Aearondor - Terra dos Navegadores
No coração do reino das sombras o Senhor das Trevas estava em pé diante de seu trono, uma imensa estrutura de ossos retorcidos e ferro negro que parecia respirar com a própria essência do mal. Suas mãos, grandes e cobertas por uma carapaça sombria, apertavam os braços do trono com tanta força que a rachadura começou a se formar.
O salão ecoava com o som das labaredas negras que crepitavam em tochas enfeitadas, lançando sombras grotescas nas paredes cobertas de runas antigas. O cheiro de enxofre e carne queimada impregnava o ar, tão denso que parecia corroer os pulmões.
A voz do Senhor das Trevas finalmente ecoou, grave e reverberante, como trovões em uma tempestade interminável.
"Eles ousaram desafiar meu poder..." ele começou, cada palavra comunicada com um ódio furioso. "Meu exército foi derrotado. Os elfos dourados e os humanos... pensam que podem resistir a escuridão?"
Seus olhos, duas órbitas incandescentes em um mar de escuridão, encararam os comandantes ajoelhados à sua frente. Cada um deles tremia, o medo visível em seus rostos grotescos. Orcs brutais com presas afiadas, criaturas meio humanas deformadas por magia sombria, e espectros que flutuavam silenciosamente, incapazes de emitir qualquer som.
"Falem! " ele rugiu, sua voz fazendo as paredes do salão vibrarem. "Quem liderará meu próximo exército? Quem entre vocês tem coragem de garantir a destruição completa desses tolos?"
O comandante dos orcs, uma criatura colossal chamada Vark, se prolonga lentamente. Sua pele era áspera como pedra vulcânica, e cicatrizes cruzavam seu corpo musculoso. Ele cheirava a sangue seco e ferro, e sua respiração pesada preenchia o silêncio momentâneo.
"Mestre... nós falhamos antes, mas isso não se repetirá. " Vark falou com uma voz que parecia raspar contra metal. "Enviarei o dobro, não, o triplo de guerreiros. Destruiremos suas defesas."
O Senhor das Trevas inclinou-se à frente, e mesmo sem mover-se muito, parecia expandir-se como uma tempestade ameaça a destruição.
"Ó triplo?" ele disse, sua voz agora gélida. "E se o triplo também falhar? Eu não preciso de números, Vark, eu preciso de vitória. Preciso da ruína de suas almas, do desespero que quebra exércitos."
Outro comandante, um espectro chamado Varys, flutuou adiante, sua voz sibilando como vento por entre fendas.
"Mestre, permita-me usar os espíritos aprisionados. Eles sussurrarão pesadelos nas mentes dos humanos e dos elfos. Quebrarão sua vontade antes mesmo que empunhem uma espada."
O Senhor das Trevas ergue uma mão, silenciando-o.
"Silêncio! " ele disse. "Não basta quebrar suas mentes. Quero que suas terras queimem. Quero que seus líderes implorem por misericórdia e encontrem apenas a lâmina da destruição. Mandarei meu segundo exército, mas desta vez ele será liderado por minhas criaturas mais letais."
Com um gesto de sua mão, uma parte do chão do salão se abriu, revelando uma fenda abissal de onde emergiram criaturas ainda mais aterrorizantes. Criaturas com aparências de Onças deformadas bípede com olhos que cintilavam com ódio puro, bestas feitas de metal vivo e carne retorcida, e gigantes de pedra cobertas por magma incandescente.
O salão ficou subitamente mais quente, o cheiro de enxofre agora misturado ao odor pungente de carne em experiência e sangue fresco.
"Eles acham que sabem o que tem medo?" o Senhor das Trevas disse, sua voz agora suave, quase sedutora. "Mostrem-lhes a verdadeira face do terror. Vark, você liderará o ataque, mas dessa vez... Varys o acompanhará com os espectros. Quero o fim da luz em seus terrenos. Quero o sangue dos elfos e dos humanos encantando o solo. E quando capturarem as duas guardiãs, tragam-nas a mim vivas. Elas terão um destino especial."
Os comandantes ajoelharam-se novamente, suas vozes uníssonas ecoando pelo salão.
"Sim, mestre."
O Senhor das Trevas recostou-se no trono, um sorriso cruel espalhando-se por seu rosto deformado.
"Agora vão. Não falhem desta vez. Ou o que o restou de vocês desejará nunca ter existido."
Conforme os comandantes saíram para organizar o próximo ataque, o Senhor das Trevas olhou para a escuridão além de seu trono. Ele sentiu algo diferente. Uma mudança nas terras de Lutharon.
"O amor delas... não será suficiente para salvá-las." murmurou para si mesmo, enquanto a escuridão ao seu redor se agitava, quase como se fosse viva.
O Reino de Aearondor
Karathiel e Helena, após longas jornadas, chegaram ao Reino dos Navegadores. Do convés da embarcação que as trouxe até ali, o horizonte se desdobrava em uma visão magnífica, de tirar o fôlego.
Os mares de um azul cristalino reluziam sob o sol dourado, e as águas calmas estavam salpicadas com embarcações de velas brancas que dançavam ao sabor do vento. Barcos menores iam e vinham, enquanto navios maiores repousavam elegantemente na baía, com mastros altos que tocavam o céu. Gaivotas circulavam acima, soltando gritos agudos, como se anunciassem a chegada de viajantes ilustres.
Karathiel olhou maravilhada para a grandiosidade do reino humano. O porto fervilhava de vida, com marinheiros gritando ordens, comerciantes transportando caixotes repletos de especiarias e crianças correndo entre os pescadores, que organizavam suas redes. Casas de telhados inclinados e cores vibrantes alinhavam-se ao longo das margens, suas janelas decoradas com bandeiras e flores.
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"É mais vivo do que imaginei" disse Karathiel, seus olhos brilhando. "Tantas pessoas, tantas histórias."
Helena, ao seu lado, sorriu com uma mistura de orgulho e nostalgia.
"Eu costumava vir aqui com minha mãe. Este lugar sempre foi especial, uma ponte entre terras distantes e o coração humano."
No alto, coroando a vista, o castelo central erguia-se como uma joia arquitetônica. Suas torres elegantes apontavam para o céu, refletindo a luz do sol, e pareciam guardar segredos de eras passadas. O castelo era uma lembrança do poder e da ambição humana, cercado por montanhas majestosas que o protegiam como sentinelas silenciosas.
Karathiel deixou escapar um suspiro, absorvendo a grandiosidade da cena.
"É belo, mas também triste. Não vejo árvores além das muralhas. A natureza parece tão distante daqui."
Helena tocou gentilmente o braço da elfa.
"É diferente, sim, mas é assim que os humanos encontraram sua força. Nem tudo aqui está perdido, Karathiel. Este lugar tem suas próprias belezas."
Com um olhar trocado cheio de compreensão, ambas desceram do navio e pisaram no porto, sentindo o calor das pedras sob os pés. A jornada pelo Reino dos Navegadores estava apenas começando, e elas sabiam que algo extraordinário as aguardava ali.
O impacto de Karathiel na presença humana
Karathiel desceu do barco ao lado de Helena, seus passos graciosos, mas firmes, ecoando pelas pedras do porto. Sua presença parecia atrair todos os olhares. A elfa, com seus cabelos dourados que refletiam o brilho do sol e seus olhos que carregavam a profundidade das florestas ancestrais, parecia um ser retirado das histórias de infância.
O burburinho usual do porto cessou gradativamente. Os marinheiros pararam de puxar suas redes, os comerciantes interromperam as negociações, e até mesmo as crianças, que corriam de um lado para o outro, ficaram imóveis, seus olhos arregalados de fascínio.
"É... É um ser mágico?" uma mulher murmurou, agarrando o braço do marido, que apenas assentiu, sem palavras.
Enquanto alguns olhavam com admiração, outros, mais cautelosos, davam um passo atrás. Os guardas na entrada do porto seguravam suas lanças com mais força, em alerta, embora não se movessem.
As crianças, porém, eram diferentes. Com a curiosidade típica da juventude, se aproximaram lentamente, seus olhos brilhando com fascínio.
"Você é uma fada?" perguntou uma menina pequena, sua voz doce quebrando o silêncio.
Karathiel abaixou-se, olhando diretamente para a criança, seus lábios curvando-se em um sorriso caloroso.
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"Sou uma elfa" respondeu ela suavemente, sua voz melodiosa como o sussurrar das árvores ao vento. "E venho em paz."
Helena, ao seu lado, observava com um misto de orgulho e preocupação. Ela sabia que a presença de Karathiel ali era mais do que uma surpresa — era um desafio para as crenças enraizadas dos humanos.
"Eles têm medo porque não entendem" disse Helena em um tom baixo, inclinando-se para Karathiel. "Mas também têm fascínio, como essas crianças."
Karathiel levantou-se novamente, sua postura altiva, mas acolhedora. Ela observou os humanos ao seu redor, sentindo a mistura de emoções no ar. O medo era palpável, quase tangível, mas havia algo mais: uma curiosidade intensa e uma fagulha de esperança.
"Não precisam temer" disse Karathiel, sua voz firme ecoando pelo porto. "Não sou uma ameaça. Estou aqui em busca de algo que pode salvar não apenas minha terra, mas também a de vocês."
Um silêncio profundo caiu sobre a multidão, enquanto as palavras de Karathiel pareciam ressoar em seus corações. Helena então se adiantou, sua postura elegante, mas firme.
"Eu sou Helena de Arandor, princesa do maior reino humano" declarou ela. "Esta é Karathiel, minha companheira nesta jornada. Estamos aqui a serviço de todos nós, lutando contra a escuridão que ameaça estas terras."
O título de Helena parecia despertar respeito imediato, e alguns inclinavam levemente a cabeça em sinal de reverência.
"Arandor está enviando ajuda até mesmo das lendas..." um velho pescador murmurou, e um burburinho se espalhou novamente pelo porto.
Karathiel estendeu uma mão para Helena, seus dedos entrelaçando-se em um gesto que simbolizava tanto união quanto força.
"Vamos" disse Karathiel baixinho para Helena. "Temos um reino para explorar e um fragmento a encontrar."
Enquanto as duas avançavam pelo porto em direção à cidade, a multidão se abriu para deixá-las passar. Alguns ainda observavam com desconfiança, mas outros já olhavam com admiração, especialmente as crianças, que acenavam para a elfa como se estivessem diante de um conto de fadas que ganhara vida.
Para Karathiel, o reino humano era estranho e desconcertante, mas havia uma magia diferente ali, um potencial que apenas começava a entender.
O encontro com a Rainha Diana
Karathiel avançava lentamente ao lado de Helena, absorvendo cada detalhe do reino humano. O aroma das especiarias misturava-se ao cheiro salgado do mar, enquanto vozes animadas ecoavam das lojas e tavernas ao redor. Era um mundo tão vibrante quanto estranho para ela, um contraste marcante com as florestas que sempre conhecera. A elfa observava atentamente os rostos dos humanos — alguns receosos, outros curiosos, mas poucos ousavam se aproximar.
No horizonte, o som de cascos de cavalo ecoou, chamando a atenção de todos. Uma figura imponente atravessava as ruas com postura confiante. Diana, a rainha do Reino dos Navegadores, havia retornado. Sua armadura reluzia sob o sol, ainda marcada pelas batalhas recentes em Arandor. Seu cabelo preso balançava suavemente com o trote do cavalo, enquanto seus olhos analisavam cada canto de seu reino com determinação.
Diana desceu do cavalo rapidamente, entregando as rédeas ao escudeiro próximo, e caminhou entre a multidão, atraindo olhares de reverência. Porém, algo mais lhe chamou a atenção: o silêncio incomum e os olhares fixos em direção ao porto. Quando seus olhos encontraram Karathiel, a presença da elfa resplandecente ao lado de Helena, um lampejo de surpresa e curiosidade atravessou seu semblante.
"Então é verdade..." murmurou para si mesma antes de seguir rapidamente na direção das duas.
Helena percebeu a aproximação da rainha e sorriu largamente, soltando a mão de Karathiel por um instante para correr ao encontro de Diana.
"Diana!" exclamou Helena, sua voz cheia de alegria e nostalgia.
A rainha abriu os braços e a acolheu em um abraço caloroso. "Helena, é tão bom vê-la novamente! Faz muito tempo." Diana se afastou levemente, segurando os ombros de Helena enquanto a avaliava com cuidado. "Está mais forte e destemida, como sempre imaginei."
Karathiel, observando à distância, sentiu algo estranho em seu peito, uma sensação nova e desconfortável. Ela não sabia exatamente o que era, mas não podia ignorar o aperto leve em seu coração. Apesar disso, manteve sua postura serena, escondendo sua confusão com uma expressão neutra.
Depois do abraço, Diana voltou-se para Karathiel. Seu olhar era firme, mas respeitoso, como se estivesse diante de algo grandioso e único.
"Então você é Karathiel" disse Diana, aproximando-se com passos seguros. "Finalmente estou diante da lendária elfa que tanto ouvi falar. O general Valen e os outros que lutaram ao meu lado não pouparam elogios à sua coragem e habilidades.
Karathiel inclinou levemente a cabeça em respeito, sua voz soando com um tom suave, mas firme. "É uma honra conhecê-la, rainha Diana. Sua reputação também precede você. Sua liderança e bravura em tempos difíceis são admiradas até nas terras élficas."
Diana sorriu, genuína, e também surpresa por saber que é reconhecida nos reinos mágicos. "Devo admitir que, mesmo com tudo que vi recentemente, é intrigante estar diante de alguém que eu acreditava pertencer apenas às lendas."
"As lendas têm um fundo de verdade, rainha" respondeu Karathiel, seus olhos brilhando com uma sabedoria ancestral. "Estou aqui porque nosso mundo está se unindo em uma batalha que afeta a todos, humanos e seres mágicos."
Diana assentiu, sua expressão tornando-se séria. "E eu sou grata por isso. Arandor não teria sobrevivido sem a ajuda de Valen e de seus guerreiros élficos. A sua presença aqui..." ela olhou para Helena por um momento antes de voltar para Karathiel "...significa que nossas alianças estão mais fortes do que nunca."
Helena sorriu ao perceber o respeito mútuo crescendo entre as duas. "Diana, temos muito a conversar. Estamos aqui para uma missão importante, e sei que sua ajuda será fundamental."
Diana concordou, gesticulando para que as seguissem. "Vamos para o castelo. Vocês devem estar exaustas da viagem. Descansaremos e discutiremos tudo depois."
Enquanto caminhavam juntas pelas ruas, os olhares curiosos e inquietos continuavam. Karathiel sentia-se como uma estranha naquele mundo humano, mas a presença de Helena ao seu lado e o respeito de Diana lhe davam a certeza de que estava no caminho certo.
O jantar
Após entrarem no castelo, Helena e Karathiel foram levadas para um aposento espaçoso onde poderiam descansar e se preparar para o jantar. O quarto tinha um toque luxuoso, com tapeçarias bordadas com cenas marítimas e janelas que ofereciam uma vista para o porto iluminado pelo pôr do sol. Helena se acomodou rapidamente, mas notou a inquietação de Karathiel, que olhava ao redor como se tudo aquilo fosse completamente estranho para ela.
"Você está bem?" perguntou Helena, enquanto retirava seu manto.
Karathiel assentiu, mas havia um tom distante em sua resposta. "Sim, é apenas... diferente. Os humanos vivem tão distantes da natureza. Este lugar é belo, mas sinto falta das árvores, do som do vento nas folhas. Aqui tudo é pedra e metal."
Helena sorriu gentilmente. "Eu entendo. Mas, se servir de consolo, este castelo tem histórias fascinantes, e tenho certeza de que você verá beleza de outras formas."
Depois de um banho relaxante, onde Helena aproveitou para compartilhar curiosidades humanas — como os espelhos, que fascinaram Karathiel —, ambas se arrumaram para o jantar. Karathiel escolheu vestir algo simples, mas elegante, enquanto Helena optou por um vestido formal que realçava sua presença como uma princesa.
Ao descerem para o salão de jantar, Diana as aguardava. Ela havia trocado sua armadura por um traje mais refinado, mas sua postura permanecia tão imponente quanto antes. Ao vê-las, sorriu calorosamente e as convidou a sentar-se à mesa, decorada com pratos típicos do reino dos navegadores, muitos deles feitos com frutos do mar frescos.
"Espero que estejam confortáveis" disse Diana, enquanto servia uma taça de vinho para si mesma. "Helena, é maravilhoso tê-la aqui novamente. Já faz tempo desde a última vez que nos encontramos."
Helena sorriu, suas feições iluminadas por uma mistura de nostalgia e curiosidade. "É bom estar de volta, Diana. Mas diga-me, como está meu irmão? Como está Alexandre?"
O sorriso de Diana tornou-se um pouco mais melancólico. "Alexandre está bem, Helena. Ainda lidera com o coração e a determinação que sempre admirei nele. A batalha contra os orcs foi dura, mas ele demonstrou uma força que inspirou todos ao nosso redor."
Helena suspirou, um misto de alívio e saudade. "É bom saber que ele está bem. Ele é um líder nato, mas me preocupo com ele."
Diana assentiu, sua voz cheia de respeito. "Ele sente sua falta, Helena. Mas está orgulhoso de você, mais do que imagina. Ele fala de você como uma guerreira de Arandor, uma verdadeira princesa."
Enquanto as duas conversavam, Karathiel permaneceu em silêncio, seus olhos observando cada detalhe do ambiente e ouvindo atentamente. A proximidade entre Helena e Diana a fazia sentir algo estranho, um desconforto que não conseguia compreender totalmente. Apesar disso, manteve-se em silêncio, preferindo não interferir na conversa.
No entanto, enquanto Diana e Helena riam de memórias compartilhadas, Karathiel sentiu uma leve presença mágica no ar. Era sutil, mas inconfundível para alguém como ela, que estava conectada às forças místicas do mundo. Algo naquele reino, talvez até mesmo naquele castelo, emanava uma energia mágica que os humanos não pareciam perceber.
Ela decidiu guardar essa sensação para si, pelo menos por enquanto. Mas seus olhos se voltaram para Helena por um instante, e o desconforto retornou. Havia algo mais ali, algo que Karathiel ainda não conseguia nomear, mas que começava a inquietá-la.
Diana, percebendo o silêncio de Karathiel, virou-se para ela. "Karathiel, espero que esteja encontrando algum conforto aqui. Sei que nosso mundo deve parecer... um pouco estranho para alguém como você."
Karathiel inclinou levemente a cabeça em respeito, respondendo com sua voz suave. "É, de fato, muito diferente do que estou acostumada. Mas a hospitalidade de vocês é apreciada."
Diana sorriu, satisfeita com a resposta, e voltou sua atenção para Helena. Karathiel, por outro lado, continuava a observar e absorver tudo ao seu redor, sabendo que havia mais mistérios a serem descobertos naquele lugar do que aparentava.
O desconforto de Karathiel não passou despercebido por Helena. Embora estivesse envolvida na conversa com Diana, a princesa de Arandor, com sua percepção aguçada, sempre mantinha um olhar atento sobre sua elfa. Helena sabia que algo perturbava Karathiel, mas decidiu que seria melhor abordar o assunto mais tarde, quando estivessem a sós.
Aproveitando um momento de pausa na conversa sobre Alexandre, Helena mudou de assunto, voltando ao propósito de sua visita ao reino dos navegadores.
"Diana, precisamos de sua permissão para explorar o reino. Estamos em busca do próximo fragmento, e acredito que possa haver alguma pista ou artefato mágico escondido por aqui."
Diana, que ouvia atentamente, assentiu com uma expressão séria. "Vocês têm minha total permissão. Podem vasculhar o que for necessário. Desde que descobri que a magia realmente existe, tomei providências para informar meu povo. Eles sabem agora que devem respeitar e aceitar as forças que antes considerávamos lendas."
Helena agradeceu com um leve sorriso, sentindo-se aliviada pela receptividade de Diana. O apoio da rainha seria crucial para o sucesso de sua missão.
Karathiel, que permanecia em silêncio até então, ergueu o olhar com uma pontada de curiosidade ao ouvir sobre a magia e o povo do reino. Porém, algo mais a motivou a falar. Sua mente foi imediatamente tomada por lembranças de Alexandra, sua amiga de longa data, que era natural daquele reino. Sentindo uma saudade repentina, ela perguntou:
"Rainha Diana, perdoe minha curiosidade, mas... você viu Alexandra recentemente?"
O nome trouxe um brilho aos olhos de Diana, que sorriu ao se lembrar da jovem. "Sim, Karathiel. Vi Alexandra e os outros há não muito tempo. Todos estão bem. Eles têm se mantido ocupados, mas sempre leais a você. A lealdade deles é admirável, e confesso que aprendi a respeitar ainda mais sua força e liderança através deles."
Karathiel baixou a cabeça brevemente, sentindo uma mistura de alívio e orgulho ao saber que seus amigos estavam bem. "Isso me traz paz. Sinto saudades deles."
"E eles de você, tenho certeza" respondeu Diana, com um tom gentil.
A conversa tomou um tom mais leve, mas Helena, mesmo se envolvendo, continuava atenta ao desconforto que Karathiel parecia disfarçar. Havia algo a mais que perturbava a elfa, e Helena estava determinada a descobrir o que era, mas em um momento mais apropriado. Por enquanto, ambas estavam gratas pela hospitalidade de Diana e pelo apoio que o reino dos navegadores estava disposto a oferecer em sua jornada.
Entre Magia e Amor
Após o jantar, Helena e Karathiel retornaram aos aposentos que haviam sido designados para elas. O quarto era espaçoso e decorado, mas Karathiel parecia distraída demais para notar os detalhes. Assim que chegaram, ela foi diretamente para a janela, onde a brisa noturna soprava suavemente. Suas mãos tocaram o parapeito, e seus olhos estavam fixos no céu estrelado.
Enquanto isso, Helena aproveitou para trocar suas roupas. Depois de meses usando armaduras e trajes pesados, sentia falta de algo mais confortável. Optou por uma roupa leve de tecido macio, que lhe dava uma sensação de liberdade. Ao terminar, ela olhou para Karathiel, que ainda estava parada junto à janela, com o semblante distante.
Helena caminhou até ela em silêncio e, sem hesitar, envolveu-a com os braços, abraçando-a por trás. Apesar de ser menor em estatura, Helena encontrou o encaixe perfeito contra o corpo da elfa. Era um gesto simples, mas cheio de afeto.
"O que está te perturbando, minha elfa?" perguntou Helena suavemente, sua voz carregada de preocupação.
Karathiel hesitou por um momento antes de responder, os olhos ainda voltados para as estrelas. "Eu... não sei como descrever. Mas... não gosto muito da maneira como Diana se aproxima de você."
Helena ouviu a confissão com um sorriso sutil que crescia em seus lábios. Ela entendeu imediatamente o que Karathiel estava sentindo, mesmo que a elfa não soubesse colocar em palavras. Com delicadeza, ela se afastou apenas o suficiente para ficar de frente para Karathiel.
Segurando o rosto da elfa com as duas mãos, Helena olhou diretamente em seus olhos. "Ah, então é isso... Kara, o que você está sentindo é chamado de ciúmes. É natural, especialmente quando alguém se importa muito com outra pessoa."
Karathiel piscou, um tanto confusa, mas começou a compreender. "Ciúmes? Mas... isso significa que..."
Helena sorriu de forma reconfortante. "Isso significa que você se importa comigo de uma maneira especial. Mas, minha querida elfa, você não precisa se preocupar com Diana ou com qualquer outra pessoa. Porque a pessoa que eu amo, aquela com quem meu coração escolheu, está bem aqui, na minha frente.
Antes que Karathiel pudesse responder, Helena se inclinou e uniu seus lábios aos dela em um beijo suave, mas cheio de significado. Foi um gesto que dissolveu qualquer insegurança que Karathiel pudesse sentir, substituindo-a por uma onda de conforto e calor.
Quando o beijo terminou, Helena manteve a testa colada à de Karathiel, sorrindo. "Está mais claro agora?"
Karathiel assentiu, ainda sentindo o calor do momento. "Sim... está."
Karathiel manteve o olhar fixo em Helena enquanto segurava sua cintura com firmeza, mas ao mesmo tempo com delicadeza, como se temesse machucá-la. Seu toque transmite tanto carinho quanto desejo, um equilíbrio perfeito entre forças e limitações.
"Eu senti algo mágico neste reino, Helena" disse Karathiel, sua voz baixa, quase um sussurro. "É pequeno, mas está lá. Não sei exatamente o que é, mas parece que precisa de algo para ser despertado..."
Antes ela pudesse continuar, Helena com uma das mãos pressionou suavemente seu dedo indicador contra os lábios de Karathiel, silenciando-a.
"Shhh... " disse Helena com um sorriso suave. "Pensaremos nisso amanhã. Agora vamos descansar."
Com isso, Helena inclinou-se e o beijou novamente, mas desta vez o beijo foi mais profundo, mais intenso, como se quisesse transmitir tudo o que sentia por Karathiel. Suas mãos delicadas deslizaram lentamente pelos braços da elfa e começaram a desfazer as camadas de suas roupas. O gesto era cuidadoso, quase reverente, enquanto Helena olhava para Karathiel com admiração e desejo.
Para Helena, aquilo era muito mais do que uma simples aproximação. Já havia se envolvido com outros humanos no passado, mas agora era diferente. Karathiel não era apenas uma elfa; ela era seu verdadeiro amor, alguém que parecia estar destinado a cruzar seu caminho. Estar com ela era algo além de qualquer experiência que você já teve.
Karathiel, por sua vez, compreendeu claramente o que Helena estava desejando. Com um pequeno sorriso, ela deixou-se ser guiada, embora o olhar em seus olhos deixe claro que também assumiria a liderança no momento certo. Com delicadeza, Karathiel segurou as mãos de Helena e a guiou para a grande cama humana que ocupava o centro do aposento.
Embora fosse uma criatura mágica, criada pela natureza e conectada às energias do mundo, Karathiel sabia que o que estava prestes a acontecer era algo único. Não sabia exatamente o que seria unir-se a uma humana em um momento tão íntimo, mas o desejo e o amor que sentia por Helena eram maiores do que qualquer incerteza.
Com a mesma delicadeza que recebeu, Karathiel começou a retirar as roupas da jovem princesa, seus movimentos suaves, mas carregados de uma paixão que parecia crescer a cada instante. Seus olhos nunca deixaram os de Helena, e em cada gesto, havia um cuidado, um respeito, e acima de tudo, um amor profundo que transcendia qualquer diferença entre elas.
Enquanto Helena e Karathiel trocavam carícias íntimas, seus corpos e almas se conectavam em perfeita harmonia. A atmosfera ao redor delas pareciam mudar, tornando-se mais leve, quase etérea. A magia, que há tempos permanecia silenciosa naquele reino, parecia observar com curiosidade e admiração. Em um mundo onde sua existência era incerta, ela agora era agraciada por algo ainda mais precioso: o amor verdadeiro.
Quando o momento chegou ao ápice, os olhos azuis de Karathiel se encontraram com os olhos verdes de Helena. O tempo pareceu parar, e naquele instante, seus olhos brilharam e uma magia suave e luminosa começou a emanar das duas. Uma energia cálida e pura, que não apenas envolve as amantes, mas parecia se espalhar além do aposento.
Essa magia, tão antiga e poderosa quanto as estrelas, despertou algo profundo. Em locais distantes, nos três reinos humanos, os fragmentos mágicos adormecidos responderam ao chamado. Cada um brilhou intensamente, como se confirmassem que o caminho estava sendo trilhado da forma correta, guiado não apenas pela força ou estratégia, mas pelo laço mais puro de todos: o amor.
A magia convidada, silenciosa, mas satisfeita. Tudo estava acontecendo no tempo certo. Os caminhos estavam se cruzando, os laços estavam sendo feitos, e o equilíbrio que tanto buscavam começava a se restaurar.
E, mais uma vez, as estrelas e a lua, eternas testemunhas de momentos grandiosos e íntimos, observaram aquele instante mágico. Eles testemunharam não apenas a união de uma humana e uma elfa, mas o despertar de algo muito maior — algo que mudaria os destinos de todos os reinos.
Continua...
Autora na escreve Hot galerinha!
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