EPISÓDIO 6 — PARTE 2 — TEMP. 1
[BELOS OLHOS FRIOS]

SE HAVIA ALGO que conseguia esgotar a paciência de Ira, esta coisa eram homens machistas e egocêntricos. Talvez fosse uma ironia do destino, já que Thomas era bem isso com outras pessoas, menos com ela. Mas Cambpell lhe dava nos nervos — ela faria qualquer coisa para se livrar dele, principalmente depois da dúvida que se formou se ele sabia a verdade sobre ela.

Ela estava tentando não pensar muito a respeito, principalmente com a reunião que Thomas havia pedido na casa de apostas, dando-lhe tempo o suficiente para apenas deixar as cortinas em sua casa e depois caminhar apressadamente pela Watery Lane para chegar ao destino.

— Como ficaram as cortinas? — perguntou Polly, assim que a viu chegar.

— Lindas, mas ainda não as coloquei — respondeu. — Tive um imprevisto.

— Nada grave, espero.

— Apenas um mal entendido com um conhecido — mentiu. — Nada com que eu não pude lidar.

Assim, enquanto Polly mandava que todos que não fosse da família ou Peaky Blinders saísse e fechava as portas, os que poderiam estar ali se reuniram em torno da sala, Thomas no topo. Finn rapidamente correu para perto de Ira, parando em frente a ela e encarando seu irmão, as mãos de Ira pousadas delicadamente nos ombros pequenos do garotinho, acariciando seu cabelo e pensando no quanto ela adorava aquele corte de cabelo que o fazia parecer com uma mini versão de Thomas.

Ele deu um leve sorriso para Ira, meio presunçoso, mas ela retribuiu. Desde a noite em que ficaram pela primeira vez juntos, algo estranho e esmagador cresceu em seus corações, uma promessa de algo maior e grandioso no futuro. Algo que os dois esperaram por muito tempo.

— Eu chamei vocês aqui porque hoje é o dia em que tomamos o lugar do Billy Kimber — declarou Thomas. — Hoje vamos nos tornar respeitáveis. É o dia em que entramos oficialmente para a Associação Nacional de Agentes de Apostas de Corridas de Cavalos. Mas, primeiro, cuidamos do serviço sujo. Todos sabíamos que este dia chegaria, eu só não tinha revelado a data.

— Qual o plano? — perguntou John, mais ao fundo.

— Vamos à corrida de Worcester — respondeu. — A pista abre à uma, chegaremos às duas. Kimber pensa que vamos para ajudá-lo a combater os irmãos Lee's, mas graças aos esforços do nosso John e de sua adorável esposa Esme, os Lee's agora são família.

John e Esme se encararam maliciosamente, tipos de pensamentos sujos e sacanas passando por suas mentes.

— Interrompi tais esforços esta manhã — continuou Thomas com uma careta, fazendo sua família segurar o riso. — Mas posso assegurar a todos que o John está fazendo grandes sacrifícios em nome da paz.

— Isso mesmo — concordou John, arrancando mais risadas.

— Então seremos nós e os Lee's contra os homens do Kimber — declarou Thomas. — Acabamos com eles, mas deixamos os agentes. Espero uma vitória fácil, que mandará um recado a Londres: nós acreditamos em deixar negócios legítimos prosperarem em paz.

— E quanto ao próprio Kimber? — perguntou Arthur, cruzando os braços.

— Eu cuidarei dele. Mais perguntas?

Todos se entreolharam, nenhum deles fazendo menção de perguntar algo, até que Polly, declarou que ela tinha. Esperaram ela falar, mas ela apenas caminhou até a porta, parando com a mão na maçaneta:

— Alguém se opõe a que eu traga um novato para a reunião?

Novamente, ninguém disse nada. Foi o bastante para ela abrir a porta, falando para quem quer que fosse lá fora entrar. Assim, enquanto abria a porta, nenhum deles estava preparado para ver Ada e seu bebê ali.

— Gostaria de apresentar o mais novo membro da clã Shelby — declarou.

Arthur fora o primeiro que bateu palmas, logo sendo seguido pelos outros em comemoração a sua apresentação. Sorrisos gentis foram direcionados à ela, a acolhendo. Ada caminhou com cuidado para não machucar o bebê, parando ao lado de Ira e Finn, o garotinho animado com a presença do ser humano tão pequeno.

— O nome dele é Karl — disse Ada. — Em homenagem à Karl Marx.

— Maldito Karl Marx — exclamou Arthur, feliz. — Deixe-me vê-lo.

— Lá vamos nós — disse John, rindo.

— Ei, vejam — pediu Arthur, pegando seu sobrinho no colo. — Ele é a minha cara.

— O traseiro que parece com você, Arthur!

Enquanto davam as boas-vindas à Karl, o viam mais de perto e o quão fofo ele era, Ada e Ira se aproximaram de Thomas, a segunda parando ao lado dele que estendeu um de suas mãos pela cintura dela, um hábito que havia criado há muito tempo.

— Então, Ada? Estou perdoado? — perguntou Thomas

— Se o que a tia Polly disse for verdade, está perdoado — disse ela.

— É verdade.

Ada jogou os braços pelos ombros de Thomas, o agradecendo por seja lá o que fizera. Ira não falou nada, apenas mudando sua visão para o bebê que Arthur segurava, o pensamento dela ter um que nem ele um dia foi inevitável em sua mente.

Ela apenas desejava que ele tivesse os belos olhos frios de Thomas.

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19.10.21

𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:

Vocês estão preparados para saber que só faltam mais dois capítulos até o fim? Porque eu não estou.

Eu ainda não tenho segunda temporada programada por certas coisas que estão acontecendo na minha vida muito rapidamente, mas vamos ver como as coisas vão caminhar, certo?

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