ESCRAVOS... SEXUAIS?

ISLA TAYLOR


— Eu não acredito que estou perdendo as minhas preciosas horas de sono de beleza para ficar — Victoria olhou em volta da lanchonete em que esperávamos os McLosers; Sophie jurou que eles apareceriam por lá, mas era um pouco difícil de acreditar — nesse antro de perdição!

— Toma um sorvete, Victoria — eu sugeri. — Deixa essa dieta idiota para lá... você nem precisa mesmo!

— A Vic? Fora de alguma dieta? — Perrie perguntou. — Mais fácil ver o Marcus beijando uma de nós!

Marcus, se você quer mesmo saber, era o nosso amigo gay.

— Só por esse comentário eu vou pegar uma banana split e enfiar no seu... — Victoria ia dizendo, mas nós ouvimos o barulho do sino da porta de entrada e olhamos automaticamente para os quatro perdedores que passavam por ela cumprimentando alguns conhecidos.

Eu olhei boquiaberta para Sophie, que se aprumou toda na cadeira e estampou um sorriso vitorioso no rosto.

Falando sério agora: desde que a Sophie começou com aquele papo idiota dos McLosers serem os donos do Conte Seu Babado, eu nunca realmente cogitei a ideia de que ela pudesse estar certa. Sabe como é, mesmo sendo quatro perdedores, eles eram homens e heterossexuais, pelo amor de Deus!

Que tipo de homem heterossexual mantém um blog de fofoca?

Victoria olhou de relance para a porta com ar de superior e voltou a devorar o cardápio com os olhos, ignorando completamente a presença dos garotos na lanchonete. Perrie riu nervosa e eu não fiz nada. Só fiquei ali, olhando como idiota para os meninos que se aproximavam.

O clima ficou tenso quando eles nos perceberam ali.

— E aí, McLosers! — Sophie gritou, gesticulando para que eles se aproximassem. — Aqui!

Danny e Dougie – sim, eu sabia o nome deles – se entreolharam e arregalaram os olhos. Os olhos de Harry pousaram em Perrie e ele abriu a boca levemente.

Apenas Thomas parecia estar calmo.

Eles se aproximaram lentamente, todos com sorrisos fracos nos lábios. Danny foi o primeiro a se pronunciar:

— Foram vocês que... hum... mandaram um e-mail para a gente ontem...?

Assentimos com a cabeça.

— E, hum... quem foi?

Eu, Victoria e Perrie apontamos automaticamente para Sophie, que concordou com a cabeça novamente. Danny olhou para os amigos e, no instante seguinte, os quatro estavam sentados à nossa mesa –o guitarrista se inclinou sobre os cardápios, olhando com ódio para Sophie e sussurrando:

— Certo, suas...

— Manipuladoras? — Harry sugeriu, ainda encarando Perrie.

— Megeras sem coração? — Dougie adicionou, curvando-se ao lado de Danny como se eles estivessem nos vendendo drogas.

— Vendedoras de empadinhas? — Thomas completou, lendo o cardápio e rindo da própria piada.

Quando ele viu que ninguém tinha achado graça, fechou a cara e voltou a ler o cardápio.

— Suas pilantras! — Danny finalmente se decidiu pela palavra certa. — O que vocês querem de pobres oprimidos como nós?

— Nós — Sophie começou e eu fiquei com vontade de dizer "ei, Sophie, meu amor, me inclua fora dessa!", mas resolvi deixar o bonde andar; curiosidade extrema era um dos meus muitos defeitos — queremos que vocês façam tudo que mandarmos!

— Queremos? — Perrie perguntou.

Nós não tínhamos combinado nada do tipo, porque, sinceramente, estávamos achando que Sophie tinha enlouquecido. Mas acho que ela já tinha se encarregado do trabalho.

— Queremos— ela repetiu com os olhinhos brilhando.

— Certo... — Harry começou, vagarosamente. — Tudo quer dizer... tudo?

— É, porque quanto a isso eu não tenho nenhum problema — Thomas anunciou, abaixando o cardápio e finalmente prestando atenção na conversa.

— Não, seu imbecis! — Sophie resmungou e eles tiraram o sorriso idiota dos rostos. — Mesmo porque, não precisamos de vocês para isso! Seus... perdedores!

— Bom, então eu não sei o que as bonecas querem! — Dougie resmungou, saindo de cima da mesa e colocando as mãos atrás da cabeça, na típica pose macho dominador.

— Eu realmente queria que alguém carregasse a minha mala de manhã... — Perrie comentou, sacando o objetivo de Sophie.

Havia muito tempo que os McLosers vinham tirando uma com a nossa cara, agora era a hora da vingança.

— É, e eu não suporto as filas da cantina no intervalo... — Victoria suspirou.

— Sabe, não seria ruim se vocês nos dessem carona naquele lindo carro novo do Harry! — eu arrisquei, olhando para as meninas e vendo que todas estavam se segurando para não gargalhar, inclusive eu.

Eu olhei diretamente para Thomas e ele ainda parecia calmo.

Qual é? Os outros estavam se cagando de raiva e eles estava ali, todo tranquilo?

Provavelmente ele fazia ioga ou qualquer merda do tipo.

— Ok, então nós seremos as suas putinhas? — Harry finalmente ligou os pontos.

— Olha só! Aplausos para o Harry! — Perrie zombou.

— Por quanto tempo? — Thomas perguntou, chamando o garçom com as mãos.

— Tempo indeterminado — respondi.

Eu adorava um desafio, e irritar Thomas seria um dos bons.

— Não sei não... — Dougie começou, coçando a cabeça, mas foi interrompido por Sophie.

— Acho que você ainda não entendeu, lindão! — ela exclamou. — Vocês não têm escolha! A não ser que queiram o pequeno segredo de vocês espalhado pela escola inteira...

Os meninos se entreolharam e iam dizer algo, mas então um garçom baixinho e espinhento – o que Thomas tinha chamado – apareceu com uma taça gigante de sorvete de cookie com creme.

O meu favorito.

— O de sempre, Tom! — ele disse, depositando a taça na mesa.

— Opa, valeu, James! — Thomas respondeu, depois esfregou as mãos e comeu o sorvete como se não visse comida há dez anos.

— Ok, está fechado então — Danny concluiu, depois de abrir a boca e levantar a sobrancelha para Thomas sem acreditar no que estava presenciando. — Mas se essa história de blog vazar nós vamos postar todas as fotos que já recebemos de vocês. E olha que não são poucas!

— E porque vocês nunca postaram? — eu o desafiei.

—Porque não daria muito ibope — Danny respondeu.

Imbecil! Claro que daria ibope. Qualquer coisa relacionada a nós daria ibope.

— Ei, Thomas? — chamei, ignorando o comentário idiota de Danny. Thomas se virou para mim com a boca suja de sorvete e mexeu a cabeça para que eu prosseguisse. Então eu peguei a colher da sua mão e respondi, enquanto devorava o seu sorvete. — Primeira tarefa: ceder o sorvete de cookie.

Thomas abriu a boca – por um instante, pensei que ele fosse estourar –, mas depois a fechou e empurrou a taça para mim.

Droga!


TOM FLETCHER


— Eu não vou deixar aquelas parasitas entrarem no meu precioso! — Harry exclamou, dando tapinhas amorosos no seu conversível vermelho.

— Bem que você gostaria de pegar a parasita da Perrie — eu brinquei, jogando-me no banco de trás. — Só faltou pular em cima dela hoje!

— Quem não gostaria? Com aquelas pernas!

Saímos da lanchonete com a promessa silenciosa de não comentar sobre o que havia acabado de acontecer, porque era daquela maneira que garotos de 17 anos lidavam com os seus problemas, ignorando-os, e nos deparamos com um dia quente e sem nuvens; aquilo só poderia significar uma coisa: futebol!

Harry deu partida no carro e estávamos quase virando a esquina quando ouvimos vozes agudas e chatas gritarem os nossos nomes.

Te dou 100 libras se você adivinhar quem eram.

— Ei, Judd, volta aqui! — Perrie gritou e uma brisa bateu na sua saia, levantando-a um pouco.

Harry nem pensou duas vezes antes de dar ré.

Nós estávamos fodidos nas mãos delas. Porque, bem, elas sabiam o nosso segredo e, para completar, eram lindas... demais!

As quatro caminharam como em um clipe das girlbands dos anos 90 até o carro; se elas não fossem tão chatas, eu até cogitaria o fato de que nós havíamos ganhado na loteria.

Mas elas eram chatas. Aí, dude, não tem bunda nem peito que dê jeito...

— Precisamos de uma carona até o jogo! — elas falaram em uníssono.

Ótimo, agora elas iriam ao nosso jogo!

— Pulem aí... — Harry cedeu, sem tirar os olhos das pernas de Perrie. — Mas não estraguem nada!

— Ah, vai se foder, Judd! — Perrie respondeu, abaixando a saia ao entrar no carro.


ISLA TAYLOR


Perrie entrou no carro e sentou-se entre Thomas e Danny no banco de trás. Como Harry dirigia e Dougie estava no banco da frente, eu, Victoria e Sophie tivemos que sentar no apoio do banco, como naqueles musicais dos anos 60 - só estava faltando as jaquetas de couro e os vestidos de bolinha.

Eu me sentei atrás de Thomas e, toda hora que Harry fazia uma curva, a minha perna roçava o seu ombro; reparei como ele era forte, sabe como é, os seus braços eram bem musculosos... Não viaja, Isla!, eu pensei, dando um tapinha na testa no exato momento em que ele virou o rosto para o lado e ficou olhando para as minhas coxas, dando sopa graças ao meu mini shorts.

Além de imbecil ele era pervertido?

No som do conversível velho, os Beatles cantavam Help! e eu realmente amava aquela música. Não pude me conter. Sempre quis ficar em pé em um carro conversível e cantar músicas sem sentido.

Acorda, quem nunca quis?

E até que os McLosers eram bonitinhos. Bom, pelo menos todas as garotas da escola achavam.

Levantei-me e comecei a gritar "when I was younger, so much younger than today!". Eu berrava a plenos pulmões. Olhei para as meninas e vi que as pernas delas estavam formigando para fazer a mesma coisa, então eu gritei:

Canta junto, gente!

Elas se levantaram também e começaram a berrar comigo. No refrão, eu e Victoria gritávamos help! e as outras duas cantavam o resto.

Os meninos estavam se deliciando ali em baixo, porque, bem, nós estávamos de saias e shorts.

Qual é, desce daí! — Harry exclamou, dando um tapa na minha perna. — Eu não quero ser preso!

Canta junto, Judd! — eu gritei em resposta, ignorando a sua chatice.

Porque eu não queria me aborrecer. Não naquele momento idiota e divertido.

A música acabou e I Wanna Hold Your Hand começou. A minha favorita.

Que bela ironia!

Oh, yeah, I tell you somethin'! — comecei a gritar novamente, junto com as meninas. — I think you'll understand!

Então os McLosers, em um momento de epifania, se empolgaram também, levantando-se dentro do carro. Menos Harry, claro, porque pelo menos alguém não queria morrer naquela situação patética. Mas ele começou a buzinar para as pessoas olharem.

De fora, devia ser uma cena imbecil. Sabe como é, quatro meninas e três meninos de pé em um carro velho cantando Beatles e tocando instrumentos imaginários enquanto o imbecil mor buzinava sem parar.

I wanna hold your hand! I wanna hold your hand! — nós gritávamos.

Infelizmente, depois daquela pequena demonstração de idiotice em plena luz do dia, a música acabou e Yesterday começou a tocar no rádio.

— Ah! — Victoria resmungou, jogando-se de qualquer jeito no banco. — Mood killer!

Perrie, Sophie, Danny e Dougie fizeram o mesmo, mas eu e o brisado do Thomas resolvemos ficar em pé, sentindo o vento chicotear os nossos cabelos.

Eu olhava para as nuvens quando Harry parou o carro bruscamente e eu me desequilibrei. Pensei seriamente que ia cair no meio da rua, mas com um movimento ninja, Thomas me pegou pela cintura para evitar que eu caísse. Arrepiei-me quando as suas mãos quentes seguraram a minha barriga gelada.

Virei-me bruscamente e bati com o meu nariz no dele.

Cacete, eu nem havia reparado que estávamos tão próximos assim!

— Só não vai, Taylor — ele comentou casualmente, soltando-me como se eu fosse uma bola de fogo ou algo do tipo.

Depois daquela experiência de quase-morte, nós nos sentamos no aperto do carro, e eu agradeci por todos estarem cantando Yesterday e não terem reparado na pequena cena que rolou no banco de trás. Quero dizer, eu não ia querer que eles me zoassem com "hum, o que foi aqueles narizes se roçando ao som de Yesterday?" e comentários do tipo que adolescentes idiotas tinham a tendência de fazer.

O ombro de Thomas roçou novamente a minha perna.

Mas, daquela vez, eu estava ofegando.


TOM FLETCHER


— Valeu, perdedores! — Sophie agradeceu, pulando do carro e dando um peteleco no nariz de Danny; ele fechou as mãos em punho – Danny odiava que dessem petelecos nele, – mas se conteve.

As Deusas do colégio Norbert rebolaram as suas lindas bundinhas até a entrada do campo e subiram na arquibancada rival para ficar com os amigos mauricinhos e as amigas tapadas.

Nós andamos até o campo e fomos cumprimentar o nosso time.

— E aí, dudes! — Credric, o nosso amigos mais chapado, cumprimentou assim que chegamos. Ele apagou o cigarro que estava fumando e continuou. — Escuta, Tom, nós precisamos que você jogue no ataque.

— Por quê? — perguntei, estranhando.

Eu era o lateral direito, sempre havia sido o lateral direito e imaginei que morreria sendo o lateral direito.

— O David não veio e eu não confio muito no Danny — ele comentou e nós rimos da cara que Danny fez.

Harry era goleiro, Dougie volante e Danny zagueiro.

O juiz apitou – um moleque do sixth form cheio de acne – e a bola começou a rolar.

A arquibancada em que Isla e as suas seguidoras estavam torcia para o nosso adversário, porque John era do time. A outra, torcia para a gente.

Nós não éramos realmente "perdedores" como as maníacas gostavam de falar. O negócio é que a nossa escola era dividida em dois grupos: os babacas e os maneiros.

Eu nem preciso dizer de qual grupo fazíamos parte, não é mesmo?

Isla e as suas amigas faziam parte do primeiro grupo e Isla era a abelha rainha. Já nós, éramos os leões do nosso grupo.

E agora eu vou parar de usar metáforas com animais.

A realidade era que todas as meninas do nosso lado da escola dariam um rim por uma noite com algum de nós quatro. E por nós não querermos as outras do lado imbecil da escola, elas nos chamavam de perdedores.

Só poderia ser essa a explicação: tesão reprimido.

Dougie passou a bola para mim e eu avancei com velocidade e entrei na pequena área. Os gritos da nossa arquibancada explodiram e eu me sentia o rei da cocada preta.

O goleiro do outro time – Carter Mathews, depois de John o garoto mais desprezível que já pisou na face da terra – se jogou em cima da bola, mas eu fui mais rápido e o deixei comendo terra.

Era eu e o gol, o gol e eu.

Dei um toque de calcanhar e a bola fez o seu trabalho.

Alguns segundos depois, o meu time pulou em cima de mim gritando "goooool!". Nós fizemos a famosa dança de comemoração – rebolar feito cowboy – e eu voltei para o meio de campo, bem de frente para a arquibancada em que Isla estava; olhei bem para ela, que sorriu e me mostrou o dedo do meio. Eu fiz um coração com as mãos e um gesto obsceno envolvendo as minhas partes íntimas.

Não sei porque, mas eu tinha um pressentimento de que irritar Isla seria muito divertido.


ISLA TAYLOR


— Eu estou a ponto de me urinar! — Sophie exclamou, enxugando o canto dos olhos.

Eu também me contorcia de rir e as outras meninas não ficavam atrás.

— Eles ficaram tão fofinhos — Victoria comentou, gargalhando.

— Umas belezuras! O Judd pode ser a Sporty Spice, o Jones a Scary Spice, o Poynter pode ser a Baby Spice e o Fletcher é a Posh Spice!

— Só faltou um ruivo para ser a Ginger! — eu meio que berrei pelo corredor, mas não conseguia me conter. — E juntos eles são as meninas nada poderosas!

— Que foram criadas para não derrotar o mal e enfeiar o planeta! — Sophie continuou.

— "Enfeiar"? Essa palavra existe? — perguntei, curvando-me um pouco porque o meu estômago já estava doendo de tanto rir.

Os meninos andavam logo atrás de nós, carregando as nossas malas e fichários, e estavam umas gracinhas com os nossos adereços cor-de-rosa.

— Pronto— Thomas murmurou atrás de mim, colocando a mala de qualquer jeito nas minhas costas e jogando o fichário nas minhas mãos. Ele estava rosinha e ofegante, mas eu também estaria se tivesse subido três lances de escada com duas malas e dois fichários. — Falou!

— Seu grosso! — eu exclamei quando ele bateu com tudo no meu ombro ao passar por mim.

Mas Thomas simplesmente mostrou o dedo do meio de costas e berrou: vai se foder!

Eu olhei para as meninas e revirei os olhos. Elas sorriram para mim e nós entramos na sala, mais leves do que nunca!


TOM FLETCHER


— Vai tomar no cu! — eu xinguei assim que me joguei na carteira da sala de aula; Isla finalmente havia conseguido me irritar. — Eu perdi uns cinco litros de suor!

— Relaxa, dude! — Dougie disse, sentando-se ao meu lado, também exausto. — Pelo menos nós tivemos uma visão panorâmica daquelas bundas maravilhosas.

— E põe maravilhosas nisso... — Danny suspirou.

— Por que vocês simplesmente não comem elas? — perguntei, revirando os olhos.

— Eu comeria se alguma delas me desse a oportunidade — Harry respondeu, dando de ombros.

— Fácil — Dougie concordou.

— Com certeza— Danny completou.

— Vai dizer que você não? — Harry perguntou.

— Não, dude, eu não suporto elas! — eu respondi, abrindo o meu fichário.

— Quando você se apaixonar por alguma delas eu vou rir muito da sua cara— Harry rebateu, jogando uma bolinha de papel em mim.

Até parece!

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