1.23 | Combustão
05/07/2022
Hoje, é o segundo dia das olimpíadas. É por volta das 9h da manhã, estamos prestes a começar os jogos. Todos os participantes têm áreas específicas em que aguardam até o tempo de entrarem na arena. Temos a liberdade de sair dessa área para assistir as outras competições, mas não podemos sair do estádio e precisamos estar sempre de volta pelo menos meia hora antes de entrar.
Estou agendado para entrar no ringue de combate por volta das duas da tarde de hoje. Todos os participantes da modalidade de combate foram divididos em grupos de dezesseis, quatro seres do fogo, quatro seres da águas, quatro da terra e quatro do ar. Alguns lutarão contra participantes da mesma universidade, outros lutarão com de universidades diferentes. Caio, Hansel e eu caímos no mesmo grupo, o que significa que em algum momento, um de nós vai ter que lutar contra o outro.
Parte de mim não quer lutar contra Hansel, pois sei o quão importante é que ele ganhe para provar ao seu pai que pode ter controle sobre seu poder. A forma mais rápida de garantir que ele ganhe seria sabotar minha própria vitória. Mas há dois problema com isso: primeiro, ganhar em uma categoria das olimpíadas é um grande adicional no diploma da universidade. Pensando em minha carreira futura, estaria jogando uma grande oportunidade no lixo se me autossabotasse. O segundo problema é o próprio Hansel, ele ficaria furioso se descobrisse que dei a vitória a ele. Em suas próprias palavras, "se por acaso nós lutarmos um contra o outro e você perder de propósito, vou matar você!"
Se Hansel lutasse contra mim usando todo seu poder, eu provavelmente teria zero chances, mas usará apenas a água, então, estamos jogando de igual para igual. Ainda há a questão das regras de combate das olimpíadas. Meu objetivo é nocautear o adversário para fora do ringue, mas não posso usar qualquer ataque que possa feri-lo gravemente. Será inteiramente jogo de estratégia e precisão.
– Você acha que vamos ter que esperar mais ainda para vê-la? – pergunta Helena ao meu lado, me fazendo parar de pensar na luta.
– Os jogos começam oficialmente às 9h30, falta apenas cinco minutos – responde Hansel a ela, do outro lado.
– Aff! Eu quero ver a minha amiga logo! – diz Helena impaciente, ela está um pouco mais eufórica do que o normal, hoje.
As olimpíadas vão começar com atletismo sendo a principal categoria. Sarah fará sua entrada com acrobacias usando o vento.
– Tenha só um pouco mais de paciencia, logo ela vai aparecer – diz Caio, tentando acalmar Helena.
– Ela tem falado dos truques que estava ensaiando por semanas! Eu estou curiosa! – diz Helena inquieta. Ela está começando a me lembrar uma criança mimada, mas posso entender seu lado, até eu estou animado para ver o que a Sarah tem treinado.
Enquanto olho para a arena, de cima das arquibancadas do estádio, sinto minha mão ser segurada. Olho para o lado e vejo Hansel me observando com um sorriso no rosto. Já faz alguns meses que estamos juntos, já não me sinto mais envergonhado quando ele demonstra afeto inesperadamente. Na verdade, acho que nós dois já nos acostumamos um com o outro.
– Está nervoso? – pergunta ele calmamente.
– Não exatamente – respondo, olhando para as várias pessoas nas arquibancadas que assistirão as olimpíadas. – Estou ansioso, quero que comece e acabe logo. Acho que será um estresse a menos para nós depois que acabar.
– Verdade – diz ele, deixando escapar um leve suspiro. – Eu estou...
Seguro sua mão com mais força e passo meu braço por seu ombro, trazendo-o para perto de mim.
– Já disse, não há nada para se preocupar. – Sorrio para ele, que retribui e descansa sua cabeça em meu ombro.
Os sons de animação da plateia tiram Hansel e eu de nosso momento, mostrando que as competições de hoje finalmente começaram. Nós vemos os participantes do atletismo entrando em campo, indo em direção ao local próprio para as acrobacias. Junto a eles, está Sarah, vestida em sua roupa de atleta. Todos eles se arrumam em uma fila de ombro, enquanto a apresentadora de hoje fala os nomes e a universidade de onde cada um dos participantes vieram. Assim que o nome de Sarah é mencionado, vários alunos da U.S.E. soltam gritos de animação; parece que ela é a única da U.S.E. nesse primeiro grupo.
As apresentações começam, cada um faz os truques que ensaiaram durante o tempo de preparação. Uma participante de outra universidade dá um grande salto e duas piruetas no ar, antes de pousar graciosamente no chão, como se não precisasse fazer um mínimo esforço. As pessoas na plateia aplaudem.
Dessa vez, o participante da vez é um homem. Ele corre velozmente, antes de saltar altamente, dando várias voltas com seu corpo, e pousar com um só pé em uma plataforma fina, como uma das muretas que geralmente ficam ao lado da rua, separando ela da calçada.
– Esse pessoal parece muito profissional – diz Caio, em meio aos sons de plateia animada.
– Cara, qualquer um que participe das Olimpíadas de Quintessência precisa parecer um profissional, não é uma chance que qualquer universidade tem – diz Helena.
– É verdade. Acho que só estamos participando porque somos da U.S.E. – diz Hansel. – Se o pedido de participação do primeiro ano tivesse vindo de qualquer outra universidade, jamais teriam os deixado competir. Só as com melhores avaliações de ensino estão aqui.
Logo chega a vez da Sarah. Levando em conta o que o pessoal acabou de falar, por ser do primeiro ano, ela já deve estar em desvantagem. Mas conheço a Sarah, ela treina seus poderes desde criança, tenho certeza de que vai se sair bem.
– É agora, é agora! Todo mundo, cala a boca! – diz Helena, se preparando para ver.
Ela se posiciona, se concentrando para o seu grande momento, então, começa a correr. Sarah pula sobre três plataformas de diferentes alturas antes de dar seu grande salto. Lá em cima, como se fosse em um espetáculo, ela dá três cambalhotas, antes de pousar com um único pé em um pedestal alto e fino. Ela mantém sua pose intacta, se equilibrando no pedestal, fazendo todos irem a loucura. Ela, então, pula de lá e pousa tranquilamente, usando o vento com amortecedor.
– Ela consegui! – Caio aplaude.
– Eu sabia! – Helena grita alto, aplaudindo. – Linda! Maravilhosa! Dona de mim!
Com o passar do tempo, outros participantes da categoria fazem suas apresentações, até que o momento de atletismo de hoje chega ao fim. Na saída dos bastidores, encontramos com Sarah saindo pela porta, completamente cansada. Helena corre para abraçá-la.
– Ei, ei! Calma! – diz Sarah, quase caindo para trás.
– Amiga, foi tudo! Arrasou! – diz Helena, sem deixar de mostrar sua animação por um momento sequer.
Nós todos damos nossos parabéns a ela, por ter dado o show que deu.
– Alguém sabe dizer por que a Helena está tão animada? – pergunta Sarah confusa.
– Levando em consideração que estamos rodeados de pessoas eufóricas e ela é uma telepata, acho que você já deve imaginar, não é? – diz Caio, passando o braço sobre o ombro de Helena.
– Ai, me errem! Deixem eu ser feliz, parabenizar minha amiga! – diz Helena aborrecida.
Tento conter minha risada, mas acabo deixando-a sair. Jamais pensei que fosse possível uma telepata ficar bêbada de emoções, é hilário demais para não rir.
– Vai rindo, cabeça de fósforo! Quero ver quando for a sua vez e tomar um pau no ringue! Quem vai estar rindo vai ser eu! – diz ela.
– Está bem! Chega! – Caio puxa Helena para ir embora. – Eu vou levá-la para ir tomar um ar fora desse povo. Vocês podem ir almoçar primeiro.
– Bom, os dois pombinhos podem ir almoçar juntos, eu tenho outra pessoa para ver – diz Sarah, se despedindo de nós.
Fico observando ela ir embora, enquanto Hansel toca meu ombro, atrás de mim.
– Outra pessoa...? – pergunto desconfiado.
– Vamos lá, Enji, não seja intrometido – diz Hansel, me puxando para fora do corredor.
– Por que não? Todos eles foram intrometidos antes de nós dois começarmos a namorar – digo aborrecido.
– Sim. E acabou que eles estavam certos. Vamos! – Hansel me empurra para que ande mais rápido.
Estamos quase no horário para o início do combate. Estou feliz que só temos que lutar uma vez no dia, seria cansativo demais lutar mais de uma. Hansel segura minha mão antes de eu entrar nos bastidores.
– Tem certeza de que não está nervoso? – pergunta ele.
– Não estou, sério – digo, tentando passar o máximo de segurança a ele. – Mas estou preocupado com você, Hansel. Toda vez que me pergunta se estou nervoso, sinto como se estivesse perguntando a si mesmo.
– Talvez eu esteja – diz ele, desviando seu olhar.
– Ei – puxo levemente seu queixo com meu dedo para olhar para mim novamente –, eu sei que você consegue! Acredite em si um pouco mais como eu acredito.
Eu o beijo rapidamente, puxando-o para perto de mim.
– Tudo bem – diz ele. Hansel se solta de mim e vai embora, voltando para as arquibancadas.
Bom, por mais que a sua rodada aconteça daqui a algumas horas, agora é a minha vez de entrar no ringue.
Vou para a sala de espera, onde encontro outros participantes. Desta vez, são outros três seres do fogo, um deles competirá contra mim. Aparentemente, parecem conhecer uns aos outros, pois conversam livremente entre si. Normalmente, tentaria me intrometer no meio deles para interagir, mas agora, neste momento, não me sinto confortável de falar com meus adversários. Talvez seja algo que acabei pegando por culpa do Hansel, uma de suas manias, a de ser mais cuidadoso ao redor de outras pessoas.
O tempo passa e logo nós somos chamados para arena. Todos os seres do fogo entram em fila em um corredor que dá diretamente no ringue, eu sou o último deles. Assim que a apresentadora chama o time dos competidores, ouço os sons de gritos vindos da plateia, enquanto a fila começa a andar. A cada passo que dou, meu coração bate mais forte, me mostrando um nervosismo que ainda não havia descoberto dentro de mim. Não sei se é a preocupação de lutar na frente de um estádio lotado de gente ou o medo de perder, mas sinto meu corpo gelar por um momento.
Assim que passo pela luz no fim do corredor, me vejo andando para o meio da arena, onde todos são capazes de me ver. Nós quatro nos colocamos em fila de ombro, esperando a apresentadora falar nossos nomes e a universidade que pertencemos.
Olho para as arquibancadas lotadas, com todas essas pessoas me vigiando. É essa a sensação de ser uma pessoa famosa, ter tantos olhos voltados para você de uma única vez, sem nem mesmo conseguir contá-los? É isso que Hansel sente todas as vezes que precisa fazer um discurso na U.S.E? Todos os olhos voltados para ele, o tempo inteiro, a pressão... Não gosto desse sentimento.
Logo, meu adversário e eu somos chamados a subir no ringue, ele de uma ponta, e eu na outra. Nós nos mantemos assim, de frente um para o outro, esperando o sinal para começar. Observo um pouco meu adversário, ele se mantém com um sorriso travesso em seu rosto, parece estar confiante em si. Ele tem os olhos da cor dos meus, a pele um pouco mais clara e cabelos loiro-claros. Nós dois usamos o mesmo uniforme, apesar de que o dele possui o símbolo da sua universidade, e o meu possui o da U.S.E.
Os sons das pessoas na plateia desaparecem em minha mente, enquanto meu cérebro começa a reviver meu medo de decepcionar Hansel antes de começar a treiná-lo. Sinto meu coração se acelerar, pensando que ele está na plateia, me assistindo. Não só ele, mas tantas outras pessoas. Se perder, vai ser na frente de todos. Irão ver a falha que fui.
Sou puxado para fora de meus pensamentos quando ouço o som do sino tocar, anunciando o início da rodada. Antes que possa reagir, vejo uma bola de fogo vindo em minha direção tão rápido que fico travado. Sou lançado para trás, bolando pelo chão do ringue, parando quase para fora dele. Por alguns centímetros, não acabei de ser eliminado.
– Em meros dez segundos de luta, um dos nossos competidores de hoje já foi para o chão! Será esta a luta mais rápida da história das Olimpíadas?! – diz o comentarista da partida sobre minha péssima defesa.
– Isto vai ser mais fácil do que pensei! – Ouço meu adversário dizer, entre suas risadas.
Ele atira mais uma bola de fogo, porém, sou rápido o suficiente, para desviar. Ainda no chão, atiro contra ele. Minha bola de fogo passa de raspão em seu ombro, fazendo o se jogar para o lado. É o tempo que preciso para levantar. Logo, nós dois ficamos de pé mais uma vez.
– Parece que nosso cabeça vermelha decidiu reagir! Por pouco não tivemos uma derrota fácil! – diz o comentarista entre os gritos de animação da arquibancada.
– Não, não vai ser tão fácil – digo em voz baixa, me recompondo.
O adversário, em sua própria raiva, ataca novamente, lançando várias bolas de fogo ao mesmo tempo. Tomo meu cuidado para desviar de todos os seus ataques, algo que só o deixa mais furioso. Preciso esquecer que há pessoas me assistindo, preciso manter o foco e lembrar do que treinei durante esse tempo todo desde que as aulas se iniciaram. Lembre-se de uma lição que Hansel ensinou uma vez: o ataque mais eficaz não é o mais direto, é aquele que o adversário não vê.
Atiro algumas poucas bolas de fogo contra o rapaz para tirá-lo do mesmo lugar. Ele se desvia de algumas, mas uma específica o acerta na perna e o faz perder o equilíbrio. Esse é o momento que estava procurando. Atiro mais uma bola de fogo contra ele, a bola que é para ser a definitiva. Mas, para minha surpresa, o adversário atira contra ela, causando uma pequena explosão entre nós que me joga para trás.
Ele usa esse pequeno momento de desvantagem para lançar suas chamas contra mim, cruzo minhas mãos em frente a mim para desviar o fogo. As chamas são jogadas para as laterais, queimando o chão ao meu redor. O homem anda em minha direção com suas mãos apontadas para mim, sem parar de lançar seu fogo. A força delas me empurra para trás, mas eu continuo fazendo força para frente, tentando impedir de ser jogado para fora da arena.
– Uau! Parece que nosso participante do primeiro ano da U.S.E. se meteu em uma fria ali no ringue! Ou melhor dizendo, uma quente! Será que vai se recompor? – diz o comentarista entre as risadas da arquibancada por sua piada.
Meu coração acelera pelo medo de perder minha primeira luta, enquanto vejo meu adversário dar seus pequenos passos em minha direção. Vamos lá, Enji, pense em algo! O que Hansel faria se estivesse em minha situação?
Então, me lembro do dia em que ele usou seu fogo pela primeira vez, quando o lançou contra mim no dormitório. Me lembro de como absorvi parte das chamas para dentro de meu corpo. É isso!
Em vez de bloquear as chamas de meu adversário, deixo que elas se espalhem por mim, que meus braços as absorvam. Meu corpo se acende inteiramente em fogo, me fazendo parecer uma tocha. Assim que meu adversário chega perto o suficiente para que eu o alcance, eu agarro seus dois pulsos com minhas mãos. Ele se assusta, percebendo só agora que estou completamente em chamas.
Como um corpo feito de carne, é impossível manter tanto fogo dentro de mim. Então, apenas paro de tentar contê-lo e deixo sair. De mim, as chamas são liberadas e uma grande explosão envolve o ringue, lançando meu adversário para fora dele com o impacto.
Assim que o fogo cessa, caio de joelhos no chão, vendo tudo borrado. Meus ouvidos não escutam nada, apenas um zumbido agudo. Sinto todos os meus ossos, toda a minha pele, doer, arder como se tivesse sido atropelado por um caminhão. Porém, aos poucos recupero meus sentidos e recobro forças para ficar de pé novamente.
– E o vencedor é Enji Hofftake! – Ouço a voz da apresentadora entre os gritos de torcida.
Me aproximo de meu adversário e o ajudo a levantar. Ele me olha com expressão de raiva, mas aceita minha ajuda do mesmo jeito. Então, apenas vai embora, sem dizer nada.
Sou guiado a voltar para os bastidores e trocar minha roupa, devolver o uniforme que usei na luta. Agora, os outros dois seres do fogo vão competir entre si. Após alguns minutos trocando minha roupa e me preparando para voltar as arquibancadas, finalmente fico pronto e vou em direção à saída. Sou recebido por Sarah, Helena, Caio e Hansel.
– Olha ele! – diz Sarah. – Primeiro vencedor da categoria de combate do dia!
– Você deu um show, irmão! – diz Caio.
– Até eu fiquei impressionada! – diz Helena.
Assim que todos me parabenizam, vejo Hansel em frente a mim, me olhando com um sorriso no rosto e os braços cruzados.
– E você, não vai me parabenizar? – pergunto brincando.
– Bom, depende de que tipo de parabenização você está falando... – responde ele, se aproximando de mim. Hansel me puxa para perto de si e me beija na frente de todos. Sinto meu corpo esquentar, como se jamais tivesse liberado o fogo que absorvi na luta. – Você foi muito bem.
– Pelo amor, vocês me dão vergonha... – diz Helena, cruzando os braços.
– Não liguem para ela, é inveja! – diz Caio, puxando Helena para ir embora.
– Inveja? Do Enji?! – pergunta ela ofendida. – Eu vou te dar uns pesadelos à noite por falar isso!
– Bom, vamos deixar vocês terem o momento de vocês. Estaremos esperando nas arquibancadas – diz Sarah, acompanhando os outros dois, deixando apenas Hansel e eu.
– É impressão minha, ou eles estão deixando nós dois a sós com mais frequência? – pergunto a Hansel.
– Não é, eles estão – responde Hansel. – Eu pedi para ter uma conversa particular com você depois que eles dessem os parabéns.
Sinto meu coração gelar por um momento. O tom dele não foi de alegria, muito pelo contrário, foi sério demais.
– Eu fiz alguma coisa errada? – pergunto preocupado.
– Sim, quase se matou na arena para ganhar o jogo! – Hansel dá um leve tapa em minha cabeça. – O que você estava pensando, Enji!
– Ai! – solto na defensiva. Não estava esperando essa mudança súbita de atmosfera. O que aconteceu com o beijo que acabei de receber? – Do que está falando?
– Estou falando do fogo! Será que você não sabe como funcionam as células de um ser do fogo? – pergunta ele bravo. Me mantenho em silêncio, sem saber o que falar. – Você não sabe... Pelo amor de Deus, Enji!
– Ei, ei! Será que dá para parar de brigar comigo e me explicar o problema?! – pergunto aborrecido.
Hansel suspira e coloca suas mãos juntas em frente a sua boca antes de começar a falar:
– As células do corpo de um ser do fogo funcionam como micro reatores nucleares, se elas são sobrecarregadas, elas explodem. Por isso que jamais podem perder o controle! – explica ele. – Se por acaso tivesse absorvido só mais um pouco de fogo naquela luta, poderia ter virado uma bomba nuclear!
Abro minha boca para falar, mas decido não dizer nada. Ele tem razão, havia me esquecido que seres do fogo são bombas ambulantes, por causa do calor do momento da luta. O último caso de autocombustão aconteceu há alguns anos atrás, deixou umas quatro pessoas mortas. É raro, mas acontece e eu poderia facilmente ter sido mais um.
– Sinto muito por ter te deixado preocupado, Hansel... – digo me sentindo culpado.
– Só... não faz mais isso, tudo bem? – diz ele, me abraçando.
Abraço Hansel de volta, mantendo-o colado a mim. Não se preocupe, será necessário bem mais que só um pouco de fogo para separar nós dois. Não vou morrer fácil assim.
– Então, está pronto para a sua luta de daqui a pouco? – pergunto a ele.
Hansel suspira.
– Estou.
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