- Espertos...- Disse Calic para si mesmo ao ver que o seu acesso foi bloqueado- Mas quanto tempo irão durar com todas as naves focadas em vocês.

- Senhor! Seth acaba de matar os dois Sacs que estavam em frente à porta- Avisava o inseto ao lado de Calic.

- Abra a porta- Ordenou Calic com seu sorriso malicioso.

O alien mesmo que contrariado clicou na mesa de controle e a porta se abriu revelando a armadura laranja. Assim que Seth foi visto do outro lado o inseto levantou vôo e partiu para cima. Seth apenas correu na sua direção e, com um chute giratório, o acertou lançando-o para cima da mesa de controle ao lado de Calic, finalizando com um tiro em sua cabeça.

- Espero que você me proporcione uma luta melhor!- Exclamou Seth olhando e apontando sua arma para Calic, o qual não esboçou nenhuma reação, enquanto a porta se fechava.

- A que devo a honra de sua humilde presença?- Perguntou ele ironicamente virando-se para Seth.

- Bom, pelos seus atos bons é que não é- Retribuiu a ironia de Calic.

O Sac apenas se restringiu a dar um largo sorriso mostrando seus afiados e brancos dentes.

- Então vamos logo com isto, não quero deixar os seus companheiroslá fora esperando para morrer!

- Vamos ver.

- Todas as unidades. Foco total nas naves solares!- Ordenou pelo comunicador antes de partir para cima e dar inicio ao combate.

- Filhos da mãe. Eles sabem que estamos fracos- Dave estava diante do vidro da cabine observando os disparos se concentrarem nas naves Solares- Os aliados estão dando cobertura, mas não vão durar muito deste jeito. Quanto tempo mais Hoffmann??

- Não é simples mesmo sabendo como fazer. Precisamos de mais um pouco de tempo.

- Isso não vai ser bom... Tente o mais rápido possível- Encerrou voltando seu olhar para o espaço novamente. Não havia como ter notícias de nada. Estavam isolados e apenas podiam confiar que os aliados iriam continuar dando cobertura.

A luta estava difícil, a raça de Calic possuía um corpo estranho. Seus braços se transformavam em lâminas e algumas partes de seu corpo pareciam virar líquido em alguns momentos, dificultando que os golpes causassem muito dano.

Seth foi lançado em direção à mesa de controle o fazendo por instinto olhar para as telas de câmeras que mostravam de modo geral e com alta resolução tudo o que se passava pelo planeta.
- Está vendo... Seu sistema e aliados sendo destruídos... Eles não têm chance alguma- Dizia Calic enquanto apontava para câmeras que mostravam as naves no universo tomando tiros constantes das naves da sociedade - Seu amigo, ele acha que meu soldado, o qual tenho como filho, se renderá a ele... Ingênuo, pelo menos terá uma morte rápida- Apontou para a imagem em que Kiren levava diversos golpes sem conseguir revidar- E por fim a sua namoradinha... Coitada... Não tem como ela chegar ao objetivo dela, veja como recuam mediante aos meus soldados numerosos. Admito, entretanto, que ela está causando um numero de baixas que me incomoda. Daremos um fim nisso- Após terminar sua fala com seu sorriso de sempre pegou um pequeno dispositivo de comunicação e ditou a ordem- Clesr. Sinto em lhe informar que seu irmão morreu... O humano de armadura laranja o matou e não pude fazer nada...

- Seu...- Seth usou de toda a sua força para golpear Calic, porém a única coisa que recebeu foi mais um golpe brutal que o jogou de volta para a mesa.

- A de verde está com ele. Preciso que a mate...

- Não precisa pedir duas vezes- A voz do outro lado disse antes que a comunicação fosse encerrada e Calic continuasse a provocar Seth.

- Apenas olhe.

- Luana. Tem alguma idéia? Eles estão se multiplicando, não vai dar...- Comentava Christopher abatendo os detectores que matavam vários soldados aliados.

- Estou pensando. Preciso que você e seu grupo de atiradores contenham esses detectores antes que tenhamos que recuar mais. Creio que há mais atiradores por...

- CUIDADO!!- Gritou um soldado próximo dali ao ver um enxame de mísseis vir na direção de onde estavam.

Em questão de segundos as explosões começaram e a humana se jogou encima de Christopher para protegê-lo. Todo tremia e as chamas se espalhavam por momentos de caos total que, após terminado, deixou apenas o nada.

A região estava devastada, vários soldados estavam jogados no chão feridos além das diversas mortes. Luana se levantou um pouco atordoada e assim que constatou a sobrevivência de Christopher o ajudou a levantar.

Tudo ainda estava confuso à medida que as tropas aliadas tentavam se recompor naquele local quando então ocorreu o segundo ataque. Desta vez diversas cápsulas grandes se chocaram contra o solo metros à frente e delas vários robôs gigantes saíram. Eles não possuíam armas, mas sua massa corporal era suficiente para causar danos incontáveis.

- Christopher! Saia daqui agora!- Ordenou Luana guiando o jovem para longe da confusão quando um dos monstros investiu contra ela.

A humana acionou o travamento de armadura para conter o golpe de braço violento que veio em sua direção. O ataque foi contido com grande esforço e assim que o movimento cessou ela jogou o braço para frente. Utilizando do próprio corpo de seu inimigo ela tomou impulso em um salto acima de sua cabeça e, no ar, já acionava suas lâminas para cortá-la.

O direcionamento estava correto e o corte seria um sucesso, mas antes que entrasse em queda um inseto a pegou e lançou para longe da zona de conflito.

Ao cair no chão Luana rolou por alguns metros e se chocou contra diversas coisas no caminho até recuperar o equilíbrio. No momento em que já estava de pé Clesr pousou e ambos entraram em combate corpo a corpo.

Apesar de acertar alguns golpes no inseto outros vários se aproximaram, dentre eles Sacs e detectores. Rapidamente ela foi atingida por diversos disparos elétricos que a lançaram no ar e paralisaram sua armadura. No entanto, a Solar era insistente e ainda se levantou para acertar Clesr que apenas segurou seu punho com sua pata de inseto.

- Agora para o chão- Disse ele a golpeando de lado e a jogando no chão- Espero muito que o seu amiguinho Seth esteja vendo enquanto eu acabo com você.

Clesr colocou o pé sobre a barriga de Luana e olhou para a câmera de segurança perto dali. A humana aproveitou a distração para o empurrar e se levantar, mas foi novamente atingida e teve de se sentar sobre uma caixa de ferro.

- Já matou muitos- Clesr retirou uma arma que estava nas suas costas debaixo da asa e se preparou para atirar.

Seth observava a cena em desespero, tentava se livrar de Calic, mas ele o obrigava a ficar ali rendido e assistindo quando então sua ajuda chegou. Clesr não teve a chance de puxar o gatilho antes que uma estaca de vidro atravessasse seu corpo por completo o matando. Era Zato.

O Traf havia deixado sua nave para salvar Luana e começou a perfurar a todos os aliens que estavam ali utilizando sua mão em forma de ponta. Por mais rápido que ele fosse não conseguiria abater a todos sem ser atingido então rapidamente chegou perto de Luana e chocou uma esfera azul contra o chão.

Uma cúpula azul de pura energia os cercou e por fora ela lançava raio encima de qualquer um que estivesse próximo.

- Luh, segure a esfera- Pediu tentando ajudá-la a se recuperar dos ataque elétricos.

Com certo esforço e se jogou no chão e colocou sua mão sobre o equipamento permanecendo deitada.

- Ótimo. Sua armadura irá transferir energia para a cúpula por um tempo. Como você esta?- Perguntava ele ajoelhado ao lado da humana que recolheu o capacete.

- Ahh, não muito bem...- Disse com dificuldade.

- Droga, precisamos tirar você daqui, eles não vão nos deixar sair- Enquanto isso do lado de fora mais e mais inimigos se aproximavam esperando o momento em que a cúpula perderia a energia.

- Saia daqui Zato, você não devia ter vindo.

- Não. Jamais deixaria que você morresse aqui. Eu sou o responsável por você e cuidarei até o fim- O capitão olhava nos olhos da humana dando um sorriso e segurando sua mão para acalmá-la.

- Me desculpe...- Disse baixo.

- Você não tem nada para se desculpar...

- Sim. Me desculpe. Não deva tê-lo abandonado daquele jeito. Você me salvou e eu te deixei sozi...- Antes que terminasse sua fala o Traf colocou o dedo frente à boca da humana para que ela parasse de falar.

- Eu errei com você também Luana. Devia ter deixado que buscasse sua família. Que fosse atrás da sua origem, mas tive medo de você não voltar. Cuidar e ter você ao meu lado foi apenas um privilegio e te agradeço por isso.

O Capitão abriu um sorriso amigo e passou a mão sobre os longos cabelos da humana que ergueu seu corpo para lhe dar um abraço e lá ficaram por um tempo.

- A verdade é que naquela nave eu já tinha uma família. Você. E lhe agradeço por isso- Dizia ela finalizando o abraço.

Naquele momento em que os dois apenas conseguiam manter um sorriso no rosto as luzes da armadura da humana oscilou. A energia estava acabando.

Zato suspirou fundo e se levantou. Ele sabia o que deveria fazer e assim que Luana percebeu que ele o faria ela entrou em desespero.

- N-não. Zato não.

- Luana não solte esse gerador... Você sabe o que eu sou e é a única coisa que pode lhe salvar.

- Não, não. Eu não ligo, você não vai fazer isso!- Gritava ela tentando segurá-lo, porém não conseguia o alcançar.

O capitão olhou para o céu e suspirou antes de virar seu olhar de volta para a solar.

- Pegue um pedaço, pois assim sempre estarei com você... Obrigado Luana- Encerrou antes de atravessar a cúpula rapidamente para que os raios não o atingissem.

- NÃAAOOOOO. POR QUE VOCÊS TÊM QUE MORRER POR MIM?- Gritou pela última vez, mas já não havia mais volta.

Dentre os Trafs havia uma raridade. Alguns que nasciam com o dom do guardião. Muitos poucos conseguiam nascer com esta capacidade, porém Zato era um deles. Ao morrer os cacos que se espalhavam no chão eram capazes de gerar monstros de vidro destinados a destruir a ameaça que havia matado o Traf. Estes eram os guardiões e agiam baseados no ser que os originou.

Zato saiu da cúpula e atacou os soldados da sociedade até ser atingidos por vários ataques e disparos fatais. Ele fechou seus olhos antes que seu corpo se desmanchasse em cacos dos quais surgiram diversos guardiões.

Todos atacando ferozmente cada alien que via pela frente utilizando os membros de seu corpo que eram extremamente afiados. Não tinham chance alguma.

Levou apenas alguns segundos para que todos estivessem mortos e as criaturas desaparecessem. Logo, Luana desligou a alimentação energética e sua barreira se desfez.

Não havia restado nada além de corpos jogados no chão à sua volta.

- Pobre garota. Tenho que dizer que este Zato era mais poderoso do que eu imaginava. Desperdiçado- Comentava Calic observando toda a cena enquanto Seth apenas tentava conter toda a sua raiva esperando um momento para que pudesse atacar o Sac- Passaremos agora para seu amiguinho- Seth cerrou os punhos fechando os olhos enfurecido- Acalme-se, sabe que irá cair perante mim se tentar me atacar... Veja como ele está fraco.

- Cala.. a... BOCA!- Gritou, mas apenas conseguiu arrancar mais sorrisos de seu inimigo.

Enquanto isto estava Kiren, já de joelhos, diante do soldado o qual o provocava.

- Era nesta posição que seu querido pai estava quando o matei. Sinceramente eu até hesitei na hora, um peso na consciência sabe... Mas lembrei da minha missão, até porque eu não pedi para que ele se intrometesse enquanto eu tentava ajudar meu novo pai a ascender na sociedade.

Kiren rangia seus dentes debaixo daquela armadura com raiva quando soltou uma frase em uma voz grossa.
- Já que gosta tanto de comparar as coisas, vou te mostrar então a sensação de morte que você proporcionou a ele.

Kiren ergueu sua cabeça e seu corpo e a colocou frente a frente com a do soldado, de modo que os brilhos azul e vermelho de seus visores se misturavam formando um leve roxo entre seus rostos.Parecia que ficariam ali um encarando o outro para sempre até que, com um soco na barriga, o soldado quebrou o momento. Instantaneamente durante a tentativa de um golpe no rosto, Kiren segurou a sua mão com força e o empurrou para longe, porém não dando continuação à luta e sim a mais histórias de provocação que apenas eram ouvidas por Kiren como se ele quisesse escutar.