20 SANIDADE

Ian acordou sozinho na tenda e logo percebeu a carta de Abel em suas mãos. "Meu bom amigo e professor, deixo o exercito em suas mãos. Retorne com ele e cuide de Sonia. Não envie homens atrás de mim. Essas são minhas últimas ordens, cumpra até que eu volte. Sua Alteza Abel príncipe de Meradomum.".

O peso da tristeza esmagou Ian.

— Eu prometi a Cadmo que cuidaria de vossa alteza... Céus!... O que devo fazer?...

~ ~ ~

Nesse momento Abel entregava a espada a Volker.

— Está livre do juramento. — o dragão hesitou, ficou bravo e finalmente a recebeu segurando-a pela bainha. Toda ela brilhou em um tom azul em seguida Volker também foi envolvido por essa luz e caiu de joelhos. Abel se abaixou preocupado.

— Está bem...

— Volker! Vai abandonar tudo, por medo? — a voz séria de Merak ressoa atrás do filho.

— Finalmente conseguiu a forma de dragão completo, vai abrir mão?

Eles se levantaram enquanto o espectro falava. Volker baixou a cabeça, sem jeito e contrariado. Quando sentiu o toque do pai em seu ombro. Olhou nos olhos dele e ouviu-o pronunciar uma magia de cura.

Todos os seus ferimentos desapareceram. O brilho do espectro diminuiu por alguns instantes, mas voltou ao normal.

— Você tem suportado muita coisa, meu filho. Sei que tem sofrido tanto, por isso está mais sábio e cauteloso. Sinto orgulho de você.

As sobrancelhas de Volker saltaram, denunciando uma surpresa feliz.

Mas ele logo voltou ao seu ar sério levemente impaciente, sua assinatura.

Merak sorria de leve enquanto analisava essas reações do filho.

— Existe uma maneira de quebrar a maldição. Essa magia de área é feita gravando escritos em uma pedra talhada e erguendo-a como obelisco. Se derrubarem a pedra a maldição se desfaz.

Os olhos de Abel brilharam de alegria. Merak continuou:

— Vou ajuda-los a suportar os efeitos da magia. Não precisará abrir mão da forma draconiana filho, ao invés disso o libertarei dos sentimentos de Abel.

Volker não conteve seu sorriso. Ele finalmente estaria livre desses sentimentos indesejáveis.

— Mas saiba que o poder da determinação de Abel é quem vai protegê-los. Aprenda isso meu filho, os humanos possuem uma força muito maior que as dos dragões. Você também pode acessar esse poder. — O espectro olhou fundo nos olhos do filho

— Agora vá meu filho e seja rápido. Terão pouco tempo para encontrar e derrubar o obelisco. — disse Merak se desfazendo em luz prata, azulada e envolvendo os dois.

Volker virou-se olhando determinado para Abel que acenou com a cabeça, feliz por ter companhia nessa difícil batalha. Lado a lado eles atravessaram na barreira invisível. A visão tranquila da planície e muralha abandonada deram lugar ao caos de gritos e tilinta de espadas, lanças e escudos.

Ao entrar no local o príncipe sentiu ânsia de vômito, o cheiro de carniça era insuportável. Volker assumiu sua forma de dragão completo e levou Abel pelo céu onde o cheiro era menor.

Com os olhos tentavam avistar qualquer pedra erguida que pudesse ser usada como obelisco. Enquanto assistiam aflitos correntes de homens se enfrentando sem sentindo. Com os olhos vermelhos brilhantes, golpeando e sendo golpeados em fúria berserker.

Durante o voo, vários necromantes atiraram contra o dragão, sem conseguir atingir. Mas quando se aproximaram de certo local o ataque veio como rede flamejante. Dezenas de bruxos estavam reunidos.

Volker tentou desviar, mas foi atingido por fogo na asa. Tentou se manter no ar, mas perdeu altitude. Estava a poucos metros da terra quando um enxame de raios veio em sua direção. Sem poder desviar, sua reação foi soltar Abel que rolou no chão e assistiu o dragão ser fulminado e cair feio esmagando um exercito de zumbis.

O príncipe nem teve tempo para pensar em Volker, pois caiu no campo de batalha e teve que lutar contra berserkers. No segundo que começou a trocar golpes com sua espada reconheceu os uniformes lamacentos e parcialmente destruídos daqueles homens.

— São do exercito do rei, meu pai!

Abel começou a congelar todos em quem sua espada tocava e a gritar por seu pai. Não pensava mais em pedra ou maldição, seu único objetivo era encontrar Cadmo.

Após fazer dezenas de estatuas de gelo quando finalmente avistou seu pai em batalha.

Nesse instante sentiu o sopro gelado de Volker inundar o campo de batalha. Percebendo uma camada fina que gelo se formar sobre seu corpo teve que ordenar que parasse. Somente aí notou que a camada de luz que o envolvia estava se desfazendo.

Seus pensamentos logo foram interrompidos pelo rugir do dragão. Volker estava novamente descontrolado, os necromantes lhe atiravam fogo e ele respondia com estacas de gelo.

Parte do exercito se voltou contra o dragão e os homens correram naquela direção deixando o campo aberto para que os olhos de Abel avistassem uma pedra talhada com escritos.

Um terremoto abriu uma fenda, derrubou muitos no chão e engoliu diversos zumbis.

Abel também foi ao chão e quando tentou se levantar sentiu uma tontura e sua visão começou a ficar vermelha. Sem que percebesse já estava sobre o efeito da maldição e como um louco começou a golpear quem aparecesse na sua frente.

O dragão pisoteava berserkers, congelara diversos bruxos e recebia em troca cortes de espadas, bolas de fogo e raios. Abel também estava fora de si. Atacava com a espada sem usar magia.

Logo estava golpeando seu próprio pai. Enquanto tocava golpes com o rei ele ouviu uma voz.

— Volte a si meu filho!... Esse não sou eu!... Abel!

Finalmente os olhos do príncipe voltaram ao normal. Ele viu o corpo de seu pai caído no chão e sua espada e punhos manchados de sangue. Com o olhar perplexo ele deixou a espada cair no chão. Novamente Abel ouviu a voz.

— Mantenha a calma filho... Esse não sou eu...

Imediatamente Abel sentiu uma barreira envolver seu corpo, dessa vez ela era dourada, sua visão também foi tomada por uma luz forte e por alguns segundo ofuscou sua vista. Quando voltou a enxergar não havia mais campo de batalha e a sua frente estava o espectro de seu pai.

— Os Céus lhe enviaram auxílio meu filho. Graças às orações de todos você ganhou alguns minutos para acabar com essa maldição.

Os olhos de Abel estavam concentrados em seu pai, mas ao mesmo tempo sua mente visualizava todos os que pediam seu retorno seguro: Ian, sua governanta, vários soldados e criados, seu avô, seu tio Mernes, Eloisa, vários de seu povo e Sonia.

— Não perca tempo Abel, derrube a pedra e voe para Sonia. Ela não pode continuar o jejum ou perderá o bebê... —  a voz de Cadmo continuou e foi ficando distante. Até a luz e imagem de seu pai desaparecerem.

O príncipe estava novamente no campo de batalha. Olhando para as mãos via seu corpo envolvido por um brilho dourado. Serrou os punhos e procurou pela pedra.

Avistando-a entre zumbis berserkers não pensou duas vezes e correu mesmo entre as espadas. As laminas direcionadas contra ele foram repelidas por um escudo invisível, nada o acertava.

Abel jogou todo o corpo contra a pedra que balançou um pouco, mas não caiu. Ele continuou empurrando com o ombro grudado a pedra. Seus pés escorregavam cavando na terra.

O príncipe usou toda sua força. Pensando nas pessoas que desejavam seu retorno seguro, ele sentiu-se mais forte. A pedra finalmente começou a mexer. Devagarinho foi desgrudando do chão, até finalmente tombar rachando ao meio. Eram uma pedra gigantesca, quase dois metros de altura, um de largura e meio metro de grossura.

Ele não acreditava que conseguiu virá-la sozinho. Ao olhar ao redor notou vagamente os espectros de seus antepassados que o tinham ajudado a empurrar.

Entre eles seu pai que falou antes de sumir em um som distante.

— Fez muito bem filho, tenho orgulho de você.

Depois que eles sumiram Abel viu os corpos dos zumbis começaram a se esfarelar sendo levados pelo vento. O cheiro podre e o ambiente da maldição começaram a desaparecer.

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