BAILE À FANTASIA
TOM FLETCHER
— Eu não acredito que elas vão nos forçar a ir nessa merda — eu resmunguei, colocando a espada falsa de volta na bainha. — Festa à fantasia? No colégio? Quantas regras do Clube da Luta nós estamos quebrando?
— Você só está reclamando porque a sua fantasia é meio escrota, dude— Dougie brincou, colocando a máscara do Zorro. — Se você fosse o Zorro e não o príncipe encantado, estaria se divertindo.
— Melhor do que o Zorro, só o Coringa! — Danny exclamou, entrando no quarto com o seu terno roxo, terminando de passar batom vermelho na bochecha.
Quando ele acabou, passou a língua pela boca exatamente igual ao Coringa em O Cavaleiro das Trevas e todos nós rimos, menos Harry, que estava sentado na cama, emburrado.
— Pelo menos você não é o Barney! — ele murmurou, enfiando o rosto nas mãos.
Harry estava usando a fantasia do dinossauro Barney, sentado na cama e parecendo miserável. Aquele treco deveria pesar uns 10kg e ser a coisa mais claustrofóbica e quente da história, mas era impossível olhar para ele sem cair na risada.
— É, verdade — todos nós concordamos, segurando o riso.
— As noivas já acabaram a produção? Eu quero ver a minha garota— Danny nos apressou e foi atingido por vários tapinhas e cutucões.
— Vamos, meninas, Danny Jones quer ver a sua garota! — eu exclamei de maneira afetada, batendo no ombro de Danny.
Alguns minutos depois estávamos os quatro no carro de Harry, que havia tirado a fantasia para conseguir dirigir, rumo ao colégio em um sábado, o que poderia ser considerado blasfêmia. Eu fiquei um pouco decepcionado quando as meninas disseram que não iriam precisar dos nossos serviços de táxi pois iriam com a mãe de Isla para a escola.
Mas tudo bem, era mesmo bom ficar só com os caras, entre amigos, sem nenhuma garota por perto.
Claro...
Além disso, eu e Isla não havíamos conversado sobre o beijo de mais cedo, e eu honestamente não tinha a menor ideia de como deveria agir perto dela.
Quando chegamos na escola, nos deparamos com o ginásio de basquete completamente diferente. Do teto saíam redes de lycra de todas as cores e por todo o lado nós víamos arranjos e balões coloridos. Eu nem sabia qual era o motivo daquela festa, algo a ver com arrecadação de dinheiro para alguma coisa de caridade, mas eu seria obrigado a tirar o chapéu a quem havia organizado tudo aquilo.
As luzes da pista de dança eram fortes e a música eletrônica fazia o chão tremer; exatamente o que eu mais odiava no mundo. Só não odiava mais do que todas aquelas pessoas fofocando logo que entramos no salão, falando por cima de suas vodcas com gelo como se nós não pudéssemos ouvir.
— Ouvi dizer que eles foram expulsos da última gravadora que se interessou pela banda porque não sabiam se comportar — Isabel Morley falou a uma amiga gorducha ao seu lado, que assentiu ferozmente com a cabeça.
— É, e os pais deles os expulsaram de casa, por isso que eles moram juntos. Ah, e também porque Dougie e Harry são um casal — James Oliver complementou e seus amigos começaram a rir.
Eu gostava de pensar que nós tivemos um faro de negócios incrível com o Conte Seu Babado naquele colégio de merda.
— Eu preciso de sangue no meu álcool — Harry anunciou assim que ouviu uma menina do high school declarar que tinha tara por dinossauros.
Ele se virou nos calcanhares e foi rebolando o seu rabo roxo até o bar, e nós fomos atrás, rachando o bico. Eu e Dougie pedimos cerveja, Harry e Danny pediram vodca com Coca-Cola. Quando já estávamos com as nossas bebidas em mão e conversávamos de canto sobre um novo produtor que havia nos ligado, como os bons perdedores que éramos, ouvimos os murmúrios começarem novamente, só que dessa vez mais intensos e mais... picantes.
— Eu ouvi dizer que elas estão pagando os meninos do McFLY para que finjam ser seus namorados, assim elas não têm que andar por aí as quatro solteiras, porque, convenhamos, é o maior mico! — Kelly Putzer disse, soltando uma risadinha abafada.
Como se todos não soubessem que o namoro dela com Michael Hafner era uma fachada e que ele ficava às escondidas com Laura Palmer.
Comandar o maior blog de fofocas do colégio te deixava por dentro de tudo.
— É, e elas combinaram de ficarem grávidas juntas ainda esse ano, e querem engravidar justamente deles. Se elas não beberem hoje, acho que nós já sabemos o motivo! — Rachel Robinson guinchou, tomando um gole de Coca-Cola pura.
Hã... quem estava grávida mesmo?
— Mas que porra toda é essa que estão fal... — eu comecei a dizer, mas a minha boca despencou quando os meus olhos pousaram nas portas de entrada do salão.
Puta que me pariu... Isla e as meninas estavam caminhando em nossa direção e estavam simplesmente... lindas. Gostosas. Incríveis. Maravilhosas.
Caralho.
Foi difícil esconder a minha ereção.
A fantasia de Perrie era um fetiche colegial, composta por uma saia de pregas curtíssima e cinza, uma camisa decotada e branca de manga comprida, sapatos boneca de salto e meias brancas três/quartos. O seu cabelo comprido e ondulado estava preso em um rabo-de-cavalo alto e ela quase não usava maquiagem. Harry arqueou a sobrancelha e olhou para o outro lado, temendo, pelo que parecia, alguma reação precipitada.
Victoria estava de dançarina de tango, com o cabelo todo para o lado e um rosa na orelha esquerda. O vestido era vermelho, curto e apertado no corpo, com uma só alça do lado direito. Ela também usava uma meia fina desfiada que acabava no par de escarpins vermelhos. Dougie tomou um gole da sua cerveja e limpou a boca com as costas das mãos.
Sophie estava de batgirl, com uma calça de couro preta colada ao corpo, um espartilho também de couro e botas até o meio das coxas. Ela colocou um chicote preto no cinto e enfiou uma mecha do cabelo frisado atrás da orelha, mostrando as luvas pretas de cetim que iam até os cotovelos. Danny estremeceu ao meu lado.
Mas, na minha humilde opinião, a mais bonita das quatro era Isla, sem sombra de dúvidas. Ela estava vestida de camponesa, com um estilo de vestido parecido com o da Bela no começo do filme, o cabelo solto em cascata pelos ombros, um sorriso elegante no rosto e quase sem maquiagem. Eu podia sentir que nunca mais iria fechar a boca novamente.
— Dude... — foi a única coisa que eu consegui falar, antes de abrir a boca de novo.
As meninas começaram a andar em câmera lenta pelo salão - ou pelo menos foi assim que o meu cérebro processou aquela cena - e as minhas mãos começaram a formigar.
Olhe, não me leve e mal, muitas meninas no salão também estavam lindas, mas acho que nós quatro já começávamos a sentir algo a mais pelas patricinhas mais irritantes do colégio.
— Fecha a boca que entra mosca, Tom — Harry balbuciou, dando-me um tapa no ombro, agora sem tirar os olhos dos peitos de Perrie.
— Fica na sua, Barney— eu respondi.
Depois do que pareceu uma eternidade, elas finalmente chegaram até a nossa roda e sorriram, depois de analisarem as nossas fantasias escolhidas, bem... por elas mesmas.
— Serviu direitinho! — Victoria exclamou animada, olhando Dougie de cima a baixo.
— Ficou uma graça! — Perrie brincou, fazendo Harry dar uma voltinha, que ele deu sem pestanejar porque ainda estava meio grogue pelo decote da menina.
Eu consegui desviar o olhar de Isla por alguns segundos e pude ver a hora exata em que Danny pegou o chicote de Sophie e a puxou para mais perto, fazendo-a sorrir depois de sussurrar algo em seu ouvido.
Naquele instante, os murmúrios ecoaram mais forte pelo salão, e se Danny não estivesse realmente apaixonado por Sophie, eu daria um tapa na sua cabeça e diria que ele estava acabando com a nossa reputação. E, enquanto eu pensava em tudo aquilo, Victoria, Dougie, Harry e Perrie sumiram para dançar.
Sim, Dougie e Harry dançando.
Você não entendeu errado.
E eu fiquei sozinho com a menina que eu mais amava odiar e que mais odiava amar.
Ótimo.
Olhei com o canto dos olhos para o seu rosto maravilhoso e reparei que ela não tirava os olhos de mim. Resolvi virar todo o meu corpo em sua direção, na tentativa de deixa-la constrangida, mas foi em vão, porque ela continuou me olhando daquele jeito esquisito.
— O quê? — perguntei, arqueando a sobrancelha.
Ela sorriu docilmente e, por pouco, eu não caí em contradição e a agarrei ali mesmo.
— Você ficou... — ela começou a dizer, ainda com o sorriso adorável no rosto, mas aí mordeu os lábios como se lembrasse com quem estava falando e continuou, um pouco áspera. — Engraçado.
— Pode falar que eu fiquei sexy, Taylor — eu brinquei. — Isso não vai te matar, sabia?
— Ok... — ela concordou, balançando o cabelo e piscando os olhos expressivos. Depois, mordeu o lábio novamente, mas de um jeito mais provocante, e chegou bem perto de mim, sussurrando no meu ouvido. — Você ficou realmente sexy.
Eu olhei em volta por cima dos ombros dela, com o cabelo caído no rosto, e vi que o salão inteiro parecia nos encarar. O rei e a rainha do baile.
Bom... foda-se.
— Só não entendi uma coisa— eu sussurrei, puxando-a pela cintura até que o seu tronco encostou no meu.
Ela soltou um gritinho pelo susto do meu movimento, mas logo perguntou:
— O quê?
Eu mordi o lábio inferior, fechei os olhos e respirei fundo. Isla Taylor estava me deixando louco.
— Todos estão combinando. Barney e colegial, Zorro e dançarina da tango, Coringa e Batgirl, mas... — puxei-a para mais perto, como se quisesse fundi-la ao meu corpo. Com uma mão ela segurou firme na minha nuca e com a outra envolveu a minha cintura. — Príncipe e camponesa? Não deveria ser príncipe e a sua princesa?
— E se eu não quiser ser a sua princesa? — ela sussurrou, dando uma risadinha e descolando o seu corpo do meu.
Depois, virou-se e começou a andar na direção oposta a que estávamos.
ISLA TAYLOR
Se não for para provocar, eu nem saio de casa.
Talvez fosse a roupa que eu estava usando. Vai saber... só sei que, quando eu saí andando com um sorriso triunfante no rosto, eu me senti bem. Sabe como é, ter o babaca do Fletcher babado por mim era até que legal, principalmente devido ao nosso histórico.
Mas o ar de superioridade que eu demonstrava sumiu pouco tempo depois quando ele me pegou pelo braço e me virou em sua direção, colando o corpo ao meu e roçando o nariz na minha bochecha.
No meio da pista de dança.
— Você não me engana, Taylor — ele disse e, pela primeira vez naquela noite, eu encarei os seus olhos. O meu ponto fraco. — Você pode esconder o que quiser debaixo dessa máscara de indiferença, mas não me engana. Nunca me enganou.
— O que você quer dizer com nunca me enganou? — eu provoquei, passando a língua pelos lábios.
— Eu quero dizer que eu sempre te observei de longe e sempre soube o que você realmente pensava entre os sorrisos falsos e o interesse superficial na conversa com os amigos— ele explicou, aproximando a sua boca da minha. — E, como eu tenho esse poder de ler mentes, eu sei, por exemplo, que você me quer o tanto que eu te quero.
Eu fechei os olhos e me deixei levar pela segunda vez naquele dia. O perfume dele me envolvia e eu senti a mesma vontade de beijá-lo que sentira mais cedo. Mas, como nem tudo são rosas, e quando se tratava de Isla e Thomas tudo parecia dar errado, eu senti uma mão me cutucar no ombro no instante em que pensei que ele me beijaria ali na frente do colégio inteiro e acabaria de uma vez por todas com aquelas fofocas sem noção.
Virei-me para trás imediatamente, ignorando a minha vontade de agarrar Thomas pelos cabelos e sentir o gosto da sua língua na minha.
Tudo pela boa aparência.
— Oi! — exclamei, tentando disfarçar a minha respiração ofegante.
Dei de cara com John ao levantar os olhos. Ele sorria falsamente e passava a mão pelos cachos dourados que caíam no rosto.
— Puta que pariu, agora eu preciso de um banho gelado— ainda ouvi Thomas resmungar, mas ignorei e me voltei para a estrela do time de basquete.
— Pois não, John — eu disse de maneira meio ríspida.
Mas porra! Ele tinha acabado com todo o clima!
John me olhou de cima a baixo e seus olhos brilharam pervertidos. Thomas se mexeu impaciente atrás de mim.
— Então, sei lá, você quer dançar? — ele perguntou, passando a mão novamente pelo cabelo.
Olhei para ele de cima a baixo também, e não posso mentir: John estava bem gostoso de Elvis Presley. Mas ele tinha me atrapalhado para falar aquilo? Podia ser uma coisa mais emocionante, não podia?
— Desculpa, John, agora não dá — eu pedi. — O meu amigo Fletcher aqui quer ajuda com uma das minhas amigas e eu preciso bancar a cupida! — continuei, batendo com a mão nos ombros fortes de Thomas, que olhou para mim sem entender nada. — Vamos lá, Fletcher?
— Hum... vamos? — ele respondeu um pouco inseguro.
— A gente se vê por aí, John! — eu exclamei, empurrando Thomas pelas portas principais do salão.
TOM FLETCHER
— Agora você pode me explicar porque nós estamos congelando as nossas bundas aqui fora se lá dentro temos calefação, comida e, o mais importante, álcool? — eu perguntei assim que Isla parou de dar voltas pelo ginásio e se sentou em um banco de madeira no gramado verde oliva do colégio.
O cabelo dela brilhava na luz do luar e Isla parecia um ser de outro planeta.
— Porque eu não suporto mais aquelas pessoas— ela admitiu, dando de ombros.
Depois, olhou para cima e suspirou. Sentei-me ao lado dela e olhei para cima também.
— O que foi, seu afetado, resolveu me imitar agora? — ela brincou, dando-me um tapinha no ombro.
Eu revidei e ela me deu um mais forte. Então eu olhei para ela com um sorriso diabólico e esfreguei as mãos; Isla percebeu o que eu estava prestes a fazer e começou a ir para o lado, mas já era tarde demais e eu já fazia cócegas na sua cintura.
— Para, para! — ela começou a gritar, mas as risadas já abafavam a sua voz, e eu ficava perguntando, todo inocente:
— O quê? Eu não estou te ouvindo!
— Para, pelo amor de Deus! — ela guinchou e eu tirei as minhas mãos dela, que respirou aliviada. — Sério, seu merda, eu tenho asma! Você não pode fazer isso!
— Asma? Você tem asma? — perguntei, achando graça naquela revelação. — Como uma líder de torcida pode ter asma?
— Como um babaca pode ter uma banda? — ela respondeu, mostrando a língua para mim.
— Como nós não éramos amigos antes? — eu disparei, amaciando um pouco a voz.
Passei a mão pelo seu rosto, não conseguindo resistir. Ela sorriu.
— Como eu não sabia que você era tão divertido? — ela disse, roçando o nariz no meu.
— Como nós nunca fizemos isso antes? — eu respondi, e, antes mesmo que ela pudesse perguntar mais alguma coisa, mergulhei os meus lábios nos dela e a beijei com vontade.
Isla enfiou as mãos por entre as minhas mechas embaraçadas e ficou brincando com o meu cabelo, enquanto eu envolvi a sua cintura esculpida pelos deuses. Nós nos beijamos por muito tempo, e eu posso jurar que se não tivéssemos ouvido vozes saindo pelas portas principais do ginásio, continuaríamos ali para sempre.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top