1.19 | Encantamento


Já faz algum tempo que estamos aqui na biblioteca da universidade, estamos numa parte mais afastada, uma áreas que não vem muita gente. Já é noite lá fora, horas depois do jantar. Estive procurando por livros escritos pelos mais renomados cientistas e pesquisadores de quintessência da ilha, especialmente os especializados em dobra do fogo. Mas não fui capaz de achar mais do que o que já sabíamos. Não há nada, em nenhum lugar, que fale sobre criar bombas de fogo como a que fiz no ferro-velho.

Olho para Enji, sentado em frente a mim, com os braços sobre a mesa que compartilhamos. Ele está lendo um livro antigo sobre seres do fogo, mas não parece estar muito contente. Livros e estudos e bibliotecas não são seu ponto forte, Enji é mais de prática. Consigo entender por que estaria entediado.

– Cara, já estamos aqui há horas e nada! – diz ele, parando de ler o livro e colocando fechado sobre a mesa.

– É isso que chamamos de pesquisa, Enji – digo sem olhar para ele, me mantendo concentrado em minha leitura. – As informações não vêm até você sozinhas, você precisa ir atrás.

Ele suspira e encosta sua testa na mesa. Se Enji quer acreditar que seres do fogo nos atacaram nos dormitórios, terá que se esforçar mais que isso. Não posso simplesmente tomar algo como verdade porque alguém me disse que acha que é possível. Nós não sabemos com cem por cento de certeza como aquela bomba foi criada, não dá para dizer que só seres do fogo podem fazer aquilo.

– Olha, isso não está funcionando! – diz ele, levantando sua cabeça e olhando para mim. – Nós deveríamos ir atrás de evidências. As bolas de fogo estavam todas vindo do mesmo lugar, de atrás dos muros que cercam os dormitórios. Talvez tenha algo lá que nos dê pistas.

– Aquele lugar foi vasculhado várias vezes pela polícia na época do ataque. Qualquer pista que possa ter ficado para trás já foi levada há muito tempo – digo, sem tirar minha atenção do parágrafo que estou lendo: "A teoria da evolução dos seres-éter sugere que seus poderes tenham se desenvolvido com o tempo. Há evidências que apontam que, no passado, necessitavam de objetos específicos para serem capazes de utilizar suas habilidades." Eu não sabia disso...

– Não custa nada tentar! A polícia pode muito bem ter deixado passar algo – diz ele, ainda insistindo na mesma coisa. Sempre achei incrível o quão cabeça-dura Enji é, parece que não consegue ficar em paz se tiver com uma ideia não explorada na cabeça. É um tanto fofo, mas irritante também.

– Sim, claro... Os policiais, que treinam suas vidas inteiras para saber como agir em situações como aquela, simplesmente deixaram alguma pista para trás... – digo sarcasticamente. – Você sequer escuta o que diz às vezes?

– Qual é, Hansel?! Não é culpa minha que você esteja propositalmente olhando para longe das evidências! – diz ele. Decido ignorá-lo e voltar ao livro.

Todo este lugar é dedicado a pessoas como nós, que querem desenvolver suas habilidades e se tornam alguém na vida. É o sonho de qualquer ser-éter que tenha visão de futuro chegar na época de entrar na S.E. Faz zero sentido que o ataque tenha sido causado por seres do fogo.

Os humanos, por outro lado, de vez em quando acusam seres-éter de serem o problema da desigualdade social, uma vez que as oportunidades de trabalho se abrem mais facilmente para aqueles que possuem habilidades especiais que podem ser usadas em seus empregos. Seria um benefício maior para eles que a S.E. se fechasse do que para nós.

Enquanto Enji continua falando sobre sua teoria da conspiração, minha atenção é voltada para um livro que magicamente cai da estante no chão da biblioteca. Passo alguns segundos olhando para ele; um livro velho, de capa quase inteiramente deteriorada.

– Enji. – Eu o interrompo enquanto fala. – Pode pegar aquele livro atrás de você para mim, por favor?

Ele olha para trás, confuso. Então, se levanta e vai até ele, juntando-o do chão. Enji volta a se sentar na cadeira e coloca o livro sobre a mesa.

– Você quer dizer, este livro? – pergunta ele confuso, com a mão em cima da capa.

– Sim... ele mesmo – digo, arrastando o livro até mim e observando seus detalhes. Os papéis estão sujos e empoeirados, indicando que não é lido há muito tempo. E as letras são estranhas, símbolos que nunca vi na vida, escritos todos à mão, mas que são familiar, de alguma forma.

– O que há de especial nele? Parece que tem uns mil anos – diz ele, sem dar importância ao livro.

– Não parece... – digo, sem tirar meus olhos do livro. Sinto a energia empregada em suas páginas, como se estivesse fundido com poder. – Há algo de estranho, posso sentir a energia dele. Seja lá quem tenha escrito isto, tinha muito poder.

– Poder? Você quer dizer que isso aí é um livro mágico ou algo do tipo? – pergunta ele desdenhoso.

– Não quero, estou dizendo – respondo a ele. Passo mais uma vez meu olhar sobre as letras que vejo. Aos poucos, elas vão se juntando, fazendo sentido, como se, por mais antigo ou desconhecido que este idioma seja, estivesse dentro de mim. – E posso entendê-lo.

– Espera, como? – pergunta ele surpreso. – Só o que eu vejo são vários rabiscos ilegíveis.

– Não sei dizer, só sei que quando olho para as letras, sei o que elas significam – respondo tão confuso quanto ele.

– Bom, então, o que está escrito? – pergunta ele.

Volto minha atenção totalmente para as letras. São difíceis de decifrar, mas as respostas vêm todas à minha mente quando olho. Alguns sons soam como sílabas que conhecemos em nosso idioma.

"Vazhtreej", significa trevas. "Doxhajei bhoz vazhtreej", deixado sob trevas. É a introdução do livro, contando a história de como o mundo precisou seguir em frente depois de... "Lejkueah ahd Salytrudesh", Aquele da destruição. Me afasto um pouco do livro, franzindo as sobrancelhas.

– Você se lembra daquela lenda que sempre nos contam sobre o ser das trevas que quase destruiu o planeta no passado? – pergunto a Enji, sem olhar para ele, mantendo minha visão nas palavras do livro.

– Bom, sim. Minha tia costumava me contar para me assustar dizendo que ele iria me pegar se eu fosse um garoto arteiro – responde ele. – Por quê?

– Não é só uma lenda usada para assustar crianças ou estudada nos livros de literatura da escola. Na verdade, já foi usada como possível reinterpretação de como a quintessência surgiu no corpo de seres-éter no passado por vários pesquisadores – respondo, me lembrando de algumas matérias que já li sobre a ciência por trás desse conto. – Tem até uma adaptação antiga de cinema sobre essa história.

– Ok, é um folclore importante da nossa ilha, o que tem? – diz ele sem dar importância.

– Aquele da Destruição está sendo mencionado neste livro – explico a ele, que me olha confuso. – "Za tahrother ohd trojmonhs euqh brouksomash sahnest zhater hoxz lokcuhle shon shouthej sozcasezh mhe ziasentezkuin", a derrota do monstro que assombrou nessa terra por séculos nos deixou escassos em quintessência.

– Ei, ei, ei! O que é isso, está tentando invocar um demônio ou algo assim?! – diz ele assustado com minha pronúncia das palavras antigas.

– Isso é sério, Enji! Isto aqui não é só um livro antigo escrito por algum pesquisador aleatório, é um diário! – digo aborrecido. Volto a ler o que está no livro para explicar a ele do que se trata. – "Os feiticeiros precisaram desenvolver formas de manter seus poderes em uso mesmo após a grande crise, por isso, resolvi anotar o máximo que pude neste caderno. Elas são raras de encontrar, mas vim ao encontro de uma grande amiga que era próxima daqueles que pereceram na batalha contra o ser das trevas. Estas foram criadas para aqueles como eu, os..."

– Os o quê? – pergunta ele curioso, olhando para mim.

– "Magos do fogo" – termino a frase. Fico olhando alguns segundos para a página que acabei de ler.

– Fogo... – diz ele pensativo. – O que o livro fala sobre os seres do fogo?

Dou umas olhadas em algumas páginas mais a frente, percebendo algumas escrituras que falam sobre feitiços e magia.

– Há alguns encantamentos que permitem os poderes dos "feiticeiros", como eles chamam, continuarem sem a intervenção de um deles – respondo, foleando as páginas do diário. – Tem um aqui que faz uma chama continuar queimando sozinha por horas e horas, sem ameaçar se apagar. Me parece que antes eles precisavam lançar feitiços para fazer coisas que nós fazemos com um pensamento hoje em dia.

– Isso é loucura! – diz ele, parece estar se interessando mais pelo assunto. – O que mais tem aí?

– Deixe eu ver... – Dou mais uma vasculhada pelo livro. – Há um encanto que faz com que o conjurador se conecte profundamente com a "magia" em seu corpo. É como se fosse um amplificador de poderes, ele tira o máximo que tem no seu corpo, porém, te deixa esgotado por um tempo, depois.

– Você falou sobre seres do fogo antes, o que tem para eles? – pergunta Enji. Ele parece estar mais interessado do que eu agora. Imagino que a possibilidade de aprender novos truques para si o deixe animado, até parece que se esqueceu por que estamos aqui.

– Hm... Tem bastantes feitiços de fogo... – digo, passando os olhos pela sessão específica do fogo. De repente, um nome me chama a atenção. – Espera, tem um que se chama Explosão. "O utilizador deste feitiço é capaz de gerar bolas de fogo que explodem em contato com superfícies sólidas."

– Soa um tanto familiar, não acha...? – diz ele, olhando para mim com uma sobrancelha arqueada. Meu corpo se paralisa por um momento, tentando processar a informação.

– Isso não prova nada – digo na defensiva.

– Bom, vamos descobrir. – Enji pega o livro das minhas mãos e olha para o desenho de um homem segurando uma bola de fogo. Cada feitiço tem uma ilustração desenhada a mão mostrando como realizá-lo.

– Ei! – Eu me levanto da cadeira. – O que está fazendo?! Está louco de usar seus poderes dentro da biblioteca?!

– Não se preocupe, sei controlar meu poder suficientemente para criar chamas pequenas – diz ele, lendo o livro. – Deixa eu ver, o nome é... Xawploehz!

Ele cria uma chama do tamanho de metade do seu polegar entre suas mãos e diz o feitiço mais uma vez, fazendo o movimento que é mostrado no livro.

– Enji! – Eu me aproximo para impedi-lo, mas sou lento demais. Quando o alcanço do outro lado da mesa, a chama em sua mão se torna uma minúscula bola de fogo brilhante. Ela é amarela, exatamente como as que vi vinda do céu no dia do ataque.

Meu corpo se estremece, percebendo que sua suspeita esteve certa desde o começo. O ataque realmente foi feito por seres do fogo, por pessoas que podem muito bem estar ao meu redor todos os dias. Eu estava errado em culpar os humanos.

A pequena bola de fogo nas mãos de Enji explode, fazendo um pequeno barulho, me tirando de meus pensamentos. Eu me encosto na mesa, olhando para o nada.

– Hansel... – Enji se aproxima de mim. Eu levo meu olhar ao seu, observando seus olhos e a preocupação em seu rosto. – Você está bem?

Solto de forma instintiva um sorriso, acompanhado de um suspiro.

– Não... – respondo, segurando dentro de mim o turbilhão de emoções sendo remoídas em meu peito. – Eu não estou seguro aqui. Ninguém está seguro aqui.

– Hansel, isso não...

– Eles podem estar em qualquer lugar! – digo, interrompendo-o. – Pode ser um dos nossos colegas de sala, de dormitório. Pode ser qualquer pessoa dentro das paredes desse lugar! Agora entendo por que os sistemas de segurança falharam no dia do ataque, eram seres do fogo que conheciam a universidade!

– Hansel! – Enji coloca suas mãos em meus ombros, me fazendo olhar para ele. – Você é possivelmente o ser mais poderoso desta ilha inteira! Não há nada que possam fazer contra você! Não precisa se preocupar.

Sinto uma lágrima escorrer de um dos meus olhos. Os sentimentos dentro de mim começam a transbordar, deixando transparecer o quanto que as últimas semanas tem mexido comigo de verdade.

– Eu não me sinto assim, Enji! – deixo as palavras escaparem da minha boca. – Só o que sinto é a pressão de ter que ser o filho perfeito do diretor da S.E. Está ainda pior agora que sei que estão atrás de mim! E só piora toda vez que percebo que tenho estes poderes e que não sei como controlá-los! A única coisa que sinto é vulnerabilidade!

– Não é verdade, Hansel! Você não está vulnerável! – diz ele, se aproximando de mim e colocando sua mão esquerda em meu rosto. O calor de sua mão, de seu toque, me faz tirar minha atenção de meu medo e voltá-la para seus olhos cor-de-mel, o franzido de suas sobrancelhas viradas para mim. – Eu jamais deixaria qualquer coisa acontecer com você...

Pela primeira vez, desde que o conheci, sinto dentro de mim um grande impulso. A urgência que tenho em estar mais próximo, mais perto. De abaixar minha guarda. E eu cedo ao impulso.

Seguro a gola de sua camiseta em minhas mãos e o puxo para perto de mim, fazendo nossos lábios se tocarem, enquanto fecho meus olhos, sentindo todo o momento. O toque macio de sua boca sobre a minha lança arrepios por todo o meu corpo, fazendo meu coração bater forte, espalhar a energia que flui dentro dele por cada célula minha. Sinto suas mãos se arrastarem para minhas costas, me puxando para mais perto, me envolvendo em seu abraço.

Pela primeira vez em minha vida, me sinto leve, sem a necessidade de manter minha postura irredutível. Me sinto vulnerável, sem me sentir fraco. Muito pelo contrário, me sinto seguro no calor de seu corpo. Eu não sabia que ele era algo que precisava, alguém que precisava. Mas, agora, sei. Eu entendo, entendo tudo.

Mantenho meus olhos fechados, aproveitando cada segundo do momento que pensei que jamais aconteceria em minha vida. Mas Hansel se afasta de mim, me deixando em anseio por mais de sua boca, de seu beijo. Seus olhos se fixam no meu, fazendo meu corpo estremecer pela intensa paixão que sinto correr por ele. Seu rosto, avermelhado, com o olhar mais doce que já vi. Ele não sorri, mas vejo em seus olhos que sente o mesmo.

Ainda não consigo acreditar que aconteceu, ainda parece um sonho, algo que vai desaparecer assim que acordar. Mas o gosto de sua saliva em minha boca não mente, ainda o sinto aqui. Ele realmente me beijou. Ele me beijou, não fui eu.

Seu olhar se desvia de mim para os objetos ao nosso redor. Minha atenção, então, se desfoca de Hansel para os livros que vejo flutuarem em volta de nós. É como se a gravidade tivesse simplesmente desaparecido. Ele se assusta com tudo.

– Hansel... – digo, olhando para ele. Mas Hansel não diz nada, apenas se aproxima de um dos livros que flutua em volta de nós e o toca. O livro se afasta lentamente, flutuando para longe de seu toque. Hansel fecha seus olhos e suspira. Os livros, então, caem todos no chão, fazendo barulhos de papeis sendo jogados. – O quê...

– Não importa... – diz ele, sem olhar para mim. Hansel lentamente pega uma de minhas mãos e a segura, fazendo meu coração disparar instantaneamente. – Não quer falar sobre isso? – pergunta ele, voltando seus olhos para mim.

– B-bom. E-eu. – Tento falar, mas as palavras se engatam em minha língua. Hansel apenas sorri, quase me causando um ataque cardíaco. Eu não sei como reagir, o que fazer. Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer entre nós. Era um sonho que estava começando a acreditar ser inalcançável.

– Eu sabia que você gostava de mim neste jeito – diz ele, me deixando calado. – Só não sabia que sentia o mesmo. Nem mesmo sabia que podia sentir algo tipo...

– V-você é um humano como nós, óbvio que pode sentir isso também – digo de forma fraca, ainda tentando recuperar as palavras. Do jeito que Hansel está segurando minha mão, é bem provável que a sinta tremendo. Me sinto um idiota agora.

– É. Acho que sim – diz ele, sorrindo. – Sabe, eu acho que deveríamos voltar para o quarto, foram emoções demais para um único dia. Podemos conversar sobre essa coisa do fogo amanhã.

– Claro! Claro, o que você quiser! – digo instantaneamente.

Hansel sorri e solta a minha mão, indo em direção à saída da biblioteca. Eu respiro profundamente, tentando recuperar meu fôlego, e o sigo. Nós dois andamos pelas ruas do campus da universidade, indo em direção aos dormitórios. Nenhum de nós fala qualquer coisa, apenas aproveitamos a temperatura da noite e o silêncio, uma vez que a maioria dos alunos estão nos seus quartos.

Olho de relance para Hansel, que mantém sua visão no caminho. Ele parece perdido em seus pensamentos, com uma séria expressão em seu rosto, a mesma que usa todos os dias. É impossível decifrar seus pensamentos, já tentei várias vezes, mas nunca sou capaz. Há muitas coisas que o estão afetando de uma vez. O ataque dos seres do fogo, as olimpíadas, seus poderes e, agora, eu. Não sei dizer como ele está lidando com tudo.

Quando finalmente chegamos em nosso quarto, Hansel é o primeiro a entrar. Ele retira seu casaco, colocando-o no espelho de sua cama, e se senta no colchão, fechando os olhos e suspirando.

Faço o mesmo, porém, em vez de me sentar, fico em pé em frente a ele, observando-o. Hansel olha para mim e sorri.

– Pode se sentar ao meu lado se quiser – diz ele, fazendo meu coração saltar. Eu não o questiono, apenas faço o que sugeriu.

Me sento ao seu lado, mantendo minhas mãos próximas a mim e olhando para frente, evitando contato visual com ele. Nós ficamos assim por alguns minutos, em silêncio. Eu preferiria que ele falasse algo em vez de se manter calado. Minha ansiedade está me matando. Sempre dizem que um beijo entre amigos pode destruir a amizade por inteiro, não sei o que faria se fosse o caso. Preferiria nunca ter o conhecido a ver nossa relação acabar assim.

– Então... – digo para quebrar o silêncio. Hansel olha para mim. – O que vem agora?

– Sobre? – pergunta ele. É claro que ele vai me fazer falar, Hansel jamais facilitaria as coisas para mim.

– Bom... Sobre... nós – digo envergonhado, tentando evitar transparecer. Mas imagino que meu rosto quente já tenha entregado tudo. Especialmente julgando pelo sorriso de lábios que Hansel tem em seu rosto.

– O que tem nós? – pergunta ele. Aperto o lençol de seu colchão com minha mão, aborrecido. Não sabia antes, mas tenho certeza agora, ele está fazendo de propósito para me provocar.

– O beijo, Hansel! – digo de uma vez, irritado. – Você me beijou na biblioteca e disse que gosta de mim. O que vem agora...?

Hansel ri, fazendo meus ouvidos serem invadidos pelo som de sua risada, que imediatamente faz minha irritação se dissipar.

– Bom, o que você quer que venha agora? Está esperando um pedido de namoro? – pergunta ele de forma calma, fazendo meu coração disparar.

– V-você... quer? – pergunto em voz baixa, quase incapaz de completar a frase.

– Achei que o beijo fosse o suficiente para responder – diz ele. Eu sinceramente não sei o que dizer, pensar, expressar. Esse cara é de outro planeta. Como consegue agir tão naturalmente nesta situação?! – Ou talvez você precise de mais para te convencer? – Ele se aproxima mais de mim.

Sinto meu corpo estremecer. Uma onda de calor o invade, provocando sensações que jamais pensei que um humano pudesse sentir, acho que nunca senti algo tão forte por alguém em toda a minha vida.

– E-eu não reclamaria... – digo lentamente, aproximando meu rosto do seu.

Hansel coloca sua mão sobre meu rosto, me puxando para perto de si e me beijando mais uma vez. Por um momento, meus pensamentos param, minha mente gira, como se tudo ao meu redor tivesse desaparecido, enquanto sinto nossas línguas entrelaçadas. Eu o puxo para mais perto e ele cai por cima de mim, envolvendo seus braços em meu pescoço.

Nós ficamos assim por um tempo, nos beijando, aproveitando o tempo que passamos sem o toque um do outro. Eu mesmo esperei por este momento bastante e agora que está aqui, não consigo ter o suficiente dele. Hansel é viciante como uma droga. E é um vício que vem rápido, sem aviso e te envolve e não solta mais. Tê-lo assim, em meus braços, me faz querer esquecer que o mundo existe.

Aconteceu, amigos! Quem aí tava esperando por esse beijo de milhões??? Eu tava e tava muito! :P

Estamos quase chegando em 3/4 da história! Espero que estejam gostando até aqui! ^^

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