01. a mf coincidence ☄

votem e comentem!

{eu não sei se deveríamos ficar sozinhos juntos. ainda tenho uma queda por você, isso é óbvio. se não tem ninguém por perto, o que está nos impedindo?} 🎸

JEON JUNGKOOK

Com o som alto vindo de alguma banda que já se apresentava em um dos palcos do grande festival a céu aberto, foi quase que inevitável mexer a cabeça no ritmo da música e me sentir cada vez mais animado e realizado por estar ali com os meus garotos. Realmente estava acontecendo, estávamos prestes a realizar um de nossos maiores sonhos como integrantes da The Soul-s, nossa banda de indie-rock, já bastante reconhecida por garotos e garotas da nossa idade.

Me pegava rindo de qualquer coisa que Yoongi-hyung falava, ou de como o Hoseok-hyung parecia apavorado com cada detalhe, mesmo sabendo que tudo já estava pronto e nada poderia dar errado. Não tinha como dar errado, certo? Até mesmo o Namjoon-hyung estava mais calmo e caminhava por todo o espaço com um sorriso no rosto. Estamos bem.

— E eu jurei que fossemos ter uma cama confortável para dormir no final do dia — o loiro entre nós, Hoseok, falou. Sua expressão engraçada me fez rir abertamente. 

— Temos que começar de algum lugar, cara. Vi em algum blog da internet que as bandas mais fodas começaram assim também. — Dei de ombros, jogando meus cabelos já longos num único movimento para trás, logo sentindo as pontas ruivas caírem sobre meu rosto outra vez, e olhando o espaço considerável do trailer que conseguimos alugar em meio à enorme quantidade de veículos e barracas que acolhiam todo o pessoal presente. 

— Isso não é irado?! Eu me sinto um astro do rock foda pra caralho — Yoon disse, deixando um tapa no ombro do Jung. — A pressa é a inimiga da perfeição, cara. Garanto que em nossa primeira turnê, ficaremos em um lugar melhor que o outro, você pode até contratar alguém pra te fazer uma massagem e relaxar um pouco. — Não deixamos de rir do tom sério do Min, que rolou os olhos. — Vocês devem me confundir com um palhaço, não é possível.

E seguiríamos dessa forma nos próximos quatro dias.

A Warped Tour acontece todos os anos, sempre com uma lineup diferente, incluindo bandas e artistas conhecidos, assim como os mais iniciantes ou os que começaram a ser reconhecidos a pouco tempo, o que é o caso da The Soul-s. Somos uma banda composta por quatro pessoas, sendo eu, Yoongi, Hoseok e Namjoon. Nos conhecemos no segundo período da faculdade e em meio a uma conversa, descobrimos ter vários sonhos em comum. Desde então, nos esforçamos ao máximo para realizá-los juntos. É maneiro até.

Ao ver o anúncio da turnê esse ano, não perdemos a oportunidade e nos inscrevemos, não deixando de surtar e comemorar ao ver nosso nome em um lugarzinho da lineup. Então não pudemos deixar que o orgulho não falasse alto, andávamos os quatro pelo local com as cabeças erguidas, os hyungs se achando os mais fodas dali. Ok, eu penso da mesma forma.

Deixando nossas coisas alojadas no trailer, saímos da área apertada e cheia de gente, seguindo pelo campo aberto enquanto cumprimentamos alguns conhecidos. Era incrível a diversidade de todas as pessoas ao redor. Varia entre adolescentes surtadas com os hormônios à flor da pele, esperando para ver seus ídolos nos palcos, o pessoal mais maduro que conversa sobre vida profissional e relacionamentos enquanto bebe, o público LGBTQ+ que marcava presença com sua animação e good vibe para aproveitar cada momento durante os quatro dias; e tinha o grande grupo de jovens denominados emos, rockeiros, rebeldes, selvagens e tudo o que puderem imaginar.

E por mais que pareça que nos encaixamos nessa última categoria, ainda não encontramos uma definição certa para cada um. Nos misturamos entre cada grupo de pessoas, fazendo amizades, curtindo os shows, flertando, bebendo; Eu cheguei a conversar com pessoas totalmente desconhecidas, como se tivéssemos intimidade e nos conhecêssemos há muito tempo. Não tem coisa melhor que isso.

Além de todo o mar de gente, a produção do evento em si também é perceptível. Costumava virar o dia vendo os shows ao vivo na TV de casa, imaginando quando seria a minha vez de estar envolvido em algo do tipo. Porque, fala sério, é como um mundo totalmente diferente do que acontece lá fora. As luzes são uma das coisas que mais gosto, além das apresentações. Sem dúvidas, são elas que tornam o lugar ainda mais foda e dá toda essa vibe de show do ano, saca?

— E então ele pulou no meio da galera e continuamos cantando tão alto, mano, você tinha que ver! — um dos caras do grande grupo próximo ao palco, comentava animado, gesticulando e esbarrando em mim com seu ombro. 

— Tivemos que resolver algumas coisas da apresentação e acabamos perdendo, fiquei puto. — Ri nasalado ao receber um "Eu imagino" como resposta. — Mas, soube que irão se apresentar de novo, garanto que não vou perder.

— Não perca, é uma das melhores bandas desse ano. — Concordei, aceitando a bebida escura que o ruivo colocou em minhas mãos e não deixei de beber, virando o líquido de uma só vez.

— Jungkook! — Fitei o hyung levemente assustado que chegou segurando meu braço e rindo alto, já levemente alterado pela bebida. — Você precisa ver o Yoongi tímido, venha. Aparentemente, aquele fã do cabelo azul está aqui e o Yoon já se tremeu todinho só de ouvir o Hobi mencionar isso, mano — Namjoon falou rindo e eu o acompanhei na risada alta.

Não demorei a me despedir do ruivo que curtia alguma música qualquer que soava alta pelos alto-falantes e segui o hyung em meio às várias pessoas que haviam ali.

— Não vamos muito longe, ali é um bom lugar pra assistir o próximo show, Nam. — Lembrei, vendo o mais velho assentir.

— Vamos buscar eles. — Rimos. — Me sinto bem mais animado por saber que o carinha de cabelo azul está aqui, finalmente alguém para curtir nosso som. — Nego com a cabeça, empurrando o mais alto. 

— Não seja assim, sabe que a maioria curte e ainda iremos apresentar alguns covers. Será um sucesso, hyung — digo, notando logo à frente o Yoongi um pouco acanhado próximo a Hoseok que falava de maneira descontraída com o garoto de cabelos azuis.

Nos aproximamos rapidamente, prendendo a risada ao ver o humor do Min mudar de tímido para irritado, sabia que estávamos ali para tirar uma com a sua cara.

— Grande Yoongi! Encontrou quem queria, uh? — Namjoon foi o primeiro a questionar, batendo no ombro do mais baixo que murmurava palavreados baixos.

— Vá se foder.

— Iai! Achei que não fosse te ver aqui, mano — falo, cumprimentando o dono dos fios azuis que sorria animado, me dando um leve abraço.

— Caras, eu ainda não acredito que vocês conseguiram o lugarzinho de vocês. Estou tão feliz, não tem noção do quanto a minha ansiedade aumentou e eu só pensei que deveria vir. — Sorri contente com a sinceridade alheia e vi o Min coçar a nuca, envergonhado.

— Ah, sabia que estava esquecendo de algo! — Hobi falou alto, chamando a nossa atenção. — Ainda não nos apresentamos direito, vei. Não esquecemos do carinha de cabelo azul que mexe com o Yoon, mas nem ao menos sabemos o seu nome.

— Eu sou o Taehyung, Kim Taehyung. — Ele sorriu quadrado.

— Sou Min Yoongi.

— Sei quem você é, gracinha. — E o Kim parecia saber perfeitamente que mexia forte com o baterista de nossa banda. Não pude deixar de rir ao ver o mais velho corar e desviar o olhar, sorrindo tímido.

— Você veio sozinho? Podemos marcar algo enquanto estivermos aqui, vai ficar durante os quatro dias? — Namjoon falou, desenrolando uma conversa com o Kim mais novo que parecia se animar cada vez mais com a ideia de se juntar a nós.

— Com certeza! Montamos uma barraca na área dos trailers. Consegui convencer meus melhores amigos a virem comigo. — Assinto. — Nossa, vai ser irado andar com vocês!

— É entediante — Yoongi falou, batendo no braço tatuado do Nam-hyung que ainda ria de sua timidez.

— Tenho certeza que não, meu bem.

— Por que tenho a impressão de que está flertando, Taehyung? — Umedeço os lábios, sorrindo lascivo. Afinal, meu hyung não era tão tímido quando percebia que podia rolar algo.

— Porque é exatamente o que estou fazendo. — O de cabelos azuis retribuiu o olhar do menor e eles sorriram. Ao menos alguém se daria bem entre nós quatro.

— Taehyung-ssi! Você é um maldito filho da mãe, como pôde nos deixar naquela fila enorme? — Ergo a sobrancelha, vendo um garoto alto e moreno se aproximar, ele empurrava algumas pessoas que impediam sua passagem, bufando e reclamando.

— Ah, Jin-hyung, desculpa. Acabei encontrando o Hoseok e me perdi na conversa. Você lembra deles, não lembra?! — Taehyung tentava se explicar enquanto seu amigo mais velho continuava a reclamar consigo.

— Como esquecer disso, Tae? Você vive enchendo o saco falando sobre o quão maneiro é ser fã de quatro caras lindos e talentosos e… tudo de bom. — O sorriso divertido em meus lábios foi morrendo aos poucos, à medida em que a voz melodiosa soava e o garoto de cabelos acinzentados se juntava a nós.

Estava diferente. Seus fios bem cortados e coloridos lhe davam um aspecto mais despojado, o moletom escuro que vestia era diferente do uniforme o qual eu estava acostumado a vê-lo vestir; mas a sua voz é inconfundível, seus olhos pequenos e curiosos, o nariz empinado, a boca… até o seu jeito é o mesmo. O tom irônico e provocador, o revirar de olhos; e qualquer dúvida que pudesse existir sumiu no momento em que seu olhar encontrou-se com o meu.

Sua voz falhou no instante seguinte. Ele sabe quem sou eu, assim como eu lembro exatamente quem ele é. Como poderia esquecer de quem eu mais gostava de importunar no auge da minha adolescência?

Um sorriso ladino e nostálgico tomou conta de meus lábios aos poucos, crescendo à medida que ele parecia mais perplexo, prestes a voar em minha direção e descontar toda a raiva que já o fiz passar. Eu era um adolescente, me dá um desconto. Estávamos no fundamental, quase no ensino médio, quando acabamos na mesma sala, dividindo o mesmo espaço em tempo integral.

— Era só o que me faltava — ele disse, cruzando os braços e desviando o olhar. — Já acabou?! Não estou me sentindo bem, vamos embora, Tae. — Ri baixo, estalando a língua no céu da boca. Não é possível que sua personalidade não tenha mudado nem que seja de forma mínima.

— Jungkook… ele não é o… — Yoongi falava com seu sorriso travesso, tão surpreso e nostálgico quanto eu. — Isso vai ser do caralho. — Completou ao me ver assentir ao seu lado.

— Oh, não me disse que conhecia meu amigo, Taehyung. — Entrei na onda do Yoon, resolvendo descontrair um pouco e voltar a ser o mesmo peste de antes.

— Seu amigo…? — Tae intercalou o olhar entre eu e o acinzentado. — Não me diga, vocês se conhecem?!

— Claro que sim, costumávamos ser bons amigos na época da escola, não é, Jimin-ssi? — Umedeço os lábios como de praxe, cerrando os olhos em meio a um sorriso direcionado ao Park.

— Eu não acredito que não me contou! Como escondeu de mim que é amigo de um membro da The Soul-s?! — Taehyung resmungou, realmente chateado com o mais baixo. — Seu ingrato.

— Ele não é meu amigo. — O olhar alheio voltou a me fitar de forma dura. — Você não tem vergonha de mentir, peste? Nunca fomos amigos. Taehyung, ele é um saco! Eu só quis esquecer isso… na verdade, e-eu nem lembrava desse garoto — gaguejou, tentando ao máximo não focar o olhar em mim.

— Não diga isso, Jimin. Foram bons anos juntos naquela escola. — Yoongi sorria travesso, um pouco mais à vontade e próximo do Kim. Os outros garotos pareciam focados demais na conversa paralela que estavam tendo ao nosso lado, atraindo até mesmo a atenção do tal Jin-hyung que já não parecia mais irritado.

— Qual é?! Os três se conhecem e você não me disse nada? Que grande amigo você é, Park Jimin. — Quis rir da discussão boba que acontecia entre os dois.

— Já falei que não me lembro deles…

— Pois trate de lembrar, agora somos amigos e eu vou andar com os garotos pra cima e pra baixo — o azulado disse, deixando um bico transparecer em seus lábios enquanto era mimado pelo Min, que tentava acalmá-lo.

— Lá se vai a minha paz. Era isso que você queria, não é? — Voltei a ter seu olhar sobre mim e não evitei me aproximar, vendo o Park se afastar em seguida. Ri. — Pare de rir, idiota.

— Sabe… eu acho que realmente senti falta disso. Vai dizer que não sentiu minha falta, Jiminie?! — Me aproximei outra vez, o vendo travar e soltar a respiração em um único suspiro.

— Nem ferrando. E não me chame assim…

— Você gostava.

— Perdeu o direito de me chamar assim há muito tempo, Jungkook. — Ele parecia realmente incomodado, e por um instante eu me senti mal por ter sido um maldito moleque filho da puta anos atrás.

— Qual é? Acha mesmo que foi só uma coincidência nos encontrarmos aqui? — Toquei levemente seu braço coberto pelo moletom, o vendo hesitar um pouco, mas logo permitir o toque, encarando as tatuagens visíveis em meu braço.

— Uma maldita coincidência.

— Jimin…

— Afinal, o que aconteceu com você?! A lavagem cerebral que o seu irmão fez surte efeito até hoje? — Franzo o cenho. — Achei que fosse só uma fase emo de adolescente revoltado, mas aqui está você… diferente.

— Achou ruim?! Soube que você gostava de garotos problemáticos com tatuagens e estilo diferente. — Resolvo tentar algo diferente, sem provocação, apenas Jeon Jungkook e Park Jimin conversando após anos desde a última vez que se viram.

— Vá se foder. — Jimin riu, empurrando minha mão de seu braço e revirando os olhos. — Talvez… não tenha sido mesmo uma má ideia aceitar o convite do Tae e vir pra cá — falou, olhando as coisas ao redor e eu não pude deixar de rir nasalado.

— Está se matando por dentro por não assumir sentir minha falta. — Neguei com a cabeça, sorrindo convencido.

— Você não muda nada. Aliás, como isso foi acontecer? Você e o seu amigo chato são uns dos maiores ídolos do meu melhor amigo. A vida gosta mesmo de me testar.

— Namjoon-hyung diria que é o destino. — Pensei alto. 

— E eu digo que ele está muito louco.

{🎸}

O que eu achava que seria um ótimo fim de semana, acabou por tornar-se mil vezes melhor. Digo, bem melhor que "ótimo" mesmo. Como acabamos juntos outra vez? Park Jimin estava próximo a mim, balançando a cabeça no ritmo do indie que uma das atrações tocava, com uma garrafa de cerveja na mão e ouvindo a conversa entre seus dois amigos. Ele realmente estava ali.

E por alguns instantes, talvez minutos, eu tenha me odiado por não saber iniciar uma conversa com o dono dos cabelos cinzas. Me pegava observando-o vez ou outra; admirava sua expressão que intercalava entre descontraída e debochada, ao me encarar, o sorriso característico que brincava em seus lábios vez ou outra. É incrível que em meio à tanta gente e tanta bagunça, eu acabava me perdendo ao olhar para ele.

— E você ainda negava ter uma queda por ele na escola. — Desvio rapidamente o olhar do acinzentado ao ter um Yoongi falante e provocador ao meu lado.

— Não tinha mesmo. — Rolo os olhos, tomando a bebida de suas mãos, para logo beber um pouco.

— Até parece que eu não te conheço, Jungkook-ah. Fala sério — continuou dizendo, dessa vez olhando diretamente para o Park que parecia alheio demais para notar que alguém o observava. — Ainda acho que não estive louco ao pensar que vocês ficavam vez ou outra entre as aulas. — Não fui capaz de evitar o arregalar de meus olhos, surpreso e aparentemente pego no pulo. — O que?! Que reação foi essa?

— Nenhuma.

— Pare de mentir, idiota. Você ficou mesmo com ele! — Yoongi acabou rindo alto demais, passando um de seus braços pelos meus ombros. — Mas, se ficavam juntos… por quê  ele parece guardar um rancor fodido em relação a você? — questionou, curioso. E ali estava a brecha para vir à tona todo o drama colegial que vivi.

— Eu não sabia me expressar… — começo a dizer, ainda inseguro e sem graça. — Tentava demonstrar que eu sentia algo, só que da maneira errada. O Jimin já teve muita paciência comigo, mas chegou num momento em que ele cansou. E eu não era nenhum santo, fazia muitas merdas que um adolescente metido a rebelde sonhava em fazer. — Dou de ombros, deixando que um suspiro saísse pelos meus lábios.

— Você falou, falou… e não disse nada.

Rio, negando com a cabeça.

— Digamos que ele esperou muito de quem não tinha muita coisa a oferecer. E em uma discussão, acho que a última, eu acabei dizendo que não tínhamos nada e que ele não devia me cobrar tanto — resmungo ao ver a expressão desgostosa do Min. — Eu sei, fui um grande merdinha do caralho.

— Pelo menos você sabe. — Sinto seu tapa em minha nuca e não deixo de devolver. — Olha, eu não vou dizer que houve uma mudança drástica na nossa personalidade. Ainda somos os mesmos jovens perdidos que só querem realizar os sonhos e fazer uma banda de garagem crescer, mas agora sabemos, você sabe, o que fazer. — O olho, confuso sobre onde ele queria chegar. — Não vê que pode ser uma segunda chance? Jungkook, se você sente algo pelo cara, não perde a porra da chance, mano. Mesmo que não seja uma chance e sim só uma coincidência, faça a sua chance.

— Você garantiu seu passe pra fora do circo, não deixarei o Nam-hyung rir e fazer piadas sobre você. — Rio nasalado, ainda sem graça e acanhado com o assunto.

— Uau, que grande diferença isso fará na minha vida. — Rimos. — Mas é sério, idiota. O Tae já deixou claro que eles ficarão aqui até o último dia. Você será muito besta se não aproveitar isso, e eu já sei exatamente o que vou fazer. — Em meio a sua fala, o olhar do mais velho caiu sobre o Kim e ele sorriu ladino. — Siga meus conselhos e fique com o carinha, irmãozinho.

Rolo os olhos, praguejando de maneira baixa e, ainda um pouco hesitante, não deixei de assentir.

— Se resolva com o seu garoto e eu dou meus pulos — falo, dando de ombros, ainda sem pensar positivo sobre uma possível e saudável reaproximação com o Park.

— "Seu garoto". — Yoon se afastou rindo de maneira tímida. O vi se aproximar do Taehyung e ri levemente.

Me perdi em pensamentos, ainda fitando o futuro casal um pouco mais a minha frente e só saí do pequeno transe ao enxergar a figura de estatura baixa deixar a cerveja de lado e começar a andar em minha direção com os braços cruzados.

— Você quer fazer alguma coisa comigo? — O encaro, confuso diante da pergunta.

— Eu deveria?

— Você é um grande idiota, fique aí então, otário. — Jimin já estava dando as costas novamente quando eu ri baixo e me aproximei, tocando levemente seu pulso.

— Ei… desculpa, é mais forte que eu. — Afasta seu braço de meu toque, voltando a cruzá-los. Tentei pensar em algo o mais rápido possível e acabo dizendo a primeira coisa que me veio em mente. — Quer procurar algo pra comer? Os meninos vão ficar aqui esperando a última atração, dá tempo de buscar alguma besteira. — Completei.

— O Yoongi que disse que você queria falar comigo… — Ergo a sobrancelha, voltando a encarar o hyung que parecia entretido demais na conversa com o de cabelo azul.

— 'Tá tudo bem.

— Hum… já que é pra comer, eu quero, sim. — Sorri ao ouvi-lo concordar com a ideia. — Mas, nem ouse chegar perto da minha comida. Ainda tenho dúvidas de que não vá me envenenar — falou e começou a andar em minha frente.

— Sua maturidade ficou no ensino médio?

— E você por acaso bateu a cabeça e esqueceu que foi um merda comigo?! — Empurro a língua na lateral de minha bochecha, sentindo a culpa crescer um pouco mais.

— Quando vamos conversar sobre o que houve? — questiono, apressando os passos para caminhar ao seu lado.

— E existiu alguma coisa? — Pude perceber sua voz falhando e bufei, tendo noção do quão difícil seria me resolver com o baixinho.

O pouco de animação e a possível chance de uma reconciliação que eu pensei existir entre nós dois pareceu sumir em um único instante. E eu juro que não queria que as coisas fossem assim. Talvez não assumir que vê-lo em minha frente depois de anos tenha sim mexido comigo, me fez agir aos poucos como o adolescente ridículo de antes. Não tem que ser assim.

Talvez o Jimin não lembre, no entanto eu podia ser um cara legal, com meus inúmeros defeitos e um neurônio a menos, mas podia. E fazê-lo recordar disso pode ser a solução de algo que eu ainda não sei, ou não sou capaz de nomear. Talvez. E eu me decidi. Não sou capaz de apagar o que houve no passado, não posso mudar quem fui antes, mas posso mostrar quem sou agora.

— Eu vou te mostrar que sim — falo, tocando sua cintura para guiá-lo facilmente entre as pessoas e logo sair dali.

Como conhecia o espaço como a palma de minha mão, não demorei a chegar na área onde havia várias barracas de comida e até trailers vendendo todos os tipos de fast food. Notando o Park um pouco perdido, seguro sua mão, atraindo rapidamente seu olhar e me aproximo, impedindo que outras pessoas esbarrassem em nós.

— Aconteceu alguma coisa? — Sua expressão perdida e desconfiada analisava as feições de meu rosto, este que senti queimar na área das pequenas tatuagens presentes que eram rapidamente observadas pelo Park.

— Nada. Vamos comer.

E eu assenti. Não demoramos a optar pelo hot dog que estavam vendendo em um dos trailers, não deixei de fazer piada sobre a nossa semelhança de gostos, conseguindo arrancar uma risada fraca do mais velho.

— Tudo isso?! — o menor questionou, achando absurdo o preço de dois hot dogs com refrigerante de acompanhamento. Começou a procurar sua carteira entre os bolsos da calça, acabando por se enrolar. O moço no interior do trailer continuava olhando o Jimin com a expressão entediante, querendo logo que pagássemos e saíssemos dali.

— Ok, eu pago. — Tiro a carteira personalizada de meu bolso, ouvindo a risada debochada do Park. Talvez por notar os adesivos de bandas de rock colados no couro preto da carteira.

Logo o moço estava com a expressão melhor e nos entregou a comida. Jimin estava comendo em silêncio, parecia pensar demais em algum assunto.

— Está tentando me comprar? — Parei o caminho do hot dog até minha boca, o olhando por alguns instantes para rir nasalado e voltar a andar, dessa vez em sua frente.

— Tire suas próprias conclusões.

— Ei!

O ouvi resmungar enquanto me seguia e voltávamos a nos espremer entre as pessoas. Não demoramos a encontrar os garotos e eu agradeci mentalmente por terem pego um dos melhores lugares. A próxima atração era um grupo de covers que apresentariam hinos do indie e eu estava pronto para berrar cada um deles, assim como a maioria das pessoas que estavam ali.

Dividi a comida com Hoseok que parecia alegre demais, e logo estávamos todos focados no palco que tinha luzes roxas e fracas sendo acesas uma por uma. Os caras entraram no palco espaçoso e a galera foi ao grito quando a primeira música começou a tocar.

Afraid do The Neighbourhood soava perfeitamente bem na voz do vocalista e o pessoal surtava junto a mim por saber que teríamos a versão do próprio Jesse no último dia do evento. Com o refrão chegando, todos cantamos juntos. Namjoon e Hoseok berrando ao meu lado, até parece que a letra da música gritava a história dos dois. Continuei rindo dos hyungs, cantando e me divertindo a cada instante.

Ríamos de alguns casais que acabavam esbarrando em nós por estarem em seu próprio mundo.

— Porra, mas aqui 'tá ótimo, Chim. — Deixei minha atenção cair sobre a voz do Tae que segurava meu braço, me sacudindo levemente. — Jungkook, diga para esse teimoso que não tem lugar melhor que esse.

— Eu não tenho culpa se todos vocês são uns postes e conseguem enxergar tudo. — Prendo a risada, entendendo o problema dos dois.

— Chim…

— Volte pra lá com seu namorado, eu me viro.

— Podemos tentar ficar um pouco mais perto do palco. Só acho que estará apertado — comento, tendo o olhar do Park sobre mim.

— Por favor!

Ri ao ver Taehyung comemorar e voltar para perto do Yoon.

— Vamos. — Me ponho atrás de Jimin e toco seus ombros, apertando levemente para que ele começasse a andar.

Não demoramos muito no meio do pessoal, mas diferente de onde estávamos, o espaço começou a ficar menor e todos pareciam mais colados para ter a oportunidade de ter boa visão do palco. No canto do grande degrau onde estava a banda, conseguimos ficar colados à grade.

Podia ouvir o mais baixo cantarolar a música que tocava agora e o acompanhei, junto a todas as pessoas presentes. Pensei em tirar os braços de seu ombro e o teria feito se as mãos pequenas não tivessem me segurado, mantendo-me perto.

— Fica assim, vai ficar ainda mais apertado se tentar sair — falou alto o suficiente para que eu pudesse ouvir e cerrei os olhos, notando as bochechas alheias ganharem um tom avermelhado.

Não seria doido de deixar a oportunidade passar. Sorri pequeno, aconchegando o corpo em meus braços como podia, estava realmente apertado, mas não deixamos de aproveitar o show. Cantamos, dançamos e pulamos do nosso jeito em meio a toda a bagunça que acontecia ao redor. A agitação seguiu até o vocalista começar com as músicas mais lentas e originais.

À medida que as músicas seguiam uma após a outra, minhas mãos brincavam com a cintura coberta do acinzentado que se movia no ritmo guiado por mim e continuava cantando, fingindo estar indiferente aos meus toques. Todavia, eu pude sentir quando ele pareceu mais à vontade, apoiando o corpo contra o meu, assim como senti as batidas de meu coração falharem e permaneci tenso, tentando entender o que era aquilo, até voltar a senti-lo se mexer junto a mim e focar inteiramente nisso.

Os pelos curtos de meu braço arrepiaram-se quando o último cover anunciado pela banda começou a tocar. Single é definitivamente uma das músicas de muitas das minhas playlists que mais escuto e que mais fazem vir à tona todos os pensamentos e sentimentos que pensei não serem capazes de surgir tão fácil. E ter o Jimin em meus braços enquanto a letra tão conhecida por mim era cantada por toda a multidão mexeu muito comigo, não só por gostar da música, mas por ser ele. E droga, eu gostei muito dele sim, se soubesse identificar meus sentimentos na época, até diria que o amava. E se ser idiota o bastante para perder esse garoto quando o tive em minhas mãos me traria um castigo, posso jurar que estava o vivendo agora. Porque sinto estar caindo de amor outra vez.

— I don't know if we should be alone together. I still got a crush, that's obvious… — Me deixo levar pelo momento, cantando um pouco próximo demais a seu ouvido, sentindo o corpo pequeno tremer ainda colado ao meu.

— If nobody's around, what's stopping us? — E talvez eu realmente estivesse certo, finalmente fazendo a coisa certa. Sua voz suave respondendo a letra da música, cantando comigo, fizeram as batidas desordenadas de meu coração tornarem-se ainda mais bagunçadas, fazendo o fio de esperança surgir outra vez quando suas mãos tocaram as minhas de maneira hesitante e deixaram um leve carinho ali.

deixaram a estrelinha, nenês? bom, até a próxima att!
p.s.: perdoem a qualidade da capa, quando coloco a imagem aqui, ela perde a qualidade todinha, aaa. continuarei tentando resolver isso.

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