𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟗 • Deméter
EPISÓDIO 5 — PARTE 2 — TEMP. 1
[DEMÉTER]
IRA PODERIA SER O DIABO EM PESSOA, mas dormindo ela parecia um anjo. Ter que deixá-la naquela manhã fora dolorido para Thomas, igual nas manhãs anteriores, principalmente porque ele queria continuar ali deitado com ela. Surpreendentemente, as coisas haviam mesmo se acalmado dias depois da confusão com a polícia, e agora ele tinha coisas a resolver.
Como o fato do dinheiro que perderam com Arthur achando que o pai deles poderia ter se tornado uma pessoa melhor de verdade.
Thomas deixara um bilhete para Ira, pedindo para que ela o encontrasse na casa de apostas mais tarde. Havia uma possibilidade dela nem sequer conseguir sair da cama ainda naquele dia. Se fosse assim, Thomas não tinha problema alguma em voltar para fazer companhia.
Ainda era muito cedo quando ele entrou na casa na Watery Lane, encontrando Arthur na sala. Ele parecia acabado, magoado consigo mesmo e suas escolhas. Thomas apertou seu ombro, logo tirando seu casaco e sentando-se ao lado do irmão.
— A Polly te contou? — perguntou ele.
— Que tentou se matar? Contou — respondeu Thomas, servindo-se uma xícara de chá, um habito que aprendera com Ira nos últimos dias. — Deveria ter usado uma pistola.
— Está zombando de mim, Tommy? — perguntou Arthur, incrédulo.
— Estou — afirmou. — Quando as coisas começam a se ajeitar, Arthur, você vai e faz isso. Não gosta de festas chiques? Mulheres? Carros rápidos? E disso aqui?
Thomas pousou a xícara na mesa, tirando um papel do bolso e o abrindo para que Arthur visse do que ele falava.
— Do seu nome num cartão corporativo?
— Shelby Brothers Ltda. — leu Arthur, tirando o cartão das mãos de Thomas. — Arthur Shelby, agente de apostas associado.
— Peguei na gráfica hoje de manhã — disse Thomas. — Você é um dos três acionistas. Eu, você e o John. E, segundo a lei, somos sócios igualitários. Está na papelada, um terço, um terço e um terço.
O sorriso de Arthur crescia a cada segundo, sem ele acreditar no que estava vendo.
— Mas é o seguinte, eu e o John gostaríamos de dividir a sua parte, então, da próxima vez, use um revólver.
Dessa vez, fora impossível não sorrir e rir juntos.
— Nossos homens na delegacia disseram que o policial está indo embora — anunciou Thomas. — O caminho está livre. Estamos subindo na vida, irmão.
E fora assim que eles cruzaram as portas, juntos, e viram a movimentação contínua e crescente da casa de apostas. O tilintas de moedas soava ao serem jogadas nas mesas, logo sendo contadas. Todos trabalhavam como combinado.
Polly descia as escadas no mesmo instante em que Esme entrava no estabelecimento, caminhando até John que monitorava as apostas.
Whisky e cigarro estavam presentes no ar, era um cheiro tão bom e confortável agora para todos.
Todos os Shelby estavam orgulhosos daquilo que estavam vendo. Suas vidas estavam melhorando, estavam subindo na carreira. Só tinham o que comemorar.
Mas ali, naquele momento de felicidade, só faltava uma pessoa para Thomas — faltava Ira. Mas que nem ele imaginava, ela nem deveria ter conseguido sair da cama depois do que fizeram na noite passada.
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DO OUTRO LADO DA CIDADE, um lenço cobria seu rosto e óculos grandes e escuros impediam das pessoas reconhecerem quem aquela mulher era. Alguém rica, com certeza, dado as vestes finas e elegantes que usava, além do enorme colar de rubi em seu pescoço.
Ela não tinha medo, andava confiante enquanto subia as escadas e escancarava as portas de um dos velhos escritório do local. Com um pequeno gesto que prometia sangue, ela fez sua secretária ficar quieta quando sua presença. Assim, conseguindo abrir a porta e entrar na sala atolada por documentos.
— Não estou esperando ninguém — avisou ele, levantando o olhar e engolindo em seco no instante em que viu quem era. — Eu... Eu não estava esperando-na aqui hoje.
— Eu não esperava ter que vir aqui hoje — retrucou ela, veneno e raiva em sua voz. — Achei que tinha sido bem clara quando negociamos, Inspetor Campbell.
Ele assentiu, afrouxando a gravata para tentar aliviar o tensão e medo que sentia. Era como se estivesse prestes a sufocar.
— A ratinha da Grace te falou onde estavam as armas, e eu limpei seu caminho.
— Por favor, não fale dela assim — pediu ele, logo vendo a fúria nos olhos dela e percebendo que aquilo fora um erro. — Olhe, eu estou indo embora da cidade. Só tenho mais uma coisa para resolver antes.
Mas aquilo não fora o bastante para pará-la. Ela levantou uma das mãos enluvadas, como se a fechasse ao poucos. E Cambpell estava mesmo sufocando. Cada vez mais que ela fechava a mão, mais ele sentia sua garganta fechar. Ele queria gritar, apavorado com a bruxaria pura que certa vez jurara ser mentira, mas agora...
— Eu tirei o Thomas do caminho daquela ratinha para que você pudesse tê-la, assim como me disse que queria — lembrou ela. — Eu perguntei o que desejava, você me respondeu, e eu te dei o que queria. Tudo em troca de parar com a porra que estava armando contra os Shelby. Será que não fui clara o suficiente, Inspetor?
— Santanica — sibilou ele, mas o nome pronunciado apenas a fez apertar mais seu punho. — Foi.. Foi muito... Clara — afirmou ele, lutando contra a falta de ar.
— Ótimo — declarou ela, soltando-o no mesmo instante.
Mesmo sentado, Campbell caira com um banque em cima de sua mesa, seu cérebro pulsando em dor conforme o oxigênio voltava a chegar nele.
— Conhece Deméter? — perguntou ela. Mesmo com dor, ele foi sábio em encontrar forças para negar. — Ela era a mãe de Perséfone. Pelo menos o conto de Hades e Perséfone você deve conhecer, Inspetor.
— Do que está falando? — perguntou ele, tossindo.
— Deméter transformava em plantas aqueles que a irritavam — clarificou. — Mais um problemas que arrumar com os Shelby, eu vou te dar um fim pior do que em Tartarus e depois transformá-lo em uma árvore no meu jardim. Será que eu fui clara, Inspetor Campbell?
Campbell não conseguiu responder, apensas assentiu freneticamente, rezando para que aquela mulher de batom vermelho sangue fosse logo embora e que seus caminhos nunca mais se cruzassem.
— Tem vinte e quatros horas para tirar seus homens da cidade — disse ela, um pé já fora do seu escritório. — E, Inspetor? Foi bom fazer negócios com você.
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05.10.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Vocês sabem que eu amo plotwist né?
O que acharam?
Eu tenho uma pedido para fazer: se vocês verem que eu estou demorando para postar de manhã, me avisem? Eu fico em aula quase o dia todo e acabo esquecendo
(a MMariaMikaelson também esquece
de me lembrar)
Obrigada por todos os votos e comentários no último capítulo! Eles me ajudaram demais!
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[atualizações às terças]
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