PRAIA

TOM FLETCHER


— Corre, Isla! Vamos! — exclamei, puxando-a pelo braço.

— Ai, seu maluco! — ela gritou, sem entender nada. — O que você tem?

— Isla Taylor! — eu arregalei os olhos. — Você não ouviu? Estamos perdendo a piada do Dougie! Temos que voltar!

Isla gargalhou e eu sorri vitorioso. Fazê-la rir era melhor do que qualquer outra coisa no mundo; quer dizer, só não era melhor do que aquele corpo maravilhoso e aquele rosto perfeito.

Entrelacei a sua mão na minha, conformando-me de que não passaríamos de beijos ingênuos naquela manhã. Mas tudo bem, por ela – e só por ela –, eu poderia esperar. Não poderia?

— Vamos então, pudim de beterraba — ela confirmou, dando-me um beijo no rosto.

Guiei-a pelo caminho de volta para o carro, agora sem tampar a sua visão. Voltamos para a escola rindo o caminho inteiro de uma história que ela contava sobre uma noite insana com as meninas.

— Tom — ela sussurrou em um dos nossos raros momentos de silêncio. Estávamos chegando perto do colégio e eu estava me sentindo mais deprimido do que nunca. — Você pode me deixar duas quadras antes da escola? Eu não quero levantar suspeitas e...

— Tudo bem — cortei-a.

Eu já tinha entendido que, para ficar com Isla, eu teria que modificar muita coisa em mim e na minha rotina. Por um lado, aquilo me deixava bravo, ansioso pelo dia em que ela ligaria o foda-se e nos assumisse de uma vez, mas, por outro, eu entendia o lado dela.

Ou pelo menos fingia que entendia.

Além disso, havia sido eu o primeiro a tentar esconder o que estávamos vivendo. Eu não tinha nenhuma moral para reclamar.

Deixei-a no lugar combinado, dando um selinho em seus lábios vermelhos e arrancando pela rua. Cheguei na escola e estacionei o carro de Harry perto do carro do diretor. Faltava uns 15 minutos para o sinal bater e a escola já estava lotada.

— Hey, dude! — Danny acenou de uma mesa no pátio onde estava com Harry, Dougie, Victoria, Perrie e Sophie. Fui até eles e me sentei. — Até que enfim!

— Sentiu a minha falta, foi, coisa fofa? — perguntei, fazendo os outros rirem.

Sophie estava ao meu lado, particularmente feliz comparado aos outros dias em que ela andava com a cabeça baixa e os olhos vermelhos. Olhei para Danny e percebi que ele seguia ignorando a presença dela como sempre, porém, ele parecia ansioso, mexendo as pernas sem parar.

— Quase morri, meu amor! — ele respondeu, piscando para mim.

— Beleza, agora que chegou a margarida, podemos decidir de uma vez por todas o que vamos fazer esse final de semana? — Perrie exclamou.

Harry estava com os braços em volta da sua cintura e todos que passavam olhavam para eles e cochichavam sobre o mais novo casal. Eu senti uma pontada de inveja; queria poder ficar do mesmo jeito com Isla.

Um casal. Normal. Em público.

— Eu já disse que quero assistir O Massacre da Serra Elétrica x Jason! — Dougie comentou, emburrado.

— Dougie, o dia em que eu assistir esse filme, você pode me colocar no hospício, porque eu provavelmente vou estar louca! — Victoria exclamou, e os cantos da boca de Dougie se curvaram para cima.

Ela deu um soco de brincadeira em seu ombro e ele fez uma careta que a fez sorrir.

O resto da mesa se entreolhou. O que estava rolando entre aqueles dois?

— Vamos... — eu comecei, mas fui interrompido pela visão de Isla, que atravessava o pátio em nossa direção e atraía todos os olhares masculinos.

Uma vontade gigante de me levantar e gritar "TIREM OS OLHOS DELA, SEUS ESCROTOS" invadiu o meu cérebro e eu agarrei o tampo da mesa com força.

— Vamos? — Sophie me tirou do transe e eu sacudi a cabeça.

Danny, Harry e Dougie olharam discretamente para onde eu estava olhando e parecerem entender o pequeno pane no meu sistema, optando por se calarem.

O bro code era real.

— Para a praia? — lembrei-me que o meu tio tinha uma casa vazia pé na areia em uma das praias mais lindas da Inglaterra e, bem, por que não?

Tínhamos 18 anos – bem, menos eu e as meninas, mas isso não vem ao caso –, dinheiro – não éramos milionários, mas sim, tínhamos dinheiro –, um carro conversível e tempo livre. O que nos impedia?

Danny e Sophie brigados talvez pudesse nos impedir. Harry e Perrie se agarrando constantemente também pudesse ser um empecilho. Dougie e Victoria naquele chove-mais-não-molha era um bom motivo. E o que quer que eu e Isla tivéssemos também tinha grandes chances de transformar aquele final de semana num lamaçal de merda.

Mas quem disse que eu me importava?

— Quem vai para a praia? — Isla perguntou, jogando-se ao lado de Harry e Danny.

— Nós — eu disse, dando de ombros e tentando não olhar por muito tempo para o seu rosto perfeitamente assimétrico. — Se vocês quiserem, claro.

— E onde nós ficaríamos? — Perrie perguntou.

— Na casa do meu tio. Duas suítes, dois quartos, piscina, churrasqueira, mesa de sinuca e cozinha americana — respondi, vendo os olhos das meninas brilharem ao ouvirem a palavra piscina.

— Eu fecho! — Dougie foi o primeiro.

Danny concordou com ele, olhando rapidamente para Sophie, que analisava as próprias unhas e não se manifestou. Harry fez um jóia com a mão, beijando o pescoço de Perrie - depois que eles descobriram que se agarrar na frente de Sophie e Danny não incomodava, não pararam mais.

— Claro, preciso mesmo pegar uma cor — Victoria concordou, olhando para o próprio busto.

Dougie olhou também e abriu um pouco a boca quando ela desgrudou a regata da barriga para analisar o seu estado de "branquisse".

— Vai ser incrível! — Perrie parou de beijar Harry e exclamou, mostrando o braço para Victoria e entrando em uma discussão sobre quem estava mais "pálida".

Sophie e Isla concordaram, entrando na conversa.

— Ok, lumbriguinhas, nós vamos então? — Danny perguntou, mais animado do que eu o via em muito tempo.

— É, eu vou. É só não me deixar muito tempo perto do Fletcher! — Isla disse e piscou para mim.

Eu mostrei a língua para ela e todos riram.

Realmente, o final de semana seria perfeito, era só não ficar muito tempo perto de Isla.

Mas não pelos motivos que todos achavam.


ISLA TAYLOR


— Esse me deixa parecendo uma melancia! — Sophie reclamou, tirando o biquíni vermelho e verde que ficava maravilhoso nas curvas dela e o jogando no cesto de biquínis "péssimos".

Havíamos separado três cestas, a dos biquínis "lindos", a dos biquínis "reserva" e a dos biquínis "péssimos".

— Eu gosto desse — Perrie disse, analisando a sua imagem no espelho com um biquíni azul-turquesa bem estreito. Era quarta-feira e estávamos no meu quarto, porque era o único que tinha espelho por todas os lados, então podíamos nos elogiar à vontade. — Eu fiquei mais alta!

Perrie era a menor de nós três, com apenas 1,58m.

— Claro, e Papai Noel passou aqui em casa ontem — eu brinquei, e ela jogou uma almofada em mim.

Eu já tinha separado todos os meus biquínis e fiquei observando as meninas provarem os seus.

Não ficávamos constrangidas nem nada do tipo. Nos trocávamos juntas desde bebê praticamente, era meio que um hábito nosso.

— Meninas... — Sophie suspirou, e eu senti a tristeza na sua voz.

Ela se sentou no chão e nós a acompanhamos.

— O que foi, Soph? — perguntei, passando as mãos quentes pelo seus ombros gelados.

— Não sei, é só que... — ela começou. — E se o Danny nunca me perdoar?

— É claro que ele vai ter perdoar! — Victoria a encorajou. — Mas você tem que entender que ele também está sofrendo. Você... — ela nos lançou um olhar de dúvida e, antes que pudéssemos dizer algo, completou. — Você magoou ele de verdade.

— Eu sei — Sophie concordou com a cabeça e uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto pálido.

Se a situação não fosse tão ruim, eu estaria rindo de nós quatro sentadas no chão de pernas de índio, duas de biquíni, uma quase pelada com o biquíni todo enroscado no corpo e eu de pijama.

— Mas não chora! — Perrie piou, lançando um olhar bravo para Victoria, que deu de ombros como quem dizia "ela precisa ouvir". — Nós vamos nos divertir pra caramba! E outra, eles estão levando um estoque de Tequila e Vodca!

— Sério? — perguntei curiosa.

Nem eu sabia daquilo.

— Sim, o Harry me disse! — ela respondeu, sorrindo ao pronunciar o nome dele.

Nós viajaríamos no dia seguinte pois não teríamos aula na sexta - depois que Danny resolveu postar no Facebook sobre os nossos planos, aquele era o tema mais comentado do colégio: os dois lados da força se unindo para um final de semana inesquecível na praia.

Além disso, aparentemente eu e Thomas estávamos noivos e eu estava grávida dele, por isso escondíamos o romance. Sophie e Danny haviam brigado porque Danny estaria com Perrie pelas costas do amigo. Harry era o corno manso, e Dougie só não ficava com Victoria pois tinha medo de que os boatos de que ela tinha gonorreia fossem verdadeiros.

Aquelas eram as últimas fofocas do colégio Norbert. Sem mais nada a declarar.

— Então é isso! — Sophie exclamou, levantando-se em um pulo e jogando o biquíni lilás na cesta dos "lindos". — Se ele me ignorar eu vou afogar todas minhas mágoas na tequila!

— Mas se a Isla sair gritando pela rua que é uma xícara de novo, eu nunca mais tomo tequila com vocês! — Victoria comentou.

— Foi só uma vez! — eu reivindiquei.

— Uma vez que você se lembra — Perrie provocou.

— Bom, eu acabei — Victoria anunciou, jogando o biquíni verde-limão no ventilador e pegando a sua cesta de biquínis "reserva" e os jogando junto com os "lindos".

Depois, ela pegou a cesta unificada, jogou na mala abarrotada de roupas e a fechou. Perrie e Sophie acabaram algum tempo depois e nós deixamos as nossas malas no quarto, saindo para dar uma volta.

Precisaríamos nos acalmar antes de entrar no carro daqueles maníacos no dia seguinte.

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