𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟎 • Feitos sob medida
EPISÓDIO 3 — PARTE 1 — TEMP. 1
[FEITOS SOB MEDIDA]
ESTRANHAMENTE, IRA SE SENTIA mais leve e, de alguma maneira, animada. Não que todos os seus dias fossem tediosos e melancólicos, mas algo faz com que ela amanhecesse feliz. Não só ela, aparentemente.
Logo cedo, Thomas havia batido em sua porta, perguntando se ela gostaria de acompanhá-lo até o Garrison, o que Ira alegremente aceitou. Os dois pareciam estar em maior sintonia, talvez não como casal, mas conhecidos ou pretendentes ou amantes que ainda não se ama — se é que isso fazia sentido.
Thomas já estava na sala privativa com os dois homens os quais queriam falar com eles sobre as armas roubadas da BSA. Assim, Ira estava no balcão conversando com Grace.
— Me dá um negroni — pediu Ira.
— Um... O quê? — perguntou, sem entender.
— Em que tipo de fim de mundo estamos, Grace? — lamentou Ira, triste e dramaticamente. — Bitter? Vermute? Gin?
Antes que Grace pudesse tentar perguntar qual a receita do drink de Ira, a pequena janela da sala privativa foi aberta.
— Uma garrafa de whisky e três copos — pediu Thomas. — Irlandês.
Grace pegou a garrafa e os três copos, colocando-os na janela para que Thomas os pegasse.
— Decidi não ir às corridas com você — disse ela à ele. — Só se me der mais duas libras e dez xelins para o vestido.
Thomas instantaneamente encarou Ira, buscando algum traço de que ela estivesse irritada por grace se referir à corrida que ela iria com Tommy. Surpreendentemente, Ira não fez nada a não ser encará-lo com certa curiosidade.
— Já não te dei três? — perguntou ele.
— Quanto pagou no terno que vai usar? — questionou Grace de volta.
— Não pago pelos meus ternos — respondeu. — Eles são por conta da casa, ou a casa pega fogo.
Ira sorriu, entretida com a cara que Grace fez ao ficar sem argumentos.
— Quer que eu vá vestida como se fosse uma florista?
— O que eu quero não faz a menor diferença — garantiu Thomas. — Não é para mim que vai se arrumar.
Com isso, ele fechou a janela.
Ira não segurou mais a risadinha que saiu de seus lábios, apoiando os braços enquanto se debruçava mais no balcão.
— Vão para as corridas em Cheltenham? — perguntou Ira.
— O Tommy me pediu para ir com ele — disse Grace. — Você não vai?
— Acho que não. Ou, pelo menos, não está nos meus planos. Tenho coisas para fazer, por assim dizer.
— Onde compra seus vestidos? — indagou Grace. — Não se parecem nada com o que as mulheres usam por aqui.
— Porque não são — declarou, orgulhosa. — É alta costura. São feitos sob medida em Milão.
Grace assentiu, querendo fazer mais e mais perguntas.
— É italiana?
— Depende — declarou ira. — Vou ter meu negroni?
Antes que Grace pudesse responder, elas ouviram a cantoria de um dos homens que conversavam com Thomas. Ele abriu a porta, os dispensando. Talvez aquele homem estivesse bêbado, não importava.
— Achei que só permiti música aos sábados — disse Grace, limpando o balcão.
— Whisky é como soro da verdade — deu de ombros., fumando. — Ele mostra quem é verdadeiro e quem não é.
— O que os meus compatriotas queriam?
— Ah, não são ninguém — respondeu. — Bebem no The Black Swan em Sparkbrook. Rebeldes só porque gostam das canções.
— Simpatiza com eles? — arriscou Grace.
— Não simpatizo com nada.
— O sotaque deles era tão forte que não sei como entendeu — sibilou Ira, encarando-o.
Surpreendentemente, Thomas deu um minúsculo mas real sorriso.
— Grace. Duas libras e dez xelins — contou, colocando o dinheiro no balcão. — Compra um vestido vermelho. Para combinar com o lenço dele.
— Lenço de quem?
Mas antes que Grace pudesse obter uma resposta, Thomas já caminhava em direção a saída junto de Ira. Ela não sabia de quem era o lenço, se Ira era mesmo italiana e nem o que era o negroni que ela tanto queria.
━━━━━━
THOMAS SE SENTIRA BEM ao ver a felicidade nos olhos de Arthur ao contar que o Garrison agora ela dele. Fazia tanto tempo que ele não via aquele brilho nos olhos dele, que era como se estivesse morto.
Mas a felicidade de Thomas sempre era passageira. Ele descobriu isso ao sair do pub e ver que os pneus de seu carro estavam furados.
— Malditas crianças — comentou um policial se aproximando. — O outro também está furado.
Thomas supirou, se preparando para o que vinha em seguida:
— O Sr. Campbell quer uma explicação — anunciou. — Hoje um agitador do sindicato levou a BSA à greve. Freddie Thorne. Achei que havia prometido que ele não voltaria.
— Sei que ele está na cidade — disse Thomas. — Vou resolver.
— O Sr. Campbell achou que controlasse seu território.
— Eu disse que estou resolvendo — repetiu.
— Ouvi falar que o Freddie se casou com sua irmã — provocou. — Que família você tem, hein? Aposto que mal pode esperar pelo Natal... Nos dê o Freddie Thorne ou sua irmã vai presa como cúmplice. Ela pegará quatro anos por subversão. Ou você pode entregá-lo e sua irmã sai livre.
Ele não respondeu, mas as opções continuavam rodando sua cabeça.
— Tenha uma boa noite, Thomas.
━━━━━━
10.08.21
𝐍𝐎𝐓𝐀𝐒 𝐅𝐈𝐍𝐀𝐈𝐒:
Para quem esperava a volta de RENAISSANCE, a fic volta está semana na quinta-feira como na programação normal.
Agora, o coquetel negroni foi inicialmente elaborado em 1919 no Caffè Casoni (antigo Caffè Giacosa, atualmente chamado Caffè Roberto Cavalli), situado na Via de' Tornabuoni em , na Itália. O conde Camillo Negroni fez o arranjo pedindo ao Fosco Scarselli para deixar mais forte o seu coquetel favorito ao adicionar gin em vez da habitual água gaseificada.
-18 NÃO BEBAM!!!
Receita: 50ml de Gin, 50ml de Campari e 50ml de Vermouth tinto.
♛
VOTEM e COMENTEM
[atualizações às terças]
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top