Golwenlindor - O Reino dos Sábios

A saída de Eldarea foi marcada por uma sensação maravilhosa. Enquanto caminhavam, o grupo não pôde deixar de olhar para trás, onde as montanhas brancas e as árvores de folhas prateadas desapareciam aos poucos no horizonte. A luz serena que banhava o Reino da Cura parecia ficar para trás, enquanto os tons brancos e dourados da vegetação começavam a dar lugar a um verde mais brilhante.

Karathiel, à frente do grupo, movia-se com passos leves e decididos. Mesmo para ela, que já conhecia o Reino dos Sábios, a transição de Eldarea para o novo território era sempre fascinante.

"Não é longe" comentou ela, virando-se para os outros. "Algumas horas de caminhada, talvez menos. Mas vocês perceberão as mudanças. Esse caminho é especial."

O chão começou a mudar, de uma grama fina e branca para um verde vivo que parecia pulsar sob os pés. Helena abaixou-se e tocou as folhas macias, que tinham um leve brilho sob a luz do sol.

"É tão... vibrante. É como se a natureza aqui fosse mais... desperta" comentou, olhando para Karathiel, que respondeu com um sorriso suave.

"Está certa. Cada reino tem sua essência, e o Reino dos Sábios é a expressão máxima da vida e da sabedoria. Espere até vermos as cores."

Com o passar das horas, o verde das plantas começou a se misturar com manchas de cores inesperadas. Primeiro, flores azuis surgiram ao lado do caminho, seguidas por arbustos cujas folhas eram de um laranja queimado, contrastando com o céu límpido. Mais adiante, o grupo encontrou árvores com troncos dourados e folhas de um vermelho vibrante.

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"Isso é..." Caitlin começou, mas parou, sem palavras para descrever o que via.

"Inacreditável" completou Barry, com os olhos fixos em uma árvore cujas folhas pareciam mudar de cor com o vento. "Como é que isso existe?"

Karathiel parou ao lado dele e tocou o tronco de uma dessas árvores, fechando os olhos por um momento.

"Os sábios sempre acreditaram que as cores têm um significado. Aqui, cada tom representa uma lição, um fragmento de sabedoria. É por isso que tudo é tão vivo."

Enquanto caminhavam, o som de água corrente começou a preencher o ar. Quando se aproximaram, viram rios que pareciam feitos de arco-íris líquidos. Suas águas brilhavam em tons de azul, verde, rosa e dourado, como se cada gota contivesse uma paleta inteira.

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Helena ajoelhou-se à beira do rio e passou a mão pela água. A sensação era morna e reconfortante, como um abraço.

"É... diferente" disse ela, olhando para os outros. "Não é como água comum. Parece... energia."

Karathiel se ajoelhou ao lado dela, mergulhando os dedos no rio.

"É isso que é. O Reino dos Sábios vive da energia da vida. Aqui, nada é apenas o que parece ser. Sempre há algo mais."

O grupo continuou avançando, e a paleta de cores se tornava mais rica a cada passo. A vegetação ao redor parecia um quadro vivo, onde cada folha, flor e fruto contribuía para um espetáculo deslumbrante. O ar era doce, com um perfume que lembrava mel e flores recém-abertas, e o vento trazia uma melodia suave, como se o próprio reino cantasse.

Finalmente, depois de horas de caminhada, as torres do Reino dos Sábios começaram a surgir à distância. Diferentemente de Eldarea, que era marcado pela pureza do branco e prata, o Reino dos Sábios era uma explosão de cores. As construções pareciam feitas de cristais coloridos. Árvores com troncos dourados e folhas multicoloridas cercavam o reino, e os rios coloridos passavam por canais esculpidos ao redor das casas e palácios.

"Bem-vindos a Golwenlindor" disse Karathiel, com um brilho nos olhos. "Um lugar onde a vida e o aprendizado se encontram."

Helena segurou o braço de Karathiel por um instante, olhando para ela com uma mistura de fascínio e admiração.

"É aqui que você aprendeu tanto?" perguntou Helena, incapaz de esconder a emoção em sua voz.

Karathiel assentiu.

"Sim. Muito do que sou devo a este lugar. E agora é hora de vocês o conhecerem também."

O Enigma

Enquanto o grupo se aproximava do Reino dos Sábios, Karathiel não pôde evitar um sorriso sereno ao avistar os portões imponentes. Eles eram diferentes de qualquer outra entrada que o grupo já havia encontrado. Altos e luminosos, os portões pareciam feitos de cristal puro, refletindo todas as cores do arco-íris. Em volta, árvores vibrantes de tons amarelos e dourados enfeitavam o caminho, e pequenos pássaros com penas coloridas voavam de galho em galho, cantando harmoniosamente.

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"É aqui" disse Karathiel, com um toque de reverência em sua voz. "O Reino de Golwenlindor."

Assim que ela deu um passo à frente, os portões se abriram suavemente, emitindo uma luz cálida. Uma voz calma e profunda ecoou ao redor:

"Karathiel, filha da natureza, manto Dourado, Guardiã da Luz,  seja bem-vinda de volta. O Reino dos Sábios sempre terá um lugar para você."

Karathiel fez uma breve reverência, mas antes que pudesse entrar, a voz continuou:

"Mas os que a acompanham não têm a nossa confiança. Se desejam adentrar este reino, deverão provar sua sabedoria respondendo a um enigma."

Helena franziu o cenho, trocando olhares com Barry e Caitlin.

"E se não conseguirmos?" perguntou Axel, um tom de cautela na voz.

"Então não poderão passar. Somente aqueles que compreendem a essência do mundo são dignos de entrar" respondeu a voz, com serenidade inabalável.

Caitlin deu um passo à frente, determinada.

"Estamos prontos. Qual é o enigma?"

A luz ao redor dos portões pulsou suavemente antes que a voz anunciasse:

"Eu sou forte como o aço, mas não sou metal.
Sou moldada pela paciência e pela persistência.
Minha força vem de onde ninguém vê,
e meu coração está sempre em movimento.
O que sou eu?" 

(acho esse enigma muito bom, não fui eu que criei, ok!)

Um silêncio caiu sobre o grupo, enquanto todos processavam as palavras.

"Forte como aço, mas não é metal..." murmurou Caitlin, cruzando os braços. "Parece descrever algo flexível e resiliente."

Barry coçou a cabeça.

"Pode ser o vento? Ele tem força, molda paisagens, está sempre em movimento..."

A voz respondeu, firme:

"Não."

Axel franziu o cenho.

"Talvez... as raízes de uma árvore? Elas são fortes, moldam o solo, crescem lentamente..."

A resposta foi imediata:

"Errado."

Caitlin tentou novamente, com mais confiança:

"Água. Ela é forte, molda montanhas com o tempo, está sempre fluindo..."

"Ainda não é isso."

O grupo estava ficando visivelmente frustrado. Karathiel observava em silêncio, mas seus olhos brilhavam com algo que parecia ser uma dica que não podia compartilhar.

Helena fechou os olhos, tentando imaginar o que Karathiel via no mundo ao seu redor. Depois de um momento, ela abriu os olhos, uma ideia súbita iluminando sua mente.

"É... a natureza."

A voz respondeu imediatamente:

"Explique sua resposta, humana."

Helena respirou fundo, colocando seus pensamentos em palavras.

"A natureza é forte como o aço, mas não é metal. Ela é moldada pela paciência e persistência, como as montanhas formadas por milênios ou as árvores que crescem lentamente. Sua força vem das raízes, do solo, da luz — de coisas que não podemos ver de imediato. E seu coração está sempre em movimento, seja no vento que balança as folhas ou na água que flui."

(amei esse enigma que a IA me deu, eu queria um que combinasse com a história e esse foi perfeito)

Um silêncio profundo seguiu a explicação de Helena, antes que a voz falasse novamente, desta vez com um tom de aprovação:

"Você compreende a essência do mundo como Karathiel o faz. A resposta está correta."

Os portões começaram a se abrir, revelando o magnífico Reino dos Sábios. Rios coloridos serpenteavam por campos exuberantes, pontes de cristal brilhavam sob a luz suave do sol, e árvores em tons vibrantes criavam um espetáculo de cores.

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Caitlin olhou para Helena, surpresa.

"Como você pensou nisso?"

Helena deu um sorriso tímido, sentindo o olhar orgulhoso de Karathiel sobre ela.

"Eu apenas tentei ver o mundo como Karathiel o vê."

Karathiel se aproximou, tocando levemente o ombro de Helena.

"Você não é apenas sábia, Helena. Você é alguém que realmente sente o mundo."

O grupo entrou no reino, pronto para o que viria a seguir.

Conhecendo Golwenlindor

O caminho era ladeado por árvores de troncos multicoloridos, cujas folhas emitiam um leve brilho dourado. Algumas se curvavam levemente enquanto eles passavam, como se estivessem cumprimentando os viajantes. Os pássaros, com penas que mudavam de cor conforme o ângulo da luz, voavam entre os galhos, cantando melodias que pareciam feitas de palavras sussurradas, como se contassem histórias há muito esquecidas.

Axel olhou para uma dessas árvores, estendendo a mão para tocar sua casca suave e vibrante. Assim que seus dedos encostaram na superfície, uma voz serena ecoou em sua mente:
"Lembre-se do porque luta suas batalhas. Acredite em sua magia jovem mago."

Ele afastou a mão rapidamente, com os olhos arregalados.

"Essa árvore... falou comigo!" exclamou ele, olhando para os outros.

Karathiel sorriu, colocando a mão na mesma árvore.

"Muitas árvores aqui carregam as memórias e lições dos sábios que já passaram por este reino. Elas apenas sussurram suas verdades a quem está disposto a ouvir."

Caitlin, fascinada, examinou uma flor de pétalas prateadas que se agitava suavemente ao toque do vento, apesar do ar estar parado.

"Parece que até o ar aqui tem vida."

Karathiel assentiu.

"Tudo aqui é interligado. Este é o coração da sabedoria élfica."

Avançando pelo reino, eles avistaram os famosos rios coloridos que serpenteavam pela paisagem. A água não era transparente, mas de um azul brilhante que gradualmente se fundia em tons de violeta, dourado e esmeralda. Helena se ajoelhou perto da margem e tocou a superfície da água. Para sua surpresa, a sensação era morna e reconfortante, como se a água estivesse viva.

"Parece que... ela me entende" disse Helena, olhando para Karathiel.

"Os rios aqui são alimentados pela magia antiga do reino. Dizem que quem bebe de suas águas ganha clareza para tomar decisões difíceis " respondeu Karathiel, ajoelhando-se ao lado dela.

Barry, curioso, encheu as mãos com a água dourada e deu um pequeno gole. Ele piscou várias vezes, parecendo perplexo.

"Acho que isso acabou de responder uma pergunta que eu nem sabia que tinha."

Todos riram, mas o tom era reverente, como se o reino exigisse respeito.

No caminho, encontraram arbustos baixos com folhas translúcidas que pareciam feitas de vidro fino. Quando Helena tocou uma dessas folhas, ela ouviu uma voz suave:
"Seu coração é puro, mas sua mente ainda questiona seu lugar. Confie no que sente. Você é mais forte do que imagina."

Ela ficou paralisada, sentindo uma onda de emoção passar por ela.

"Elas dizem a verdade sobre nós?" perguntou ela, olhando para Karathiel.

"Sim" respondeu Karathiel, observando Helena com ternura. "Mas apenas se você estiver pronta para ouvir."

Caitlin tentou tocar uma dessas folhas, mas o arbusto ficou em silêncio. Ela arqueou a sobrancelha.

"Parece que não tenho segredos para revelar."

"Ou talvez você já conheça sua verdade" disse Karathiel, com um sorriso enigmático.

Entre as árvores, criaturas fascinantes espiavam o grupo. Havia cervos com chifres de cristal, que brilhavam com cores suaves, e pequenos felinos de pelagem dourada que pareciam estar constantemente rindo. Um desses felinos se aproximou de Helena e se esfregou contra sua perna, ronronando como um trovão suave.

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"Parece que ele gostou de você" comentou Karathiel.

"Ou talvez ele saiba que eu preciso de apoio" respondeu Helena, acariciando a criatura.

Finalmente, chegaram a uma clareira ampla, onde uma torre se erguia no centro. Ao redor, os rios se cruzavam em cascatas delicadas, criando um som calmante. No topo da torre, uma luz pulsava suavemente.

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Um jovem elfo, vestido com mantos verdes e dourados, os esperava na entrada da torre. Seu olhar passou por Karathiel com um aceno respeitoso antes de se fixar no grupo.

"Bem-vindos ao Reino dos Sábios" disse ele, com uma voz melodiosa. "Este é um lugar de aprendizado, reflexão e verdade. Aqui, encontrarão mais do que buscam, mas apenas se estiverem dispostos a ouvir."

Ele fez uma pausa, observando os viajantes com atenção e depois acenou para o segui-lo.

Ele os guiou para dentro da torre, onde as paredes brilhavam como o arco-íris, e o som da água ecoava suavemente. O grupo sabia que o Reino dos Sábios era mais do que belo — era um lugar que exigia não apenas força, mas sabedoria e confiança em si mesmos.

Elion permaneceu em silêncio por alguns instantes, observando o grupo com atenção. O brilho das árvores coloridas ao redor parecia intensificar a gravidade de suas palavras quando ele finalmente falou:

"Guerreiros, chegou o momento em que os caminhos de vocês precisam se separar."

Todos ficaram surpresos, mas foi Caitlin quem deu um passo à frente, a voz carregada de preocupação.

"Separar? Por quê?"

Elion virou-se para Karathiel e Helena, seus olhos ancestrais pousando sobre elas com respeito.

"Desde o início, esta missão sempre foi de vocês duas. Vocês são as Guardiãs da Luz, e o destino de toda a terra depende de completarem essa tarefa. Os fragmentos são a chave para derrotar as trevas, e apenas vocês podem reuni-los."

Barry olhou para Helena e Karathiel, a preocupação clara em sua expressão.

"Então... o que faremos? Só vamos deixá-las seguir sozinhas?"

Elion voltou-se para ele, a expressão séria.

"Vocês não são menos importantes. Enquanto elas cumprem o destino delas, vocês têm outro papel crucial. Borin, Alex e Samantha já estão se preparando para unir forças com os elfos do Reino Dourado. Vocês devem se juntar a eles e liderar o esforço contra as trevas. A guerra está prestes a consumir os reinos humanos, e sua ajuda será essencial."

Axel, visivelmente relutante, cruzou os braços.

"E se algo acontecer com elas?"

Elion olhou diretamente para Axel, sua voz firme, mas gentil.

"Elas têm uma força que vocês ainda não conseguem compreender. Mas, acima disso, confiem que a conexão delas com a luz e com os fragmentos será o guia mais forte."

Caitlin virou-se para Karathiel e Helena, os olhos marejados.

"Vocês têm certeza disso?"

Karathiel segurou a mão de Caitlin, sorrindo suavemente.

"Sempre soubemos que esse momento chegaria. Vocês foram nosso apoio até aqui, e somos gratas por isso. Mas agora, essa parte do caminho é só nossa."

Helena olhou para os amigos, sentindo a força do vínculo que haviam formado.

"Não se preocupem. Vamos fazer isso juntas e, quando tudo acabar, estaremos ao lado de vocês novamente."

Barry suspirou, tentando esconder a emoção.

"Certo, mas não se esqueçam: somos uma equipe. Não importa onde estejamos."

Axel deu um meio sorriso.

"Vocês são as Guardiãs da Luz. Vão mostrar às trevas o que isso significa."

A Despedida

Sob o céu vibrante do Reino dos Sábios, eles se despediram. Karathiel e Helena abraçaram cada um dos amigos, sentindo a força e a determinação nos gestos.

Caitlin segurou as mãos de Helena por alguns instantes a mais, a voz suave.

"Cuide-se, Helena. Você tem mais força do que pensa."

Barry deu um leve soco no braço de Karathiel.

"Cuide dela. E lembre-se: não é só sua luz que importa, mas o que vocês constroem juntas."

Axel apertou o ombro de Helena, sua expressão endurecida escondendo o afeto genuíno.

Eles se afastaram, observando enquanto Caitlin, Barry e Axel desapareciam pelo caminho que os levaria às terras humanas e à batalha contra as forças das trevas.

Com a partida de Caitlin, Barry e Axel, o silêncio envolveu o lugar. Karathiel e Helena estavam lado a lado, seus passos ecoando suavemente no solo colorido do Reino dos Sábios. Elion, o elfo ancião, virou-se para as duas, seu olhar carregado de uma sabedoria inabalável.

"Guardiãs, o próximo passo de sua jornada começa aqui. Para alcançar a Biblioteca Infinita, vocês devem primeiro seguir a trilha até a cidadela élfica deste reino."

Karathiel franziu a testa ligeiramente, já antecipando os desafios que poderiam enfrentar.

"O que encontraremos lá?"

Elion sorriu suavemente, o brilho dourado de seus olhos refletindo a luz vibrante ao redor.

"Claridade e sabedoria. O reino dos sábios testa não apenas a mente, mas também o coração. Vocês precisam estar abertas a aprender com cada passo, pois só assim estarão preparadas para o que a Biblioteca lhes revelará."

Helena, sempre atenta às palavras do ancião, inclinou a cabeça ligeiramente, curiosa.

"E se não encontrarmos essas respostas?"

Elion deu uma risada tranquila, quase como o farfalhar das folhas ao vento.

"A sabedoria não é dada; é descoberta. Vocês são as Guardiãs da Luz. Sua jornada, sua conexão e seus corações puros são sua maior força. Confie em si mesma, Helena."

Ele deu um passo atrás, gesticulando para a trilha que se desenrolava diante delas, ladeada por árvores cujas folhas oscilavam em cores cintilantes como os tons de um arco-íris.

"Agora, vão. Sigam a trilha e deixem que o Reino dos Sábios as guie."

A Jornada à Cidadela

Helena e Karathiel seguiram pela trilha, imersas na beleza única do lugar. As árvores ao redor pareciam vivas, suas folhas sussurrando melodias suaves que pareciam contar histórias antigas. O som era encantador, quase hipnotizante, e Helena não pôde deixar de comentar:

"É como se o próprio reino estivesse nos contando algo."

Karathiel assentiu, os olhos brilhando com admiração.

 "Cada folha, cada galho... tudo é um pedaço da história deste mundo."

Enquanto caminhavam, o ar parecia mudar. O cheiro era uma mistura de flores frescas e terra molhada, com um leve toque adocicado que deixava Helena com a sensação de conforto. Ela passou os dedos por uma planta que crescia ao lado do caminho, sua superfície macia como seda, mas um leve sussurro escapou dela ao ser tocada.

"Tudo o que é verdadeiro se revela na luz," murmurou a planta.

Helena olhou para Karathiel, surpresa.

"O que isso significa?"

Karathiel sorriu, tocando a planta com delicadeza.

"Este reino fala em enigmas. Nem sempre precisamos entender de imediato, mas devemos carregar suas palavras conosco."

A trilha começou a se abrir, revelando a cidadela élfica. Era uma visão de tirar o fôlego: casas e torres feitas de cristal brilhante, cujas superfícies refletiam todas as cores ao redor. Crianças brincavam alegremente em jardins floridos, enquanto jovens e adultos conversavam em pequenos círculos, seus risos e palavras ecoando no ar como uma melodia harmoniosa.

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"Bem-vindas à cidadela," murmurou Karathiel, visivelmente emocionada.

Helena, absorvendo cada detalhe, respirou fundo, sentindo a leveza do momento.

"É tão... puro."

Elas caminharam até o centro da cidadela, onde um grupo de elfos mais velhos as aguardava. Um deles, com longos cabelos prateados e um olhar bondoso, deu um passo à frente.

"Guardiãs, é uma honra recebê-las. A cidadela está à sua disposição para ajudá-las a encontrar a clareza e a sabedoria que procuram."

Karathiel fez uma reverência respeitosa, enquanto Helena observava ao redor, ainda maravilhada.

"Por onde começamos?" perguntou Helena.

O elfo sorriu.

"Comecem ouvindo, sentindo, e compartilhando. Cada canto deste lugar guarda um fragmento de sabedoria. Deixem-se guiar por suas próprias perguntas."

E assim, Karathiel e Helena se integraram à cidadela, explorando cada parte com olhos atentos e corações abertos, sabendo que cada momento as preparava para os desafios à frente.

Karathiel: O Teste da Verdade

Quando Karathiel se deu conta, estava sozinha em um jardim que parecia respirar vida. As flores ao redor brilhavam em tons de dourado e prateado, exalando um perfume doce que enchia o ar de tranquilidade. Pequenos animais a observavam de longe, como se aguardassem algo. A brisa trazia consigo um murmúrio suave, como uma melodia ancestral que apenas a natureza poderia compor.

Karathiel reconheceu aquele lugar. Já estivera ali antes, quando jovem, no seu primeiro teste no Reino dos Sábios. Mas, dessa vez, tudo parecia mais intenso, mais pessoal. A natureza parecia querer mais dela.

Ela se abaixou diante de uma árvore cujas folhas brilhavam como joias, hesitando antes de tocá-la. Assim que seus dedos roçaram a casca, a árvore falou, em um tom grave e penetrante:

"Você teme o peso que carrega, Guardiã da Luz. O que a assombra?"

Karathiel recuou levemente, surpresa pela clareza da voz. Ainda assim, sabia que não poderia fugir da resposta.

Eu... tenho medo de falhar," confessou, a voz quase um sussurro. "Medo de não ser suficiente para derrotar as trevas."

As flores ao redor pareceram se curvar ao vento, murmurando algo incompreensível. A árvore continuou:

"Você teme não salvar aqueles que ama. Seus amigos. Helena."

Ao ouvir o nome de Helena, Karathiel sentiu o coração apertar. Não era algo que gostava de admitir, nem mesmo para si mesma, mas era verdade.

"Sim, eu tenho medo disso também," respondeu, a voz mais firme, mas ainda carregada de emoção. "Helena é... minha força. Quando estou ao lado dela, sinto que sou capaz de qualquer coisa. Mas, ao mesmo tempo, temo que não seja suficiente."

A árvore ficou em silêncio por um momento, como se absorvesse suas palavras. Então, com uma voz mais suave, perguntou:

""Por que duvida de si mesma, filha da natureza?"

Karathiel olhou para o chão, tentando organizar seus pensamentos.

"Porque, apesar de meu dom, não sei se estou usando-o da maneira certa. O que adianta sentir e entender a natureza se não consigo proteger aqueles que precisam? Se falhar... as trevas irão consumir tudo."

Ao dizer isso, lágrimas ameaçaram surgir em seus olhos, mas ela as conteve. Sentia-se vulnerável, exposta, mas também determinada a enfrentar seus medos.

De repente, uma borboleta dourada pousou em sua mão. Ela a observou por um momento, até que a borboleta começou a brilhar intensamente, lançando um feixe de luz em direção a um pequeno lago próximo.

Karathiel se aproximou do lago, cujas águas cristalinas refletiam sua imagem com uma nitidez impressionante. Mas, ao olhar mais de perto, viu algo além de si mesma. Viu Helena, com um sorriso suave e os olhos cheios de confiança. A visão aqueceu seu coração.

""O amor que sente por ela não é uma fraqueza, Karathiel. É sua força."

Karathiel ouviu a voz do lago, mas dessa vez, não recuou.

"Ela me faz querer ser melhor," admitiu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. "Quando estou ao lado dela, os medos parecem menores."

O lago brilhou mais uma vez, e uma flor dourada emergiu de suas águas, flutuando até Karathiel.

"Seu amor, sua conexão com a natureza, sua coragem... tudo isso é suficiente. Não tema o que você é, mas abrace-o. E lembre-se: a força de uma Guardiã da Luz não está apenas em derrotar as trevas, mas em manter a esperança viva."

Karathiel pegou a flor, sentindo seu calor se espalhar por suas mãos. Respirou fundo, deixando que as palavras do lago penetrassem em sua alma.

"Eu não falharei," prometeu, tanto para si mesma quanto para Helena e seus amigos. "Não importa o que aconteça, lutarei até o fim."

Ao se virar para deixar o jardim, sentiu-se mais leve, como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros. Estava pronta para enfrentar o que viesse, pois sabia que sua força vinha não apenas de sua habilidade, mas do amor e da confiança que compartilhava com Helena.

Helena: O Teste do Coração Puro

Helena mal notou que estava sozinha. Quando se deu conta, estava em um bosque vibrante, cercada por árvores altas cujas folhas mudavam de cor como se estivessem vivas, pulsando em tons de azul, lilás e dourado. Um perfume doce e amadeirado preenchia o ar, mas havia algo inquietante naquele lugar, como se o bosque estivesse esperando por ela.

Ela deu um passo à frente, sentindo o solo macio sob os pés. Cada movimento era acompanhado por um som quase musical — o farfalhar das folhas, o murmúrio do vento e um sussurro distante, como se o próprio bosque estivesse falando com ela.

"Por que você está aqui, humana?"

A voz vinha de todas as direções, grave e serena, como se a própria terra a questionasse.

"Eu..."  Helena hesitou, olhando ao redor. "Fui escolhida para ser uma Guardiã da Luz, mas não sei por quê. Não sei o que a magia viu em mim."

Um tronco de árvore ao seu lado começou a se transformar, ganhando a forma de uma figura etérea, uma mulher com traços élficos e olhos profundos como o céu noturno. Ela olhou para Helena com um misto de curiosidade e compaixão.

"Você carrega tantas perguntas. Por que procura respostas agora, quando o mundo depende de sua força?"

Helena engoliu em seco, sentindo o peso das palavras.

"Porque não me sinto forte o suficiente. Não entendo por que fui escolhida. Sou apenas uma humana, e ainda assim esperam que eu lute contra as trevas. E..." ela hesitou, as palavras se prendendo na garganta. "Eu preciso saber o que realmente sinto."

"Por Karathiel," completou a figura, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

Helena ficou em silêncio, surpresa pela clareza da verdade dita em voz alta.

"Sim. Eu..."  ela respirou fundo. Eu sinto algo por ela. Algo profundo, mas isso me assusta. Não sei se sou digna dela.

A figura estendeu a mão, apontando para um espelho d'água que se formava lentamente à frente.

"Olhe para si mesma, Helena. O que vê?"

Helena se aproximou do espelho, hesitante. O reflexo mostrou uma jovem com olhos determinados, mas com dúvidas estampadas no rosto. A água começou a se mover, formando imagens de sua jornada até aquele momento. Ela viu as vezes em que se colocou em perigo para proteger os outros, a forma como sempre buscava ajudar, mesmo quando estava com medo. Viu Karathiel ao seu lado, oferecendo apoio e força, e percebeu como o olhar da elfa sempre parecia brilhar mais quando estava com ela.

"Seu coração é puro porque você coloca os outros antes de si mesma. A magia escolheu você porque, apesar do medo, você nunca desiste," disse a figura, sua voz firme, mas cheia de ternura.

"Mas eu tenho medo..." confessou Helena, a voz tremendo. " Medo de falhar. Medo de não ser suficiente para Karathiel ou para essa missão."

A figura deu um passo à frente, sua presença irradiando uma calma acolhedora.

"Ter medo não é uma fraqueza, Helena. É humano. Mas é o que você faz com esse medo que define quem você é. Você escolhe seguir em frente, mesmo quando não tem todas as respostas."

Helena fechou os olhos, sentindo uma lágrima escorrer por sua face. As imagens no espelho d'água mudaram novamente, mostrando Karathiel lutando ao seu lado, com um sorriso que transmitia confiança e algo mais... algo que fez o coração de Helena acelerar.

"Eu a amo," admitiu finalmente, a voz cheia de emoção. "Mas tenho medo de que isso nos distraia. De que eu não seja suficiente para ela."

A figura se aproximou mais, colocando uma mão gentil no ombro de Helena.

"O amor não é uma distração. É uma força que ilumina até as sombras mais profundas. Karathiel é sua parceira, não porque você precise dela para ser forte, mas porque juntas vocês são invencíveis. Aceite o que sente e confie em quem você é."

Helena abriu os olhos, encarando o reflexo no espelho d'água mais uma vez. Desta vez, viu não apenas uma jovem humana cheia de dúvidas, mas uma Guardiã da Luz com um coração puro e determinado.

"Eu aceito,"  disse ela, sua voz carregada de determinação. "Eu aceito quem sou. Aceito o que sinto por Karathiel."

O bosque ao seu redor brilhou em tons mais vivos, e a figura diante dela sorriu antes de desaparecer, deixando apenas o som do vento como um último sussurro:

"Sua jornada apenas começou, Guardiã. Confie no seu coração."

Helena respirou fundo e se virou, pronta para encontrar Karathiel novamente. Ela sabia que os desafios ainda seriam imensos, mas, pela primeira vez, sentia que tinha todas as respostas de que precisava.

A Chave da Biblioteca Infinita

Karathiel e Helena caminhavam lentamente pelo bosque mágico, ainda imersas nos sentimentos intensos que seus testes despertaram. Cada uma estava mais consciente de si mesma, de suas fraquezas e, sobretudo, de sua força. Quando finalmente se avistaram novamente, um alívio indescritível tomou conta de ambas.

Os olhos de Karathiel encontraram os de Helena, e, por um instante, tudo ao redor desapareceu.

"Você está bem?" perguntou Karathiel, a voz suave, mas carregada de preocupação.

"Estou," respondeu Helena, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios. "E você?"

Karathiel hesitou, mas acabou assentindo.

"Sim, agora estou."

Ao darem os primeiros passos na direção uma da outra, algo incomum começou a acontecer. Ambas perceberam que suas mãos brilhavam com uma luz dourada intensa. Helena levantou a mão, observando a chave que havia se formado ali, intricadamente trabalhada, com runas élficas gravadas.

"O que é isso?" perguntou Helena, maravilhada.

Karathiel ergueu a própria mão, revelando uma chave idêntica, mas ainda mais brilhante, como se a natureza tivesse moldado cada detalhe. Elas trocaram olhares confusos e deram mais um passo em direção uma à outra.

Assim que suas mãos se aproximaram, as duas chaves começaram a se fundir em uma única peça. A fusão foi acompanhada por um som sutil, como o canto de pássaros e o soprar do vento. O brilho aumentou, e quando a luz finalmente diminuiu, uma única chave reluzente repousava nas mãos de Karathiel.

Antes que pudessem entender o significado do que acabara de acontecer, uma voz infantil interrompeu o momento.

"É a chave da biblioteca infinita!" exclamou uma pequena elfa, que observava a cena com os olhos arregalados de espanto.

A criança, de cabelos dourados como o sol e vestes coloridas que pareciam feitas de pétalas, correu até elas.

"Vocês conseguiram passar pelo teste da autoavaliação, não foi?" perguntou ela, olhando fixamente para a chave.

Helena abaixou-se para ficar no nível da elfa, enquanto Karathiel apenas observava, ainda processando o que acontecia.

"O que você sabe sobre essa chave?" Helena perguntou gentilmente.

A criança deu um passo à frente, os olhos brilhando de entusiasmo.

"A chave só aparece para aqueles que conseguem aceitar quem realmente são, com todos os seus medos e dúvidas, mas também com toda a sua força. Dizem que ela guia até a biblioteca infinita, onde todo o conhecimento do mundo está guardado."

Karathiel respirou fundo, sentindo o peso do momento.

"A biblioteca infinita... " murmurou, como se o nome carregasse memórias distantes.

A pequena elfa assentiu com entusiasmo.

"Só os escolhidos conseguem chegar lá. Vocês têm que seguir o caminho das estrelas até o grande portal, no coração deste reino. A chave abrirá a porta, e então... bom, só vocês poderão descobrir o que há dentro."

Helena olhou para Karathiel, e seus olhos se encontraram mais uma vez. Um entendimento silencioso passou entre elas, um reconhecimento de que sua jornada estava longe de terminar, mas que agora estavam mais unidas do que nunca.

"Estamos prontas," disse Helena, segurando a mão de Karathiel.

Karathiel apertou a mão de Helena em resposta, sentindo-se mais forte do que nunca ao seu lado.

A pequena elfa sorriu, um brilho travesso em seus olhos.

"Então sigam em frente, Guardiãs da Luz. O caminho das estrelas as espera."

Com a chave nas mãos e seus corações fortalecidos, Helena e Karathiel seguiram pela trilha indicada, prontas para desvendar os segredos da biblioteca infinita e enfrentar os desafios que viriam a seguir.

O Caminho das Estrelas

A trilha indicada pela pequena elfa parecia envolta em um manto de mistério. As árvores ao redor eram mais altas, com folhas que brilhavam em tons de dourado e prata, como se refletissem a luz das estrelas mesmo sob o céu claro. O ar carregava um frescor que trazia tanto calma quanto expectativa.

Karathiel e Helena caminhavam lado a lado, mas em silêncio. O peso do momento anterior ainda pairava entre elas. Por mais que ambas tivessem aceitado suas verdades internas, as palavras para compartilhar isso ainda não haviam encontrado o caminho para suas bocas.

Enquanto seguiam, o chão começou a mudar. As pedras que formavam a trilha tinham uma leve cintilação, como constelações projetadas sob seus pés. Cada passo parecia guiá-las mais profundamente para um lugar onde o tempo e o espaço se mesclavam com a magia.

Karathiel observava tudo atentamente. As folhas dançavam levemente com o vento, e ela sentia um sussurro da natureza que parecia saudá-la. Ela sabia que o caminho estava vivo, mas não ousava quebrar o silêncio. Seus olhos, no entanto, frequentemente se voltavam para Helena, como se confirmassem que ela ainda estava ali.

Helena, por sua vez, estava absorta em seus pensamentos. Ela tocava a chave pendurada em seu pescoço, sentindo o peso simbólico e literal do objeto. Desde o teste, uma nova força parecia borbulhar em seu interior, mas também um novo tipo de vulnerabilidade. Ela se perguntava como dizer o que sentia, como expressar algo tão profundo e tão recente.

"As estrelas nos guiam,"  Karathiel murmurou de repente, interrompendo o silêncio.

Helena virou-se para ela, surpresa pela quebra inesperada.

"Você acredita nisso?" perguntou Helena, com um tom misto de curiosidade e dúvida.

Karathiel hesitou, mas respondeu com sinceridade.

"Eu acredito que tudo no mundo está conectado. As estrelas, as árvores, os rios... nós. Talvez elas não guiem, mas iluminem o caminho para que possamos fazer nossas próprias escolhas."

Helena refletiu por um momento antes de responder.

"Eu gosto disso. Iluminar o caminho, mas deixar que decidamos."

Um sorriso tímido surgiu no rosto de Karathiel, mas a conversa parou ali. O silêncio voltou a envolvê-las, mas agora era mais confortável, quase cúmplice.

Conforme avançavam, a floresta começou a mudar novamente. Flores de cores vibrantes começaram a brotar ao longo do caminho, exalando aromas doces e relaxantes. Algumas tinham pétalas que pareciam brilhar como pequenos sóis, enquanto outras pareciam capturar e refletir a luz ao redor.

De repente, o som de uma cachoeira chegou aos seus ouvidos. Elas seguiram o som até encontrar um rio que parecia feito de luz líquida. Suas águas brilhavam em tons de azul, dourado e prateado, dançando como pequenos fogos de artifício.

Helena ajoelhou-se ao lado do rio, fascinada.

Karathiel aproximou-se e tocou levemente a água. Uma onda de calor suave subiu por seu braço, trazendo uma sensação de conforto.

"Ele está vivo, de certa forma. A natureza aqui não é apenas um ambiente, é um ser."

Helena observou Karathiel por um momento, admirando sua conexão com o mundo ao redor. Ela nunca havia conhecido alguém assim, alguém que parecia tão... essencial.

"Às vezes, acho que você vê coisas que eu nunca poderia compreender," disse Helena baixinho.

Karathiel olhou para ela, e por um momento, parecia que iria responder algo profundo. Mas ao invés disso, desviou o olhar e voltou a caminhar.

O caminho continuou a mudar enquanto avançavam. Agora, esculturas de cristal começaram a surgir, parecendo projetar imagens do céu noturno. Cada passo parecia mais pesado, como se o ar estivesse impregnado de expectativa.

Finalmente, ao chegarem a uma clareira, elas viram a entrada da biblioteca infinita. Era um portal gigantesco, feito de madeira entrelaçada com videiras douradas. No centro da porta, uma fechadura brilhava, aguardando a chave.

Karathiel parou e olhou para Helena.

"Chegamos."

Helena segurou a chave e deu um passo à frente, mas hesitou.

"Estamos prontas?" perguntou, a voz cheia de incerteza.

Karathiel colocou uma mão no ombro de Helena, transmitindo força.

"Estamos."

Juntas, elas seguraram a chave, inseriram-na na fechadura e giraram. Um som profundo ecoou, e o portal começou a se abrir, revelando uma luz intensa e misteriosa que parecia convidá-las a entrar.

Sem dizer mais nada, Helena e Karathiel cruzaram o portal, prontas para descobrir o que a biblioteca infinita reservava para elas.

A Conquista da Esfera do Conhecimento

A biblioteca infinita resplandecia com uma luz mística. As estantes infinitas e o teto de estrelas giravam lentamente, como se observassem Karathiel e Helena. O ar estava carregado de expectativa. No centro da sala principal, um pedestal dourado segurava a Esfera do Conhecimento, envolta por uma aura prateada que pulsava como um coração vivo.

As duas guardiãs se aproximaram, sentindo um frio na espinha. Antes que pudessem alcançar a esfera, uma voz ecoou pela sala.

"Guardiãs da Luz, o conhecimento que buscam não será dado, mas conquistado. Vocês enfrentarão desafios que testam suas almas, mentes e corpos. Cada uma caminhará sozinha."

A luz ao redor do pedestal intensificou-se, separando-as em um piscar de olhos.

O Teste de Karathiel: Bravura e Conhecimento

Karathiel piscou e percebeu que estava em uma floresta viva. Árvores gigantes sussurravam segredos ao vento, enquanto flores luminescentes se fechavam e abriam como olhos curiosos. O cheiro de terra molhada era forte, mas reconfortante. No entanto, a calmaria foi interrompida por um rugido que fez o chão tremer.

De entre as sombras surgiu uma criatura imensa: um leão alado, seus olhos brilhando como brasas.

"Guardiã da Natureza," disse o leão, sua voz profunda e retumbante. "Bravura não é apenas enfrentar o medo, mas conhecê-lo e usá-lo. Para prosseguir, você deve atravessar este vale enfrentando alguns desafios."

Antes que Karathiel pudesse responder, a criatura desapareceu, e à sua frente surgiram três caminhos: um rio de tormentas, uma ponte de videiras e uma trilha cheia de espinhos.

Ela tocou o chão, sentindo as energias ao redor, tentando decidir. O rio rugia, e ela podia ouvir os sussurros da água. Fechou os olhos e murmurou:

"Se eu devo proteger o mundo natural, devo entender suas forças e desafios."

Ela entrou no rio, a corrente fria abraçando-a. Enquanto nadava, viu imagens sob as águas: momentos em que hesitou, erros cometidos, vidas que não conseguiu salvar. O peso da culpa quase a fez parar, mas ela apertou os punhos e continuou.

"Eu não sou perfeita, mas sempre vou lutar pelo que acredito."

Quando emergiu na margem oposta, sentiu uma energia quente envolver seu corpo. O primeiro desafio estava superado.

Adiante, uma árvore gigantesca bloqueava o caminho. No tronco, estava cravada uma adaga com símbolos élficos. Uma voz ecoou:

"A sabedoria é a arma mais afiada. Decifre o enigma para continuar."

O enigma dizia:
"Eu nasço na mente, cresço nas palavras, mas morro no silêncio. O que sou eu?"

Karathiel franziu o cenho. Ela lembrou-se das lições de sua mãe, da importância de conexão e aprendizado.

"Uma ideia," respondeu com firmeza.

A adaga desapareceu, e a árvore se abriu, revelando a saída do vale. Karathiel respirou fundo, sentindo-se mais confiante.

Quando o vale se desfez, ela foi envolvida por uma luz dourada.

O Teste de Helena: Verdade e Aceitação

Helena estava em uma sala vazia, cercada por espelhos que refletiam não apenas sua aparência, mas suas emoções mais profundas. Ela se viu criança, brincando sozinha. Adulta, com olhos cheios de dúvida.

A voz de sua mãe ecoou, suave mas severa:

"Helena, por que você foi escolhida como Guardiã da Luz?"

Ela virou-se, mas não havia ninguém. Apenas os espelhos.

"Eu... eu não sei," respondeu, sua voz trêmula.

Os espelhos mostraram Karathiel, seus amigos, e Alexandre, seu irmão.

"Todos acreditam em você, mas você não acredita. Por quê?"

Helena apertou os punhos.

"Porque sou humana. Não tenho habilidades incríveis como Karathiel. Não sou estrategista como Alex. Sou apenas... eu."

Um espelho rachou, revelando uma luz dourada.

"A magia escolhe corações puros, mas até os corações mais puros têm dúvidas. Você não precisa ser perfeita; precisa ser verdadeira."

Helena se aproximou do espelho rachado, vendo sua imagem refletida. Tocou a superfície fria e sentiu um calor percorrer seu corpo.

"Eu sou Helena Luthor, Guardiã da Luz. Não sei todas as respostas, mas estou aqui para encontrá-las, por mim e por aqueles que amo."

A rachadura no espelho desapareceu, e a sala foi inundada por uma luz brilhante.

A União das Guardiãs

Quando a luz dissipou, Karathiel e Helena estavam novamente juntas diante do pedestal. Suas mãos agora brilhavam com um símbolo dourado. Elas trocaram um olhar profundo, sentindo o vínculo entre elas mais forte do que nunca.

"Conseguimos," disse Karathiel, um sorriso suave surgindo em seus lábios.

Helena assentiu, ainda absorvendo a intensidade do que enfrentaram.

A esfera do conhecimento flutuou, dividindo-se em dois fragmentos, um no formato de uma arvore da vida e outro em um coração. 

Imagem Gerada por IA

"O conhecimento é uma força poderosa, mas também um peso," disse a voz que antes guiava os testes. "Usem-no com sabedoria, Guardiãs."

Elas olharam para os colares e, sem palavras, souberam que haviam dado mais um passo em direção ao destino que as aguardava. A biblioteca perdeu seu brilho místico, agora silenciosa, mas Karathiel e Helena sabiam que tinham conquistado algo muito maior: confiança em si mesmas e uma noção mais clara de seu papel no equilíbrio da luz e das trevas.

O Retorno à Cidadela e o Próximo Destino

Quando Karathiel e Helena retornaram à cidadela, trazendo consigo a Esfera do Conhecimento, o Elfo Mestre já as aguardava na grande torre cristalina. O ambiente ao redor parecia ainda mais luminoso, como se o Reino da Sabedoria reconhecesse a vitória das guardiãs.

No salão principal da torre, o Elfo Mestre sorriu ao ver as duas.

"Guardiãs da Luz, vocês provaram sua força e sabedoria mais uma vez," disse ele, sua voz carregada de orgulho. "Mas agora, o próximo passo de sua jornada as levará a um lugar onde o céu encontra o abismo, e a luz se torna apenas uma memória distante."

Karathiel franziu a testa, intrigada.

"Do que está falando?"

O Elfo Mestre estendeu as mãos, e uma projeção mágica surgiu entre elas. Um vasto oceano coberto por tempestades foi revelado. No centro das águas turbulentas, uma ilha emergia, cercada por criaturas enormes e ameaçadoras.

"Além do mar, nas profundezas do oceano, existe uma ilha que não pertence à luz nem às trevas, mas ao caos. É o lar das criaturas mais medonhas e antigas desta terra. Lá, a luz do sol mal toca o solo, e os ventos trazem os sussurros de eras esquecidas."

Helena respirou fundo, sentindo um calafrio.

"Por que temos que ir até lá?" perguntou ela.

O Elfo Mestre a observou com paciência.

"Porque é lá que vocês encontrarão o próximo fragmento: o Coração do Oceano, a essência da vida nas profundezas. Sem ele, a balança da magia não poderá ser restaurada."

Karathiel inclinou a cabeça levemente, sua mente já traçando estratégias.

"Como chegaremos lá?"

O Elfo Mestre ergueu uma mão, e um mapa mágico do oceano apareceu no ar.

"Os elfos da sabedoria as guiarão pelas águas. Nosso povo sempre manteve uma conexão com o mar e conhece caminhos seguros até a ilha. Mas, cuidado: os mares são traiçoeiros, e as criaturas que vivem lá não confiam facilmente. Vocês precisarão provar seu valor mais uma vez."

Na manhã seguinte, as duas guardiãs embarcaram em um navio élfico, acompanhado por um pequeno grupo de elfos navegadores. A embarcação era feita de madeira clara e brilhante, adornada com runas mágicas que protegiam contra tempestades e correntes traiçoeiras.

Continua...

Contem para mim pessoal, qual reino élfico vocês gostaram mais!

O reino dourado: reino da nossa querida Karathiel

O reino da cura: reino branco

O reino dos sábios: reino colorido

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