Capítulo especial para concorrer ao concurso Aventura em Ação 2024

(Adventure In Action 2024) do WattpadSuspenseLP.

Palavras: 997

Cintia acariciava sua barriga de nove meses sendo observada pelo dragão Merak.

— Algo de errado com nosso ovo? — piscou calmamente seus grandes olhos vermelhos, entre as placas de prata em sua face.

— Já disse que não sou um ovo! — a princesa olhou brava.

— Hahaha! Não se irrite minha formiguinha, pode fazer mal a nosso filhote. — disse se aproximando da cama como um gato gigante.

A humana puxou os lençóis para se aquecer do ar frio que o gigante emanava. Mas logo uma marca escura de água manchou o tecido, fazendo o dragão se alarmar. Imediatamente pronunciou palavras mágicas, assumiu a forma humana e correu pelo castelo para buscar a parteira que estava de prontidão, aguardando.

A criança nasceu com forma humana, um ralo cabelo prateado e belos olhos azuis, como cristal que brilhava, denunciando seus poderes frios, herdados do pai.

— Volker. — Merak tomou o pequeno em seus braços de imitação humana — Um corpo frágil para um dragão prateado, mas deve ter herdado a mesma coragem da mãe.

~ ~ ~

O jovem príncipe foi criado na cidade de Mera, fundada pelo pai, que queria um palácio próximo a seu covil escondido na floresta, entre o labirinto de montanhas chapadas da região. Mal conheceu seus primos, em especial Zil o herdeiro do trono.

Quando seu avô Ziusundra faleceu, a espada feita da placa de prata, do peito de seu pai, ficou em posse desse herdeiro, pois o pai de Zil faleceu na guerra entre Durhan e Monthbell.

Porém Zil se tornou um rei cruel, contido apenas pelos pedidos de sua tia Cintia. Mas usou o contrato pela espada com o dragão, para forçar Merak, conforme seus caprichos. O que piorou após a morte da princesa.

O pai zeloso se escondeu com seu filho nas profundezas da floresta. O covil que antes era frio e inabitável para humanos, tinha se tornado o mais belo palácio, excedendo em muito as riquezas dos humanos. Cintia não teve descanso, com um feitiço, o dragão transformou o espirito de sua amada em fantasma, condenada a vagar pelo covil.

A bela princesa escolheu cuidar de seu marido e filho para toda eternidade, mas a soberba dos descendentes de seu sobrinho torturaram Merak. Por uma vez, Volker se levantou para matá-los e roubar a espada. Mas obrigado pelo convênio, o pai e filho tiveram que lutar, deixando cicatrizes no coração do jovem.

Decidido que nunca mais isso iria acontecer, o dragão ceifou a vida do rei de Meradomum. Ferido de morte, por ter quebrado o juramento, retornou ao seu covil, onde viveu por trinta e dois anos, no que se tornou seu túmulo frio, nas profundezas da caverna.

~ ~ ~

Volker descansava suas mãos humanas sobre o papel, relendo seus diários na grande biblioteca. Quando ouviu uma voz melódica de fantasma se aproximar.

Os séculos se passaram
A história foi mudada
De procurar se cansaram
Estava perdida a espada.

Por um tombo de cavalo
Abel e Volker se conheceram
O novo herdeiro açoitado
Ergue-se com a espada ligeiro
Dragão e príncipe lutaram
E quase ambos pereceram

Mas uma amizade incomum
Uniu as emoções em só um.
Após na torre de Assaph derramar
Gelo e fúria, um cemitério cavar.

O amor de duas princesas,
Promessa que gerou tristezas
Quase devoradas, foram
Salvas por grande arrojo
Que trouxe a verdade de dor
Sobre o avô que nunca foi traidor.

Finalmente amigos, forças uniram
A terra do necromante afligiram...

— Já chega mamãe, deixe-me ler. — disse o meio dragão cansado.

A fantasma o abraçou cheirado seus cabelos prateados que emanavam frio com odor de chuva, igual ao pai. Deitando a cabeça no ombro forte do rapaz, admirou o nariz e lábios finos. Mas Volker se afastou sacudindo seu casaco de brocado azul e cinza.

— Quando vai me apresentar Abel?

— Melhor que não o conheça, aquele humano já sabe demais sobre mim. — disse irritado.

— Não adianta fingir, esse mal humor forjado nunca me enganou. — Cintia sorria flutuando ao redor do filho — Fez bife na manteiga para ele, seu prato favorito. Sinal que confia no príncipe.

O mestiço não respondeu, mas escondeu um sorriso discreto.

"Finalmente sou um dragão completo que tanto sonhei. Abel até me perdoou pelas mortes que causei, com meu sopro congelante. Embora meu coração ainda pese com a lembrança daqueles humanos inocentes..." continuava perdido em pensamentos foleando seu diário. 

— Finalmente pode conseguir uma esposa no ninho. — Cintia se sentou na mesa e balançou os pés transparentes no ar. — Não precisa roubar espada, nem brincar de provocação com o rei, porque o está vigiando? Não me diga que ainda está apaixonado pela esposa dele?!

Volker levantou os olhos azuis raivosos afirmando que nunca se envolveria com uma humana, não cometeria os mesmos erros do pai. Mas a mãe apenas riu.

— Nem mesmo a princesa Eloisa, de quem roubou um beijo? — se inclinou provocando.

— Aquela espada fofoqueira lhe contou o motivo também?

— Não fale assim de seu pai!

— Agrr! Quando a criança nascer poderei ir para o ninho. Sônia quase perdeu o bebê uma vez, se eu não estiver por perto, algo ruim pode acontecer e Abel nunca me perdoaria. 

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Melhor amigo: Abel de quem roubou a espada mágica, causou confusão trazendo dragões raivosos para o reino humano. Quando teve que realizar um contrato com o príncipe.

Ama: Ficar provocando o príncipe porque prefere sentir sua "raivinha" do que os outros sentimentos, até que finalmente ficou liberto do contrato com as emoções.

Odeia: Obedecer humanos, ficar apaixonado pelas mesmas princesas que o príncipe e principalmente demonstrar seus sentimentos em público.

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Música criada por Micaelly Cristina para o personagem Volker: Vivendo a Amarga Dor da Guerra - ouça no topo do capítulo.