07 REVELAÇÃO
Ao acordar Volker sentiu seu corpo balançar, só depois percebeu que estava sendo carregado. Bruscamente a altura diminuiu, a pessoa que o carregava se ajoelhou para pegar folego antes de continuar.
— Você é muito pesado... — resmungou em tom baixo.
— Então me largue, não preciso da sua ajuda!
O príncipe parou surpreso do dragão ter acordado.
— Você consegue andar? — quis saber o príncipe, mas Volker nem se mexeu em suas costas.
Abel, então, continuou carregando-o e tentou começar uma conversa.
— Volker... A espada falou comigo, ela pediu que o ajudasse.
O dragão não respondeu, seus olhos fechados denunciavam seu estado de cansaço. O príncipe, portanto, achou melhor continuar em silêncio.
~ ~ ~
Algum tempo depois ele chegou a uma parte escura e fechada de floresta, só parecia ter a parede de pedra da montanha à frente. Cercado por espinheiros de ora-pro-nóbis e cupuaçu. Aquela área possuía várias montanhas com o topo chapado, como blocos irregulares fazendo labirintos pela floresta.
O príncipe olhou para a espada na cintura, como se quisesse confirmar algo, então seguiu em frente entrando pela parede, que na verdade era como uma ilusão mágica e ali dentro havia uma caverna gigantesca escavada na rocha, onde um dragão verdadeiro andaria sem dificuldade.
Continuando pelo túnel Abel se deparou com um salão ainda maior que o túnel de onde viera. Era circular e todo revestido em mármore, com lustres acessos, como que por mágica, no teto. Uma luxuosa escadaria finamente trabalhada, em granito e mármore, descia dando acesso ao piso inferior.
No salão três gigantescas portas, uma em frente à escadaria e mais duas em cada extremidade. O príncipe se demorou um tempo, contemplando toda aquela riqueza. Era inacreditável que algum reino pudesse possuir algo como aquilo — Assim é o covil de um dragão? Tão rico e belo... — devaneava.
Até que a porta em frente à escadaria abriu sozinha convidando-o a entrar.
— Como... Encontrou esse lugar? — resmungou Volker ainda acordando.
Mas nem deu tempo para o príncipe responder. Na posição que estava cruzou os braços tentando enforca-lo.
— Ficou louco!? Me solte! — ordenou Abel se soltando dos braços daquele meio dragão ingrato. Volker estava muito frustrado e bravo, mas não tinha forças para lutar contra o príncipe.
Abel o soltou no chão e se afastou um pouco. Nesse momento iria dizer alguma coisa a ele, mas passos pesados vindos do túnel interromperam o raciocínio dele.
— Você foi seguido, Maldito! Como achou esse lugar?! Agora eles vão roubar meu tesouro! — Enquanto Volker só reclamava os dois dragões se aproximaram.
— Obrigado por nos mostrar o caminho pequeno humano, como prometido pode sair com a vida desse mestiço.
A expressão de frustração de Volker evoluiu para total desesperança. Ele não tinha forças para lutar, se sentia humilhado por ter sido salvo e carregado por um humano.
"Agora tudo que me resta será roubado..." lamentava em sua mente.
— Não me lembro de ter feito acordo nenhum com vocês. — afirmou Abel pondo-se na frente de Volker já com a espada desembainhada em punho.
— Oh! Hahaha Acha que deixamos você levar esse 'cadáver' por medo da sua espada? — mas Abel não recuou, sua postura firme encarando os dragões fez o mais esquentado deles avançar para esmaga-lo com sua pata.
Foi nesse momento que o príncipe lançou enormes rajadas congelantes sobre os dois dragões. O chão de toda a sala ficou coberto de neve, estacas de gelo se formaram nas paredes e teto do túnel, os dois dragões foram completamente cobertos com uma camada grosa de gelo.
Volker ficou surpreendido. Abel se virou para ele, enquanto baforadas frias saiam de sua boca ele pegou o meio dragão, segurando-o pelo braço, levando-o para a porta em frente à escadaria que antes estava entreaberta, mas depois daquele ataque, as rajadas de vento frio as fizeram escancarar. Após alguns passos a entrada se transformava em uma longa escadaria para baixo.
O clima ia esfriando enquanto desciam, isso não incomodava Volker que pareci está recobrando as forças. Mas Abel que ia à frente ainda segurando o braço dele caminhava cada vez com mais dificuldade, o suor em seu cabelo e pálpebras congelaram, as nuvens de sua respiração denunciavam o quanto estava difícil para ele prosseguir.
Foi nessa hora que Volker o agarrou colocando-o contra a parede.
— O que pensa que está fazendo? Acha que aquele gelo vai segura-los por muito tempo? Nunca deveria ter salvado a sua vida! Essa espada é amaldiçoada eu deveria saber dis...
— PARE DE RECLAMAR! — gritou o príncipe — Precisamos chegar ao túmulo lá embaixo!
Volker o segurou com mais força.
— Como você sabe que tem um túmulo lá embaixo?!
— A espada me contou. Vamos logo, ela está consumindo minha energia para manter aqueles dois presos...
— Eu não vou! — disse Volker soltando o príncipe e se afastando.
— Não! Eu preciso leva-lo!
— Eu não vou! Sei exatamente o que está lá e não quero encontra-lo!
— Maldito egoísta teimoso! Acha que quero leva-lo?! Mas você virá mesmo contra a vontade! —disse Abel agarrando a gola do casaco daquela forma humana. Quando o mestiço tentou se soltar, ambos se desequilibraram e rolaram escada a baixo.
No fim caíram em uma camada fofa de neve. Volker se levantou e viu o príncipe caminhando, com neve na altura da cintura, até a enorme carcaça prateada de um dragão verdadeiro, morto e preservado no gelo eterno daquela caverna.
Abel se posicionou bem à frente dele. A cabeça do dragão descansava sobre as patas dianteiras cruzadas, foi nessas patas que Abel pousou a espada, estando de joelhos e em sinal e reverência.
Assistindo toda a cena com indiferença Volker se limitou a dar meio volta, para subir as escadas.
— Espere Volker... — disse uma voz grave que o mestiço conhecia bem e virou-se surpreso.
O cadáver de dragão tinha erguido a cabeça e uma luz fraca e vermelha ocupavam seus olhos.
— Filho, fui eu quem ordenou a esse humano que o salvasse e o trouxesse até mim.
Abel permanecia ajoelhado com uma mão ainda sobre a empunhadura da espada e a outra sobre a pata do monstro.
— Percebe a determinação dele? Graças a essa força ele pode materializar minha energia que está na espada. Eu quero lhe dar esse meu poder filho, mas precisa fazer o convênio...
— Não! Não quero herdar seu erro! Que sentido existe em ajudar esses humanos? Deseja que eu abra mão de minha liberdade e seja torturado como você foi?
— Cometi alguns erros é verdade... Mas o vinculo com os humanos me trouxe muito mais poder e riquezas do que qualquer outro dragão e é isso que quero passar para você. Vamos faça o convênio e eu prometo que se tornará o dragão completo que sempre desejou.
— Nunca me curvarei a um humano... — disse isso e virou as costas subindo as escadas.
— Volte Volker! Se não fizer isso perderá tudo! Sua casa, meu tesouro, a vida, tudo!
★ ✧✦ ✧ ✦ ✧ ★
꙳⭒ ✯ Vote e Comente O que achou! ✯⭒ ꙳
✪
Fiz esse banner especialmente para:
Por enquanto só a Carla sabe a história toda (não dê spoiler). Hahaha!
Para meus leitores que não entenderam: Logo vocês vão entender.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top