Pedido mudo
Seus olhos se encheram de lágrimas, sentia o ar faltar de seu pulmão, enquanto seu corpo estava caído sobre o chão, sujo de sangue, suor e esperma.
Seus olhos estáticos sobre o céu, tentando entender como chegou naquela situação.
Seu interior ardia, doía, queimava.
Sentia-se podre, se lembrava perfeitamente de tudo, o que o fazia querer morrer, querer que toda essa dor sumisse de uma vez.
Quando olhou para suas mãos, apertou com força as duas notas de cinquenta dólares, aquilo duraria três semanas de pão puro, melhor do que morrer de fome, mas como que parecia não fazer sentido algum?
Os olhos rosas se arregalaram, notando que não estava mais nas ruas, mas sim numa mesa, bela, grande, cheia e farta de alimentos, sentado acompanhado de Felix, Minho e Seungmin, não demorou para o homem de fios negros surgisse mais uma vez, se sentando no outro canto da mesa retangular, ao seu lado se sentou um homem que desta vez, Jisung não conhecia, provavelmente o tal noivo de seu dono.
Com um encolher de ombros, aguardou pacientemente, como avisaram, seu dono deveria ser o primeiro a comer.
Após o de fios negros dar a primeira garfada, o noivo em seguida comeu um pouco do arroz parborizado, assim, finalmente poderiam comer.
A comida estava uma delícia, era um sabor que não estava acostumado, era temperada, era boa.
Seus dedos tremiam, enquanto percebia que seu estômago doía com a fome que sentia, em suas mãos, estava o bolo de feijão mofado encontrado no lixo, assim como vermes que se moviam lentamente pelos grãos.
Mesmo com o estômago completamente embrulhado de nojo, comeu, sentindo o sabor podre.
O vômito não tardou a vir, sujando suas mãos e roupas.
O líquido gosmento e verde de sua bile sujou tanto o feijão quanto suas vestes sujas.
As lágrimas desceram com mais força, comendo aquilo que acabara de soltar para fora de seus lábios.
Suas lágrimas pingavam sobre seu colo, não notando que a atenção alheia estava sobre sua reação dolorosa.
Principalmente hyunjin, o homem alto de fios loiros e lábios rosados, que o observava atentamente.
Lembrava perfeitamente de Felix, que passou pela situação extremamente próxima ao homem, Minho que também sofreu nas ruas.
Christopher por sua vez o encarava confuso, não entendia a que ponto o rapaz chegou na vida para chorar desta forma por comer um simples arroz com feijão, ele sequer tocou nos legumes ou na carne de soja.
Felix não tirava os olhos do próprio prato, sentindo um peso sobre seus ombros, enquanto Minho fingia que nada acontecia, era melhor assim, era melhor não se apegar.
Por sua vez, Seungmin tremia aonde estava, temia pelo futuro do rapaz.
Sempre começava assim, alegria pela comida, aconchego num quarto quente, mas quando menos notasse, estaria sendo quebrado pior que quando morava nas ruas.
Jisung sabia que a mulher o vendeu ao homem como se fosse um virgem, mas será que o homem a sua frente sabia disso? Além disso, seria mesmo importante? Isso... Era mesmo relevante?
Ingenuamente, abraçou a uma imagem de que era tudo simples, de que agora, estaria tudo bem, porém não estava.
Ao cair da noite, Seungmin não estava no quarto que dividiam, apenas o breu o abraçava naquele momento, a sede arrastava sua garganta, precisava de água.
Sua sorte era que não temia o escuro, não temia o frio na madrugada vazia, pois foram as madrugadas vazias e solitárias que lhe faziam companhia na maior parte do tempo.
Caminhando confuso pela escuridão, finalmente havia alcançado a cozinha, não sabia aonde raios ficava o interruptor para ascender as luzes, então apenas se dirigiu a pia, enchendo as mãos de água e bebendo o quanto aguentava.
Não sabia sequer aonde haviam copos. Não sabia aonde estava os armários corretos, o máximo que enxergava era graças a iluminação da lua pela janela.
Após saciar sua sede, caminhou pela mansão, estava sem sono, não sabia aonde estaria Seungmin a essa hora, então pensava que talvez não fosse um problema andar, ou Zanzar por aí.
De fato não teria nenhum problema, se não tivesse subido as escadas.
Ninguém disse algo sobre não poder subir as escadas, então se aventurou pelos corredores do segundo andar, encontrou quartos vazios, uma enorme biblioteca e nesta, havia uma mesa no centro, próximo a porta.
Seungmin estava ali, com um livro aberto em mãos e uma pilha de livros sobre a mesa.
Seungmin lia concentrado, não notando sua presença ali.
Pensou em até lá e chama-lo, mas repensou, ele parecia tão imerso aos livros, achou melhor sair mesmo.
Voltando a caminhar pelos corredores, enquanto olhava atentamente o que havia ao seu redor.
Passando por uma das diversas portas, ouviu vozes, era a voz de Christopher, seu dono estava ali e conversava com alguém.
Movido pela curiosidade, se aventurou a observar pela pequena fechadura, notando que se tratava de Christopher e o loiro que estava presente no almoço.
O loiro estava caído sobre a cama, enquanto o homem de fios negros parecia enforca-lo, ele falava tão calmamente para alguém que parecia prestes a cometer um homicídio.
Jisung arregalou os olhos, tampando a boca com ambas as mãos desesperado, enquanto assistia o loiro se debatendo sobre a cama, quando finalmente ele parou de se mover e Christopher se levantou, levando dois dedos a garganta do homem e revirando os olhos.
– Não morre nunca... – resmungou, saindo por uma outra porta no mesmo cômodo, que Jisung julgou ser um banheiro, enquanto o corpo do homem loiro estava esparramado sobre a cama.
Uma mão tocou seu ombro, o fazendo quase gritar, olhando para trás, viu que se tratava de Seungmin, que colocava o indicador rente aos próprios lábios, sinalizando que deveria se manter em silêncio enquanto o retirava dali.
Desceram as escadas, seguindo para o próprio quarto que dividiam, fechando a porta em sequência.
– Você viu, não foi? – o de franjas pintadas perguntou, vendo o rapaz afirmar com a cabeça – Você não pode abrir a boca para falar sobre isso para ninguém.
– Mas... Ele tentou matar o próprio marido... – disse coagido, estava assustado.
Seu dono era um assassino?
– Eu sei... Todos nós sabemos... Mas não podemos fazer nada. Escute... Aqui, ninguém, nem eu, nem você, ninguém é confiável! Você não pode acreditar em ninguém cegamente, pois todos recebemos ordens e seguimos as regras do mesmo homem e esse homem não é bom. Ouviu bem?
O Han apenas afirmou com a cabeça, deitando-se na cama, tentando se aconchegar ao sono, porém a imagem do homem se debatendo sobre a cama não sairia de sua cabeça.
Quando faltou pouco para amanhecer, Seungmin já estava em seu quinto sono, quando o Han, sem um pingo de vontade de pregar os olhos, se levantou nas pontas dos pés, caminhando para fora do quarto e encostando a porta.
Na porta da frente ouvia a voz grave de Felix, mas ele não parecia gritar.
– Eu simplesmente não entendo como você engole tanto as bolas desse merda! Você poderia muito bem sair dessa! – era definitivamente a voz de Felix ali.
– Mas eu jamais iria sair daqui e largar vocês dois com esse merda. – a voz era desconhecida ao Han, parecia fraca e cansada, quando se aproximou da fechadura, notou a porta com uma pequena fresta aberta, o suficiente para notar que se tratava do homem loiro que a horas atrás estava se debatendo na cama de seu dono.
E a regra de que não poderia falar com eles diretamente? Feliz parecia uma pessoa bem abusada, deveria realmente confiar? Seungmin havia o avisado para não confiar em ninguém, então deveria confiar no próprio Seungmin?
– Amor... Você e Minho são tudo para mim. Eu não vou largar vocês aqui... Vocês vão comigo. – o homem disse baixo, acariciando a face chorosa do ruivo – Eu amo vocês mais do que a minha própria vida.
– E eu amo você mais do que a minha. – Felix respondeu baixo, deitando sua cabeça sobre o colo do homem que acariciou seus fios com carinho.
Em segundos, soluços eram escutados, Felix chorava e Hyunjin tentava acalenta-lo da melhor forma possível.
– Por favor... Me ajude a matar ele... – o ruivo sussurrou – Eu vou matar ele... Antes que ele te mate.
– E vai ganhar mais uma cicatriz como a da sua clavícula? Você já viu que ele não é fraco, você não vai ter a mesma sorte dele errar de novo. – o loiro resmungou, tocando suavemente a cicatriz citada – Eu não quero te ver sangrar de novo... Minho também não iria querer isso.
– Minho está servindo de masturbador para aquele lixo! Ele... Ele nem respeita as regras que colocou! Está fodendo com o nosso Minho e você não pode falar nada! Vê? Ele tentou te matar só por você se oferecer no lugar do Lino!!! – o ruivo exclamou se sentando rapidamente, secando as lagrimas do próprio rosto – ... Jinnie... Eu vou acabar com a raça desse merda... E vou fazer questão de acabar com cada regra podre desse inferno.
– Certo, certo... Que tal descansar um pouco, sim? – questionou como se não levasse a sério.
Jisung se afastou lentamente da porta, olhando para o lado com a face assustada.
Minho estava ali, no final do corredor.
Vestia uma blusa de alça fina e curta, seu corpo estava completamente exposto com excessão da blusa, enquanto mostrava o esperma ainda úmido em suas coxas, rosto e mãos, seu corpo repleto de roxos e vermelhos, rasgos por toda suas ambas coxas grossas, além de uma futura cicatriz nada convidativa que estava mal costurada no ombro direito ensanguentado.
– Sai – o Lee sussurrou fraco, entrando no quarto que estava Felix e Hyunjin, sem se importar que os dois notariam a presença de Jisung no lado de fora.
Quando a porta bateu na frente de Jisung, o grito de dor soou por todo o cômodo, enquanto Minho estava sofrendo com a limpeza em suas feridas.
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