Julho, 27
Julho, dia 27
Di, peço desculpa por me ter esquecido de escrever. Trouxe o caderno comigo, mas estava tão no fundo que só me lembrei que o tinha na mala quando a vim vasculhar para encontrar uma muda de roupa lavada.
As férias no hotel estão quase a acabar, para muita pena de todos. A Martha está a adorar não ter de limpar a casa ou cozinhar para nós, o John está a ficar bronzeado pela primeira vez em vários anos, tu estás a gostar de fazer amigos junto da rede de voleibol, apesar de quase nunca jogares, e eu adoro que a minha maior preocupação do dia seja decidir se vou à praia ou à piscina.
Mas tudo o que é bom acaba depressa.
Dia 29 à noite apanhamos o comboio de volta para casa, a meu pedido. No entanto, devo acrescentar que tu também estavas entusiasmada com a ideia de dormir embalada pelo movimento do comboio, já que nunca fizemos uma viagem noturna num e que vinda para cá foi feita de avião.
O voo foi muito mais rápido do que eu estava à espera e correu sem turbulência ou problemas. Foi uma experiência divertida, mas descobri que odeio a descolagem — faz-me dores de cabeça e uma impressão estranha nos ouvidos, que demora a passar. Mesmo fingindo que mascava pastilha elástica a sensação não foi embora tão depressa quanto eu gostaria que fosse. Mas enfim, não deixou de ser uma boa experiência por isso. É algo que sou, sem dúvida alguma, capaz de repetir.
Chegámos aqui dois dias antes da cerimónia, o que nos deu tempo para descansar e explorar os arredores do hotel sem pressa.
O casamento decorreu na praia privativa do hotel, naquele meio termo de areia e vegetação rasteira. O altar foi montado num estrato e consistia num toldo florido, numa mesa e duas cadeiras. Sobre a areia foi estendida uma passadeira branca comprida que ligava o relvado das traseiras do hotel até ao altar, para que fosse mais fácil caminhar. Arranjos de flores e lanternas de velas estavam espalhadas nas laterais da passadeira, separando o corredor de passagem das inúmeras cadeiras de madeira branca destinadas aos convidados.
E quantos não eram os convidados! A família da Aurora é tão grande que foi necessário reservar um piso inteiro do hotel para acomodar todos tios, primos, avós, pais e irmãos que conseguiram comparecer! Sim, porque nem todos vieram. Quando vi aquela multidão no dia do casamento, pensei que aquilo se fosse tornar uma confusão de proporções tais, que a cerimónia teria de ser atrasada até que todos tivessem encontrado o seu lugar nas cadeiras atrás do altar improvisado. Para minha surpresa, a Laura, a irmã mais nova da Aurora, conseguiu que tudo desse certo e que o casamento se desse a tempo e horas. O que foi fantástico porque, de contrário, teríamos assistido a um casamento sob as estrelas e não à luz do pôr do sol.
Como a família do Óscar é mais pequena, ficamos sentados do lado do noivo, não muito longe do altar, o que nos deu uma visão perfeita para a cerimónia mágica.
A Aurora estava linda, mesmo estando grávida de seis meses. O Óscar, de fato branco, também não estava nada mal. Mas toda a gente sabe que nestes dias o destaque tem de ser sempre das noivas.
Descobri que eles vão ter uma menina. Ainda não escolheram nenhum nome e, pelo que me disse o Óscar no copo d'água, só o devem conseguir fazer quando a virem, apesar de já terem algumas hipóteses sobre a mesa.
Sabes a melhor parte disto? Eles não se vão mudar! Pelo menos para já. Se conciliar os empregos com a bebé for mais difícil do que eles estão à espera, a Aurora e o Óscar vão mudar-se para mais perto dos avós da criança — não necessariamente para este lado do país, já que os pais dele vivem a apenas algumas horas de carro da nossa cidade.
De um modo geral, estou a adorar estas férias. E adorei o casamento. Se todos forem como este, vou passar a ser presença assídua! Nem interessa quem são os noivos, desde que a cerimónia seja num local bonito — em que dê para fazer umas pequenas férias, de preferência — e que a comida seja boa. O resto são detalhes.
Mas agora tenho que ir. Vocês estão à minha espera para jantar.
Volto a escrever em breve, se tiver novidades para contar.
Com Amor,
Sammy
[editado: Dez 2024]
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