHHH! — gritou a fantasma puxando os próprios cabelos — Você me beijou ao por do sol nessa encosta! Jurou que retornaria!

Vendo que Abel se colocaria em perigo o dragão segurou a dama pelo braço e pronunciando palavras magicas dissipou a maldição. Fazendo-a sumir gritando que amava Ian.

— Verdade ou não a maldição se foi e é bom que puna o cavaleiro inútil que colocou o rei em perigo. 

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Música criada por Micaelly Cristina para o personagem Volker: Vivendo a Amarga Dor da Guerra - ouça no topo do capítulo.

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¹Falésias - Paredões elevados que se formam no litoral.

²Mula sem cabeça - Folclore brasileiro, fantasma de uma mulher amaldiçoada por ter se entregado a um padre.

³Estalactites - Depósitos de minerais originados por gotejamento através de fendas no teto da caverna.