𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟐 • Doutora Lestat
EPISÓDIO 1 — PARTE 2 — TEMP. 1
[DOUTORA LESTAT]
THOMAS SHELBY ERA UMA HOMEM DE ATITUDE. Ele considerava muito as situações em que se encontrava e sempre tomada o melhor caminho para si e sua famílias. Mas haviam certos momentos de sua vida em que ele não fazia ideia do que fazer — como agora.
Ele tinha ido até o endereço que Arthur havia lhe dado. Antes, ele havia pensado muito se ia ou não até a casa da suposta médica milagrosa. No caminho, quando conseguia não atrair olhares das pessoas, ele ouvir sussurros cada vez que mais se aproximava da casa da Doutora Lestat. Diziam que a mulher era uma bruxa, outros diziam que ela era o próprio diabo — até mesmo chegaram a compará-la com o próprio Thomas e seu sadismo.
O endereço o levou até uma parte mais afastada de Small Heath, uma área mais sombria, entretanto tranquila. Seja lá o que acontecia ali, por mais tenebrosa que fosse, faziam semanas desde que as crianças puderam voltar a brincar por aquelas ruas se que homens bêbados tentassem agarrá-las e Deus sabe lá o que fariam com elas. A casa da Doutora Lestrat ficava na curva de uma rua bem iluminada e espaçosa. Ela mantinha o padrão de tijolos da região, mas era bem maior do que as outras.
Tommy ignorou os olhares assustados das mulheres que passavam por ele e os olhos arregalados das crianças que o reconheciam. Ele parou em frente a porta, levantando a mão para bater na madeira, mas isso não foi preciso. Como se um sofro de ar passasse por ele, a porta foi escancarada. Tommy abrir e fechou a boca diversas vezes, pensando se deveria anunciar que estava entrando ou aquilo seria invasão de privacidade? Um homem como ele não deveria se preocupar com essas coisas, mas algo em seu peito se apertou ao tentar cruzar a porta, como se o impedisse de entrar.
— Você é bem vindo para entrar — disse uma voz sombria e profunda, escondida pela sombra de uma estante. — Feche a porta quando passar.
Assim, Tommy finalmente conseguir por os pés dentro da propriedade, o aperto no peito logo indo embora. Ele fechou a porta como ela pediu, tirando a boina afiada e a guardando dentro do bolso do seu casaco. Ele observou em volta o que era uma ampla sala emendada com a sala de jantar, cozinha deveria ser no cômodo ao lado da grande mesa de carvalho. O lugar cheirava a verbena e canela, uma fragância forte e agradável. Perto das janelas cobertas por cortinas claras, ele viu uma variedade de plantas exóticas que não eram encontradas em Birmigham facilmente. Várias estantes cobria uma das paredes da sala, repleta por vidros dos mais variados tamanhos e substâncias, ervas e... órgãos? Tommy não estava inclinado a realmente descobrir o que estava dentro daquilo.
— Estava esperando a sua chegada, Thomas Shelby — o nome dele nos lábios carnudos e vermelhos dela saiu como o sibilar de uma cobra; sexy e sedutor, pensou.
— Doutora Lestat — cumprimentou ele, estranhamente inquieto. — Meu irmão me deu seu endereço. Dise que nossa tia Polly a conheceu há algum tempo e que trabalhava com... aquilo.
— Com o quê? Ocultismo? Mandinga? Envultamento? Nicromancia? Bruxaria? — instigou ela. — Pode falar aqui, Thomas. Ninguém pode nos ouvir enquanto dentro dessas paredes, se é o seu medo.
Tommy estava fascinado por aquela mulher. Suas palavras maliciosas que dançavam ao sair dos lábios era... Ele mal sabia descrever. Ela era alta, provavelmente apenas alguns centímetros mais baixa que ele, mas seu corpo fino e esguio só complementavam a aura sombria e pesada que rodeava a mulher. Os cabelos longos era algo estranho e difícil de se ver naquele século, mas ela não parecia se importar com isso, muito menos com as vestes pretas como as usadas em funerais. Até mesmo suas roupas não condiziam com o contido que Ada usava. Aquela mulher não se importava se usava roupas que expunham pele demais. Era como se ela as usasse porque sabia que ela podia, apenas ela.
— Imagino que já saiba pelo o que estou aqui — supôs ele, as mãos atrás do corpo.
— Uma chinesa enfeitiçou seu cavalo, não é? — disse ela. — Sabe? Tenho um carinho enorme pelas tradições do oriente e ocidente, mas não concordo com vários ensinamentos deles.
Ela, antes apoiada nas costas do sofá de frente para Tommy, contornou o móvel até de volta para sua cozinha, sinalizando que Tommy deveria segui-la. Assim ele o fez. A cozinha era bem parecida com a sala, por mais que os móveis fossem diferentes, os padrões escuros e sombrios escondiam mais podes de vidro com supostos órgãos e ervas. O que mais chamou a atenção de Tommy foi o caldeirão borbulhante em cima do fogão acesso. Fosse lá o que estava ali dentro, cheirava estranho e agridoce.
— A bruxaria é algo vivo, ligada as suas emoções no momento que a usa — explicou, pegando mais substâncias estranhas e as virando dentro do caldeirão. — A chinesa que fez o feitiço em seu cavalo estava assustada.
— O que quer dizer? — perguntou Thomas, olhando ao redor fascinado. — O feitiço não funcionou?
— Funcionou em parte, na verdade — corrigiu. — Ele é temporário e muito fraco. Talvez ele deixe seu cavalo na liderança na corrida, mas apenas no começo. Então, ele vai desacelerar, desacelerar, até ser o último da pista. Entretanto, deu esperança para apostarem em cima dele. Pelo menos isso.
Tommy ficou sem palavras, sem saber como ela tinha conhecimento de tantos detalhes. Depois de ver a própria Doutora Lestat e sua casa, ele quase não tinha mais dúvidas de que Polly estava certa e aquela mulher era mesmo uma bruxa.
— Essa poção vai garantir que seu cavalo vença, Thomas — disse ela, indicando o líquido avermelhado dentro do caldeirão. — Mas ela ainda precisa ferver por mais algumas horas. Tive alguma contratempos, por assim dizer, esta manhã.
— Como sabia que eu viria? — perguntou ele. — Arthur disse que fez milagres e salvou pessoas com doenças terminais. Ouvi boatos, ainda mais cedo, de que realmente nunca perdeu ninguém.
Ela parou de mexer a poção, soltando a colher de madeira dentro do caldeirão e virando-se para encarar Tommy.
— Alguns dizem que eu faço milagres. Outros que a mão de Deus está em cima da minha. Mas também tiveram aqueles que disseram que o Diabo estava ao meu lado exigindo seu preço... — sibilou ela. — Talvez eles estivessem certos.
— Acredita nele? — perguntou de volta. — No Diabo? Aceita ouvir das pessoas que faz pactos satanistas assim?
— Todos procuramos alguém cujos demônios possam danças com os nossos, não é mesmo? — retrucou. — Mas o que me difere dessas pessoas, Thomas Shelby, é que eu não tenho medo do preço a pagar.
— Tommy — murmurou ele, de repente. — Só me chame de Tommy.
Ela assentiu, pensativa.
— Nesse caso, não precisa me chamar de Doutora Lestat — pediu, um sorriso malicioso crescendo em seus lábios. — As pessoas me conhecem como Satanica.
— Satanica — repetiu ele, intrigado com o título.
— Mas meu nome é Ira.
Tommy tomou a mão dela entre as suas, a levando até os lábio e depositando um leve beijo ali. Ele nunca fizera aquilo com uma mulher antes, então porquê fizera aquilo com Ira? Ele não sabia dizer, mas a contato com a pele fria e macia dela era viciante. Ele queria mais, queria tocar e explorar outras partes do corpo dela.
— É nova em Birmingham, não é? — ela assentiu.
— Me mudei faz algumas semanas — explicou. — Eu precisava de ares novos.
— E veio para o lugar com mais fumaça?
— Por favor, a fumaça não é um problema — deu de ombros. — As pessoas que são. E aqui... a crença das pessoas é o que me fortalece.
— A crença em bruxaria?
— O medo — respondeu Ira. — De qualquer maneira, preciso ver seu cavalo e limpá-lo do feitiço antigo.
Tommy assentiu, desconcertado pelo olhar sedutor dela.
— Não pode só me entregar o feitiço e me explicar como manejá-lo? — perguntou ele.
— Posso, é claro que posso — disse ela, o surpreendendo. — Mas eu adoro cavalos. E faz muito tempo desde que eu vi um pessoalmente. Então, eu diria que essa é uma oportunidade perfeita.
Ele assentiu, impressionado com o jeito de ser de Ira. Tommy tirou um cigarro do maço em seu bolso, apenas o segurando entre os dedos. Ao lado de Ira, ele viu um pedaço de papel e um lápis. Ele se aproximou dela, seus corpos quase colados conforme ele escrevi o endereço, mas sem desgrudar os olhos dos dela.
— Vá até o Garrison amanhã — pediu ele. — Fica na curva do Garrison Lane com a Witton Street. Posso te pagar uma bebida e depois te levo até o Monagham Boy.
— É um nome forte para um cavalo — elogiou. — Nome de um vencedor.
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15.06.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
E cada vez mais eu desenvolvo a Ira. Para a primeira interação dela com o Tommy, o que vocês acharam?
Alguma teoria sobre a Ira?
Obrigada por todos os votos e comentários no capítulo anterior. Eu vou correr contra o tempo para já escrever o próximo capítulo.
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